The Inter - Worlds (Parte 1): As Aventuras - Ano 1

Capítulo 38 - Os Homens de Kanen e a Luta por Ealdor


Somente alguns dias depois do final do incidente com o espectro, Hunith, a mãe de Merlin, tinha ido à Camelot, suplicar pela ajuda do rei, já que a vila onde morava, Ealdor, estava sob o ataque de hostis terroristas que levavam as colheitas dos pobres cidadãos. O rei, infelizmente, não podê ajudá – la pelo fato da vila ser no reino de Cendred, e que Uther, de acordo com um tratado, não poderia mandar seus homens para lá. Assim, Morgana e Gwen decidiram que iriam ajudar Merlin, já que este voltaria para Ealdor para ajudar a sua mãe. E, digamos que eu me auto convidei a fazer parte do grupo.

–E nós estamos prontas para ajudar. - disse, entrando no quarto fazendo uma reverência sarcástica e deixando todos surpresos. - O que é?

–Ana?

–Eu, a própria. Em carne e osso. Em sangue e alma, e etc.

–Como você sabe que...?

–Que vocês viriam ajudar Merlin? Não gosto quando as pessoas me perguntam coisas...mas se realmente querem saber, eu ouvi vocês comentando...e mesmo assim, não é uma ação um tanto...previsível? - respondi, recebendo de resposta uma expressão de “É...você está certa.” por parte de Morgana.

–Mas, voltando. Eu sei lutar.

–Assim como eu. E vale lembrar que eu realmente sei lutar, independentemente do que o Arthur diga. - disse, levantando o indicador.

–Mas vocês não podem. - disse Merlin, mexendo a cabeça negativamente. - Quero dizer, por que iriam?

–Se fosse o contrário, você nos ajudaria. Já ajudou, salvou minha vida.

–E me ajudou a tirar o garoto druida de Camelot. - completou Morgana. - Devemos isso a você...nós du...três.

Eu fiquei calada. Merlin já tinha me ajudado...mas em coisas simples, nada muito sério. Tinha certeza que ainda iria, mas por enquanto não tinha, e eu ainda não tinha achado coragem o bastante para revelar um de meus segredos mais preciosos...

–Tá bem, você ainda não me ajudou em nada tão sério. Eu não tive tão haver com o assunto do garoto, se você para pra pensar. Mas tenho certeza que se um dia eu precisar você vai estar lá, e afinal de contas, somos amigos, e é para isso que amigos servem, para ajudar quando o outro tem problemas. - disse apoiando minha mão no ombro de Merlin e dando um sorriso.

***

Partimos para Ealdor. Eu estava vestida com minha roupa de combate. Não a que usei para lutar com o grifo (não levante nenhuma bandeira Ana! Não quer ninguém sabendo que você simplesmente pode mudar de formas e acender fogo com as mãos), eu estava usando uma outra. Coloquei o mesmo sobre - tudo e a calça que estava usando quando confrontei os trolls, ainda na Terra – Média. A blusa que era outra, uma sem mangas, mas de gola alta e com capuz, e também marrom claro, como a bota. Usava luvas que não cobriam as mãos Só que, por baixo, estava usando uma peça de armadura (Light Armor), era dourada, e tinha sido feita pelos elfos, quando eu estava em Valfenda. Ela estava embaixo do sobre – tudo, e cobria do pescoço até a cintura, sem contar com os braços, e possuía um charme de ter um espaço no meio, o que deixava ela bonita, mas deixava uma parte mais vulnerável à ataques, mas não seria um problema. Era enfeitada, do jeito élfico de ser, e dourada. Era uma armadura mais chique e feminina, digamos assim, e era leve. Elrohir tinha me dado, como um presente para que eu usasse em meu primeiro combate de verdade, e lá estava eu, com ele. E, combinando com a armadura tinha uma especie de luva de armadura, que cobria da mão ao pulso, e também era dourada.

As armas, as mesmas de sempre, as élficas. O arco, a espada, as flechas. Mas, de novo, usava um coldre na perna, segurando uma adaga que Elrohir tinha me dado com a armadura.

Fomos cavalgando, até que paramos para passar a noite.

***

De noite, no escuro, Morgana e Gwen dormiam, aparentemente em sono pesado. Hunith e Merlin estavam sentados conversando. Eu, pelo contrário, estava deitada, tentando dormir, o que era difícil. Tantas coisas me perturbando...mas a verdade era que eu realmente tinha dificuldade de dormir em lugares escuros no meio de uma floresta silenciosa e que eu não conhecia. Por isso, eu acabei escutando a conversa de Merlin com sua mãe, já que esses pensavam que eu estava dormindo.

–Elas não deveriam estar aqui. Principalmente Lady Morgana. Ela não é a protegida do rei?

–Não que você soubesse. Ela é a única pessoa que tem medo dele.

–Não fará diferença nenhuma para Kanen – o cara que estava atacando Ealdor, caso queiram saber. - que elas sejam mulheres.

–Eu sei. - ele deu uma pausa. - Mas não pude convencê – las a não virem. - tocou na ferida do rosto da mãe – Vou fazê – lo pagar pelo que ele fez a você.

–Prometa – me que terá cuidado. Ninguém pode descobrir sobre você.

–Não vão. Nunca vão.

–Descanse um pouco. - disse Hunith, após dar – lhe um beijo na testa.

Hunith se retirou para descansar. Merlin pegou um graveto da fogueira, soprou – o e fez ele queimar na ponta. E pudia sentir o barulho do fogo crepitando. Ele fez um feitiço e as faíscas que saíram do graveto fizeram uma forma: o símbolo de Camelot, o dragão.

Um tempo depois, ainda pensando, decidi me levantar um pouco para tomar ar fresco, fora dos olhos de Merlin, que parecia também não conseguir dormir, mas com certeza não pela mesma razão que eu.

Fiquei um pouco na frente do acampamento, agachada, sem o sobre – tudo, mas com um casaco menor que eu tinha levado, sentindo a brisa da noite. Fechei os olhos. Eu sempre me senti bem de noite, alguma coisa me deixava bem, de noite e de manhã mais ou menos às 7 horas ou 8 horas quando estou em casa e todos ainda pareciam estar dormindo...casa. Casa. Como sentia saudades de casa, queria minha casa de volta, minha família de volta. É realmente verdade. Verdade que você só percebe como as coisas são boas quando você não as tem. Só quando está longe de casa que você quer tanto ela de volta. O conforto do lar, o conforto de uma família, de amor e harmonia completa...e de paz, coisas de que eu sentia falta há muito tempo, as vezes até antes de começar essa aventura toda.

A única coisa que interrompeu esse momento cabeça, foi um barulho que escutei, que fez com que eu rapidamente abrisse meus olhos. Observei o ambiente procurando achar da onde vinha o barulho. Me levantei e andei para frente. Ouvi novamente o barulho e me virei. Vi Merlin se aproximar, e por isso andei para trás, sabia que não era ele que tinha feito o barulho, não vinha daquela direção. Meu erro (andar para trás, né). Senti uma espada tocando as minhas costas. Acorda garota! Acorda! REFLEXOS!

Não tinha como atacar, tinha que ser na sorte. Me virei lentamente com as mãos levantadas.

–Arthur. - disse, abaixando as mãos.

–Ana.

Nesse momento, apareceu Merlin, correndo na nossa direção com uma espada na mão.

–ARTHUR!

–Abaixe a espada, Merlin, você está ridículo.

–E eu? - disse, indicando a minha espada na bainha. - Eu podia ter cortado a sua garganta.

–Mas não cortou. Isso parece papo de perdedora...

Realmente. Cortar a garganta de um príncipe, de VOCÊ para ser mais exata, é a coisa mais sensata a se fazer no momento.

Voltamos ao acampamento e nos sentamos. Eu recoloquei o sobre – tudo, pois estava começando a sentir frio.

–Quanto falta?

–Algumas horas.

–Kanen tem quantos homens?

–Não tenho certeza. Pelo que minha mãe diz, uns 40.

–Devíamos descansar um pouco. Será um longo dia amanhã.

–Obrigado. Sei que você não era obrigado a vir.

–Durma um pouco.

Fomos nos deitar. Mas eu não dormi tão bem...

***

Na manhã seguinte, acordamos cedo e seguimos caminho para Ealdor. Íamos rápido, pois a qualquer momento Kanen poderia atacar a vila novamente, e tínhamos que evitar isso. Estávamos nos aproximando.

Tínhamos chegado na vila. Bem no meio da vila, um homem, de aparência vulgar, e que deveria ser Kanen, estava prestes a matar outro homem, com um grande machado. Mas, impedindo – o, Arthur lançou uma faca bem na sua frente, fazendo – o se virar e perceber nossa chegada. Nesse momento começou – se uma batalha. Rapidamente peguei meu arco e dei várias flechadas em quem podia.

–Mate – os! - exclamou o suposto Kanen.

Desci do cavalo e tirei o sobre – tudo. Depois, desembainhei a espada e comecei a lutar.

Foi um momento importante para mim. Eu nunca tinha lutado uma batalha de verdade. Quando o primeiro homem veio na minha direção, eu gelei um pouco. Ele ia me acertar, mas eu defendi com a minha lâmina élfica, dei – lhe um chute na perna e uma joelhada na barriga, finalizando com um golpe forte com o cabo da espada bem na careca do homem. Foi uma vitória, e continuei tendo outras, poucas, pois Arthur, Morgana, Gwen e Merlin tinham sido mais rápdio.

Em um momento, um homem foi atacar Arthur pelas costas. Eu iria correr até ele, mas Morgana foi mais rápida e o salvou.

–Se lembra de quando te vencia? - falou Morgana, ainda em posição de combate.

–Isso nunca aconteceu.

A batalha continuou.

–Vocês vão pagar por isso com suas vidas! Todos vocês. - sim, ele era o Kanen, e isso foi o que ele disse ao sair com o seu único homem restante.

Arthur subiu em uma pequena plataforma de madeira. Merlin estava próximo, e os moradores da vila tinham sua atenção no príncipe, formando uma plateia.

–Conheço o tipo de Kanen. Ele vai voltar. E quando o fizer...- fez uma pausa de efeito. - Precisaremos estar prontos para ele. Temos que preparar...

–Só eu me pergunto quem é ele? - surgiu um homem na multidão.

–Sou o príncipe Arthur de Camelot.

–E eu sou o príncipe William de Ealdor.

–Fique quieto, ele veio nos ajudar. - interferiu Hunith.

–Ele só piorou as coisas. Kanen vai voltar querendo vingança. Acabou de assinar nosso atestado de óbito.

–Ele salvou a vida de Matthew. - disse Hunith, revoltada.

–Está tudo bem, Hunith, essa é a vila dele. O que acha que devemos fazer?

–Não podemos lutar contra Kanen, ele tem muitos homens.

–Qual é a alternativa?

–Damos a ele o que ele quer?

–E depois o que? - começou Arthur. - Aqueles que não morrerem de fome o enfrentarão na próxima colheita e na outra depois dela.

–Conseguiremos sobreviver.

–Como? O único jeito que podemos pará – lo é se o enfrentarmos.

–Só quer a honra e glória da batalha. É isso que guia homens como você. - é, nesse ponto ele até que tinha uma certa razão. - Se quer lutar, arrisque a vida do seu povo. Não o nosso. - disse, saindo, e Merlin foi atrás dele.

–Eu o seguirei. Se for para morrer, será lutando. - falou Hunith.

–Isso vale por mim também.

–Pode contar comigo.

–Comigo também.

Aos poucos, os moradores da vila apoiavam a ideia de Arthur, para eles, teriam que pelo menos tentar acabar com Kanen.

***

À noite, todos estavam deitados. Eu só tirei a armadura, para ficar mais confortável. Nós tivemos que nos limitar a alguns lençóis no chão. Eu não conseguia dormir, de novo. Mas eu não era a única.

–Você sempre dormiu no chão? - perguntou Arthur.

–Sim. A cama que tenho em Camelot é um luxo comparada a isso.

–Deve ter sido duro.

–Como uma pedra.

–Não quis dizer o chão...quis dizer que, para você, deve ter sido difícil.

–Na verdade não, nunca conheci nada diferente. A vida é simples por aqui. Você come o que plantou e todo mundo ajuda. Enquanto tiver comida e moradia, está feliz.

–Parece...legal.

–Você odiaria.

–Sem dúvida.

–Por que você foi embora?

–As coisas apenas...mudaram.

–Como? - Arthur meteu o pé no rosto de Merlin. - Vamos lá, pare de fingir que é interessante, me diga.

–Eu apenas não me encaixava mais. Queria encontrar um lugar onde encaixasse.

–Teve sorte?

–Ainda não tenho certeza.

–Começaremos a treinar os homens amanhã. Vai ser um longo dia.

–Ótimo, isso quer dizer que precisamos descansar e vocês dois vão fechar os biquinhos. - interferi, sonolenta, mas ainda não conseguindo dormir. - Apague a vela, Merlin, por favor.

***

–Ainda não aprendeu como se vestir? - perguntou Morgana, enquanto estávamos colocando nossos trajes, depois do desjejum.

–Você não tem um cachorro que joga a própria vareta. Sem ofensas, Merlin.

–Não me ofendi.

–Príncipe Arthur, não terminou o café da manhã. - disse Hunith.

–Não terminei?

–Vamos. Coma. - falou Morgana.

Quando Hunith se virou, Arthur fez um som de como se estivesse gostando (um hum muito falso) e deu o prato para Gwen.

–Certo, vamos indo. Precisamos de madeira, muita. - disse Arthur, saindo.

–Claro.

–Arthur disse que estava adorável. - disse Gwen ao sair, dando o prato à Hunith, e eu a segui.

Eu estava vestida do mesmo jeito que no dia anterior, só troquei a blusa, para um preta de mangas, que eu dobrei para cima, na região do cotovelo.

–Não posso ensiná – los tudo o que tem para se saber sobre como lutar com uma espada. - começou Arthur. - Podem aprender o básico. A postura. Como esquivar de um golpe, como golpear.

E assim, começou o treinamento do povo de Ealdor.

–Um...dois...três...quatro. - dizia Arthur.

Enquanto isso, Gwen e Morgana estavam preparando armas, e eu observava tudo, do lado delas.

–Não tem como deterem os homens de Kanen. - afirmou Morgana.

–Homens não são os únicos que podem lutar. - comentou Gwen e Morgana deu um sorriso, assim como eu.

–De novo! Um...dois... - dizia Arthur.

Um tempo depois, nós três fomos falar com Arthur.

–Parece que a batalha já foi lutada e perdida.

–Vão melhorar.

–Precisam mesmo.

–Como estamos indo com o armamento?

–Não há muita coisa, mas vamos juntar tudo que precisamos.

–As armas não nos preocupam, - começou Gwen. - mas sim ter pessoas suficientes para usá – las. Nós achamos que as mulheres deveriam poder lutar.

–Vocês não tem homens suficientes. - disse.

–Se eles fossem soldados bem treinados, teríamos uma chance, mas eles não são.

–Morgana está certa, as chances estão contra nós, temos que aproveitar tudo o que temos. - completei.

–É muito perigoso. - respondeu Arthur, se retirando. -Certo, levante – se! Vamos, andem!

–Arthur. - disse, chamando. - Eu acho que eu deveria ajudar a fazer a guarda.

–Por que? Já mandei Matthew com essa tarefa.

–Ele não sabe lutar. Se ele der de cara com os homens de Kanen estará tudo perdido!

–Se isso acontecer, ele retornará para cá e nos dará um aviso.

–E se isso não for possível, se ele for pego antes? E ainda, se a sorte estiver mesmo ruim e ele acabar sendo atacado por um lobo ou alguma coisa pior, hein? Será menos um homem para nós, que já estamos cheios de desvantagens.

–E é você que vai defender ele?

–Sim. Você pode não saber disso, mas eu sei muito bem como atirar uma flecha e usar uma lâmina. Então, por favor.

–É muito perigoso, Ana. - disse, indo.

–Eu sei que é perigoso. Mas isso aqui tudo também não é? Não estarei sofrendo menos perigo do que ninguém aqui. Arthur, por favor, eu lhe imploro.

–Ok, ok, mas tome cuidado, se perder um seria problema, imagine dois.

***

Eu e Matthew fizemos um longo percurso nas fronteiras da vila, nenhum sinal deles, então decidimos refazer a rota. Em um certo ponto, a noite já estava caindo, então tivemos que parar para descansar.

–Durma um pouco, eu fico de vigia.

Eu até falaria para fazermos turnos, mas eu não conseguia dormir, e não queria confiar a minha vida a um homem que nem sabe lutar direito.

Passou – se um tempo e eu já estava bem entediada. Até que senti algo. Uma presença. Algo se aproximando.

–Matthew. Matthew! - sussurrei, agitando o homem, que aos poucos foi acordando. - Vamos, acho que tem alguém vindo, temos que avisar aos outros.

Ele se levantou, e foi na direção de seu cavalo, já se preparando para montar.

–Eu vou ver se consigo dar uma atrasada neles, vá, rápido!

Ele começou a cavalgar, eu peguei o meu arco e coloquei uma flecha, e acertei o primeiro homem que apareceu cavalgando no meio da mata escura. Quando fui matar o próximo, infelizmente, fui acertada por uma flecha. Caí no chão, não entendendo como, sendo que a flecha tinha acertado o meu ombro, não tinha sido um tiro mortal. Estava envenenada, era isso. Assim, eu caí no chão, e aos poucos a visão da mata escura foi se apagando...