The Inter - Worlds (Parte 1): As Aventuras - Ano 1

Capítulo 31 - Gritos na noite chamam atenção


Foi quando comecei a escrever a primeira frase que percebi o erro que tinha cometido. Estava maluca? Eu não podia simplesmente ficar no meio da floresta dos trolls sozinha! Eu peguei o meu equipamento e entrei nas profundezas da floresta, procurando o mago.

–Gandalf?! - gritei.

Eu chamava e ninguém respondia, comecei a ficar preocupada e com um pouco de medo.

–Droga! - falei, baixinho.

Decidi voltar, era o melhor a fazer, mas estava perdida. Não parecia haver caminho de volta. E o cavalo? Não tinha como encontrar.

Perdida, no meio da mata dos Trolls, e de noite. Realmente, poderia ficar pior, mas já estava bem ruim.

Então, já que não parecia haver solução melhor, eu decidi continuar meu caminho. Pelo menos estava com a minha bolsa e as minhas armas.

Fui andando até encontrar uma casa. Era simples e pequena, talvez a casa de um fazendeiro ou coisa do tipo. Parecia um pouco destruída. Ouvi outro grito, olhei para os lados e nada vi. Continuei observando a casa. Outra coisa que também parecia: parecia estar vazia, abandonada.

Continuei o caminho e, até ver uma luz. Me escondi atrás de uma árvore para a minha própria segurança. Me aproximei, silenciosamente, como um hobbit faria.

Estava tão assustada que nem conseguia raciocinar direito. Quatro, quatro Trolls, que pareciam ter acabado de sair de um lanchinho, na certa tinham acabado de jantar o fazendeiro. Ao pensar nisso tive quase um treco. O que deveria fazer? Retornar, contornar, continuar... Eles estavam bem no caminho, né... Me aproximei mais um pouquinho, o que permitiu que eu conseguisse os escutar:

–Ah, como estou faminto! Aquele fazendeiro era muito magricelo, e a mulher dele também. Quero comer!

–Calma Mort! Acharíamos algo para comer, se você não fosse tão preguiçoso. - falou um dos trolls, dando um cutucão na testa do outro.

–Silêncio vocês dois aí! - falou um terceiro.

–É! - disse o quarto.

–Você também, Harold! Se querem comida vão procurar, que eu fico aqui cozinhando esse carneirinho. E Mort ficará aqui para vigiar o esconderijo.

Os outros dois saíram, um foi para a lateral, e o outro foi para a frente, para a minha direção. Tinha que me esconder, achei a árvore com galhos mais baixos e a subi.

Fiquei lá em cima observando ele. Em um momento ele olhou pra cima, e quase me viu, mas eu desviei de seu campo visual.

–Ufa! - exclamei baixinho.

Escorreguei, um cipó se prendeu na minha perna e ferrou tudo. Fiquei de cabeça para baixo, só com o cipó me prendendo. Estava além da copa da árvore. Com o troll de costas, só que bem perto de mim. Respirei fundo, um movimento em falso e estaria morta. Tina que me levantar. Olhei para cima, e comecei a tentar me levantar. Me balancei de um lado para o outro, procurando me agarrar em um galho e nada. Ouvi um barulho, e, olhando para cima, percebi que o cipó estava desfiando.

–Não, não... - murmurei. - Por favor não.

Fechei os olhos e cerrei os dentes. Eu ia cair.

OUCH!

–Harold! Venha aqui.

Fiquei olhando para ele, por alguns segundos, enquanto me afastava vagarosamente.

Fui me virar, para sair correndo, mas dei de cara com o outro Troll.

–O que é isso? Um coelho gigante?

–Eu não sei o que é, só que não gosto dele.

–Peque – o! - falou o outro, James, que tentou me pegar, mas eu desviei.

Era um tal de desvia para lá, vira para cá. Eles me chamaram de coelho gigante...que imaginação fértil! Gigante é pouco, para um coelho eu sou uma criatura da altura dos céus. Dava uma cambalhota para cá e para lá, e parecia que os malditos nunca cansavam.

Em um certo momento, dei um pulo largo, me virei rapidamente, corri e os despistei, mas não havia volta, não poderia só esperar que Kryn me achasse e me salvasse. Eles iriam me procurar, e com certeza, iriam me achar.

Me escondi atrás de uma árvore, peguei o arco e tirei uma flecha da aljava. Mirei bem no olho de um deles, do cozinheiro, e atirei.

–Ai! - gritou o troll.

–Bert? - exclamou...James, acho eu.

Bert? Eu lembrava de conhecer esse nome de algum lugar...É claro! Os trolls da história original eram Tom, Bert e William. Seria aquele o mesmo Bert? Isso significa que ele sobreviveria a esse momento. Então era por minha causa que ele é cego de um olho?! Cara, marquei minha importância na história. Mas, vamos voltar ao momento.

–Alguém me acertou. - falou, enquanto eu corria para trás de uma outra árvore, colocando o meu capuz sobre a minha cabeça.

James foi na direção de Bert, mas eu acertei esse no pé, que caiu bem em cima do outro.

–Ui! - exclamou James.

Acertei Harold bem na parte de trás da perna, e este ficou cambaleando de lá pra cá, tentando retirar a flecha do local.

–Isso! - murmurei baixinho.

–Não tão rápido. - falou Mort, que me pegou pelos pés. - O que temos aqui...uma humana, carne...refeição.

Eu fiquei encarando o troll por alguns minutos, e ele era intimidador. O maior dos quatro, sem dúvida, tinha uma cara dura e seca, e olhos pequenos.

–Achei a criatura! - gritou o troll, me levando para o centro, onde estavam os outros três, que já estavam em pé novamente, sem as flechas. Mort passou a me segurar pelas mãos em vez de me segurar pelos pés como estava fazendo antes

–Vamos cozinhar! - exclamou Harold.

–Me dê ela. Está na hora de preparar alguma coisa, antes que venha o sol. - falou Bert.

–Mas o que vamos cozinhar? Espetinho, geleia, assado... - disse James.

–Vamos fazer o que for mais simples. Acho que a melhor opção será amarrá – la e cozinhar no fogo.

–O que?! - murmurei.

–Tragam as cordas!

Harold e James pegaram as cordas e vieram na minha direção. Mort segurava os meus braços. Precisava escapar e tinha que ser agora.

Quod volo levitate. – falei, pausadamente, e bem baixinho. Aos poucos uma pequena adaga saía de dentro da minha bolsa. Respirei fundo, e ao tocar a adaga com a minha mão (direita, já que sou destra), enfiei a lâmina bem na mão do troll, que me soltou quase que instantaneamente.

Ao cair no chão, peguei a adaga e saí correndo, mas na minha frente havia mais um obstáculo: Harold. Virei para trás e dei de cara com James. O que faria agora?

Senti algo me envolvendo, mas eu não podia ver nada além do que estava acontecendo lá, naquele momento. Olhei novamente para trás.

Nesse momento, me encontrei em outro ambiente, não estava mais na mata dos trolls, estava em uma sala azul, a sala de Kryn.