Havia começado a tarde, e já havia se passado um certo tempo desde o julgamento de Gwen. Por isso, decidi que o melhor a fazer era ir na cela, ver ela, e a consolar, mesmo sabendo que, no final, ela não iria morrer.

Desci para as celas, quando me deparei com Merlin correndo, saindo. Fui adiante e me encontrei com Guinevere, na cela.

–Gwen! - disse, e ela se virou, na minha direção.

–Ana?! - falou, se aproximando.

–Sim, sou eu.

–Obrigada por vir me visitar.

–Não há de que. - falei, quando uma lágrima escorreu no rosto de Gwen. - Não precisa chorar. Eu vou achar algum jeito de tirar você daqui. Ok?

–Não se preocupe comigo.

–Por que não?

–Porque eu não sou assim tão importante.

–Nós todos somos importantes. Gwen, eu não posso deixar você morrer, ainda mais por algo que você não fez. - disse. - Você não vai morrer. Acredite em min.

Depois disso, me virei e sai do local, me direcionando à casa de Gaius, para ajudar Gaius e Merlin a descobrir como parar a doença e salvar Gwen.

Quando entrei no quarto, me deparei com Merlin e Gaius que estavam se retirando, na certa para recolher a água, para descobrir o que tinha a contaminado.

–Oi. - falei.

–Não posso conversar agora, Ana, eu tenho que ir. - disse Merlin.

–Aonde vocês estão indo? - me atrevi a perguntar.

–Estamos indo no reservatório de água da cidade, para coletar uma amostra da água e descobrir o que a contaminou. - respondeu Merlin.

–Posso ir com vocês? - perguntei, causando em Merlin uma expressão um tanto surpresa. - Eu também quero ajudar a descobrir o que foi, e digamos que eu entenda sobre algumas coisas de magia.

–Tudo bem. - disse Merlin.

Nós fomos em direção ao reservatório. Chegando lá, Gaius abriu a porta, e nós entramos. Ao entrar, Merlin pegou uma tocha e a acendeu, já que lá, mesmo de dia, era bem escuro. Ao chegar no grande reservatório, Gaius disse:

–A água aqui supre a cidade inteira. Pegue uma amostra.

Merlin abriu a sua bolsa e dela tirou um frasco. Tirando a tampa do frasco, ele o enfiou na água, e depois o tirou, assim que ficou cheio.

–Vamos voltar e examiná – la. - falou Gaius.

Nós três fomos voltar, quando ouvimos um barulho. Um rugido, eu acho. Nós 3 viramos simultaneamente e vimos um grande monstro se levantar de dentro do reservatório. Ele rugiu, mostrando seus dentes e levantando os braços, e depois, voltou para dentro da água.

–Que diabos era aquilo? - perguntou Merlin.

Gaius puxou o meu braço e o de Merlin, nos levando para fora do local. Retornando a casa de Gaius, fomos procurar nos livros aonde teria algo sobre aquele bicho. Após alguns minutos procurando, Gaius achou.

–Aqui. - falou Gaius. - Era um monstro do lago.

–Um o quê? - falou Merlin.

–Um monstro do lago. - falei, pausadamente.

–Um monstro criado da argila, e invocado apenas pelo mais poderoso feiticeiro. - leu Gaius. - Agora temos que descobrir um jeito de destruí – lo. Mas onde?

–Isso poderá levar dias. Gwen já estará morta até lá. - falou Merlin.

–Tem alguma ideia melhor? - disse Gaius.

Assim, Merlin saiu. E eu comecei a “olhar” nos livros.

–Gaius, posso ver o livro falando sobre o monstro do lago?

–Sim. - falou, me entregando o livro. - Aqui.

Comecei a ler sobre ele, e fui pensando em um jeito de explicar como destruí – lo, porque, afinal, eu sabia. Merlin saiu para ver Gwen, e, obviamente, iria, depois, falar com o dragão, a procura de saber o que fazer. “Confie nos elementos que estão a seu alcance”, era essa a resposta que Kilgharrah daria, lembro que ele também diria “Não poderá fazer isto sozinho. Você é apenas um lado da moeda”, se referindo à Arthur, é claro.

Gaius saiu também, somente me falou “Continue procurando”. De repente, vi Merlin entrando no quarto e ele começou a olhar os livros também. Depois de um tempo, eu perguntei:

–Alguma ideia?

–Talvez. - respondeu Merlin.

–Qual?

–Ana, você sabe alguma coisa sobre elementos?

–Sim. - respondi, com um rápido sorrisinho no rosto, quando Gaius entrou na casa, novamente.

–Merlin, o que está fazendo?

–Procurando um livro. - respondeu Merlin.

–Se importa de me dizer qual?

–Um livro sobre elementos.

–Elementos?

–Sim, em qual deles que posso encontrar algo a respeito? - perguntou Merlin.

–Na maioria deles. O estudo dos elementos básicos, é o coração da ciência. - explicou Gaius.

–Como isso ajudará a destruir o monstro do lago? - perguntou Merlin.

–O monstro do lago é uma criatura feita de água e terra. - afirmou Gaius. - São dois dos quatro elementos básicos.

–Quais são os outros dois? - perguntou Merlin.

–Talvez eles o destruirão. - disse Gaius.

–Você quer fogo, vento e fogo. - falei.

–Como descobriu isso? - perguntou Gaius.

–Eu apenas sabia. Sei lá, simplesmente veio essa ideia na minha cabeça. - disse Merlin, com todo o cuidado para não dizer “Faz parte dos meus poderes.”, que ele teria dito, se eu não estivesse lá.

–O que mais você simplesmente sabe? - perguntou Gaius.

–Que sou apenas um lado da moeda. O lado brilhante, é claro. - falou Merlin, fazendo com que eu desse um risada interior.

–Quem é o outro lado? - perguntei.

–Acho que pode ser Arthur. - respondeu Merlin.

–Estão adiantando a execução. - falou Morgana, entrando na casa. - Temos que provar que Gwen é inocente.

–Estamos tentando. - falou Gaius.

–Por favor, apenas me diga em que posso ajudar. - falou Morgana.

–Precisamos do Arthur. - falou Merlin.

–Arthur? - disse Morgana.

–Há um monstro do lago no reservatório de água. Isso é o que está causando a praga. - explicou Merlin.

–Precisamos contar ao Uther. - falou Morgana

–Acho que a criatura foi invocada por mágica. - expôs Gaius. - Contar a Uther não salvaria a Gwen, ele a culparia por tê – lo invocado.

–Então o que fazemos? - perguntou Morgana.

–Precisamos destruí – lo. - afirmou Merlin. - A praga cessará, e Uther perceberá a lógica.

–E é por isso que precisamos de Arthur. - falei.

–Ele é a nossa melhor chance. - disse Merlin. - Mas ele não desobedecerá o rei.

–Deixe isso comigo. - falou Morgana, saindo.

Assim, Gaius deu a chave para entrar no lugar onde ficava o reservatório, para Merlin, e eu e eles saímos do quarto. Eu e ele ficamos parados no pátio, esperando por Arthur e Morgana. Ou chegarem, nos fomos em direção ao reservatório. Entrando lá, Morgana e Arthur pegaram as tochas e as acenderam. Nós entramos.

–É melhor que esteja certo quanto a isso, Merlin. - falou Arthur.

–Pode acreditar, eu também vi. - falei.

Continuamos a andar. De repente todos nós paramos, porque ouvimos um barulho, era o monstro, então Arthur virou e disse para min e para Morgana:

–Vocês deveriam ficar aqui.

–Vou com vocês. - afirmou Morgana.

–Eu também. - disse.

–Não! - exclamou Arthur.

–Tem medo que eu o exponha? - falou Morgana.

–Meu pai nos acorrentará, se lhe colocar em perigo. - falou Arthur.

–Que bom que ele não sabe.

–Vocês não vão. - falou Arthur.

–Isso tudo só porque nós somos mulheres?! - disse.

–Não...Volte, vocês podem se ferir. - falou Arthur.

–Assim como você...Se não sair da minha frente. - disse Morgana, passando Arthur. - Como vamos encontrá – lo?

–Espero que o encontremos antes que ele nos encontre. - disse, quando ouvimos novamente um barulho.

–Parem! - exclamou Arthur.

–O quê? - perguntou Merlin.

–É apenas uma sombra. - falou Arthur, e nós continuamos a andar.

Ao chegar no reservatório de água, não tínhamos achado nada, então Arthur disse:

–Vamos nos dividir.

Merlin foi para a direita, Morgana para a esquerda, e eu e Arthur fomos para o caminho da frente. De repente ouvimos um barulho, e, vagarosamente nos viramos para trás, era o monstro. Em um golpe rápido Arthur escapou do monstro, e este, sumiu novamente.

–O que foi? Vocês estão bem? - perguntou Morgana.

–Sim. - respondeu Arthur.

–Vocês o viram? - perguntou Merlin.

–Sim. - respondi.

–Como ele é? - perguntou Merlin.

–Ele é rápido. - disse Arthur, quando Morgana deu um grito ao ver a criatura, que sumiu, novamente. - Onde está?

–Acho que foi por aqui. - falou Merlin, olhando para um dos caminhos, por onde nós fomos.

Ao virarmos, no final do caminho, o monstro apareceu novamente. Ele andava de quatro, e de perto era realmente horripilante. Vagarosamente, Arthur foi se aproximando da criatura. Ele tentou golpeá – lo com sua espada, mas o monstro revidou, jogando a espada longe. A criatura rugia, abrindo a sua gigante boca. Morgana, acidentalmente, deixou a sua tocha cair no chão, já que estava um tanto apavorada. O bicho tentava chegar perto dela, mas Arthur o afastava colocando sua tocha entre os dois. Depois, Arthur se afastou um pouco, e o monstro levantou seus braços.

–Arthur, use a tocha! - gritou Merlin.

Arthur se aproximou do monstro, e foi tentando acertar o monstro com ela. E foi nesse momento que, Merlin, fez um feitiço (que obviamente ninguém percebeu), que fez com que o fogo da tocha aumentasse até acertar o monstro, causando um fogaréu, que o destruiu. Todos nós quatro nos entreolhamos.

Depois disso, fomos para o castelo. Após tudo ter sido devidamente explicado para Uther, Gwen foi liberta. Eu, Merlin, Morgana e Tom (o pai de Gwen) descemos para as celas.

–Pai! - exclamou Gwen, ao abrir a porta da cela.

Os dois se abraçaram, e Gwen se virou para nós e agradeceu:

–Obrigada!

–Não agradeça à min. - disse Morgana.

–Foi graças ao Merlin. - disse.

–É mesmo? - perguntou Gwen.

–Ele é o verdadeiro herói aqui. - falou Merlin.

–Não sei o que dizer. - afirmou Gwen.

–Eu não fiz nada. - falou Merlin.

–Sou grato a todos vocês. - falou Tom. - Venha Gwen.

Depois disso, Tom e Gwen saíram das celas, e eu também. Na verdade, eu fiquei na escada, escutando o que a Morgana disse para Merlin, o que me causou umas risadinhas...

–Merlin, queria que soubesse... - começou Morgana. - Seu segredo está a salvo comigo.

–Meu segredo? - perguntou Merlin.

–Merlin, não finja. - disse Morgana. - Sei o que você fez.

–Sabe?

–Vi com meus próprios olhos.

–Viu?

–Entendo porque não quer que ninguém saiba.

–Bom, obviamente... - começou Merlin, mas Morgana interveio.

–Mas não contarei a ninguém. - afirmou Morgana, dando um sorriso. - Não se importa de conversar sobre isso?

–Não é que... - disse Merlin. - Não faz ideia do quanto é difícil manter isso em segredo.

–Bom, pode continuar a negar. - falou Morgana. - Mas acho que a Gwen é uma mulher de muita sorte.

–Gwen? - disse Merlin, no famoso jeito “What the fuck” da vida.

–É o nosso segredinho. - falou Morgana, se retirando, fazendo com que eu saísse correndo para que ela não percebesse que eu estava ouvindo a conversa.