Mais um dia em Camelot. Acordando, como sempre, fiz tudo aquilo que já devem saber, troquei de roupa, tomei banho, comi o quebra - jejum...E depois, sai andando pelo castelo.

–Bom dia. - disse para Merlin.

–Bom dia, Ana. - ele respondeu.

Continuei andando por ai e por lá, nada muito importante, o importante seria naquela noite, no banquete, quando Lady Helen cantaria para nós. E o mais importante, não podia me dispersar, senão acabaria caindo no sono também. Decidi ir preparar o meu visual para o banquete. Eu só tinha roupas sem graças, então fui falar com Kryn.

–Kryn?

–O que é?

–É que hoje terá um grande banquete e tudo e tal, e assim, eu queria ter uma roupa bonita e adequada à tal festividade, e eu quero uma roupa mais alegre...e também, quero roupas para outras vezes que precise...

–Ora, é só você fazer eles...Afinal, você sabe costurar, não é?

–É...Aprendi com a minha avó...Mas, eu preciso do material e dos tecidos!

–Ali estão! - disse Kryn, apontando para um local atrás de min.

Olhei para a direção que Kryn estava apontando, lá, sabe se lá como, estava um manequim, vários tecidos, e todo o material necessário para se fazer uma roupa, contando também com vários tipos de bordados e pedrinhas brilhantes.

–Obrigada! - disse, sorrindo para Kryn.

–Só isso?

–Sim, muito obrigada.

Kryn desapareceu da bola de cristal e eu comecei o trabalho. Eu tinha que estar linda. O meu desafio era ficar mais bonita do que todas, inclusive da Morgana. Escolhi alguns tecidos, das cores azul, roxo, rosa, carmesim e purpura. Na parte do tórax o vestido seria estreito e rosa púrpura, com um pouco de carmesim. Até a metade da coxa, continuaria sendo desse jeito, e, depois disso, o vestido ficaria cheio e com todos os tons de tecido que eu havia selecionado antes, como nas "mangas" (imagine as mangas do vestido amarelo da Bela, - de a Bela e a Fera da Disney - era tipo aquelas "mangas"). Na parte de trás do vestido, bem no final, o vestido se prolongava um pouquinho, formando uma pequena cauda (bem pequena mesmo). Fiz o vestido. Estava lindo. Escolhi um sapato qualquer e nele coloquei algumas pedrinhas brancas e brilhantes, e usei alguns dos tecidos que tinham sobrado do vestido para mudar a cor do calçado. Tinha a roupa perfeita.

***

De noite, coloquei o vestido e o sapato. Coloquei uma gargantilha dourada com pedras púrpura, fiz um coque e coloquei brincos com as mesmas tonalidades da gargantilha. Me maquiei, escolhendo os tons certos para fazerem contraste com a roupa. Assim que fiquei devidamente pronta, dei uma última checada no espelho. É. Eu estava ótima. A maioria das pessoas já estava no salão. Cheguei perto da porta, respirei fundo, e entrei. Vários olhares se direcionaram à mim, inclusive o de Arthur, que alguns segundos atrás não conseguia tirar os olhos de Morgana, ele só parou para me olhar. Fui passando e muitos olhavam para mim, e também Merlin. Parei ao lado dele e nós começamos a conversar:

–Você está ótima! - exclamou Merlin

–Sério? Obrigada.

Notei que, de repente, Gwen se aproximou de Merlin, e disse:

–Ela está ótima, não é?!

–Sim.

–Algumas pessoas nascem para ser rainhas.

–Não.

–Espero que sim, um dia. Não que eu queria ser ela. Quem gostaria de casar com Arthur?

–Muitas garotas... - murmurei, rindo um pouco

–Qual é? Pensei que gostasse de heróis corajosos e fortes.

–Não, gosto de caras mais comuns como você.

–Gwen, acredite em min, eu não sou comum.

–Não, não quis dizer você! Obviamente. Você não. Apenas...você sabe, gosto mais de caras comuns. Como você.

–Obrigado.

Assim, Gwen e Merlin se viraram. Era horrível a minha situação, sempre fui terrivelmente tímida. Não sabia o que falar nem com quem falar, então a minha melhor alternativa era continuar calada lá, falando com uma única pessoa, eu mesma.

As cornetas soavam pelo salão, anunciando que o espetáculo de Lady Helen iria começar. Me posicionei no meu devido acento, que era na mesa lateral da esquerda, localizado próximo à uma das saídas do salão e próximo à mesa principal, onde ficavam Uther, Arthur e Morgana. As cornetas pararam de tocar e, assim, Uther entrou no salão, e falou:

–Desfrutamos de 20 anos de paz e prosperidade. Trouxe ao reino e a min muitos prazeres. Mas poucos se podem comparar com a honra de apresentar, Lady Helen de Mora.

Todos bateram palmas e se sentaram. Os instrumentos começaram a tocar, a apresentação haviam começado. Cuidadosamente, tirei do meu bolso um objeto que, de longe, podia até parecer com um brinco, mas ele era na verdade, um tampão de ouvido. Coloquei nas minha orelhas. seria uma pena ter que perder a música, mas eu sabia que a canção era na verdade um feitiço, e eu não queria ser afetada por ele.

Lady Helen ia aos poucos, enquanto cantava se deslocando, vagarosamente, em frente, na direção de Arthur. Aos poucos as pessoas iam caindo no sono. Eu me debrucei em cima da mesa, fingindo que estava dormindo, mas meus olhos se mantinham abertos, só um pouquinho acima de meus braços que estavam sobre a mesa. A sala ficava cada vez mais escura, e todos iam dormindo. Também percebendo isso, Merlin colocou suas mãos em suas orelhas, para não ser afetado pelo feitiço.Teias se formavam em todos os lugares. Agora, Helen se aproximava mais rapidamente de Arthur, sem perceber que Merlin não tinha sido afetado pelo feitiço. A mulher tirou uma faca da manga, e no momento final da música, foi jogá–la em Arthur, porém, Merlin rapidamente fez um feitiço, fazendo com que o castiçal caísse nela, e ela caísse no chão, inconsciente.

De repente todos acordaram, tirando as teias que haviam se formado e se entreolhando, tentando entender o que havia acontecido. Mary Collins não estava mais disfarçada, agora era possível ver o seu cabelo levemente grisalho e sua pele enrugada.

Em um ato de desespero, Mary rapidamente levantou uma parte do seu corpo, pegou a faca que estava no chão e jogou na direção de Arthur. Rapidamente Merlin correu na direção de Arthur e o puxou, tirando o da mira da faca, e, assim, os dois foram ao chão. A bruxa havia morrido, todos olharam para a cena. Merlin e Arthur se levantaram e Uther disse, para Merlin;

–Você salvou a vida do meu filho. A dívida tem de ser saldada. Não seja modesto. Será recompensado.

–Sério, não precisa.

–Isto merece uma recompensa especial.

–Bem...

–Receberá um posto na família real. Será criado do príncipe Arthur. - disse Uther, e todos começaram a aplaudir.

–Pai!- exclamou o Arthur.

Depois disso todos saíram e foram para suas casas. Eu fui para o meu quarto, feliz de que pelo menos alguma coisa tinha acontecido. Troquei de roupa e me deitei na minha cama. Parte de min estava certa de que, aquilo, era só o começo.