Corria para todos os lados e parecia não haver nenhum jeito de escapar. Sentia como se os corredores fossem infinitos e estes não tinham nenhuma porta, nenhuma saída.

Depois de muito procurar, achei uma única porta, que atravessei rapidamente. Entrei em local apertado onde havia uma escada. Esta dava para outra porta, a qual dava em um escritório.

No escritório existia uma mesa cheia de papéis e um computador. Liguei o computador, e este rapidamente requisitou uma senha. A senha devia ter alguma coisa a ver com Smith, principalmente porque, além dele comandar o local, poucos sabiam algo verdadeiro sobre ele.

Tentei várias coisas e nada acontecia. Parei para pensar e deduzi que talvez a senha tivesse a ver com algum projeto que eles estariam trabalhando ou até algo que fosse muito importante para eles e que prezassem muito.

Olhei os papéis que tinham na mesa. Tinham diversas anotações e alguns desenhos. Vários dos desenhos tinham aquelas marcas de dragão. Lendo uma das anotações eu vi que Smith planejava mandar os seus assassinos chineses para matar a princesa chinesa, justo da época em que eu fui para lá. Ao ver isso, decidi que quando voltasse a China, se voltasse, eu faria algo.

Voltando para a máquina, tentei mais algumas combinações e nada. Sem pensar, simplesmente por espontaneidade, eu tentei a senha "Ana”, que por algum acaso funcionou.Uma vez que invadi o computador, comecei a investigar os arquivos rapidamente, afinal eu não sabia quando os homens de Smith poderiam aparecer novamente e me achar.Eu precisava de um pendrive, poderia ser muito necessário para Extorquir informações futuramente, caso tivesse a chance, mas óbvio que não foi nisso que pensei no momento. No momento pensei na minha necessidade atual: descobrir o que diabos Smith queria comigo e um jeito de sair dali. Procurei pelas gavetas do escritório percebendo que em grande maioria, estas estavam trancadas. Felizmente, achei um.Coloquei-o no computador e copiei todos os arquivos para ele. Depois de um tempo, quando acabei, tirei o pendrive, coloquei no meu bolso e recolhi alguns dos papéis para mim. Depois, fui ver se no escritório não havia nenhuma saída, não achando nada.

Saí do escritório e fui novamente para o corredor. Andei por um bom tempo e acabei vendo uma escadinha. Esta dava para um lugar só um pouco acima do teto, como um sótão.

Lá, pude ver vários galões de gasolina. Andei mais um pouco e vi algo na parede. Era tipo um buraco...só que com uma tampa de vidro na frente. Seria um túnel? Me abaixei para ver, abrindo a tampa. Fui olhar dentro quando eu senti um empurrão. Alguém tinha me empurrado para dentro do túnel. Comecei a cair pelo túnel, e fiquei caindo por um bom tempo.

Por um segundo, senti uma rápida brisa de ar ao passar por uma parte do túnel. Pude sentir alguma força estranha, a mesma força que senti ao entrar na sala brilhante de Kryn. Será que eu havia passado por algum portal e mudado de lugar...será que eu tinha voltado à China?

Fiquei escorregando no túnel por mais alguns minutos e comecei a ver uma luz, o que significava que eu na certa estava chegando perto da saída. De repente, bati com a cara no vidro da tampa de saída.

Abri a tampa, e sim, eu estava de volta na China. Estava no mesmo lugar que eu estava quando eu saí, então na certa tinha sido por ali que os homens tinham me levado para aquele lugar que eu estava antes. Porém, eram quase 11 horas da manhã (o que eu acabei por descobrir depois), um horário onde nós ainda não estávamos na China, o que significava que eu tinha ficado mais de um dia fora.

Ouvi um barulho, tinha alguém se aproximando e por isso rapidamente rolei para o lado para não ser acertada. Quem apareceu na tampa era o Doutor, então tinha sido ele quem me empurrara para dentro. Nós nos entreolhamos, como se tivéssemos passado décadas sem nos ver. Eu levantei rapidamente e saí correndo em direção ao meu quarto, e o Doutor foi logo atrás de mim.

–Precisamos fazer alguma coisa! – falei.

–O que houve? – perguntou.

–Estão indo matar a princesa da China! – exclamei.

–Quem? - perguntou

–São um grupo de ninjas, eles estavam no salão durante a festa! - respondi. Eu não queria contar para o Doutor sobre Smith, por isso tive que ter muito cuidado ao responder essa pergunta.

Fomos correndo à sala do conselho e contamos a notícia. O imperador mandou que seus guardas todos vigiassem todo o "castelo". Eu especifiquei o fato de os ninjas terem as marcas de dragão e mostrei um desenho de cada uma das tatuagens por meio dos papéis.

Depois de algumas horas, estava de noite. Estavam todos em seus postos. Eu sabia que os assassinos de Smith viriam nessa noite para matar a garota, estava óbvio, por isso me juntei aos outros guardas. Estava usando uma roupa azul - marinha com enfeites dourados.

Por um momento, me veio um pensamento que, infelizmente, parecia ser verdade. Porque diabos Smith queria a princesa morta? Não fazia sentido...era quase como se o assassinato da princesa fosse só uma distração para que Smith pudesse me capturar. Mesmo que esse tipo de coisa invadisse minha mente, mantive a calma.

Mesmo que a ideia não tivesse total sentido, como iria saber? Smith me queria morta, na certa por algo que eu ainda faria (porque eu não me lembro de ter feito algo tão ruim a alguém a ponto deste me querer morto), então talvez ele já soubesse que eu iria escapar...e sabendo disso talvez ele tenha planejado um plano B de usar a princesa como distração. Tinha que admitir, se fosse aquilo, era até um tanto inteligente.

Quando os assassinos chegaram, era um silêncio profundo em todos os lugares. Não se ouvia nada até ouvirmos um barulho estranho que nos fez virar. Ao virar a primeira coisa que pude ver foi um guarda morto rolando pelas escadarias na nossa frente. Quando ele parou de rolar, eu me aproximei lentamente (ignorando totalmente os avisos tanto dos guardas como do Doutor de manter a distância) e nele estava um bilhete cheio de sangue escrito "Ela morrerá". Todos pensavam que o bilhete se referia à princesa, mas eu conseguia sentir que se referia à mim.

Depois de mostrar o bilhete para o grupo, me aproximei do Doutor, dizendo:

–O que acha que devíamos fazer?

–É melhor você ir para o seu quarto, estará mais segura lá. – comentou o Doutor, uma vez que havia mostrado o bilhete. – Fique com isto. – ele me deu um bastão de madeira. – Se alguém aparecer é só acertá-lo com isso. – ele sorriu.

–Obrigada.

Desta vez, ouvi o conselho do Doutor. Saí de perto e entrei no quarto. Afinal, que diferença eu faria? Eu ia acabar morrendo, isso se não acontecesse algo pior. Fui ao local que seria como o banheiro de hoje em dia. Me olhei um pouco no espelho.

Estava me olhando quando de repente, no canto do espelho, eu vi dois olhinhos brilharem no escuro do quarto. Rapidamente peguei o bastão de madeira que o Doutor havia me dado e joguei a pessoa que estava atrás de mim contra a parede. Coloquei o bastão bem em cima do pescoço, prendendo - a. Era uma mulher, que parecia ser a chefe dos assassinos, já que possuía uma marca diferente. Assim, comecei a gritar com ela:

–O que vocês estão fazendo aqui?

–O que você acha? - falou a mulher, com uma voz rouca.

–Saia daqui agora e leve os outros junto com você!

–Vai ter que me obrigar. - falou, com uma voz intimidadora.

–Tudo bem. - respondi, acertando o bastão na cabeça da mulher, que ficou inconsciente.

Chamei alguns guardas que prenderam a mulher e assim acabamos achando todos os outro. Sabendo disso, Smith mandou alguns de seus próprios homens para atacar. Por isso, fui atrás dos corpos daqueles que haviam sido derrotados. Um deles era o irlandês, e perto do corpo caído (não morto, mas bem machucado), encontrei um controle universal do local onde eles todos estavam escondidos.

–Não vai mais precisar disto. – disse, pegando o controle.

De resposta, ele só cuspiu perto dos meus pés, com uma expressão de desprezo. Fui correndo até o Doutor, que me disse para o que servia o controle. Uma das funções era um teleporte.

Precisava pensar. Tinha que destruir Smith antes que ele me destruísse. Por isso, me teletransportei para o esconderijo dele, procurando um jeito de destruir o local.

Foi neste momento que lembrei dos galões de gasolina. Corri novamente para a sala aonde estavam. Para a minha sorte, parecia não haver nenhum guarda no local, então o caminho foi totalmente fácil e limpo.

Ao chegar na sala, me afastei, pegando o controle cliquei em um botão tosco: destruição. Se não era para aqueles galões, não sabia mais para o que. Apertei o botão e, uma vez que vi os galões começarem a soltar um líquido (a gasolina) me teletransportei de volta para a China e boom!

Só ouvi um leve barulho por sair no exato momento da explosão e tremi um pouco. Tinha explodido tudo, inclusive a saída para a China, então estávamos salvos. De uma vez por todas!

Bem, era o que eu pensava, porém, se teletransportando antes ou exatamente no momento da explosão, Smith, o escocês e mais alguns conseguiram escapar, mas no momento ninguém sabia disso, então estavam todos felizes que pareciam seguros agora.

***

Um tempo se passou e a ordem se restabeleceu no local. Depois, houve um jantar, conversamos e comemos, felizes.

Quando já era bem tarde, eu, o Doutor, a princesa e uma conhecida desta estávamos conversando normalmente e eu estava apoiada em uma janela.

No meio da conversa eu senti um aperto no meu braço, vindo do lado de fora da janela, que estava aberta. Fui me virar para tirar seja lá o que estava me segurando porém, quando fui fazer esse movimento, um braço me puxou, fazendo com que eu começasse a cair pela janela.

Mal eu pude notar que era o braço de um dos guerreiros que havia escapado. Em menos de alguns segundos, estava caindo. Eu fiquei em estado de choque, seria aquela a hora da minha morte? Depois de tentar tanto escapar? Eu gritava em direção a janela. Peguei a minha esfera de cristal que estava no meu bolso. Agarrei esta e fechei os olhos. De repente senti algo me envolvendo e, do nada, não estava mais caindo.