The High School

Onde tudo começou


P.O.V. Melissa

Naquele dia, todos se despediram dele. Primeiro eu, depois Carter, o irmão, Dylan, Chloe, Benjamin, Gwen e Violette, e muitas outras pessoas que sequer o conheciam.

Foi uma noite triste que ninguém esperava que acontecesse, mas nada é como queremos e as tragédias vem nos piores momentos. Só queria poder voltar atrás...

Desde então cada um de nós seguiu a vida da maneira que pode. Carter por exemplo havia preparado uma viagem à Argentina para os dois, pra passarem um tempo juntos. Acabou que graças ao maldito destino, ele levou Gary, seu melhor amigo.

Chloe e eu continuamos conversando por um tempo, mas não era mesma coisa. Sem ele nada era como antes... Até que a gente acabou se afastando, e se dizíamos um bom dia uma a outra, era muito.

Ben e Gwen continuaram firme o namoro, o que era inacreditável, ele realmente a converteu, ou converteu novamente, eu acho. Ela voltou a lutar no clube do colégio um pouco antes do ano acabar, e ele virou o presidente do grêmio estudantil, era a “figura política” perfeitamente correta.

A família Blake mudou de casa, a antiga lembrava demais a tragédia. Elizabeth nunca mais conseguiu colocar um sorriso no rosto novamente, e a tristeza de Theo veio em dobro ao saber que sua namorada, Kimberly, estava com câncer já em estágio avançado, morrendo meses depois de seu irmão. Enquanto a Violette, ela perdoou sua mãe e começou a morar com ela para dar auxilio.

Um dos que mais sofreu com tudo que aconteceu, foi Dylan. Ele se espelhava em Adan, pois o mesmo o livrou de seus fantasmas do passado. Ele não conseguia aceitar o fato, mesmo estando bem em sua cara. Foi levando aos poucos. Depois que me formei quase nem o via também...

Dawn e seu primo Leon, as piores pessoas que já frequentaram aquele colégio, continuaram a atormentar a vida de todos. Ela inclusive tentou pegar Carter mais uma vez, ainda bem que ele não cedeu fácil.

Enquanto a mim, finalmente consegui tocar em outros lugares famosos, e trabalhei um tempo com um grande produtor da cidade, fazendo clipe de três músicas minhas. Minha paixão por cantar era cada vez maior e não ia desistir desse sonho.

Posso afirmar que o mundo virou de cabeça para baixo com sua partida. E a partir daquele momento, nada voltaria a ser como antes...

Desde então, dez anos se passaram...

Carter tomou posse da antiga empresa de seu pai, que fabricava peças de carros importados. Gary era seu sócio. Ouvi boatos que Chloe entrou para a polícia da cidade, mas não tinha certeza. O restante, nunca mais ouvi nada...

E finalmente parecia que o momento havia chagado. A minha bolsa finalmente estourou, e a dor veio como algo insuportável.

— MELISSA? Sua bolsa... – meu marido se desespera.

— Anda logo, vamos pro hospital. – peço com um pouco de grosseria no tom da voz.

— Certo. Certo. Vamos! – ele estava mais nervoso do que eu.

O caminho parecia não ter fim, mesmo que não fosse muito longe. As dores eram insuportáveis, não sei como não quebrei a mão do Carter. Em meio a estrada passamos por lá, em frente ao colégio Delarriva. Desde que ele se foi, nunca mais tive coragem de passar por perto, mas a situação necessitou.

Para nossa surpresa o doutor era nada mais nada menos do que Benjamin. Por um minuto esqueci as dores para parabeniza-lo.

— Olha só, o novato queridinho da turma se torna um médico no final das contas.

— E você mesmo dando a luz não fecha essa matraca né Mel. – rimos juntos, depois de tantos anos, menos o Carter que estava a ponto de desmaiar. Acho que o lado bissexual dele falava mais alto nesse momento, parecia uma garotinha ao quebrar uma unha.

E assim fomos até a sala de parto. Meu marido preferiu não entrar comigo, fiquei sozinha com Benjamin e as enfermeiras.

Gritava alto de dor. Provavelmente os quartos que ficavam um pouco próximos estavam escutando também. A dor que estava passando era imensa.

De repente escuto a voz dela. A mãe que havia perdido seu filho dez anos atrás, aquela mulher que nunca mais tive coragem de visitar.

— Ela está ai dentro, Carter? – a mulher pergunta.

— Tia Blake? Você... – Carter se espanta.

— Apenas responda o que perguntei, por favor. – ela insiste.

— Sim, lá dentro.

— Acho que vamos esperar o parto terminar. – fico surpresa ao ouvir “vamos” significava que ela provavelmente não estaria sozinha.

A voz de Ben me tira desse pequeno transe.

— Mel! Força, está quase lá.

— FALAR É FÁCIL NÉ IDIOTA!

— Se controle garota! – uma voz familiar na sala do parto. Nem havia percebido que uma das enfermeiras era a Gewn. Talvez fosse porque ela estava bem diferente. Agora possuía cabelos curtos e azuis, a famosa adulta rebelde.

— Gewn? É você?

— Não, não Melissa. Sou a Maria Joaquina, prazer. – sempre com seu sarcasmo e violência na fala.

Pena que não consegui rir, por culpa da dor. Foi assim por muitas horas.

Depois que nem conseguia mais olhar para o relógio, finalmente vem o alivio... e o choro da criança.

— Parabéns mamãe, é um menino. – parabeniza Ben.

Ele o coloca do meu lado. Já havia parado de chorar. Estava calmo e dormia profundamente. Ele o lembrava muito, seu jeito sereno e confortável. Fomos interrompidos quando eles entraram. Carter, acompanhado da família Blake inteira. Até ela, Violette.

— Parabéns Melissa, é um lindo filho. – diz enquanto suas mãos tremiam.

— Mãe, acho melhor irmos embora. – diz Theo, que usava um terno e um óculos azul. Carter havia comentado que ele se tornará um incrível advogado, quem iria imaginar que aquele marmanjo que só se preocupava com skate se daria tão bem na vida, talvez seja depois que sua esposa morreu, não conhecia Kimberly direito mas ela era amiga de seu irmão.

— Fique quieto filho. – ela interrompe.

— Faça de uma vez mamãe. – fico ainda mais surpresa de ver Violette a chamando de mãe.

Contudo sou interrompida com um tapa em meu rosto. Meu filho acorda com o barulho. Aquela maldita, depois de tanto tempo ainda me culpava pela morte de seu filho.

— Espero que morra sua vagabunda. – ela se dirige a mim antes de dar as costas e sair.

Acho que essa era a última vez que veria a família do meu antigo melhor amigo.

Não consegui sentir raiva. Estava apenas e unicamente me importando com meu filho, e meu marido, que chorou ao ver nosso bebê.

Outra voz familiar ecoa no corredor... Era Chloe nunca tive tanta certeza.

— Posso entrar? Quero ver o pequeno fruto dessa união tão odiada por todos.

— Quanto tempo Chloe. – cumprimenta Carter.

— É bom te ver também velha amiga. – complemento.

— Sabe, por um tempo eu até fiquei puta quando descobri que iam se casar, afinal vocês eram melhores amigos dele, e ele gostava do Carter e tudo mais... Só que a vida é assim mesmo, as coisas mudam sempre e vão continuar mudando.

— Por favor não fale dele, não quero mais voltar ao passado. – digo.

— Por que Melissa? Ele era importante para todos nós, e se estivesse conosco, ia querer que continuássemos nossas vidas. Então apenas viva a sua.

Apenas balanço com a cabeça.

— Amor? Uma chamada de emergência no centro, temos que ir. – uma policial entra na sala.

— Como podem ver o dever me chama pessoal. – Chloe realmente havia entrado para a policia. E também estava namorando outra mulher, no fundo todos sabíamos que uma hora ou outra isso ai acontecer.

— Apareça em casa qualquer dia. – diz Carter.

— Vai ser uma honra ir em mais uma das famosas festinhas na casa dos Axel. Onde tudo começou... – concorda.

— Sim... Tudo começou lá... – Carter silencia em suas lembranças.

— Antes de ir. Mel! Já escolheu o nome dele?

— Sim... Na verdade acabei de escolher.

— Então pare de mistério.

— Adan... Seu nome é Adan!

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.