Quando a ambulância chegou era tarde demais... Meu amigo, o meu melhor amigo, já estava morto. A cena que presenciei ao chegar em sua casa foi impactante. Seus pulsos estavam abertos, uma enorme poça de sangue havia se formado no chão, contudo ele sorria, morreu sorrindo. Na verdade aquele sorriso era falso, sua expressão era aquela que Adan sempre nos mostrava, um sorriso por trás de toda dor. Nunca notamos, nós os matamos. Principalmente eu!

Sim, culpa! Não havia outro sentimento, ou melhor, também tinha arrependimento. O que motivou isso foi meu envolvimento com o Carter. Mesmo que eu o amasse, deveria ter evitado. Trai e matei meu melhor amigo...

Se pudesse voltar atrás...

A senhora Blake enlouqueceu depois de ver o filho morto no chão. Os Miller não conseguiram ajuda-la, muito menos Theo. Ela acabou sendo internada no hospício para tentar assimilar tudo. Não a culpava de ficar daquele jeito, perdeu o marido e o filho no mesmo momento.

"Adan se estiver me ouvindo, seja lá aonde esteja, me perdoe... Por favor me perdoe..." —Era tudo o que desejava.

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Duas semanas se passaram desde sua morte. O colégio estava em luto. Carter já não olhava mais para minha cara, aliás ninguém olhava...

Todos foram convocados a ir até a sala de teatro, onde quem quisesse poderia fazer uma homenagem a ele. Em cima do palco, um palanque com o microfone, além de um cartaz com sua foto como memória. Dylan era o que mais chorava, queria muito ir ajuda-lo, Adan ficaria feliz se o fizesse, mas ele também recusava que chegasse perto. Logo Theo chegou ao colégio e abraçou-o. Os dois acabaram formando um laço graças a Adan. Até Theo também começar a chorar. Todas as lágrimas daquele dia eram de extrema dor emocional, querendo ou não, Adan marcou a vida de muitas pessoas no Delarriva.

Do outro lado das poltronas, estavam Gewn e Benjamin. Ela me olhava com raiva, acho que era a que mais me odiava de todos. Por outro lado, Ben por ser a pessoa mais honesta e justa que conhecia, entendia o porque de tudo ter acontecido, não tinha nada contra mim. Os dois estavam juntos novamente. Ben era foda, afinal converteu uma lésbica.

Depois de quase uma hora, o diretor Steven começou a falar.

— Prezados alunos do Delarriva, perdemos nosso colega Adan Blake. Ele era um garoto curioso. Chegou aqui como uma barata perdida, mas logo começou a se sobressair e aparecer perante muitos que já haviam passado por aqui. Era muito bom saber que pelo menos ele era um bom aluno, diferente do irmão que só sabia varzear. Sinto muito a todos os familiares aqui presentes. Adan sempre estará no coração de muitos, e também em memórias deste colégio. Agradecemos por tudo que este incrível jovem fez...

Agora, quem quiser deixar suas ultimas palavras para seu amigo, podem ficar a vontade de subirem aqui. - finalizou o diretor.

Sua mãe, Elizabeth, já estava melhor. Não conseguiu conter sua tristeza durante as palavras do sr. Steven.

Sem me conter, levantei-me e me dirigi ao palco. Logo vieram as vaias e as caras feias. Não liguei e comecei a finalmente desabafar.

— Vocês vão me escutar agora querendo ou não! Acham mesmo que fiz aquilo com Carter por fogo? Não pessoas, não foi! Se meu emocional não estivesse destruído eu saberia o que estava fazendo, mas naquele momento eu não sabia o que fazer, muito menos como continuar a viver. Foi o próprio Adan que me ajudou a sair dessa. Eu errei sim, todos eram. Não tem ninguém que esteja sofrendo tanto quanto eu. Adan era muito importante para mim tambem. - as lágrimas desciam perante a raiva. - Então por favor, parem de me chamar de puta, cachorra e vagabunda, isso doí! Adan nunca faria isso se estivesse conosco. Espero que meu amigo descanse em paz. Isso é tudo.

Um silencio desviado toma conta do lugar por um breve instante. Desço a bater os pés do palco. Carter finalmente me olha e nossos olhares se perdoam instantaneamente, pelo menos é o que sinto.

Corro até a saída da sala de teatro, em seguida saio pela porta de vidro do colégio. Sento na calçada e ponho-me a chorar... Logo vejo uma bola de basquete pingando ao meu lado...

Olho para trás. Era Carter na porta. Ele sorri...

— Eu te perdoo.