The High School

Conversa Nada Amigável


Não conseguia me concentrar na prova de química. Então eu tinha uma irmã? Elizabeth chorava sem parar durante a noite que havia passado, quase não conseguiu contar-me a verdade sobre tudo.

Na época meus pais mal conseguiam sustentar a Theo, foi ai que veio a gravidez indesejada, cujo qual eu nasci. Acontece que Elizabeth nem me teve no hospital, preferiu pedir ajuda para nossa vizinha enfermeira, Sra. Lillie. O choque foi grande quando vieram gêmeos (Violette e eu). Como já foi dito, nossa família mal se sustentava, quem diria cinco bocas para alimentar. Violette foi parar na adoção, e em seguida nos colos do Sr. Derian.

Se eu engoli tudo assim harmonicamente? NÃO! Vomito no meio da prova, algo que não recomendo a ninguém, a não ser que desejem ser o centro das atenções de toda a sala de aula.

Violette sequer escutou Eliz... sua mãe durante a noite. Pude ver o olhar frio de ódio em seus olhos violetas, pelo menos isso meus pais fizeram, digo dar um nome a ela antes de despacharem o embrulho.

Foi ai que caiu a ficha... TINHA ACHADO A MINHA IRMÃ BONITA? E todas as fantasias sexuais com ela? Sou um péssimo irmão. Pelo menos com Theo nunca dei uma mancada dessas. O lado bom é que não foi apenas eu que fantasiou coisas assim, praticamente todos os garotos do colégio fizeram o mesmo. Ta legal, não tem lado bom nisso.

Pelo menos estava sentado na enfermaria depois de me examinarem. Como esperado não tinha nada, fui diagnosticado como "crise de ansiedade". TALVEZ SEJA PORQUE EU HAVIA ACABADO DE DESCOBRIR QUE TINHA UMA IRMÃ? Mas só talvez mesmo.

Precisava falar com ela, enquanto não fizesse isso nada iria parar. Dylan passa em frente a enfermaria e vem me perguntar se estou bem.

— Eai cara, está melhor?

— Na verdade não muito. - digo.

— E sua mãe?

— Ainda em uma profunda dor. A vizinha está de olho nela e me mantendo informado por meio de mensagens.

— Entendo. Preciso ir ao banheiro, mas se precisar de algo me procure.

— Valeu amigo. - ele sorri e vai segurando a urina que estava quase escorrendo em sua bermuda.

Tudo que precisava era que isso se resolvesse. Para ajudar não recebia notícias de Carter desde que aquele maldito de seu pai o levou para casa. Nem mesmo sua irmã apareceu no colégio, sentia que algo não estava bem. O grande problema era que estava preocupado demais para me preocupar, soa estranho, mas era isso que sentia.

A primeira coisa que me passou na cabeça e que fiz sem nem mesmo pensar duas vezes, foi chamar minha melhor amiga para me ajudar. Melissa saberia o que devia fazer.

— ELA É SUA IRMÃ????? - se espanta.

— Xiiiuuu!!! Qual parte do "Não espalha por ai" você não entendeu? - coloco a palma das mãos em sua boca.

— Desculpe, mas é que isso é algo que meu cérebro não consegue processar.

— Eu sei Mel, nem o meu.

— E o que você vai fazer agora? - pergunta.

— Foi exatamente por isso que te chamei aqui. Devo falar com ela ou o que?

— Claro que deve né.

— Como pode ter tanta certeza?

— Adan, ela é sua irmã, e deve achar que sua mãe é a pior pessoa do mundo. Você é a única pessoa que deve provar o contrário para ela.

— Certeza? - insisto.

— Absoluta, mas vai agora, agorinha.

— Agorinha? Sério?

— SÓ VAI ADAN! - sua expressão fica nada amigável.

Caminho pelos corredores largos e escorregadios do colégio. Subo até o segundo andar, mais especificamente fico parado em frente a sala 15, laboratório de ciências.

— Com licença professor. - não o conhecia, nunca deu aula para mim. - Desejo falar com Sta. Violette, apenas um instante.

— Violette! - ele grita, parecia que não tinha gostado da interrupção em sua aula. - Tem um garoto querendo falar com você.

Ela levanta e abaixa a saia que estava usando, uma saia preta e curta, bem curta aliás.

A garota fica frente a frente à mim, quase me desequilibro.

— O que você quer? - pergunta enquanto masca um chiclete de morango.

— Oi Violette. - sorrio.

— Diga logo embuste. Sua família já meu deu nos nervos.

— Bem, é sobre isso mesmo que queria falar. Podemos ir a um lugar mais reservado? - pergunto ainda sorrindo.

— Não.

— Espera, que?

— Disse que não. Seja lá o que quiser falar, diga na frente da sala toda. - chama atenção dos alunos à porta.

— Por favor, vamos evitar isso.

— Evitar o que? Evitar que saibam que sua mãe é uma embuste que me abandonou sem mais nem menos depois que nasci? - fica exaltada.

— MINHA MÃE NÃO TE ABANDONOU! - fico irritado.

— Ah não? - cruza os braços. - Então como você se diz quando uma recém-nascida é entregue para adoção?

Calo-me. Realmente não tinha o que falar. Ela tinha todo o direito de se sentir assim.

Nossa conversa nada amigável é interrompida com um número desconhecido me ligando, fico meio com receio de atender, mas acabo cedendo a desconfiança.

— Alô?

— Me tira daqui. Por favor... Me tira daqui, amor.

— Carter? O que foi? Por que está chorando? Aonde você está?

— Não aguento mais ficar aqui. Me aju... - a ligação cai repentinamente.

— Carter! Carter! CARTER!!!

Saio correndo em disparada a saída, deixando Violette para trás. Nem me importo que estaria matando aula mais uma vez. Só queria saber onde estava meu namorado.

Saio pela enorme porta de vidro do Delarriva. Corro em disparada para a casa dos Axel, sem pensar em mais nada.

Chego rápido para quem estava a pé, peço para o porteiro abrir mas ele me diz que estava proibido de obedecer qualquer ordem vinda de mim, pede desculpas por não fazer. Logo escuto os passos de alguém saindo e vindo em minha direção.

— Veja só quem está aqui! O namoradinho desesperado. SEU VIADO!

— Você! Tenho certeza que é culpa sua, seja lá onde ele estiver.

— Quer saber onde ele está? No colégio interno a kilómetros daqui.

— Isso é impossível, sua mãe nunca deixaria isso acontecer.

— É por isso que ela não está aqui na cidade no momento. Dei um cartão de credito a ela e a Alice. Sem dúvida o melhor modo de afastar as duas é deixarem com que façam compras por ai.

— Ele é seu próprio filho!

— Ele é um viado, por culpa sua.

— Sexualidade não vai mudar a fato dele ser o seu filho e te amar de um jeito ou de outro.

— Hahahaha. Ele pode não me amar no momento, mas depois vai me agradecer.

— Agradecer pelo que senhor? - sinto ódio extremo percorrendo minhas veias.

— POR ISSO! - sinto meu corpo apagar lentamente com o soco que atingiu meu rosto...