Santuário - Atenas - Grécia
11:27AM

O trajeto até a vila foi longo, já que foi feito inteiramente a pé e no ritmo de caminhada dos agentes. Milo liderou a caminhada, escolhendo uma bela trilha, de fácil acesso. E Shura fazia questão de comentar cada ponto histórico e monumento por onde passavam.

\"Aqui...\" - Shura apontou na direção de um belo lago à direita do caminho. O lago era extenso, e tinha uma enorme árvore à margem, os galhos quase tocavam a água e a copa era magnificamente cheia, com folhas bem pequenas - \"...aqui era nosso lugar favorito para escapar dos treinos teóricos...\"

\"Saudade...\" - Milo tinha os olhos perdidos no lago.

\"Então era para cá que vocês sumiam, hein?\" - Saga fingiu seriedade.

\"É, fugindo do treino psíquico e nem chamavam a gente...\" - Máscara balançou a cabeça, fingindo indignação.

\"Ainda bem que não chamavam, vocês acabaram desenvolvendo muito mais os ataques psíquicos, não foi?\" - Saga comentou, sorrindo - \"Isso deu a vocês uma certa vantagem em algumas coisas...\"

\"Me sinto excluído do mesmo jeito...\" - Máscara respondeu - \"Eh, Milo, quem mais vocês NÃO chamavam?\"

\"Deixe ver...\" - Milo coçou o queixo - \"Shaka, porque a gente sabia que ele não ia topar mesmo. Saga e Aiolos por motivos óbvios. Camus porque ia dedurar a gente pra eles. Você porque eu não ia com a tua cara na época, e Afrodite porque a gente chamou ele uma vez e ele falou que não ia quebrar as regras pra vadiar.\"

Mulder e Scully não podiam segurar o riso quando os rapazes paravam pra contar essas histórias. Nesses momentos, pareciam rapazes absolutamente normais, contando travessuras de quando eram meninos.

\"Quando eu tinha uns 16, fugia das aulas de matemática e ia me esconder na piscina. Odiava matemática...\" - Mulder divagou, sorrindo.

\"Matemática... ugh!\" - Shaka torceu o nariz.

\"E você, agente Scully, fugia de alguma aula?\" - Shura perguntou, piscando para a ruiva.

\"Hum... na verdade sim.\" - Scully sorriu do olhar espantado que Mulder lançou pra ela - \"Me junto ao Shaka, odiava matemática também...\"

\"E para onde você fugia?\" - Os olhos de Mulder brilhavam de curiosidade.

Scully corou um pouco, e Camus logo percebeu o constrangimento da agente:

\"Vamos andando? Ainda temos um bom pedaço pela frente...\" - Camus estendeu a mão para Scully, que a tomou, olhando para ele agradecida.

Caminharam por mais uma hora, até chegarem à entrada da pequena cidade. O movimento era intenso, havia uma enorme feira no local, cheia de variedades de hortaliças, frutas, roupas... havia de tudo. Scully notou que as pessoas olhavam com admiração para os rapazes, alguns até reverenciavam. Os cavaleiros sorriam para os moradores com gentileza, sem intenção de interromper a rotina de domingo daquelas pessoas.

A feira estava bastante animada. Afrodite decidiu parar em uma banca. Os agentes ficaram confusos, mas logo o cavaleiro de Peixes se virou com uma peça belíssima nas mãos, olhando animado para Scully. Ele a chamou, sorrindo, e ela foi até ele.

\"Olhe Dine, que pele maravilhosa!\" - Uma das senhoras comentou, em grego, com a outra - \"Vai ficar lindo nela, senhor cavaleiro!\"

Era uma peça única, de um tecido bastante fluido. Scully não sabia bem do que se tratava, parecia ser um traje típico grego, e não tinha certeza se poderia vestir uma roupa como aquela. Sorriu para Afrodite, bastante sem-graça, quando ele pôs o vestido sobre ela, como que medindo as proporções da roupa nas formas dela. Scully se encolheu um pouco.

\"Ah, esse tom de marfim fica belíssimo com seu tom de pele e cabelos, senhorita.\" - Afrodite elogiou - \"Vai ficar ainda mais bonita.\"

\"Hum, Afrodite... acho que não devo...\" - Scully tentou.

\"Posso te confidenciar uma coisa?\" - Afrodite abriu bem os olhos azul-piscina, sabendo que com isso ganharia a total atenção da agente - \"Estamos a dois dias das festas do solstício de verão. Temos o costume de comparecer à primeira noite da festa todos os anos... e se me permite a liberdade, senhorita, vai arrasar corações se usar este vestido.\"

Scully estava sem palavras, simplesmente não sabia o que dizer para o jovem, que sorria lindamente, com uma carinha que tornava absolutamente impossível negar qualquer coisa que fosse.

\"Vamos, aceite. Eu faço questão.\"

Afrodite piscou. Scully não viu saída.

\"Está bem.\" - A agente sorriu, sem graça ao perceber que os outros olhavam para eles dois curiosamente.

Afrodite pagou pelo vestido rapidamente, conversando bastante animado com as duas senhoras da banca. Logo voltaram para junto do grupo.

\"Ma che bel vestito, Afrodite! Para a festa?\" - Máscara da Morte cumprimentou, sorrindo, e se voltou para Scully - \"Agente Scully, vai ficar belíssima!\"

Scully achou graça do jeito espontâneo do rapaz moreno. Com aquele jeitão, não esperava que ele seria o primeiro a elogiar a roupa.

\"Que festa?\" - Mulder quis saber, não estava gostando daquela atenção toda em cima da parceira.

\"Solstício de verão. Começa na terça-feira, são três dias de festa. Nós costumamos vir à primeira noite da festa, sabe...\" - Milo respondeu, animado.

\"Ah sim, já lí sobre isso. É uma festa pagã, não é?\" - Mulder olhou para a parceira, buscando uma reação.

\"Eu sei que é, Mulder...\" - Scully respondeu - \"Sou cristã mas não vejo problema algum em celebrar coisas boas. É sobre fertilidade, proteção, purificação e bênçãos. Acho maravilhoso poder participar de algo assim uma vez na vida...\"

Mulder estava cada vez mais espantado com a parceira. Scully estava se mostrando bastante diferente do que ele estava acostumado. Ela parecia mais e mais à vontade naquele lugar, embora ainda se surpreendesse a cada nova informação vinda daqueles rapazes incomuns.

\"Ora mas não se preocupe, agente Mulder, que vamos providenciar roupas apropriadas para você também.\" - Milo cutucou Mulder de leve, deixando o agente muito vermelho.

\"Milo...\" - Camus advertiu, em voz baixa.

\"Opa, chegamos!\" - Shura avisou, se adiantando um pouco e já falando com um senhor na porta do restaurante - \"Bom dia, Gus, o que temos hoje?\"

\"O clássico, cavaleiro, o clássico... carneiro marinado ao molho de hortelã!\" - O homem respondeu, animado.

\"Hum... meu grego está bastante enferrujado, mas ele disse carneiro?\" - Os olhos de Scully brilharam.

\"Carneiro marinado ao molho de hortelã, isso mesmo.\" - Camus respondeu como quem fala do tempo - \"É o prato de domingo por aqui. Que interessante, então fala grego?\" - Continuou a frase em grego.

\"Oh, desculpe, não consigo entender tão bem...\" - Scully se desculpou, e o cavaleiro sorriu.

\"Não se preocupe, eu mesmo ainda tenho dificuldades, e vivo aqui desde pequeno. Vamos entrar?\"

Mulder estava achando mais difícil a cada minuto permanecer impassível às atenções que a parceira recebia, mesmo sabendo que não haviam intenções por parte dos rapazes. Scully devia estar se sentindo uma princesa, sendo tratada com tanta delicadeza por todos. Só ele ainda não tinha tido a oportunidade de fazer o mesmo, mas também, não tinha mesmo como concorrer com todos eles.

Afrodite percebeu o jeito pensativo de Mulder. Sabia que as atenções dispensadas à agente ruiva provavelmente estavam mexendo com a auto-estima dele. Provavelmente ele nunca havia parado para pensar que a parceira era uma mulher belíssima, que gostava de ser bem tratada. E agora que ele percebeu isso, haviam dez rapazes a cercando de gentilezas. Provavelmente achava que não tinha chance.

\"Peixes?\" - Shaka parou ao lado de Afrodite, o rosto na direção de Mulder como se também olhasse para ele.

\"Virgem?\" - Afrodite respondeu, sem desviar o olhar.

\"Temos que ajudá-lo.\" - Shaka disse, apenas para ele ouvir.

Os olhos de Afrodite brilharam. No que dependesse dele, da primeira noite da festa os dois não passavam. A dois passos deles, Milo percebeu a pequena conspiração se formando.

\"Isso vai ser... interessante!\" - Comentou, rindo e recebendo um olhar interrogativo de Camus.

To be continued...