Alvin fingia estar limpando a rua e Ruzek falava ao celular perto de uma das saídas do parquinho. Cassy e Hills andavam devagar pelo local prestando atenção a cada movimento de Mark Norton enquanto fingiam apenas passear.

Uma menina de dez anos, cabelos claros se aproximou de Norton, o homem de cabelo longo e barba por fazer, se abaixou para pegar a menina no colo, a criança o abraçou rindo alto.

— Quem é a criança? — Dawson perguntou através do ponto que todos usavam.

— Você não disse que Norton tinha família — Cassy acusou em voz baixa o agente ao seu lado.

— Não era uma informação relevante na época — Scott respondeu percebendo que conseguiu irritar muita gente com uma frase.

— Dá próxima vez — a voz rouca de Hank soou nos ouvidos dos policiais — deixem-nos decidir o que é relevante ou não.

Os policiais disfarçados observaram Mark Norton enquanto ele brincava com a criança, ele parecia quase inofensivo ao interagir com a menina.

A garotinha escalou um dos brinquedos gritando pela atenção de Norton, a medida que subia a risada se tornavam mais alta. Ao se sentar no topo do brinquedo ela olhou para frente e gritou.

— Olha como eu tô alta papai.

Scott sentiu o olhar de repreensão vindo de Cassy sem precisar se virar para encará-la. A morena estava preparada para fazer um comentário mordaz quando dois homens armados surgiram no parque.

Mães e pais correram até seus filhos abraçando-os apreensivos com o que estava acontecendo. Um distintivo surgiu de um deles junto com a voz alta e autoritária.

— Somos do FBI — o homem mais alto e de cabelos acinzentado falou, enquanto o outro apenas apontava a arma para Norton que havia pego a filha no colo.

— Mark Jason Norton o senhor está preso — o mais baixo falou.

Cassy encarou alarmada para Hills que parecia imparcial com a situação, assim como todos os outros policiais que trabalhavam para Voight.

— Coloque a criança no chão e ponha as mãos atrás da cabeça — o agente mais alto gritou mirando a cabeça de Norton.

Mark encarou os homens por alguns segundos antes de obedecer, pondo a menina no chão e se ajoelhando em seguida com as mãos na cabeça. A criança o encarou confusa, assustada com o que acontecia ao seu redor, quando os dois agentes partiram para cima do homem já rendido como se fossem animais disputando o último pedaço de carne.

A menina gritou tentando se aproximar do pai, um dos agentes empurrou a cabeça de Mark contra o chão, a garota gritava e chorava para que deixassem o pai dela em paz, o homem por sua vez se manteve calado, sua expressão era de dor, mas Cassy tinha quase certeza absoluta que isso não era resultado da brutalidade empregada pelos seus captores e sim por ter acontecido na frente da filha.

Erin alcançou a menina afastando-a da cena que se seguia, mostrando seu distintivo quando um dos agentes tentou impedi-la. O mais baixo e novo entre os dois apenas a encarou com velada arrogância, enquanto a morena tirava a menina dali. E o Norton era arrastado pelo FBI para fora do local.

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Uma hora e meia se passou desde a prisão de Mark Norton, a filha dele Jasmin Norton seria entregue ao conselho tutelar caso a mãe da criança não aparecesse na delegacia nas próximas duas horas. Cassy não tinha retornado a delegacia, furiosa ela foi atrás do supervisor para conseguir ao menos a autorização para interrogar Norton, o que parecia impossível, já que todos queriam um pedaço do homem.

Erin e Burgess se dividiam para distrair a menina que repetidamente perguntava do pai. Jay apesar de ter ficado para trás dessa vez ajudava com o que era necessário, Mouse estava no seu quase escondido lugar de trabalho procurando qualquer sinal de Anderwood ou das crianças desaparecidas.

Voight estava furioso e sua fonte de raiva estava sentado do lado de fora da sala particular do sargento, o agente do FBI conseguiu cair na desgraça de Hank em pouco tempo, apesar de que este nunca tivesse gostado de qualquer agente. Mas a traição quanto a prisão de uma hora atrás, da perda da chance de interrogar alguém que causou um ataque em sua cidade, matou pessoas que poderia ter informações sobre Anderwood transformou o sargento Hank Voight em uma bomba particular, e coitado seria a criatura que estivesse por perto quando ele explodisse.

Uma representante do Conselho Tutelar foi levada por Platt até onde a Unidade de Inteligência se concentrava, a mulher de cabelo escuro preso em um coque, se aproximou-se de Jasmin com palavras calmas e doces tentou criar um pequeno vínculo entre elas, mas a loirinha se afastava e se recolhia todas as vezes que a senhora Mendes tentava dar mais um passo até ela.

Jasmin se agarrou a cintura de Erin movendo a cabeça freneticamente de um lado para o outro, negando-se a ir com a mulher mais velha. Jay se aproximou das duas vendo a menina se encolheu atrás de sua namorada.

— A senhorita Diana Wayne está lá embaixo.

— Mamãe ? — a menina saiu detrás de Erin encarando Jay com seus olhinhos acinzentados brilhantes.

Lindsay e a senhora Mendes levaram a menina até a mãe, no caminho a morena cruzou com uma Cassy Montenegro furiosa subindo as escadas.

— Seu grande idiota — Montenegro gritou caminhando a passos rápidos na direção de Hills.

Jay entrou no caminho segurando ela pela cintura e puxando-a para uma distância na qual Cassy não conseguiria socar ou chutar o agente que apenas a olhava como se a morena estivesse fora de controle. Não que o moreno discordasse que Cassy estava realmente não controlando sua raiva.

— Você entregou ele, seu cachorro treinado — Cassy fincou as unhas no braço de Jay para que ele a soltasse.

— É o meu trabalho — Hills respondeu mantendo uma fingida calma — eles estavam nesse caso.

— Você trabalha comigo sua cacatua adestrada — Cassy tirou os pés do chão dando impulso para trás tentando desequilibrar Jay para que ele a soltasse.

Jay moveu um dos pés para trás girando o corpo ainda segurando Cassy no processo recuperando o equilíbrio e se pondo entre ela e Hills, mas se manteve calado para não piorar o humor, e não testar o autocontrole dela.

— O que está acontecendo aqui? — Voight perguntou saindo da sua sala.

— Mark Norton — ela cuspiu o nome — ele foi espancado e está inconsciente na merda do hospital — ela gritou — agora não temos nenhuma pista para sobre o Benedict nem o Anderwood.

— Não sabemos se Norton conhecia ou teria visto o Anderwood.

—É — ela concordou tentando ainda se soltar, pois Jay ainda a segurava — e não vamos descobrir — ela gritou — Dá pra me soltar?

— Você vai tentar matar ele ? — Jay perguntou sem nenhum tom irônico.

— Me solta pra descobrir.

— Eh — a voz de Mouse surge na sala observando o melhor amigo segurando a mulher com quem passou anos convivendo, e ainda é a mãe de seu filho.

Mesmo de longe o loiro podia sentir a raiva da morena, a aura negra dela é praticamente palpável. E sabendo a informação que ele tinha que repassar só deixaria pior.

— Acho melhor não soltar ela.

Cassy mirou o loiro, com uma sobrancelha arqueada. Jay encarou as escadas vendo a namorada subir e encará-lo com a mesma expressão que Cassy olhava para Mouse.

— Encontraram um corpo na North Avenue Beach — ele falou encarando os olhos claros dela — é um corpo infantil.

Cassy parou de se remexer, sendo finalmente solta pelo moreno, murmurando um palavrão ela encarou Voight que apenas acenou. Os detetives se dirigiram para o local, a praia estava isolada com dezena de policiais, e cientistas forenses.

A cidade de Chicago já estava enfrentado a noite estrelada, Cassy não se opôs a Jay ir com eles, afinal se alguém fosse impedir que ela assassinasse um outro oficial da lei, seria bom que fosse um amigo.

Erin se aproximou do corpo com Cassy e Jay, o legista retirou o que cobria a face do cadáver. Erin deu um passo para trás sentido-se nauseada, o moreno pôs uma das mãos no ombro dela em forma de apoio, sentindo os olhos marejados ela se afastou do local com a mão sobre a boca. Voight a seguiu, e apenas com um olhar mandou Jay esperar ali.

— Erin — o sargento chamou-a — está tudo bem?

Ela engoliu em seco, a cabeça latejava e o estômago revirado, o sentidos atordoados e os sentimentos estranhos, Erin respirou fundo algumas vezes olhando para o pai adotivo.

— Respira — ele segurou lhe pelos ombros dando lhe estabilidade — Halstead — ele gritou chamando o moreno.

Jay caminhou depressa até o chefe e a namorada, fitando-a com atenção notou como ela estava pálida e suando frio.

— Leve-a ao Med.

— Não — Lindsay interrompeu o sargento — eu tô bem.

— Você está pálida Erin — Jay argumentou, fitando os olhos castanhos dela — e está tremendo.

Erin olhou para as mãos notando que elas realmente estavam tremendo. Olhando entre Hank e Jay ela não tinha argumentos, não se sentia muito bem, mas também não estava disposta a ir para o hospital.

Antes que qualquer um deles falasse mais alguma coisa, Burgess apareceu com o celular em uma das mãos, aproximando dos três ela percebeu que algo estava acontecendo.

— Desculpa interromper — a ex patrulheira disse ficando do lado de Jay, recebendo a atenção deles — mas a Platt ligou, Benedict Lewis está na vigésima primeira, ele se entregou, e quer falar com a gente.