Três palavras, um sentimento

Pov. Yukimi

Passaram-se duas semanas desde que Nanami ficou doente, mas fora isso, foi tudo normal, eu acho. Hoje, a aquela coisa irritante chamada professora passou um tal de “seminário'', e tinha que ser feito em grupo, ou seja, juntar os alunos pra fazer uma lição maior. Então master e Nanami resolveram fazer o trabalho comigo e com Tomoe. Por isso fomos direto para o templo da terra. Dividimos o trabalho em partes, eu e Tomoe não demoramos muito para terminar nossa parte. Estava entardecendo. Ele se levantou e disse.

– Vou preparar algo para comermos

– Posso ajudar? -perguntei

Ele assentiu, e seguimos para cozinha. Ele resolveu preparar alguns bolinhos de creme, não eram difíceis, não eram demorados e eram bem gostosos. Fui ajudar ele a preparar a massa. Por um instante fiquei encarando-o, aquele não parecia o mesmo Tomoe do qual eu me lembrava, ele parecia... Triste. Então ele percebeu, e olhando nos meus olhos perguntou.

– Algum problema?

– Ei, Tomoe... -eu o chamei com um pouco de vergonha

– Hm?

– Você se lembra, da ultima vez em que nos vimos?

– Não sei... - ele olhou para cima descontraído em busca de uma resposta- sim, me lembro porque? -perguntou com um sorriso no canto da boca

Criei coragem para olhar diretamente pra ele e perguntei.

– O que você sentiu naquele dia?

Ele corou, porém ficou em silencio. Então eu simplesmente me virei, de murmurei algo como "esquece", e nem sei se ele me ouviu. Prosseguimos, então levamos os bolinhos ao forno, e fomos até a sala ver se estava tudo certo. Meu master é um pouco lento, mas eu não o culpo. Passamos um tempo observando-os fazendo o trabalho, então voltamos para cozinha e tiramos os bolinhos do forno e colocou a bandeja quente na mesa. Então me irritei por algum motivo que não sei ao certo qual era. Me aproximei dele e num tom um pouco mal educado eu disse

– Tomoe-kun você ainda não me respondeu

Ele apenas desviou o olhar. Então passei meu dedo indicador em seu peito e disse baixinho.

– Sabe, aquilo que eu sentia, não mudou

Nossos rostos iam se aproximando cada vez mais, cheguei a ficar na ponta dos pés.

– Eu ainda te amo- eu falei

Nós íamos no beijar, mas ele rapidamente se afastou, e voltou aos bolinhos, eu apenas fiquei parada no mesmo lugar olhando. Então ele simplesmente colocou os bolinhos em um prato e foi até a sala me deixando sozinha. Uma lagrima escorreu pelo meu rosto, e eu rapidamente a sequei. Voltei para sala, e fiquei em silencio encarando o chão, fazendo de tudo para não chorar.

" Fui rejeitada "

Pov. Tomoe

Rapidamente os dois terminaram o trabalho e foram embora. Eu sei que não deveria ter sido tão rude com Yukimi, mas foi preciso. Pude ver que ela não estava muito bem depois daquilo. Tentei esquecer o que houve.

O resto da noite passou rápido. No outro dia fomos para a escola, e apresentamos nosso seminário sem problemas. Kurama me disse algumas coisas estranhas que eu também resolvi ignorar. E depois da aula Nanami resolveu que queria "passear", ela estava muito elétrica, me levou a muitos lugares tediosos. Eu estava ficando irritado, quando graças ao grande kami-sama anoiteceu, mas ela ainda insistiu que havia mais um lugar a ir. Ela me levou ao topo de um prédio, a vista era bem bonita, mas eu preferi não demonstrar. Conversamos um tempo, então eu logo perguntei por que ela estava assim, ela se calou na hora.

– Kurama me disse que garotas da sua idade se apaixonam facilmente, e que se eu não tomar cuidado, você poderia se apaixonar por mim

Eu ri e olhei para o alto descontraído. Disse para ignorar essa idiotice do tengu, afinal ele não presta mesmo. Mas pude ver no seu rosto lagrimas.

– E se eu te dissesse, que eu te amo?- ela disse com a voz rouca

Eu arregalei os olhos sem reação.

– Não, você só esta confusa- eu disse frio

– NÃO!- eu me assustei- eu realmente gosto de você!

Eu então me enfureci, e disse “Eu não irei me apaixonar por uma garota humana", a peguei no colo, e comecei a andar na borda do prédio, do lado de fora, onde não havia grades. Ela se debateu com medo.

– Me solta!

– Eu só vou te soltar quando você admitir que só disse aquilo por impulso!

– NÃO!- ela voltou a chorar- eu já disse! Eu te amo!

Pov. Nanami

Ele então me soltou, para então a grande queda livre.

"Fui rejeitada"

Ele pulou do prédio gritando meu nome, mas eu não conseguia ouvir, minha tristeza falou mais algo. Ele queria me ajudar, mas eu recusei, não queria nunca mais que alguém que não gosta de mim, me tocasse. Mas ele prometeu nunca mais iria me tocar se pudesse me salvar. Estava me aproximando do chão, quando aceitei a proposta, e meu ex-principe me salvou. Eu não consegui parar de chorar, e nem solta-lo. Ele me carregou até em casa.

Quando chegamos ao templo, ele me colocou no chão, eu já havia me recuperado, então nem olhei para cara dele e corri para meu quarto. Adormeci. Quando acordei, ele me esperava na cozinha como se nada tivesse acontecido. Eu o ignorei com fúria, tomei meu café, e fui para escola, ele apenas me seguiu, talvez tenha me dirigido alguma palavra, mas eu fingi que não ouvi.

Pov. Tomoe

Nanami não fala comigo desde ontem. Mas eu não me importo com o que ela esteja sentindo, não vou me apaixonar por uma garota humana. Fomos para escola calados, pelo menos ela, tentei ao menos falar oi, mas ela me ignorou.

Quando chegamos na sala, como sempre fui dar bom dia a Yukimi e Touya por serem Deus e servo, devo ser educado. Touya estava visivelmente com medo de algo. E quando fui dar bom dia a Yuki, ela me ignorou como se eu não estivesse ali, seu mau humor era tão assustador quanto o de Nanami.

As aulas prosseguiram assim até o almoço, nenhuma das duas dizia nem se quer uma palavra. Estranhamente elas sentaram juntas na hora do almoço. Touya ficou com medo e ficou sozinho. O almoço terminou, assim como rapidamente as aulas também, estavam todos se arrumando para ir. Havia meninas rodeando Kurama, e a mim. O maldito tengu se aproximou rindo da minha cara.

– Como você conseguiu deixar as duas daquele jeito?

– Ora, cale a boca tengu! O que eu tenho a ver com o mau humor delas?- falei bravo

– Primeiro, que é muito comum garotas com os mesmos problemas se aproximarem e se tornarem amigas- ele riu apontando para a dupla que parecia conversar animada

"Se Nanami virar amiga da Yuki estou ferrado!"

– E segundo, que elas não estão com você como sempre- ele se aproximou de mim e sussurrou- o que houve ontem? Hein raposa?

– Morra maldito- falei frio o ignorando

Então ele saiu da sala junto com o ultimo aluno, fiquei sozinho lá por um tempo pensando.

"O que foi que eu fiz?! Estou deixando as pessoas de quem eu gosto chateadas!"

Puxei minha corrente da sorte ,que eu havia ganhado na ultima vez que eu e Yuki nos vimos, de dentro da camisa, e observei o pingente vermelho que tinha gravado numa bela letra "勇気". Sendo assim, escondi a corrente de volta dentro da camisa e fui embora.