Thomas corria por toda a sala pegando vários mapas e entregando para Teresa. Eu estava parado colado com minhas costas na parede pois eles não pararam nenhum segundo para me explicar alguma coisa.

–Thomas, me passe os últimos dias de todas as áreas e faça uma pilha nessa mesa. – Ela disse batendo na mesa.

Thomas pegou de cada pilha um mapa e esticou para Teresa. Com cuidado ela arrumou os mapas um sobre o outro, por fim segurando sua respiração.

Andei até a mesa para ver os mapas. Meu coração acelerou ao ver um grande “F” no centro da página.

–Pode ser uma conhecidência. Rápido, me dê as outras.

Thomas continuou, juntando as 8 páginas de cada dia e as agrupando. Depois do “F” veio um “l”, depois um “U”, e logo um “T”, e um “U”, e em seguida um “A”, e por fim “P”, “E” e “G”.

–“FLUTUA” e “PEG”? –Minho falou.

–Não entendi. – Teresa disse.

–Vamos continuar com mais páginas.

Thomas e Teresa continuaram com o mesmo ritmo, botando pagina em cima de página com o maior cuidado do mundo. Depois de várias páginas depois percebemos que na verdade era “FLUTUA” e “PEGA”.

–Não é uma conhecidência. Não pode ser.

–Com certeza não.

–Precisamos fazer isso com todos eles. – Teresa apontava para as pilhas.

–Não eu e Thomas. – Minho falou.

–O que? – Thomas o olhava sem entender.

–Precisamos entrar no labirinto.

–Mas isso aqui é muito mais importante. – Ele dizia apontando para os mapas.

–Não podemos perder nem um dia sequer no labirinto. Principalmente agora.

Thomas balançou a cabeça decepcionado.

–Vão. –Eu disse. – Reúnam os corredores e vão. Eu fico aqui com Teresa.

Sem concordar Thomas foi arrastado por Minho porta a fora enquanto eu ajudava Teresa com outras pilhas.

–Então. Não se lembra mais de nada. – Eu perguntei tentando quebrar o gelo não mantendo contato visual.

–Eu sei sobre o que você está pensando Newt. Eu sinto falar que não me lembro disso. Nos últimos dias antes de vir para cá não tenho praticamente nenhuma lembrança.

Balancei a cabeça frustrado.

–Como foi?

–Perdão? – Disse levantando a cabeça para ela.

–Como foi? Como aconteceu sabe. – Ela falava envergonhada.

Eu respirei tão fundo que achei que meu pulmão fosse explodir.

–Ela estava conversando com Thomas. Ele tinha acabado de chegar e ela estava mostrando tudo para ele. Ela estava esperando sentada no chão para ver as portas se fechando, mas antes delas se fecharem um verdugo saiu por ela. Isso nunca tinha acontecido. Quando a gente ia fazer algumas coisa ele já tinha picado ela e já tinha levando-a para dentro do labirinto.

–Não é isso que eu queria saber. – Ela passava as mãos em suas calças.

–Então o que é?

–Como você se apaixonou por ela?

Olhei para Teresa sem saber o que responder.

–Sim, da pra perceber.

–Eu... eu não sei. É... eu acho melhor voltarmos a trabalhar.

–Tudo bem.

~*~

Depois de boas horas trabalhando ao lado de Teresa, de boas horas brincando de juntar palavras estávamos sentados no chão esperando os garotos chegarem.

–Acha que eles vão demorar? – Ela me perguntava.

Eu esquecia as vezes que esse era praticamente a primeira noite dela aqui, então ela não sabia de praticamente nada.

–Eles já vão chegar. Normalmente eles chegam esse horário, então, é só aguardar.

–Essas palavras. O que você acha que elas significam.

–Passei essas últimas horas tentando pensar em alguma coisa, mas nada vem a minha cabeça.

–Idem. – Ela encarava com seus grandes olhos azuis o chão em sua frente. Provavelmente cheia de perguntas, não apenas para mim, mas para ela mesma. Meu cérebro continuava a martelar sempre que olhava para seu rosto o porquê de ela estar aqui. Não fazia o menor sentido.

Balancei a cabeça tentando enterrar por fim esse assunto.

–Então, me fale sobre Thomas. – Disse a primeira coisa que veio em minha mente.

–Como assim?

–A quanto tempo acha que se conhecem? - Falava batucando meus dedos em minha perna em um ritmo sincronizado.

–Eu acho que conheço Thomas desde o começo de tudo, não tenho certeza. Acho que tinha alguma ligação com ele, mas também não consigo me lembrar. É frustrante sabe?

–Odeio admitir que sei. – Eu ria ao proferir minhas palavras.

Teresa soltou uma pequena risada antes de continuar a falar.

–Eu quero tanto me lembrar, tanto saber como era antes. Mesmo que seja dura minha reposta, eu quero aguentar. Eu preciso aguentar.

–Mas, e se a verdade não era o que você esperava?

–Ainda continua sendo a verdade, quero descobri-la não importa o que seja.

–Queria pensar do jeito que você pensa.

–Como assim?

–Queria não ter medo da verdade. Sabe, tenho medo do que vou descobrir.

–O seu desejo pra saber a verdade é maior que o seu medo?

Balancei a cabeça respondendo sua pergunta.

–Então você não tem um problema.

–Talvez. – Disse.

–Talvez. – Ela repetiu para dar ênfase na minha mente.

Passos barulhentos cortaram nossa conversa, os meninos entravam apressadamente na Casa dos Mapas fazendo-me levantar.

–Então, alguma novidade?

–Enquanto eu andava no labirinto, eu prestei atenção em uma coisa. – Thomas começou a falar enquanto se sentava exausto no banco de madeira. – Lembra aquela placa? Que tem por todo o labirinto, escrito Catástrofe e Ruína Universal: Experimento Letal? Então, eu prestei atenção a suas inicias. Tirando só as inicias fica C.R.U.E.L. , a mesma coisa que Teresa escreveu no braço.

–E a mesma coisa que está escrita nos besouros que nos observam. – Completou Minho.

–Talvez sejam os criadores. – Falei.

–Talvez, mas precisamos falar uma coisa. – Teresa me cortou. – Nós descobrimos mais palavras depois de fazer com todos os outros mapas aquele mesma esquema.

Estendi uma folha para eles onde escrevi todas as palavras.

Flutua

Pega

Sangra

Morte

Rígido

Aperta

E isso era tudo. Seis palavras.

–O que diabos isso significa? – Minho falava com as mãos nos quadris.

–Ficamos nos perguntando isso o tempo todo. – Falei.

–Então esse é o nosso código. – Thomas falou.

–Parabéns, o senhor tem o seu código, faça um bom uso dele. –Minho disse sentando na cadeira ao seu lado claramente impaciente.

–Temos que entrar no Buraco dos Verdugos. – Thomas disse se levantando da cadeira.

–Entrar aonde? – Perguntei alterando minha voz.

–Eu nomeie o penhasco de buraco de verdugos.

–Que meigo. – Minho falou.

–Você pirou Thomas? Entrar lá? Já que comprovamos que os verdugos saem de lá você quer justamente entrar lá?

–Se eles saem de lá eles também entrar lá. Significa que é nossa única saída.

–Podemos sair de dia. Quando eles estão no labirinto – Teresa completou.

–Mas quando o “C.R.U.E.L” perceber vão mandar todos eles para lá.

–Então vamos ter que ser rápidos.

–Quando vamos fazer isso?

–Amanha?

–Vou falar com Alby.

Ao sair da Casa dos Mapas alguém praticamente me jogou no chão com um esbarrão. Era Winston.

–Desculpa cara, mas é importante.

Me recuperei do esbarrão e assumi uma postura reta.

–O que aconteceu, aconteceu alguma coisa com Alby?

–Pior, as portas do labirinto não se fecharam.