The Dream Traveller: A Porta para Phantomile

Vision 13: The Dream at Nightmare's End


Quando nos aproximamos, percebi que não se tratava de um planeta, e sim do Nahatomb, o destruidor de Phantomile. Ele era imenso e tinha uma presença sinistra que me causava arrepios quanto mais perto chegasse.

A Rainha começou a entoar em uma língua que eu não reconhecia. E à medida que ia recitando, um círculo ia tomando forma em volta do monstro colossal a nossa frente. Todos nós pousamos nessa plataforma improvisada.

— Liberação Magica Ancestral: Ritual de Selamento.

Cinco plataformas surgiram em nossa volta. Eles eram do tamanho suficiente para caber uma pessoa e tinha um canhão rustico na ponta. Cada um brilhava numa cor especifica: branco, azul, verde, laranja e o último tinha uma tonalidade cromática.

— O que são isso? — Perguntei ao Huepow.

— São Canhões Lunares. Armas construídas pelos Primeiros.

— Atenção todos! — A Rainha cortou antes que o pequeno terminasse a explicação. — Esses canhões só vão concluir o selamento se os cinco dispararem ao mesmo tempo e precisamos carrega-los com os Cristais Elementais que atualmente estão presos no corpo do Nahatomb. Pamela e Karal deem suporte ao Klonoa, vocês quatro vão ter que arrancar os cristais e nos passar para poder finalizarmos o ritual. Vamos tentar manter os canhões protegidos até lá.

Todos assentiram e em seguida se separaram.

Comecei a correr tentando achar alguma abertura ou sinal dos cristais.

Klonoa, algum plano? — Pamela voava me acompanhando.

— Sim, vou precisar que Karal me leve até o monstro. Você pode nos dar cobertura e levar os cristais que conseguimos até a rainha.

Montei no Karal e avançamos para pegar velocidade.

Para o nosso azar Nahatomb percebeu a nossa movimentação e tentou nos acertar com suas mãos enormes, conseguimos desviar por pouco, mas só o vento gerado por ele nos fez perder o equilíbrio.

Pamela começou a disparar feixes de luzes para tentar desviar a atenção do monstro. Ali ela conseguiu abrir uma brecha, pude ver os Cristais Elementais, eles estavam presos na nuca.

— Ali! — Apontei. — Karal preciso que você suba mais.

— Certo!

Assim o peixe celestial conseguiu pegar uma altitude que dava para planar. Saltei para chegar até o alvo. Nahatomb percebeu quando aterrissei nas suas costas, para tentar me expulsar ele começou a expelir Moos sombrios que vinham furiosos para cima.

Como não tinha muito tempo, invoquei a Lâmina de Vento e comecei a arrancar o primeiro cristal.

— Klonoa, rápido!

— Eu tô tentando.

E assim consegui arrancar a pedra azul. Dando só um tempo de tentar me defender contra a primeira onda de Moos que se aproximavam.

— Pamela! — Gritei já jogando o cristal para cima.

A peixe celestial passou num voo rasante agarrando com os dentes e sumindo do meu campo de visão.

Senti que precisava analisar a minha situação antes de partir para o próximo cristal. Nahatomb era enorme e já era bem obvio, ele conseguia soltar Moos pelas crateras que tinham no seu corpo, a sua pele tinha uma aparência e consistência rochosa, haviam duas grandes montanhas de cristais que cresciam do lado da cabeça, talvez servissem como orelhas ou antenas. Eu estava bem ocupado cortando os Moos Sombrios que avançavam sedentos por mortes e isso acabou abrindo uma brecha para que fosse atingindo por um raio cromáticos, fui jogado para longe e se não fosse pelo Karal estaria flutuando pelo espaço sideral.

— Está tudo bem, Klonoa? — Karal perguntou.

— Sim, sim. — Disse mordendo os lábios para esconder o fato que sentia todo o meu corpo formigar e não de uma maneira boa.

— Parece que o raio veio das orelhas de cristais dele. Você precisa tomar cuidado-

— É. Eu sei, o lance de não conseguir fazer duas magias ao mesmo tempo. — Cortei o Huepow e suas observações óbvias.

Usei o Gancho para me aproximar novamente. De volta para as costas do monstro usei o poder do anel para criar uma explosão que serviu para afastar os Moos e o impacto acabou soltando os cristais que faltavam e eles começaram a rolar em direções diferentes. Peguei o primeiro que deu antes da primeira onda chegar até mim, com a lâmina em uma mão e um cristal em outra até a Pamela poder se aproximar. Os meus braços estavam começando a ficar pesado, não sabia por quanto tempo.

— Klonoa! — Não pude desviar o olhar, mas sabia de quem era aquela voz.

Uma explosão afastou alguns Moos, quando pude ver o Balue havia aterrissado na minha frente. Ele estava segurando um mini canhão em um dos braços, seu rosto tinha uma expressão confiante.

— Balue!

— Eu sei que já faz muito tempo, mas eu também sou um Viajante dos Sonhos. Não posso ficar sentado e assistir essa nova geração fazer tudo!

E ajustando a sua arma ele começou a disparar com contra os Moos.

— E que tipo de Rei eu seria se não lutasse meu povo? — Seadoph surgiu ao meu lado estendendo a mão.

E assim que me levantei, o Rei de Jugpot ergueu uma das mãos e uma bolha de água surgiu crescendo cada vez mais. Pude ver a Pamela sobrevoando acima de nós joguei o cristal que tinha em mãos para ela e assim sumindo novamente.

— Criança, vá atrás dos outros cristais. Vamos te dar cobertura. — Seadoph me apontou a direção aonde pude ver que um dos Moos corriam com o cristal branco nas mãos. Com um gesto, a bolha tremeluziu mudando a sua forma para abrir um caminho.

— Pelo o velho Kaeda. — Os dois disseram em coro.

— Pelo Vovô.

Não pensei duas vezes e corri seguindo o grande corredor de água. Consegui alcançar o cristal antes que aquele pequeno diabinho conseguisse estragar nossos planos, com o cristal em mãos Huepow conseguiu pôr um escudo em nossa volta quando outra rajada cromática veio com tudo. Voltei até o Seadoph e Balue, pelo visto os dois também conseguiram pegar os outros dois que faltavam e lutavam sem problema algum.

Principalmente o Balue que parecia empolgado por explodir o máximo de Moos que desse com o seu canhão e gritava quantos centímetros mediam a sua arma e cantarolava uma música.

Seadoph assim que nos viu aproximando fez com que a água mudasse de forma, se agrupando a nossa volta formando um funil.

— Pamela! — A voz dele reverberou muito mais alto que o normal. Talvez fosse algum tipo de magia ou algo assim.

E respondendo ao seu chamado, Pamela surgiu nadando majestosamente. Naquele ponto eu juro que nada poderia me surpreender, mas essas pessoas eram de um outro nível. Ver aquilo acendeu uma ponta de esperança de que sairíamos vitoriosos.

Em questão de segundos estávamos nas costas da celestial nadando para fora das costas do Nahatomb.

O monstro pareceu perceber o que fizemos e soltou um rugido grutal, não dava para distinguir se era de raiva ou de dor, mas parecia afetar a Pamela já que a peixe gigante começou a cambalear como se perdesse o equilíbrio. Em seguida começaram a vir disparos em nossa direção. Ele havia se adaptado e mudado seu padrão de ataque.

— Temos que ser rápidos! — Ouvi alguém dizendo, mas no meio da confusão não soube quem.

Então ela acelerou até a Granny que agarrou o primeiro cristal, jogamos outro para o Papa Moire e agora só faltava a Rainha. Ela estava vindo em nossa direção, ali o tempo parecia desacelerar. O último cristal estava em minhas mãos, faltava alguns metros só que um dos projeteis do monstro vinham em nossa direção, ele iria nos acertar e se eu não pensasse em algo estaria tudo perdido. Fiz a única coisa que restava. Joguei para ela o mais forte que meus braços cansados permitiam e tudo ficou borrado em seguida. Pamela fora atingida.

Quando recobrei a consciência estava jogado pelo selo que se formou em volta do Nahatomb, Pamela jazia ao meu lado, seu peito subia e descia de uma maneira ofegante e suas escamas pareciam não conseguir se manter brilhantes.

— Pamela! — Gritei me aproximando dela.

Ela me olhou com os olhos já cansados e se permitiu abrir um sorriso falso.

Calma, criança... Só foi um arranhão, nada que um pouco de descanso não resolva... Karal está ajudando os outros a se posicionarem... acho que vencemos. — A voz dela estava grolada, havia um fio de sangue escorrendo pelo canto da sua boca. — Eu... estou muito orgulhosa...

E assim seus olhos se fecharam e as escamas se apagaram.

Eu não conseguia dizer nada. Ela... ela...

Luzes brilhavam fortes. Olhei para trás e vi que os canhões estavam ativados e o Ritual prosseguia como planejado, não demorou para cinco feixes de luz atingirem o monstro.

Pensei por alguns segundos que estava tudo finalmente acabado.

— Algo está errado. — Huepow disse saindo de dentro do anel.

— O quê?!? Mas como? Isso tudo foi para detê-lo.

— Mas não está sendo o suficiente, ele está resistindo. Olha!

Eu não sei muito sobre rituais de selamento, ainda mais de criaturas espaciais que devoram planetas, mas parecia que estava demorando muito para acabar.

— Acho que já sei o que fazer. — O espirito disse. — Klonoa, preste atenção. Eu conheço uma magia que pode ajudar, mas ela é muito poderosa.

— Se tem uma coisa que aprendi nesse tempo é que tudo tem um preço.

— Não se preocupe... só confie em mim. — Eu sabia que o quer que fosse, colocaria a vida dele em perigo. Mas esse era o jeito dele de ser, não havia nada que pudesse fazê-lo mudar de ideia. — Aponte o anel para o céu enquanto eu entoo o encantamento e quando terminar dispare o seu poder mais forte contra o monstro. Lembre-se de usar todo o seu coração, não recorra a raiva ou a vingança.

Eu assenti e fiquei em posição.

Mas Huepow não entrou no anel, ele ficou na minha frente.

O poder dos deuses eu vou invocar,

Dos céus até o profundo mar.

Esse mal antigo que aqui tem estado,

Sele aquele que não quer ser selado.

O espirito começou a emanar uma áurea poderosa, luzes vinham de todos os lugares para se concentrar nele. Até a esmeralda do anel parecia responder ao feitiço.

A sua vontade entrego o meu coração,

Entrego minha alma em cega devoção.

Para o poder dos deuses ser convocado,

Para ver o meu inimigo ser devorado.

A atmosfera ao redor parecia mais quente e estático, todos os meus pelos estavam eriçados. Com certeza aquilo não era bom.

— Agora, Klonoa. — Eu nem sequer conseguia o ver direito, era como tentar olhar direto pro sol ao meio-dia.

Sem poder enxergar muito bem, fiz o que havíamos combinado. A magia mais

forte.

— X-TORNADOOO!!!!

E todo o meu campo de visão foi preenchido por uma luz cegante, tive que me manter firme para não ser arrastado pela força gravitacional que estava fazendo. Quando simplesmente parou havia um silencio mórbido. Nahatomb desaparecera. Uma luz começou a brilhar aonde deveria ter um monstro enorme e por alguns instantes acreditei que seria o Huepow, mas era uma garota em vestes brancas, ela estava caindo lentamente até Balue planar até ela e a segurar em seus braços.

— Lephise, como é bom ver você. — Ele disse com os olhos marejados.

— Balue... — Sua voz parecia fraca e cansada. — Está tudo bem... os pesadelos...

eles acabaram.

— Sim, meu amor. Eles acabaram.

Mas não podia ser só aquilo.

— Calma, e o Huepow? Cadê o Huepow? — Eu não estava acreditando, não ia aceitar esse resultado. — Huepow! Você disse que iriamos ficar juntos para sempre!!! Cadê você?!?!

— E nós estamos juntos, seu idiota. — Olhei para trás e vi ele em sua forma verdadeira.

— Huepow!

Estendi os braços o máximo que pude e ele veio planando até mim, mas quando faltava alguns centímetros ele simplesmente caiu e se não tivesse segurando a tempo o meu amigo se perderia no espaço.

— Está tudo bem... só estou um pouco cansando. — Na verdade ele estava todo ferido, suas roupas rasgadas e em frangalhos e a pedra lunar estava rachada, eu sei que mesmo sendo um ser de luz aquilo deveria ser muito ruim.

— Mas você está todo machucado.

Ele riu.

— Não se preocupe, eu não vou deixar você nem tão fácil.