The Dream

Capítulo 52


Ele bebe o chá. Pergunto se quer comer, mas recusa. Saíamos da minha sala e ele beija-me a mão mais uma vez antes de se ir embora. Assim que o fez, eu olhei para trás,

— Por quanto mais tempo vai ficar escondido por ai? – questionei e depois de breves momentos, a figura de Duque aparece por trás de uma parede. – É um terrível hábito que tem.

— Sou uma pessoa curiosa.

— Preciso de falar consigo. – Entrei de volta na sala de refeições.

Sentei-me de volta na minha cadeira e ele, em vez de se sentar na que estava de frente para mim, sentou-se na cadeira ao meu lado. Puxou-a para eu ficar junto dele e eu olhei para ele através do canto dos olhos, pegando na minha cadeira com a minha mão boa para me tentar afastar, mas ele não permite. Limpo a garganta.

— Não vai beber chá? – questionei, tentando ver se ele afastava o foco de mim e bebi a minha chávena.

— Não sei se consigo. Mesmo bisbilhotando, não consegui ouvir nada. – Coloca o braço em volta dos meus ombros, os dedos alcançam o meu queixo, guiando-me suavemente a olhar para o rosto dele. – E até agora, não me olhou diretamente para os olhos. – A respiração toca-me novamente no rosto e eu tive de suster a minha, apertando a minha chávena, pois agora que os olhos azuis estavam debaixo da luz solar, parecem mais intensos e consigo ver com detalhe a iris, todos os traços mais escuros e claros que tem. – Está a deixar-me nervoso. – Os lábios dele sussurram próximos dos meus e eu demoro, mas desvio o rosto.

— Temos de falar. – disse e ele colocou a testa sobre o meu ombro. – Sobre a proposta de casamento. Tenho condições. – Levanto-me, indo a uma mesa de decoração, de onde retirei um conjunto de papelada. – Aqui. – Deixei em cima da mesa à frente dele.

— Condições? Isso significa que irá aceitar a minha proposta? – Os olhos iluminam-se num instante, ignorando o papel.

— Temos de chegar a um consenso. – Sentei-me noutra cadeira e ele diz:

— Eu irei ler o documento se se sentar ao meu lado. – Pousa a bochecha sobre a mão, estendendo a outra para eu tocá-la. Eu limpo a garganta novamente, servindo outra chávena de chá. Ele suspira e diz: – Muito bem, vamos lá ver.

Ele lê a primeira página em silêncio e eu continuo a observá-lo, sempre com a chávena perto dos lábios, soprando algumas vezes. Passa para a segunda página e une as sobrancelhas.

— Quando se casar comigo, ainda assim quer continuar aqui? E eu viverei no sul de Seren? – Parece confuso.

— Será apenas por dois meses. Tenho aqui assuntos por resolver, são urgentes e gostava de tratar de tudo antes de partir. Não tenho amor por esta casa ou por este lugar, mas tenho de vender a casa, ajuda a madame Leyland, porque a loja foi queimada… Tenho de ver a situação da Theresa. Como será os cuidados do meu pai… Ver onde coloco estes empregados todos e ainda tenho mais temas. – Ele passa a mão pelo queixo, não parecendo contente com o primeiro ponto.

— O William pode viver connosco. Isso nem é preciso ler duas vezes. – Estreita os olhos para a próxima parte. – Não sei se estou a ler bem, mas aqui diz que depois de casados, temos de dormir em quartos separados. Rejeito essa cláusula.

— Eu quero ter o meu próprio espaço. Os marqueses Stirling tinham quartos separados. Preciso de um guarda-roupa grande.

— Então ficará desiludida, porque primeiro, eu não tenho uma casa grande para essas proezas. Segundo, eu quero dividir a cama consigo. Eu quero tê-la todas as noites nos meus braços, sentir o seu cheiro e partilhar chá consigo antes de adormecermos. – Nunca para de olhar para mim enquanto diz tudo e eu sinto o rosto a aquecer.

— E-Eu… – Bebi chá. – Isso… Como pode dizer tal coisa?

— Estou a dizer a verdade.

— Pelo menos um guarda-roupa grande então.

— Podemos arranjar isso, irei ajudar-lhe com isso. – Ele retira uma caneta do bolso interior e risca. – Muito bem… O Isaac, Oliver, Kayin e Alika vêm connosco. Pode ser. – Passa para outro ponto. – Quer montar um negócio de moda também… O que quiser. Quer vestir-me?

— Sim, quero vestir-lhe. O Duque é muito básico. Precisa de elevar o seu estilo e assim demonstrar o seu estatuto.

— Eu não sou básico…

— Eu reparei que usa quase sempre o mesmo todos os dias. Uma versão preta, outra branca e azul do uniforme de cavaleiro. – Ele parece surpreso por eu ter reparado. – Tem de demonstrar que agora é um Duque. Mencionou que queria a minha ajuda e tenho algumas ideias.

— Vejo que também colocou que vai ajudar a crescer o meu território.

— Sim, eu preciso de analisar e ver o que posso fazer. Pediu ajuda e eu quero honrar isso. Dar também parte do dinheiro dos negócios do meu pai para lhe ajudar como tinha acordado com ele.

— Isto… Eu não vou aceitar isto. – Sei do que fala e respirei fundo. – Você não vai para Zavia.

— Eu não pedi permissão.

— Eu serei o seu futuro marido e temos de estar em acordo.

— Eu já combinei com príncipe que queria ir a Zavia e a Ruya, a terra da minha mãe. Eu pretendo fazer isso. Não agora, mas é muito importante para mim. Perguntou-me o que queria eu depois da minha vingança. Bem, é isto. Eu quero casar-me consigo, quero largar o nome Stirling e eu quero utilizar a minha influência para o bem. Existe muitas pessoas como a minha mãe neste país. Eu tenho a possibilidade de as ajudar e quero para retornarem ao seu país, para deixarem de ser escravos.

— Isso é ir contra o reino. É muito arriscado.

— Eu não pretendo fazer nada arriscado. Pretendo tornar-me diplomata do príncipe Ashar e coordenar as negociações, perceber se chegamos a um consenso. Quero fazer o que for necessário de forma pacífica para ajudar o meu povo.

Ele ouve-me este tempo todo e eu agora sento-me ao lado ele. As minhas mãos no rosto dele, fazendo-o encarar-me.

— Eu sei que teme pela minha segurança, mas eu acredito que vai correr tudo bem. Eu sei o que estou a fazer. Sou uma pessoa esperta, consegui enganar esta família.

— É diferente. Estamos a falar de lidar com política. Lidar com o rei, negociações depois da grande guerra. Ir a Zavia… É um risco. Eles não são como aqui.

— E eu quero ver como é. Quero conhecer Zavia e eu não pretendo desistir.

— Então eu vou consigo.

— Vai mesmo? – questionei, fazendo algumas festas com o meu polegar e ele apenas assente com a cabeça.

— Estive lá por três anos. Conheço minimamente aquelas terras e consigo proteger-lhe. Não deixarei a minha mulher ir para lá sozinha. Se for para lá, eu irei consigo. – Passa a mão pela minha cabeça, deixando um beijo na minha bochecha.

— Não acredito que fará mesmo isso por mim.

— Nem eu… – Suspira antes de nos beijarmos. – Mas em troca, vamos jantar fora hoje. Deixe-me levar-lhe a um encontro para celebrar o nosso casamento.

— Significa que aceita as condições?

— Não são más. Terei de esperar dois meses por si o que é uma grande merda. Discordo com a questão dos quartos, mas como já risquei da lista, podemos avançar com o resto. – confessa e eu solto algumas gargalhadas. Ele parece animado e coloca o braço em volta dos meus ombros, beijando-me.

Eu coloco os braços em volta do seu pescoço e ele aprofunda o beijo, deixando-me com um formigueiro que me fazia cócegas desde o pescoço até ao estômago. Ele separa-se de mim.

— Gosto muito de si. Talvez até demasiado. – Coloca o meu lábio superior entre os dele e eu coloco o rosto perto do dele depois do beijo, fechando os olhos para apreciar as festas nas minhas costas.