The Dream
Capítulo 26
Duque Granville observou Eleanor a afastar-se. Ficou confuso com o que aconteceu e a reação de Marquesa que parecia querer acabar com a existência de Eleanor, e Theresa que parecia tão cabisbaixa. Apenas por um colar. Parecia haver alguma história por trás, detalhes que lhe estavam a faltar, mas apenas limpou a garganta, focando-se na sua esposa.
— Theresa, sente-se bem?
— Bem… Sim, eu estou bem. – Forçou um sorriso. – É o meu dia. – Respirou fundo. – Preciso de ter positividade e aproveitar. Preparei isto durante semanas!
A orquestra começou a tocar e os casais foram-se juntando para começar a dançar.
— Então para lhe animar, pelo menos dá-me a honra de uma dança? – pergunta Duque e Theresa aceita de imediato.
Eleanor pegou num petisco, colocando entre os lábios cuidadosamente para não esborratar a tinta. Foi conversando com os diferentes nobres antes de ficar perto da parede, a observar as pessoas a dançarem. Os seus olhos gravitaram para Granville. Com a capa vermelha nas costa, parecia efetivamente um príncipe. Tinha um grande sorriso nos lábios enquanto conversava com Theresa que parecia mais animada. Só de estar com o homem de quem gostava, já se tinha quase esquecido por completo do cenário de alguns momentos atrás. Que sortuda, pensou Eleanor. A única pessoa que não se esqueceria era a mãe dela que já não estava lá presente.
— Menina Eleanor Sitlring, Dá-me a honra de uma dança? – pergunta senhor Capell, alguém cuja presença Eleanor só estava a reconhecer agora.
— Senhor Capell. Agradeço muito a sua presença no baile e também agradeço o convite. Parece-me bem. – Forçou-se a aceitar.
Juntaram-se aos outros casais no centro do pátio. A mão direita na mão esquerda dele, a outra mão sobre o outro e a dele nas suas costas. Começaram a dançar. Os quatro passos, ao ritmo da música. Eleanor ainda a segurar na mão dele, afastando-se para rodar. Juntam-se. Erguem as mãos unidas para cima, rodando juntos, mantendo o contato visual. Eleanor contando todas as rugas que o homem tem no rosto. Voltam à posição original.
Eleanor afasta-se, rodando e calha nos braços de outro homem. A dança era assim. Trocando de parceiros depois dos movimentos todos. Com o segundo parceiro, quando chegou à parte de se afastar com as mãos unidas, viu Duque noutro ponta. Os seus olhares cruzaram e ela não quis que durasse mais, olhando para baixo antes de continuar a dança.
A música terminou. Eleanor fez uma vénia a quem terminou por último a dança, falando com senhor Capell por alguns minutos. Pegou no seu vestido, indo fazer uma pausa, pois com o peso da roupa e os sapatos de salto alto, sentia-se sufocada e com os pés a doer depois de tanto movimento.
— Senhorita Eleanor. – Volta-se para trás e não se surpreende por ver Granville. Sabia que ele estaria ai. – Acompanha-me para uma dança? – Faz uma vénia, estendendo a mão.
— Dói-me os pés.
— Está a rejeitar-me? – Estreita os olhos.
— Não, estou a constatar factos. Se lhe quisesse rejeitar, eu só lhe diria que não. Já passamos a fase de ser politicamente correta, não acha?
— Então acompanha-me para irmos para um lugar mais quieto? – sugere logo a seguir.
— Não é apropriado irmos juntos. Criará rumores que não irão jogar a meu favor.
— Então é um sim? – Eleanor não responde.
— Vou para um lugar em que me possa sentar, remover os meus sapatos e estar quente em simultâneo. E não será o meu quarto. – disse, indo-se embora.
Assim o fez. Sentou-se no parapeito da janela que era relativamente alto, os pés pendurados dos quais já se tinha livrado dos saltos altos. Queria esfregar os pés, mas não tinha como chegar a eles com o tamanho do vestido que tinha no momento. Observou o lado de fora, vendo vários coches parados na entrada. Mais pessoas a entrarem pela porta de entrada.
Depois de alguns momentos, ela ouviu a porta a ser aberta. Uma cabeça apareceu e era de Granville que tinha as sobrancelhas unidas.
— Demorou muito. – Eleanor cruzou os braços.
— Bem… A casa é gigantesca. Perdi-me.
— Muito bem. Agora que aqui está, existe alguma coisa em que posso ajudar?
— Sempre direta ao assunto. – Fecha a porta por trás dele. Fica em silêncio e coloca as mãos nos bolsos. Ele queria desviar-se dos olhares que sentia sobre ele por ser quem era e relaxar. Convidou Eleanor para ir consigo, porque ela era uma pessoa que lhe deixava calmo.
— A Theresa é iliterária? – pergunta Duque Eleanor fica surpresa por ele chegar à resposta. – Pela primeira vez consigo ler-lhe e percebo que sim. – Suspira. – Queria envergonhar a sua irmã em público… – Eleanor não responde e ele encosta-se contra a parede ao lado da janela onde estava Eleanor. – Estaria a mentir se dissesse que não fiquei incomodado com o que aconteceu.
— Muito bem. Já sabe e ficou incomodado. O que quer que eu faça?
— Que não fosse tão má para Theresa. Ela parece gostar imenso de si. – Deu um passo em frente.
— Não é ela que eu quero atingir… – sussurra, encostando a cabeça contra a janela.
— O que disse?
— Nada que precise de ouvir. – A resposta foi curta e Duque ficou silencioso, observando Eleanor debaixo da luz lunar, a exposição dos ombros, o pescoço, a forma como o cabelo caia sobre o peito e os braços cruzados.
— E então, sempre sabe com quem irá se casar? – questiona, mudando de tema.
— Não, não sei. Não é prioridade.
— Envergonhar a sua irmã é.
— Se for para ficarmos a falar com a Theresa, prefiro aguentar a dor dos meus sapatos saltos altos no baile.
Duque olha para o vestido e no chão, os sapatos de salto alto caídos.
— Está descalça.
— Não ficaria sentada com eles. São saltos muito grandes.
— Porque decidiu usá-los hoje?
— Porque queria ser bonita. Moda é desconforto.
— Isso é uma terrível forma de pensar.
— Faz sentido para mim. Resulta para mim. – diz, olhando para Granville. – Não acha que resulta para mim? Não acha que estou sempre bonita? – questiona, olhando intensamente para Duque Granville.
Os olhos verdes não se separam dela, sempre focado no rosto dela, trocando entre os olhos e os lábios. Eleanor repara na forma como ele lhe observa, lembrando-se da última vez que tiveram juntos no quarto dele.
— Hoje está bem parecido. Gostei da roupa.
— Só hoje? – pergunta e Eleanor solta uma gargalhada debaixo da respiração. – Sou mais bonito do que Príncipe Ashar? – Faz outra questão e Eleanor une as sobrancelhas.
— Pergunta bizarra.
— Porque é que é bizarra? – Olha para os pés.
— Porque passamos de falar da minha beleza para Príncipe Ashar.
— É uma pergunta simples. Inocente.
— Não para quem tem uma esposa lá em baixo. – Levantou-se do seu lugar, procurando evitar a conversa. A conversa estava a chegar a caminhos pelos quais Eleanor queria evitar ao máximo ter com ele.
Eleanor tentou chegar aos seus sapatos e foi tentando retirar o vestido da frente para chegar a ambos, pois o tecido estava a atrapalhá-la, mesmo sentada em cima do parapeito da janela como apoio.
— Precisa de ajuda? – interroga Duque depois de ouvir o som do vestido de Eleanor a remexer de forma a chegar aos sapatos, que foi uma missão não bem sucedida. Ela limpou a garganta e depois de olhá-lo pelo canto do olho e hesitar, acena com a cabeça.
Ele sorri pela forma querida como ela agiu e colocou joelho no chão.
Granville troca os sapatos debaixo do vestido e coloca ao lado dele. Eleanor estende o pé direito e Granvile repara no quão suave era a pele e vacilou, mas optou por passar a mão pelo tornozelo. Ficou com o maxilar tenso, pegando no sapato para lhe calçar. Eleanor susteve a respiração mal ele tocou na sua pele e sentiu um formigueiro dentro dela. Granville passou para o outro pé, enfiando-o no seu devido lugar. Ergueu o rosto, agora mais escuro, antes de se levantar.
— Obrigada. – Passou a mão pelo cabelo, focando-se na paisagem fora da janela. – Penso que agora vou para baixo.
— Sim…
Saiu do seu lugar, a mão apoiada em Granville. Mais fios de cabelo começaram a cair na testa dele. Ela removeu alguns e antes que ele pudesse dizer alguma coisa, ela finalizou:
— Pronto, lá vou eu. Até já.
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