The Doctors And The Rose

Capítulo 9 - A TARDIS


Chegaram ao chalé de Dora algum tempo depois. O lugar inteiro estava cheirando a comida sendo preparada. Dora apareceu pela porta da cozinha, usando um avental florido.
--Vocês chegaram—Exclamou, feliz. –O jantar ainda não está pronto, mas vocês podiam ir se lavando enquanto isso...
--Obrigado, mas acho que vamos esperar até chegarmos em casa. —Disse John. E cochichou, somente para O Doutor. –Como se fosse adiantar. Nossas roupas estão mais sujas do que nós.
--Vou preparar camas para vocês... –Começou a velhota, sorridente, mas O Doutor a interrompeu.
--Não vamos ficara até amanhã. Vamos embora depois do jantar.
--Hã... Só para constar—Começou Rose, enquanto Dora voltava para a cozinha, parecendo magoada. –Estamos sem carro e sem comunicação. Como vamos voltar?
--Ainda tenho o manipulador de vortex. Agora, sem os killerblasters, podemos usá-lo sem nenhum perigo.
--Mas vamos direto para nossa casa. –Disse John. –Os sistemas de toorchwood são programados para incinerar qualquer pessoa que chegue por teletransporte sem permissão.
Eles ficaram em silencio uns segundos, até Rose comentar:
--Estou triste por Dora. Ela só quer companhia, sabem?
“Apenas uma pessoa sozinha querendo companhia” Pensou O Doutor. “Tenho que fazer algo por ela... Aha!” ·.
Ele foi até a cozinha. John e Rose o seguiram, meio confusos.
--Dora?—Perguntou. A senhora olhou para ele. –Você não precisa ficar tão sozinha, sabe. Seria uma boa idéia você transformar esse lugar em uma pousada.
Todos encararam O Doutor por um tempo, absorvendo a idéia.
--Não é uma idéia ruim. –Disse John. –As pessoas na estrada poderiam ficar aqui. Você não ficaria sozinha e ainda ganharia dinheiro.
--E não é que é uma boa idéia?—Riu-se a velhota. –E tenho alguns quartos sobrando aqui.
--John e eu podemos colocar uma placa na estrada e fazer uma trilha na floresta.
John encarou O Doutor com uma cara de “eu?”, mas logo foi empurrado pelo senhor do tempo para fora da casa.
--Tem algumas ferramentas ai fora!— Ouviram Dora exclamar.
E tinha mesmo. Madeira, chaves de fenda e inglesas, madeira, pregos, madeira, tintas de todas as cores, madeira, serrote, madeira e muitas outras coisas.
--Ela por acaso coleciona madeira?—Comentou John.
Eles carregaram-se com o que precisariam e foram.
A placa na estrada foi a parte fácil; Fazer uma trilha e uma cerquinha baixa para delimitá-la, não. Por três vezes, tiveram que voltar para apanhar mais madeira ou pregos. Serraram, pregaram e pintaram. Voltaram para o chalé duas horas depois e jogaram as ferramentas de qualquer jeito na entrada.
--Meus braços estão com câimbras. –Gemeu John.
--Pare de ser molenga. –Disse O Doutor abrindo a porta do chalé. Eles entraram e foram direto até a cozinha.
--Tudo feito. –Anunciou O Doutor. A mesa da cozinha estava completamente forrada de comida.
Dora sorriu, radiante, no momento em que Fath e Rose entraram na cozinha.
--Vamos comer!—Gritou Fath, se jogando na mesa.
Houve alguns risos e todos se sentaram.
--Vocês tem certeza que não aceitam um banho e uma cama, só por hoje?—Perguntou Dora.
John ia dizer alguma coisa, mas, no segundo que ele levou para engolir o purê de batatas, O Doutor meteu-lhe uma cotovelada por baixo da mesa.
--Não. –murmurou John, massageando as costelas. –Vamos para casa.
Foi um jantar delicioso. Comeram até se sentirem sonolentos e então anunciaram que precisavam ir embora. Dora levou-os até a porta, repetindo que sentiria saudades e fazendo John e Rose prometerem que voltariam.
Eles se afastaram um pouco do chalé antes d’O Doutor dizer:
--Mãos, por favor!
John e Rose obedeceram sem hesitação e um segundo depois estavam em sua sala de estar. Os três se jogaram no sofá, mas O Doutor se levantou menos de um segundo depois.
--Tenho que ir. Já estou atrasado, sabe...
E olhou para Rose. Ela entendeu, mas não quis dar o braço a torcer.
--Vá amanhã. Você está completamente imundo. Todos nós estamos. Vamos dormir um pouco, amanhã lavamos suas roupas. E então você vai.
O Doutor não pode simplesmente dizer não para aqueles olhos.
--Tudo bem, mas...
--Você pode usar alguma coisa minha. –Disse John, como se tivesse lido os pensamentos d’O Doutor.
Assim, meia hora depois, O Doutor estava limpo e com uma calça jeans e um moletom.
Rose e John, também limpos, abafaram risinhos.
--Há, há. –Disse O Doutor, meio irritado, meio divertido. –Podem rir. Afinal, daqui a alguns anos, Não sou eu quem vai estar velho e careca.
John parou no ato.
--Seria legal se a gente arrumasse uns sacos de dormir. Podíamos limpar a lareira a dormir aqui. –Disse Rose.
John olhou para ela por uns instantes, depois ergueu as sobrancelhas, entendendo.
--Vou lá em cima pega-los.
E saiu.
Rose se ajoelhou ao lado da pequena lareira. Não havia real necessidade de limpa-la, então começou a arrumar a madeira, parecendo constrangida. O Doutor se sentou ao seu lado.
--Você precisa mesmo ir?—Perguntou a humana, tendo que conter as lágrimas.
--Eu preciso. –Murmurou.
Rose virou a cabeça e seus olhos encontraram os dele: Olhos sofridos, cansados, que já tinham visto muitas coisas desesperadamente tristes. Foi mais do que ela pode suportar: Seu Doutor iria morrer. Ou no mínimo se regenerar. E ele não queria ir...
Lágrimas brotaram dos seus olhos e ela não conseguiu conte-las.
--Rose, não!— Murmurou o senhor do tempo. – Não precisa ficar assim... – E a abraçou.
Ela foi aos poucos parando de chorar e até arriscou um sorrisinho triste. O Doutor não queria solta-la. Queria que pudesse parar o tempo, que não precisasse morrer, que pudesse ficara ali par sempre...
Alguém pigarreou. O Doutor soltou Rose e olhou na direção da porta. John tinha voltado, uma expressão grave no rosto.
--Peguei—Murmurou.
E ajudou Rose a acender a lareira.
--Então... Vamos dormir um pouco... Hã... Até amanhã... —Enrolou O Doutor, bastante constrangido.
Foi um flashback da viajem de carro; Eles se deitaram em silêncio, sem se falar. O clima era bastante pesado. Aos poucos, John e Rose adormeceram, mas O Doutor ficou acordado. Não tinha muita necessidade de dormir e tão pouco queria. Tinha muitos pensamentos para por em ordem. Pensamentos de um senhor do tempo. Mortais para um humano, tamanha era a dor que causavam. Lembrou-se de Donna. De repente, ali, aquecido pelo fogo na lareira, ocorreu-lhe uma idéia imprudente. Queria rever seus amigos. Antes de se regenerar, iria vê-los, um por um.
O dia chegou mais rápido do que ele esperava. Fingiu que dormia quando John e Rose se levantaram e saíram. Sabia que John perceberia que ele não estava dormindo, mas não ligou.

Os três estavam na cozinha. John fazia bacons com ovos, vigiado por Rose.
“Sou um desastre na cozinha, você sabe” Disse a humana para O Doutor.
“Mas... Eu também!” Disse O Doutor, confuso.
“Depois de certo tempo você cansa de pedir pizza e aprende na marra” Respondeu John, que aparentemente tinha estado atento à conversa.
Eles se sentaram.
John parecia meio distraído, como se estivesse pensando em algo muito complicado.
--John!?—Perguntou Rose. –O que você tem?
--Quanto tempo vai demorar para aquela fenda que os killerblasters abriram se fechar?—Perguntou John ao Doutor, meio que ignorando Rose.
--Umas quatro horas. Mas tudo tem que estar no lugar em três horas e meia.
John pareceu lutar um conflito interno, então disse, parecendo meio em duvida.
--Será que poderíamos... Eu e Rose... Ir em... Uma viagem... Uma ultima viagem na TARDIS?
E encarou O Doutor firmemente, sem piscar nem desviar o olhar, embora seus olhos oscilassem um pouco. O Doutor retribuiu o olhar, perplexo. Será que John não percebia o quanto isso seria arriscado?
--Isso seria incrível. –Disse Rose, exultante. –Rever a TARDIS!
O Doutor voltou o olhar para John e, o estudando melhor, notou algo mais em seu rosto: Alegria. Muito bem contida, mas estava lá.
--Tudo bem. Olhem, tenho que devolver o manipulador de Helena. Vou até lá e trago a TARDIS. Não vamos a nenhum planeta perigoso. Temos pouco tempo. Vamos apenas dar uma volta. Me esperem aqui.
John e Rose se olharam, sorrindo de orelha a orelha. O Doutor se levantou e estava para sair quando perguntou:
--Pode me devolver minhas próprias roupas? Não gosto muito de Jeans...
--Vai indo que eu vou arrumando tudo aqui. –Disse Rose.
--Mas...
--Eu prometo.
O Doutor programou o manipulador e se foi, bastante contrafeito. Não viu que John e Rose sorriram na cozinha.
--Se eu tive que sair assim na rua, ele também vai. —Disse John, sorrindo.
--Seu chato. –Sorriu Rose, e saiu da cozinha.

O Doutor Reapareceu. Cheirou o ar. O cheiro lhe foi familiar. Era o lugar certo. Olhou em volta e notou que parara alguns metros alem do local que pretendia; o galpão no qual Helena estava. Andou até lá em passos rápidos, desviando das pessoas e empurrou a porta.
Helena correu ao seu encontro. Parecia muito aflita.
--O que houve?—Ela registrou suas roupas. –Faz horas que você saiu.
--Ah, você sabe como é... Fendas dimensionais, ALIENS assassinos, minha rotina.
Ela sorriu, meio aliviada, meio preocupada.
--Seu manipulador— Disse O Doutor, estendendo o objeto. –Estou com um pouco de pressa, arranjei um compromisso.
--Então... Já está de saída? –Perguntou ela, colocando o manipulador no braço.
--Estou. Mas foi um prazer te conhecer. –E estendeu a mão.
Helena a apertou.
--Se cuide, Doutor.
--Sim, claro. Você também.
Helena sorriu e desapareceu. O Doutor saiu do galpão, trancando a porta com a chave de fenda sônica. Andava bastante rápido. Qualquer minuto era precioso. Era um minuto a menos com Rose.
A TARDIS estava em uma ruazinha lateral quase vazia. O Doutor procurou a chave por uns instantes. Antes de sair tinha conferido se a tinha trazido. Abriu a TARDIS e entrou.
--Olá, querida. –Murmurou.
E começou a girar as mãos pelo console, definindo o destino certo, um sorriso satisfeito no rosto.