The Doctors And The Rose

Capítulo 7 - ser humano


Nem Dora nem Fath haviam ouvido o comentário de John.
--Fath, acho melhor fazermos uma sopa bem quente para o almoço.
E saiu cantarolando, seguida pelo neto. O Doutor lançou um olhar a Rose. Parecia bem. Os cortes não eram nada fundos; O único problema fora o frio. Então ele saiu também.
John estava sentado em uma enorme pedra, que era quase da sua altura, um tanto afastado do chalé e olhava para a floresta com os pensamentos muito distantes.
--Tudo bem?—Perguntou O Doutor.
John não respondeu. Nem ao menos desviou o olhar da floresta, como se O Doutor não estivesse lá.
--Hã... –Começou o senhor do tempo. Sabia que não devia ter perdido o controle e partido para a briga. –Olha... Me desculpe pela briga... Eu não devia ter dito aquelas coisas e... Me Desculpe...
John olhou para ele.
--Acho que eu também não devia... Mas, você não sabe como é... Ser humano...
--Ah, eu sei, sim. Já escondi minha consciência de senhor do tempo em um relógio uma vez. Você se lembra. Você sou eu...
--Lembro, mas... Às vezes acho que você não lembra a sensação... É diferente de ser um senhor do tempo... Eu sei por que tenho suas lembranças. Você não consegue controlar seus impulsos, nem suas emoções, nem seus sentimentos... É mais forte que você... A raiva, o medo, a tristeza... Não dá... É estranho... Você... Não...
Ele estava ficado meio incoerente, lagrimas brotaram em seus olhos, instantaneamente congeladas.
--Eu sei como é—Interrompeu O Doutor. –Eu me lembro...
Não era bem verdade. Mas não foi difícil. Ele se lembrou de quando foi humano: De como era sentir medo, amar alguém, não conseguir controlar as lágrimas nem a raiva...
Então eles ficaram quietos por uns segundos, nos quais O Doutor subiu na pedra ao lado de John e se sentou.
--Lá dentro eu disse...
--Acho que você estava errado. –Disse O Doutor. John olhou surpreso para ele. –Acho que ela disse isso para nós dois.
Ficaram em silêncio novamente.
--Você deve ter sentido falta dela— Comentou John, ainda olhando para a floresta. –Você sabe... depois que ela ficou presa aqui...
--Demais. —Respondeu O Doutor.—Sozinho na TARDIS... Mas apareceu a Donna... Você se lembra dela. — John riu. –Pois é. Foi bem difícil... Estranho... Odiei ficar sem ela...
Silêncio novamente.
--Como é... Viver aqui?—Perguntou O Doutor, olhando para John.
John entendeu. Era a maldição do senhor do tempo. Sozinho, vagando, sem saber quando teria alguém novamente. Ele se lembrou: Era uma sensação terrível; Ele arrebatou seus pensamentos para longe dali.
--É bem legal... Mas é meio monótono... Trabalho, casa... Você sabe, nada como explodir daleks de vez em quando. Foi bastante estranho no começo: Eu ia viver aqui. Precisei de documentos, roupas e um emprego... É muito estranho trabalhar. Você não faz idéia. É muito monótono. Todo dia você sai no mesmo horário, faz as mesmas coisas e vê as mesmas pessoas. Bom, pelo menos é torchwood... No começo Rose mal falava comigo... Eu me senti definitivamente mal.
--Não consigo imaginar Rose sem falar com você. –Comentou O Doutor.
--Mas ficamos assim por várias semanas. Então Jackie começou a lançar umas indiretas: “Acho que todos precisam trabalhar no mundo de hoje.” Então eu fui para torchwood com Rose. Depois de salvarmos a vida um do outro, começamos a nos falar...
Eles sorriram. O Doutor sentia inveja de John e John dele, isto eles sabiam. Cada um tinha uma coisa que o outro sentia falta; O espaço-tempo e um lar.
Era um silêncio longo, reflexivo, que parecia não acabar.
John levantou a gola do casaco, os dentes batendo.
--Acho melhor entrarmos— Disse O Doutor. – Antes que Dora venha nos buscar...
John sorriu.
Quando entraram a primeira coisa que viram foi que Rose havia acordado. Ela sorriu radiante para eles.
Dora entrou, com uma bandeja cheia de pratos de sopa fumegantes. O Doutor, que não comia há muito tempo, aceitou a sua, feliz.
Foi um almoço um tanto animado; Pareciam propensos a rir. Foi facilmente constatado que quando não estavam muito machucados e de barriga cheia, formavam um ótimo time. Até Fath participou da conversa, meio encabulado.
Quando um clima sonolento se seguiu ao almoço, O Doutor achou que era hora de assuntos sérios.
--Ainda tem um killerblaster por ai.
O clima se tornou mais tenso.
--O que vamos fazer com ele?—Perguntou Rose.
O Doutor se lembrou da pistola de John. E esse, como se tivesse lido seus pensamentos, disse:
--Sempre carrego uma pistola. Sabe, para me proteger. A mim e a Rose. Afinal, somos dois humanos comuns.
O Doutor ia argumentar, mas Rose interrompeu.
--Mas o que aconteceu com o outro?
--John atirou nele— Disse O Doutor com simplicidade, aceitando o doce caseio que Dora trazia.
--Não gosto de armas— Comentou a senhora— Elas me assustam.
E se sentou ao lado do neto.
“Ela é uma pessoa muito boa” Pensou O Doutor “Será uma pena quando formos embora.”
--Hey— Disse John, de repente— Os killerblasters costumam cumprir suas missões em dupla e em uma nave pequena. É na nave que estão todo o equipamento e sinais de socorro.
--Claro!—Exclamou O Doutor. –John, você é brilhante! Podemos destruir a nave. Ele não sobreviveria aqui, não foi feito para as condições terrestres, não sem sua nave.
--O que estamos esperando? Allons-y!
--Vocês voltam para o jantar, não?—Perguntou Dora.
O Doutor pensou em disser que tinham compromissos, que estavam atrasados. Mas se deparou com os olhos da senhora, que exprimiam esperança.
“Só uma pessoa solitária querendo companhia. Só isso.”
--Tudo bem—Foi só o que disse, sorrindo.