The Death Couple

Então, vamos manter certa distância.


PATTY SPIVOT

Tem coisas que não importam quão ruim meu dia esteja, com toda certeza podem o fazer ficar melhor. A primeira é vídeos de gatinhos, posso passar horas vendo toda aquela fofura sem fim. Pessoas com risadas estranhas, também é uma receita infalível, mas minha preferida, talvez pela raridade em que presencio é assistir meu melhor amigo, que também é o ser mais teimoso e irritante que Deus fez, estar fora de sua zona de conforto. E Felicity é a melhor pessoa do mundo para fazer isso, por isso meu amor por ela vai durar a eternidade e mais um dia.

—Então, como vocês se conheceram? -o homem super gato, mas com um ar meio idiota que a acompanhava no tal encontro fadado ao fracasso, pergunta para Oliver e eu, que na cabeça avoada dele, consegue nos fazer parecer de alguma forma com um casal de namorados, eca!

—Pode dizer que nos conhecemos no trabalho. -pisco para Oliver que se controla com muito esforço, sempre que o homem se inclina na direção de Felicity ou faz qualquer outro tipo de investida. -Desde o primeiro dia, Ollie percebeu que não podia mais imaginar sua vida sem minha presença. -meu amigo quase cospe a bebida que estava virando, e Felicity contém uma gargalhada com esforço.

—É mesmo Oliver? -meio aéreo, Ollie demora alguns segundos para se dar conta de que o grandão falava com ele.

—Claro, seria capaz de matar por essa mulher. -responde meias verdades, cheio de uma sinceridade assassina que o outro encara como humor negro. -Patty sabe bem como ser...

—Encantadora? -sugiro quando percebo que ele é incapaz de me creditar um adjetivo positivo que seja.

—Algo assim. -simula um sorriso, mas seus olhos estavam cheios de fúria.

—É brincadeira. -falo para Ray que tentava entender nossa dinâmica de amor e ódio. -Oliver e eu seriamos incapazes de dar certo, ele ama outra garota. -finjo tristeza e o julgamento do cara sobre Oliver vem de imediato, Felicity vira sua taça de vinho de uma só vez e Ollie segura o riso.

—Somos só amigos, Patty e eu. -conta para Ray que pisca algumas vezes tentando entender o que acontecia ali. -Ela gosta de brincar com as pessoas.

—Patty é a namorado do Barry. -Felicity conta, fazendo com que o homem dê um estranho sorriso, talvez por perceber finalmente que a tensão na mesa se devia a garota com a qual desejava se acertar e meu amigo cosplay de galã.

—A parte da garota não é brincadeira. -destaco. -Na verdade estávamos falando sobre isso no momento em que chegaram. -começo a plantar minha sementinha da discórdia, Ollie por saber do que se trata estava mais relaxado em sua cadeira, Felicity por sua vez era a tensão em pessoa. -Talvez a opinião de um homem possa ajudar? -sugiro cheia de inocência.

—A quem discorde. -Felicity murmura, enchendo seu copo novamente, Oliver pega a garrafa de sua mão e faz isso pela garota.

—Na verdade pode ajudar, claro, se Ray não se importar de escutar. -ele diz com tanta tranquilidade que não consigo mais engolir meu vinho, de tanta vontade de rir que tenho.

—Seria ótimo. -Coitado, tão prestativo e bobinho. Nós vamos para o inferno, tenho certeza.

—Conheci uma garota que no começo era só uma pessoa que poderia me ajudar em meu trabalho. -pondera.

—Tipo alguém que você poderia usar? -Felicity pergunta afiada e dou um largo sorriso de aprovação para ela.

—Eu nunca concordei em fazer isso. -se defende e os dois travam um longo combate que se baseava em quem poderia encarar o outro por mais tempo, com a melhor expressão de fúria contida possível.

—Ele não concordou mesmo. -entro no meio para evitar que o bobinho do Ray se desse conta de como sua acompanhante queria muito dar uns bons pegas no meu amigo prefeito. -Sou testemunha. -ergo a mão como uma CDF com a resposta certa.

—Você se apaixonou por essa garota? -Palmer está mesmo disposto a ajudar.

—Eu sabia que aconteceria desde o primeiro momento na frente daquela máquina de comida na rodoviária. -Ollie parece se perder em suas próprias memórias e vejo a forma como Felicity o olha surpresa. -Mas lutei contra como pude, nós juntos erámos como a combinação perfeita para o desastre. -nós três sorrimos e Palmer apenas espera o restante da história. -Ficar longe um do outro em algum ponto se tornou uma questão de autopreservação.

—Por esse motivo você desapareceu por meses sem falar nada com a tal garota? -Felicity solta irritada, como se perdesse o controle da própria boca e mesmo o boboca do Ray entende do que se trata.

—Ela não tem ideia do que tenho tentado fazer nesses últimos meses. -Oliver responde entre dentes, mostrando a mesma revolta que Felicity em suas palavras.

—Essa garota... você? -Ray aponta de um para outro e toco a mão dele, chamando sua atenção, o homem me olha confuso e coloco um dedo sobre meus lábios.

—Fica quietinho que isso aí demorou muito para acontecer. -murmuro para que só ele me escute.

—É mesmo, Oliver Prefeito Super Ocupado Queen. -seguro o riso com uma força sobrenatural, ao ver Felicity perdendo toda a compostura, tamanha a sua raiva. -Por que não me conta o que te ocupou por todos esses sete meses?

—Estava terminando o que seu amigo nerd começou. -ele me olha do outro lado da mesa. -Nós estamos.

—Oliver tem tentado ser o mais rápido possível, mas encontrar tantos... -penso em uma analogia possível para Hackers malignos que querem arrancar a cabeça dela. -Computadores antigos, não é fácil. O trabalho da prefeitura é bem estranho as vezes. -dou de ombros sobre o olhar confuso de Palmer.

—Patty nem tem dormido as noites... Pesquisando. -ele acrescenta e balanço a cabeça confirmando. -Estávamos prestes a acabar, mas parece que não foi rápido o suficiente. Podemos ir agora? -ele me pergunta, mas vejo meu nerd chegando, com os cabelos molhados e um grande sorriso que faz tudo no mundo valer a pena.

—Nós vamos, vocês ficam. -me levanto puxando Ray comigo. Barry pega o outro braço dele e me ajuda a levantá-lo.

—Você é alto demais para ela. -acho que essa é a definição de confortar alguém que levou um chute da pior forma possível, de Barry Allen.

Saímos arrastando um cara enorme que está confuso demais para protestar, e deixamos nossos melhores amigos se entenderem a força, já que largamos isso nas mãos deles por sete meses em vão, toda paciência tem limites e o nosso foi ver que Felicity já está pronta para novos encontros. Ai já é demais, Queen, se não toma uma iniciativa, nós a tomamos. Observo Barry explicando de alguma forma o que aquilo significava para Ray, se desculpar e o colar em seu carro.

—Foi dificil? -questiono o vendo voltar em minha direção, Barry me abraça forte, tirando meus pés do chão e distribui vários beijos por meu rosto.

—Não me importo com ele o suficiente para lamentar. -confessa, me fazendo dar risada. -O cara chegou agora, Oliver tem se esforçado a tanto tempo, que merece uma chance, ao menos de confessar o que sente. -paramos pensativos, vendo Oliver e Felicity, sentados a mesa na varanda, parecendo não saber o que fazer.

—Formam um casal bonito. -ela tentava não deixar um sorriso sair, Oliver prendia os lábios em uma linha fina com o mesmo esforço. -São idiotas, mas vão fazer filhos lindos! -escuto a risada de Barry, mas não consigo desviar os olhos dos dois, por que não tornam as coisas simples?

OLIVER

Pela primeira vez uma das armações de Patty não me faz querer arrancar sua cabeça do pescoço. Só me pergunto quanto tempo os dois idiotas ficariam nos observando do outro lado da rua, mas o aceno que recebo dela, junto a continência de Barry, me mostram que é melhor não perder meu tempo pensando a respeito.

—É como voltar a adolescência. -Felicity murmura tomando mais um gole de seu vinho.

—Sinto muito por arruinar seu encontro. -minto.

—Não sente nada. -desdenha com um sorriso largo e deixo finalmente a risada que continha sair.

—Você e aquele cara, não dariam certo. -dou de ombros enchendo minha taça e a dela em seguida.

—Ah, claro, e como sabe disso Nostradamus? -debocha, com seus olhos azuis brilhando intensamente. Suas bochechas levemente rosadas e um sorriso tão largo quanto o que eu tenho em meu rosto.

—Por isso. -seguro sua mão sobre a mesa e posso ver os pelos louros de seu braço arrepiarem, os meus faziam o mesmo. Entrelaço nossos dedos e aquilo parece ser certo, natural.

—Sete meses, Oliver. -murmura suspirando. -Não pode dar um telefonema se quer?

—Estava sendo observado, Felicity. -respiro fundo. -Como prefeito sou visado, então se me vissem ao seu lado, seria muito fácil chegar a você, não pense que isso era uma espécie de sacrifício altruísta idiota, foi apenas um movimento lógico que garantiria sua proteção.

—Odeio que isso faça sentido. -semicerra os olhos, praguejando, o que me faz rir.

—Eu senti sua falta. -levo sua mão a meus lábios, dando um beijo rápido. Felicity sorri, ela parece sorrir o tempo todo.

Terminamos de jantar e não sei dizer quando os nerds que nos observavam foram embora. Pago a conta e saímos de mãos dadas do restaurante, é estranho, julgando que estou parecendo alguém do século passado, que pede permissão ao pai de uma garota para cortejá-la, super antiquado. O céu está completamente negro agora, com poucas estrelas aparentes, caminhamos em silêncio até sair do centro movimentado, onde as pessoas nos observavam com um interesse irritante.

—Felicity. -chamo a girando para meus braços, ela para a minha frente e posso ver seus olhos surpresos e ansiosos ao mesmo tempo, acaricio seu rosto de leve, sentindo sua pele macia. A ponta do meu nariz toca o seu e a necessidade de beijá-la se torna sobre humana. Hesito por meio segundo, apenas por apreciar a tensão, e quando nossos lábios se tocam, todo o resto desaparece. O beijo toma todos meus sentidos, os voltam completamente para ela e mal me lembro como pude resistir a isso por tanto tempo.

—Oliver! -murmura com os lábios nos meus, e os cabelos de minha nuca se arrepiam. -Oliver?

—O que? -digo com minha boca na dela.

—Minha bolsa. -sussurra de volta.

—O que? -me afasto e vejo seu rosto vermelho, não acho que seja só pelo beijo.

—Roubaram minha bolsa! -exclama exasperada, apontando para um pivete que virava a esquina. Sinto vontade de gritar, mas mordo os lábios para me conter.

—Espera naquela esquina. -aponto para o local onde o garoto virou. -Volto em um minuto. -ela assente e dou um beijo em seu rosto antes de sair em disparada atrás do moleque. Não demoro a alcança-lo e ele nem consegue ver quem o atingiu, recupero a bolsa, imobilizando o garoto no chão. Passo alguns segundos o ameaçando e o faço prometer que vai voltar para escola, e parar de fazer coisas como essas. Era um garoto que deve ter a idade da minha irmã, poderia ser alguém, só precisava de uma chance.

—Qual o seu nome? -pergunto estendendo um cartão de visitas para ele, que pega confuso.

—Roy Harper, senhor. -murmura olhando os próprios pés.

—Me procure amanhã, na prefeitura e vou te arrumar um emprego de verdade, chega de roubar, entendeu? -ele balança a cabeça, e volto com a bolsa de Felicity, que estava escorada no muro com um sorriso lindo nos lábios. -Aqui. -devolvo sua bolsa.

—Um gesto legal, esse. -indica o garoto que olhava abobado para o cartão em suas mãos. Passo meu braço por seus ombros e recomeçamos a caminhar.

—Olha, isso da bolsa, não quer dizer nada, não significa que nossa sorte seja ruim, ou coisa do tipo. -esclareço e ela concorda com um movimento de cabeça que talvez tenha sido rápido demais. Como que para nos desmentir, um grande trovão rompe nos céus, Felicity chega a dar um pulinho de susto.

—Não tem nada a ver com a gente. -cantarola decidida.

—Claro que não! -mais um trovão, mas que se danem. Nós damos risada e ignoramos feito idiotas a chuva grossa que nos levaria a passar dois dias de cama com a gripe mais forte que já peguei na vida, ao menos estávamos na mesma cama e percebi depois que isso é a única coisa que importava.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.