The Coffee Boy

The Girl, the Lunch and the Wardrobe


O mais esperado do dia de trabalho era cansaço, repressão e desafios, mas até o dado momento, nada daquilo havia acontecido. Muito pelo contrário, Roy estava até se sentindo motivado a trabalhar mais, tanto pelo incentivo do seu chefe, Oliver, como também da sua colega de trabalho, Felicity. Ele já havia separado todos os contratos de Oliver e observou atentamente se o mesmo tinha analisado aqueles postos em sua mesa. A única coisa que mais complicava naquele momento era aprender a lidar com o sistema da empresa, mas nada que uma boa aula com Felicity não o ajudasse a pegar os macetes e saber como usar cada ferramenta corretamente. Outra coisa que Roy aprendeu foi sobre a urgência dos contratos. Já que aquele trabalho era dele, teria que aprender a separar por urgência sem a ajuda de Felicity para marca-los. Ele teve que guardar na memória as empresas mais rentáveis e possíveis bons negociantes das Consolidações Queen como contratos especiais e urgentes, como também aquelas que não dariam muito lucro para a empresa e acabariam por se aproveitarem do nome da organização e lucrarem apenas por serem parceiras das Consolidações, sendo colocadas na lista de menos urgência, ou como diria Felicity, ‘lista de folga’.

Assim que analisou todos os contratos em sua mesa, Oliver saiu e Felicity ficou no comando, era sempre assim. Com Oliver fora, a secretária geralmente ia para o almoço mais cedo, mas mesmo que o patrão estivesse lá, ela não se intimidava e saía da mesma forma, ele sabia o quão profissional ela era.

Naquele dia Felicity decidiu convidar Roy para almoçar com ela. Como ele era novo na empresa, ainda era necessário aprender algumas coisas sobre as pessoas que trabalhavam lá e como elas iriam agir, e também Felicity não almoçaria sozinha, como fazia todos os dias, ou rodeada de puxa sacos e funcionárias que apenas queriam sair com Oliver e usavam Felicity como intermédio para conhecê-lo melhor, coisa que nunca aconteceu, ela sabia separar a relação de amizade deles com a profissional.

— Você precisa aprender algumas coisas sobre esse lugar. – Felicity já se dirigia para o balcão da comida segurando uma bandeja, Roy vinha logo atrás.

— Coisas como? – Roy sabia do que ela falava, mas não exatamente sobre quem ou o que.

— As pessoas. Como você deve agir, como elas vão agir com você. Tudo isso. – disse enquanto apoiava a bandeja no balcão e pegava um prato da pilha de pratos.

— Eu espero que você me ensine, porque eu sinceramente tenho medo de me juntar com as pessoas erradas. – o garoto também apoiou a bandeja no balcão e pegou um prato, ele estava basicamente seguindo os passos de Felicity. – Eu moro no Glades, e você deve conhecer a fama de lá, afinal, quem não conhece, não é? – ele sorriu não muito satisfeito, mas era um sorriso.

— Você é uma exceção, muito boa por sinal. – Felicity sorriu ao olhar para o garoto. Ela começou a colocar comida no prato com calma. – Vamos começar falando da comida. É muito boa a qualquer hora do dia, então sempre que vier comer vai ter um cardápio bom a sua espera. – assim que terminou de colocar seu almoço, ela pegou um copo e foi até a máquina de sucos, enchendo-o com suco de maçã.

Roy terminou de colocar sua comida e preferiu pegar uma lata de refrigerante no refrigerador com porta de vidro. – Se tem uma coisa que vou fazer aqui é comer. – ele riu e seguiu Felicity até uma mesa no canto do refeitório.

— Me desculpe perguntar, mas... – Felicity pôs sua bandeja na mesa e sentou. – Você não come em casa? – ela sabia que aquilo poderia soar ruim caso Roy interpretasse de forma maldosa.

O garoto ficou um pouco tímido, mas era sua realidade, não podia ter vergonha dela. – Digamos que era bom trabalhar na lanchonete justamente pela comida. Não precisava fazer nada em casa, muito menos gastar dinheiro comprando comida. E dinheiro é uma coisa que me faz muita falta. – ele colocou sua bandeja na mesa também e sentou de frente para Felicity.

— Desculpe, é que eu estava curiosa. – ela deu uma garfada no macarrão e o enrolou, levando à boca. – Eu pensei que tivesse uma situação financeira controlada. Tudo bem que sua roupa ontem não estava divina, mas hoje você veio pronto pra quebrar tudo. – ela sorriu e abocanhou o macarrão no garfo.

— Eu usei um pouco das minhas economias pra comprar roupas novas. Não tinha nada que servisse para trabalhar aqui, então precisei correr atrás de algo bonito e que estivesse ao meu alcance. – ele juntou um pouco de comida no garfo e começou a comer também.

— Tenho certeza de que você vai ficar satisfeito quando receber seu primeiro salário. Você sabe o tamanho dessa empresa agora que está aqui dentro, e como viu hoje, os contratos são milionários. Geralmente os funcionários que mais se dedicam ganham uma comissão em cima dos contratos realizados, e como eu e Oliver trabalhamos juntos há um tempo, meu salário sempre é maior do que o que eu espero. – Felicity continuou comendo.

— Não deveria chama-lo de Sr. Queen? – perguntou Roy curioso, dando o primeiro gole no refrigerante.

— Sim, na empresa nos tratamos dessa forma, mas somos bons amigos, e para mim ele é sempre Oliver. Mas você deve trata-lo como Sr. Queen em qualquer ocasião. Se um dia puder chama-lo de Oliver, ele vai lhe dizer, e tenha certeza que se puder fazer isso, será uma pessoa bastante especial para ele, como eu me tornei. – a garota agora comia a salada no prato.

— Se eu durar tempo o bastante aqui para ver isso, será um prazer. – Roy agora começava a comer mais rápido.

— Por que diz isso? É claro que vai durar bastante. Oliver não te escolheu a toa, ele viu potencial em você, ele torceu por você desde quando viu que ainda estava na sala mesmo tendo derramado café na roupa dele. Ele deu essa chance e você está sabendo aproveitá-la, não desanime, Roy. – aconselhou Felicity percebendo um desinteresse.

— Eu sei que hoje está sendo tranquilo, mas tem dias que não vão ser assim, e não sei se vou conseguir lidar com tanto trabalho, não sou acostumado com essa sobrecarga. – Roy de fato não estava confiando em si mesmo.

— Vou te dizer uma coisa. – Felicity bebeu um pouco do suco. – Quando eu entrei aqui, sofri bastante. Não entrei como secretária do Oliver, era desajeitada, desastrada e estranha aos olhos de todos. Oliver viu o quanto eu trabalhava e me dedicava e acabou me promovendo como secretária executiva, também conhecida como secretária do Sr. Queen. – ela riu. – Você vai crescer bastante aqui e você é capaz disso. Eu vejo capacidade em você, Oliver vê isso mais do que eu. Não nos decepcione e não se decepcione. Você vai longe, Roy. E estaremos juntos em toda sua jornada aqui dentro. – ela colocou a mão no braço do garoto e afagou ali.

— Obrigado Felicity. – ele sorriu. – Eu espero conseguir. Mas mudando de assunto. – Roy começou a mexer com a comida no prato. – O que eu preciso aprender sobre as pessoas aqui? – perguntou já encarando Felicity.

— Ah sim! – Felicity estava terminando de mastigar a comida quando falou. – Disfarçadamente, olhe para a mesa logo atrás da nossa. – Sussurrou apontando com o garfo discretamente.

Cautelosamente Roy virou um pouco e olhou, tinham três mulheres sentadas, todas bem vestidas, sorridentes e pareciam muito bonitas. – O que tem elas? – ele virou de volta e deu uma garfada na comida.

— Elas tem um interesse muito grande em Oliver, todas elas. Já tentaram conversar e serem minhas amigas para se aproximar dele, mas eu entendi o que queriam e descartei. Caso alguma venha conversar com você, ou estão interessadas em você, ou querem que você apresente o Oliver a elas. – Felicity pegou uma rodela de tomate do prato e comeu.

— Então nem posso me sentir o estagiário gato. – o garoto riu e Felicity o acompanhou. – Mais alguma coisa? – perguntou.

— Aqueles ali. – Felicity novamente apontou com o garfo e Roy olhou. – São ótimos funcionários, mas péssimas pessoas. Se acham funcionários de ouro, você não pode chegar perto deles, e nem pense em derramar café em um deles. – Felicity gargalhou baixo e Roy a olhou com desprezo. – Eu estou brincando. – disse ainda com um sorriso no rosto.

— E quanto a mim, como devo me portar? – perguntou com mais curiosidade.

— Seja frio. Se quiser uma coisa, você tem que ir atrás. Peça a minha ajuda se for algo muito difícil, caso eu não esteja, Oliver vai te ajudar sem nenhum problema. Ele não é um carrasco, muito pelo contrário. É uma pessoa maravilhosa e vai te ajudar sim caso precise, mas não peça a ajuda de ninguém, eles sempre vão querer algo em troca, e nunca é uma coisa fácil de conseguir. Falo por experiência própria. – respondeu sem se prolongar.

— Eu sou bastante comunicativo, acho que só posso conversar com você e com o Sr. Queen por aqui então. – Roy já terminava de comer.

— Não. Você vai conhecer o segurança pessoal do Oliver, John Diggle. Ele também se tornou um amigo. A moça da lanchonete do andar de baixo também é agradável, eu sempre converso com ela quando vou pegar um milk-shake. – disse ela sorrindo.

— John Diggle? Conheci ele no banheiro ontem. Eu estava tentando limpar o café da minha camisa e acabei conversando com ele. Parece uma boa pessoa. – disse Roy sorrindo.

— E ele é. Precisa conhecê-lo melhor depois. – Felicity pegou um guardanapo e limpou a boca. – Vamos voltar ao trabalho. Depois do expediente podemos ir ao shopping comprar algumas coisas, o que acha? – sugeriu ela já levantando da cadeira.

— Claro! – Roy sorriu e levantou também. Embora não tivesse dinheiro nenhum, não havia problema em dar um passeio no shopping com a mais nova colega de trabalho.