Esse sonho parecia estar durando mais tempo que o normal, Roy já havia se dado conta de que não era mais apenas coisa da sua imaginação, sua realidade havia mudado de tal forma que, embora fosse difícil de acreditar, era aquilo. Ele havia finalmente completado o primeiro mês de trabalho nas Consolidações Queen, agora já se encaminhando para o segundo. Finalmente devido a sua influência e proximidade com Oliver, conseguiu seu cartão empresarial, aquele que fazia os olhos dele brilharem quando via Felicity usar nas suas compras no shopping.

O cartão tampouco importava para o garoto, o que mais fazia valer a pena era estar ali, trabalhando naquele local e na companhia de pessoas maravilhosas, que nesse caso eram apenas duas: Oliver e Felicity. Mas eram as melhores pessoas para se ter como amigos, então não importava mais nada.

Naquele fim de turno da sexta-feira, Roy parecia mais animado que o normal e Felicity percebia a excitação do garoto.

— Ei! – ela se aproximou da mesa de Roy. – O que houve? – ela sorriu, compartilhando da felicidade que o garoto exalava.

Roy já desligava a tela do seu computador e arrumava a mesa para finalmente ir embora. – Ei Felicity! – ele sorriu de volta, direcionando o olhar para a garota. – Vou sair com Cindy agora a noite, vamos ao shopping, prometi leva-la para escolher um presente de aniversário. – ele começou a guardar alguns papéis dentro da sua mala de couro para levar consigo. Sim, agora ele tinha uma mala de couro para o trabalho, estava virando um homem de negócios.

— É aniversário dela? Que legal! Diga a ela que mandei os parabéns. – ela olhou para a sala de Oliver, ele estava distraído ao telefone. – Psiu! – ela chamou a atenção de Roy.

Imediatamente o garoto fitou a amiga. – O que foi? – perguntou atento.

— Você conhece nosso chefinho ali, não é? – ela olhou de canto para a sala de Oliver.

— Sim, porque? – ele estava um tanto confuso.

Ela revirou os olhos. – Você está aqui há um mês e meio e ainda não percebeu o costume de Oliver? – ela caminhou para o lado que Roy estava e começou a pegar alguns papéis aleatórios, fingindo estar lendo alguma coisa que estava escrito ali. – Sabe que ele gosta de nos chamar sempre quando estamos animados demais ou com algum plano em mente, então se quiser sair com sua amiga hoje, peço que invente alguma coisa para ficar até ele ir embora e só depois ir também. – ela olhou de canto para Roy e piscou o olho, como se fechasse um acordo.

A inocência de Roy não deixava que ele percebesse que Oliver realmente tinha dessas, sempre no minuto final do expediente ele costumava chamar Roy ou Felicity para conversar, para discutir algum assunto, e aquilo tomava muito mais tempo que o normal, e sempre era quando eles tinham algo programado, Oliver parecia adivinhar quando aquilo acontecia.

— Não sei o que seria de mim se não fosse você aqui. – Roy deu um beijo breve no rosto de Felicity em agradecimento e começou a vasculhar coisas em cima da mesa.

O telefone de Roy tocou, ele imediatamente olhou para o lado, lá estava Oliver, com o telefone no ouvido e o olhar direcionado para o garoto, ele atendeu de imediato. – Sim, Oliver? – ele manteve o olhar fixado no patrão do outro lado do vidro.

— Tudo bem por aí? – ele continuou a olhar para Roy, que deu de ombros.

— Sim, porque não estaria? – ele não estava entendendo.

— Você parece preocupado olhando esses relatórios em cima da mesa, até Felicity apareceu para ajuda-lo, imaginei que tivesse acontecido algum problema. Nada de mais, então? – ele ergueu a sobrancelha esquerda ainda olhando o garoto.

Roy riu baixo. – Está tudo bem, eu só estava procurando a proposta de negócio do Sr. Schöester para levar e analisar esse final de semana, preciso do relatório pronto segunda-feira. – depois de algum tempo trabalhando ao lado de Felicity, Roy conseguia formular as melhores desculpas para enganar Oliver, embora a garota não fosse a melhor naquilo, ele sabia um jeito para melhorar.

— Tudo bem, então. Tenha um bom final de semana, melhor que o meu pelo menos. – o semblante dele era de cansaço e parecia insatisfeito.

O garoto percebeu de imediato o cansaço na voz de Oliver e em sua face, sabia o que tinha que fazer, e não pensou duas vezes antes de falar, sua consciência lhe dizia que aquilo era o certo. – Estou indo ao shopping depois daqui, gostaria de ir também? – finalizou.

A postura de Oliver na cadeira mudou imediatamente. O homem cansado de antes agora parecia ter dado vida a um atleta que estava pronto para correr uma maratona.

— Como? – o rapaz não sabia se tinha ouvido direito, então preferiu ter a certeza.

— Isso que você ouviu. Quer ir ao shopping comigo? Vou chamar a Felicity caso ela não tenha nenhum plano, pode te tirar dessa monotonia ao menos por alguns minutos. – ele continuava a fitar o mais velho.

Oliver sentiu seu coração pulsar mais rápido. Por várias vezes Felicity já havia oferecido aquilo para mantê-lo fora do estresse diário, mas com Roy era diferente. – Eu não sei... – Oliver coçou a cabeça.

— Só um minuto. – Roy colocou o telefone em cima da mesa e foi até a mesa de Felicity. – Vamos ao shopping comigo? Acho que está na hora de você e Cindy se conhecerem. – ele sorriu.

— Seria ótimo! – ela pegou sua bolsa vermelha e apoiou no ombro.

— Oliver pode ir conosco? – ele perguntou como se já tivesse a resposta.

— Não vejo problema. – ela olhou para Oliver, que agora encarava os dois pelo vidro. – E também não vejo ele aceitando essa proposta, ele provavelmente vai dar a velha desculpa dos problemas para resolver em casa e que talvez na outra semana, mas não custa tentar. – ela saiu de trás da sua mesa e caminhou com Roy até a mesa do garoto.

Novamente Roy pegou o telefone e colocou no ouvido. – Vamos? – ele recolheu sua pasta de couro e apoiou no ombro.

— Eu... – Oliver estava receoso, não sabia o que fazer. – Tenho alguns problemas para resolver em casa, então provavelmente na próxima semana possamos fazer isso. – ele sorriu desajeitado.

Roy respirou fundo e exibiu seu famoso semblante de desprezo. – Tudo bem, Oliver. Como quiser. Tenha um bom final de semana. – ele esperou que o mais velho desligasse para fazer o mesmo.

— E então? – Felicity perguntou já vendo Roy traçar seu caminho até o elevador.

— O que você acha? – o garoto sorriu de canto e foi junto com Felicity até o elevador.

▪▪▪

Naquele dia em particular, Felicity dispensou o carro da empresa que a levava em casa e pegou o transporte coletivo com Roy. Não era das piores coisas, tirando as várias paradas que dava antes de chegar ao destino, ainda era agradável. Se Roy estava a convidando para conhecer sua amiga, teria que começar a ver como ele vivia, e aquilo envolvia seguir sua rotina normal.

Não demorou muito para que os dois chegassem ao destino e logo seguirem para dentro do shopping, onde Cindy já estava à espera.

— Ei Sin! – Roy se aproximou dela e a abraçou.

— Não sei como consegui ser liberada mais cedo hoje, então faça valer cada segundo. – ela riu enquanto era abraçada pelo amigo.

— Com certeza vou fazer. – ele a soltou. – Essa daqui é Felicity. – ele olhou para a loira ao seu lado. – Felicity, essa é Cindy. – agora ele voltava o olhar para a amiga.

— A famosa Felicity. Se eu soubesse que viria, teria me arrumado melhor. – Cindy sorriu e abriu os braços, esperando um abraço da garota.

— Ah, eu sou famosa? – Felicity olhou para Roy um tanto envergonhada. – Devo dizer que você também é, visto que Roy fala de você a todo momento. – ela percebeu o gesto de Cindy e a abraçou.

— Não que isso valha de alguma coisa, mas eu falo de quem me faz bem, então são famosas sim. - Roy sorriu ao ver as duas se abraçando, não imaginou que aquela cena poderia acontecer, mas estava acontecendo.

— Prazer conhece-la. – proferiu Felicity ao se afastar.

— Cindy é minha família, então nada mais justo do que finalmente apresentar uma a outra. – ele olhou para a amiga, que lhe apertou a bochecha assim que o ouviu falar.