Após um bom tempo do lado de fora, Roy não sabia exatamente se deveria voltar e encarar Felicity e toda sua incompreensão mais uma vez ou simplesmente ignora-la e ir verificar com alguém o estado de Oliver. A dúvida martelava sua mente até ele avistar uma van parar na frente do hospital e algumas pessoas descerem dela. Um rapaz segurando uma câmera, outros dois rapazes segurando alguns outros matérias e uma mulher com um microfone em mãos.

— Eu não acredito... – sussurrou Roy para si, caminhando com rapidez para dentro do hospital. Ele chegou na recepção furioso, já batendo no balcão com raiva. – O que você fez? – falou com a recepcionista do hospital.

— Roy! – Felicity se aproximou dele. – O que está acontecendo? Porque está gritando com a recepcionista? – ela perguntava com dúvida.

— Ali. – Roy apontou para fora e Felicity viu a equipe de reportagem se aproximando.

— O que você fez? – agora ela havia repetido o mesmo ato de Roy.

— Eu... não... – a recepcionista gaguejava enquanto olhava amedrontada e sem jeito para os dois.

— O que vamos fazer agora, Felicity? – Roy olhou para a amiga, que parecia tão confusa quanto ele.

— Os dois funcionários mais próximos de Oliver estão aqui no hospital, uma recepcionista que entregou a situação dele para uma equipe de jornalismo, não temos uma mentira muito boa para inventar. – ela percebeu que a repórter já se aproximava dela e a câmera também mirava em sua direção.

— Eu já sei o que fazer. – Roy atravessou na frente de Felicity e percebeu a repórter se aproximar.

— Segundo informações, o empresário mais bem-sucedido da cidade de Starling deu entrada nesse hospital por essa manhã, e como podemos ver, sua secretária Felicity Smoak e seu estagiário direto Roy Harper estão aqui. – ela apontou o microfone para Roy. – Qual é a situação do Sr. Queen? Poderia nos falar? – perguntou enquanto aguardava uma resposta.

— Ele está muito bem. Não acho que um braço quebrado possa ter alarmado tanto uma equipe de reportagem. – Roy sorriu de canto enquanto falava com a repórter.

— Braço quebrado? Mas a informação que recebemos foi que o Sr. Queen foi esfaqueado. – ela insistiu.

— Mas que falta de profissionalismo uma equipe de reportagem se mobilizar dessa forma por um comentário que ouviram de alguém. Creio que vocês não estejam exercendo muito bem o trabalho que foram designados. – ele continuava sorrindo, o sarcasmo predominava em cada palavra que Roy proferia.

— Estamos averiguando os fatos, senhor. A notícia é falsa, então? – ela parecia chateada.

— Não! – a recepcionista gritou de trás do balcão.

Num movimento rápido, Felicity segurou o braço dela e apertou as unhas ali com força. - Se você abrir a boca mais uma vez, eu prometo que será a última. – ela sussurrou e jogou um olhar fuzilante para a mulher.

— Senhora, poderia nos contar então a verdade? – a repórter se aproximou da recepcionista.

Ela sentiu a dor no braço e gaguejou antes de começar a falar. – Ele está aqui, apenas quebrou um braço, como o garotinho ali falou. – ela parecia nervosa.

— Averiguados os fatos, constatamos que Oliver Queen encontra-se em observação médica por um acidente que acabou quebrando seu braço, é com vocês aí no estúdio. – finalizou a repórter.

Roy sequer deu atenção a mulher, apenas deu as costas e seguiu pelo corredor assim que viu a enfermeira que outrora havia auxiliado a colocar Oliver em uma maca. – Como ele está? – perguntou aflito.

— Roy Harper? – perguntou a enfermeira.

— Sim. – ele respondeu prontamente.

— Ele pediu para vê-lo. A médica está com ele, ela poderá lhe explicar melhor. Me acompanhe, por favor. – a enfermeira seguiu pelo corredor e Roy foi junto.

Assim que a sala foi mostrada a Roy, ele abriu a porta com cuidado e entrou, conseguia ver Oliver do mesmo jeito, parecia um pouco melhor do que antes, e agora estava tomando soro.

— Senhor Harper, presumo. – disse a médica assim que viu Roy entrando no recinto.

— Sim. – ele sorriu de canto e fechou a porta atrás de si. – Como ele está? – perguntou.

— Eu estou bem e estou lhe ouvindo, garoto. – respondeu Oliver com um sorriso no rosto.

— Sim, a situação dele é estável. O golpe não foi tão profundo e não feriu nenhum órgão, e como o ferimento foi estancado a tempo, ele não perdeu muito sangue e vai se recuperar completamente em breve. – disse a médica enquanto escrevia alguma coisa em uma folha.

— Obrigado por cuidar dele. Quanto tempo até se recuperar? – Roy continuou perguntando.

— Uma semana de repouso e ele deve estar novinho em folha. – completou.

— Uma semana?! Eu não posso parar por esse tempo todo. – disse Oliver assustado com o laudo.

— Sim, você pode e você vai! – Roy falou com autoridade.

— Acho que vocês precisam conversar. – a médica sorriu e saiu da sala.

— Você sabe o que eu posso perder faltando ao trabalho por uma semana? – perguntou Oliver enquanto olhava para Roy.

— Você sabe o que você pode perder indo trabalhar depois de ter levado uma facada na barriga? A vida, Oliver. – respondeu Roy, silenciando o mais velho. – Eu não posso te perder. – ele pigarreou. – Digo... A empresa não pode te perder. – ele colocou a mão no ombro de Oliver e acariciou ali.

— Mas eu vou ficar bem. – Oliver não se contentava.

— E vai ficar melhor ainda se cuidar um pouco mais da sua vida pessoal. Eu prometo que nada vai sair dos eixos, tudo vai ficar tão bem quanto já é. Eu e Felicity vamos dar conta de tudo. – Roy sabia que podia se expressar da maneira que queria com Oliver, depois da noite que tiveram, qualquer coisa seria pequena. Ele levou sua mão até o rosto do mais velho e começou a acariciar sua barba lentamente.

Oliver parecia gostar do afago feito em seu rosto, ele até movia um pouco a cabeça para sentir melhor os dedos de Roy lhe acariciando. – Você é o melhor, garoto. – sussurrou enquanto fitava fixamente os olhos de Roy.

— Não tanto quanto você. – Roy também sussurrava, sua mão agora parecia segurar o rosto de Oliver e seu corpo parecia reagir contra sua vontade. O garoto sentiu seu tronco se inclinar para frente e seu rosto descer na direção do de Oliver, o olhar hipnotizante do mais velho parecia convidá-lo, e Roy não rejeitou o convite, apenas se aproximava gradativamente ao ponto de sentir a respiração de Oliver tocar seu rosto. No momento em que os lábios de Roy estavam prestes a tocar os de Oliver, uma batida foi ouvida na porta, e os dois se recompuseram, era como se o efeito da hipnose tivesse passado, e agora eles sentiam vergonha do que havia acontecido.

— Oliver? – Thea abriu a porta e ao ver o irmão na cama, correu até ele. – O que aconteceu com você? Eu vi na televisão que tinha sido só um braço quebrado, mas quando soube que Felicity e Roy estavam aqui, imaginei que não fosse só isso. – ela viu a faixa ao redor da barriga dele. – Por favor, me diga que está tudo bem. – os olhos dela estavam marejados.

— Calma, está tudo bem. – Oliver sorriu. – Foi só um acidente, mas uma semana de repouso e já vou estar bem de novo. – concluiu.

— Mas o que aconteceu? Como isso aconteceu? – ela parecia nervosa.

— Eu fui até a Verdant e quando estava saindo, um rapaz abordou a mim e Roy, eu reagi e acabei sendo esfaqueado. Mas ele me levou até sua casa e cuidou de mim até que eu estivesse numa situação melhor para vir até aqui. – Oliver resumiu a história da melhor forma possível.

Thea virou para Roy, que parecia perdido naquele momento. Ela se aproximou do garoto e o abraçou com força. – Obrigada! Você salvou a vida do meu irmão. – ela soltou o garoto após um bom tempo abraçada. – Fez bem em não trazê-lo aqui imediatamente, tenho certeza que o nervosismo não iria lhe permitir criar uma história tão boa quanto a do braço quebrado, mas se ele morresse por causa disso, você também estaria morto. – ela sorriu de canto e voltou a atenção para Oliver.

Por um momento, Roy se sentiu o herói da situação, queria ter visto a cara de Felicity ao ouvir que fez certo em não leva-lo até o hospital imediatamente, ele sabia que daquele dia em diante, sua vida estava prestes a se transformar, e ele não pretendia estar sozinho naquela nova etapa, já tinha a certeza de quem o acompanharia.