Hermione

Ainda conseguia me sentir estranha, com um gosto amargo na boca e frio na barriga, desde o momento em que aquele homem havia dito meu nome, agindo de uma forma tão esquisita. Mil questionamentos surgiram, dentre eles, como ele poderia me conhecer, porém depois daquela afirmação de que ele sabia quem eu era, as perguntas e interrogatório das amazonas se tornaram ainda mais sérios. Hipólita exigiu que ele fosse levado até a sala do trono e assim foi feito.

Uma das coisas mais surpreendentes até aquele momento era o fato de ele não demonstrar surpresa ou resistência a nada que mandávamos que ele fizesse, e a única coisa incomum era o fato de vez ou outra ele procurar por mim e sempre que me achava, eu sentia a tristeza em seu olhar, a mágoa evidente pelo fato de não conseguir lembrar-me dele.

— Vamos começar as perguntas e espero que saiba que se tentar mentir, o Laço lhe impedirá de tal feito. É preferível que você seja sincero, tanto pelo nosso tempo, quanto pela sua integridade física. — Hipólita disse com sonoridade.

— Ah, vocês não precisam me bater. Falarei tudo o que quiserem e até mais.

— Não iremos bater em você. O Laço costuma esquentar e quase queimar as pessoas que resistem a ele. Por isso o aviso. — Ela respondeu como se aquilo fosse óbvio, e assim que recebeu um aceno do rapaz, continuou — Qual é o seu nome?

— Me chamo Draco Malfoy.

— E de onde vem?

— De Londres.

— Como descobriu sobre Themyscira?

— Sou um historiador e arqueólogo. Toda história antiga e misteriosa me agrada. Por esse motivo já havia estudado a ilha há tempos, mas sabia que nunca conseguiria chegar aqui, por toda a dificuldade que nos deparamos.

— E quanto ao Laço da Verdade? Como o conseguiu?

— Como eu disse, há tempos tento chegar aqui, e ao estudar lendas e mitos sobre essa ilha ouvi falar de Diana. Descobri que era verdade, então a procurei para saber se ela poderia me ajudar a vir. Ao chegar em seu antigo local de trabalho, me informaram que ela havia sumido misteriosamente deixando apenas uma carta de demissão para o RH. Então decidi investigar um pouco mais sobre isso e fui até o apartamento em que ela morava. Consegui entrar sem que ninguém visse, e lá encontrei o Laço e percebi algumas coisas quebradas e fora do lugar.

— Por Zeus! Então você tem informações da minha Diana?

— Como eu disse achei tudo muito suspeito, então decidi continuar a investigação e notei algumas coisas estranhas, como o fato de que seu apartamento não foi desocupado para um novo morador e o fato de que poucas pessoas sabem sobre o seu desaparecimento. As pessoas acreditam que ela viajou para a casa da família, mas como eu sei quem é a família, tive certeza de que havia mais coisas aí.

— Você foi enviado por Zeus para me avisar sobre o paradeiro da minha filha?

— Na verdade, não. Trouxe essas informações para que tenham certeza que não sou um inimigo, mas o meu verdadeiro intuito aqui é outro.

— Diga de uma vez então qual é o intuito.

— Vim buscar minha noiva Hermione e levá-la para casa. Eu sabia que ela estava aqui, acreditava nisso.

Foi exatamente nesse momento que senti meu estômago despencar. Quase conseguia chutá-lo com os meus pés, tamanha era minha certeza de que ele deveria estar no chão.

— Do que está falando? — Hipóita quis saber. — Hermione foi enviada por Zeus para nos ajudar a encontrar Diana no mundo dos homens.

— Não, Hermione assim como eu é uma historiadora e arqueóloga que ficou encantada com a ilha e decidiu que chegaria aqui a todo custo.Então um ano atrás ela se envolveu em um acidente de barco enquanto procurava por Themyscira. Desde esse momento me dediquei a encontrá-la, por esse motivo fui até Diana e descobri tudo isso.

Então essa era a história verdadeira sobre eu estar ali. Continuava zonza e parecia ter perdido a habilidade de falar, eu só conseguia olhar de um para o outro, observando as respostas e perguntas feitas, ansiosa para saber mais sobre mim mesma, e com a estranha sensação de que agora o vazio que sentia antes aumentara.

— Meu rapaz, sua história seria totalmente válida, se não fosse um pequeno detalhe: Só é possível entrar em Themyscira aquelas cujo coração são de verdadeiras amazonas. Portanto, Hermione estar aqui não é uma mera obra do acaso. Ela está aqui porque Zeus ouviu minhas preces e a enviou.

— Vamos dizer que a sua teoria esteja correta, posso saber como eu consegui entrar?

— Porque foi puxado por mim. Somente por esse motivo, garoto. — Saory respondeu, ainda mais séria do que de costume.

— Hermione é uma amazona, agora. Ela vai nos ajudar a resgatar Diana e aí os deuses permitirão que ela decida o seu caminho futuro. Até porque, nem mesmo Hermione consegue lembrar-se de sua vida antes de chegar aqui.

— Vocês a mantém aqui porque precisam de informações sobre Diana? Já lhes disse que posso falar tudo o que sei, quem sabe assim consigam o que tanto querem. Não precisam mantê-la aqui contra a sua vontade.

— Hermione, pode vir aqui? — Percebi que Hipólita me chamava, parecendo impaciente. Seus olhos não desviaram dos de Draco nem por um segundo. Incerta, caminhei devagar até chegar ao lado dela. Hipólita pegou um pedaço do Laço que restava e amarrou-o em meu pulso — Agora que está presa ao Laço da Verdade, que lhe impede de mentir, pode dizer a ele o que sabe sobre você mesma?

— Tudo o que sei… — Ouvi minha voz sair mais firme do que imaginei ser possível. — É que há um ano atrás acordei aqui, com essas mulheres incríveis cuidando de mim. E desde então tenho treinado e me esforçado para ajudá-las a encontrar Diana, como forma de agradecimento. Além disso, sou tratada muito bem aqui. Ninguém está me forçando a nada.

— Viu só, rapaz? Ela está aqui por vontade própria.

— Teremos que fazer algo a respeito, então. Porque eu não saio daqui se Hermione não estiver comigo. — sua voz, apesar de tranquila, deixava claro que ele não estava disposto a voltar atrás. E aquilo também me pareceu familiar.

— Minha rainha, acho que está na hora do conselho se reunir. — Sawny, uma das mais velhas no conselho disse.

Não tardou a que Hipólita ordenasse que Draco fosse levado para outra sala e o conselho se reuniu, ali mesmo na sala em que já estávamos. Eu não sabia exatamente o que estava fazendo, parada no meio da sala, olhando para o vazio que antes estava ocupado por aquele homem tão familiar e ao mesmo tempo, tão estranho. Minha mente repassando uma e outra vez, a forma como ele falava e agia e aquilo era o mais assustador de tudo.

Poderiam ter se passado segundos, minutos ou horas, eu não saberia. Tudo o que eu sabia, sem sombra de dúvidas era que eu não estava me importando com nada que estava passando ao redor. Nem as mulheres que discutiam sem parar o que fazer com Draco e suas informações, nem com o fato de finalmente ter tirado algumas duvidas sobre minha antiga vida. O que eu não sabia era que as respostas trariam mais perguntas. Essa falta de atenção, resultou no tremendo susto que levei, quando percebi todas em posição novamente e mais uma vez Draco entrou, acompanhando Saory, mas dessa vez não estava mais com o Laço enrolado em si. Ele caminhou despreocupado para perto da rainha e esperou pacientemente, pelo que pareceram segundos extremamente longos, até que finalmente ela ficou de pé e se pronunciou.

— Nós chegamos a uma conclusão.

— Estou ouvindo atentamente. — Draco respondeu em seu tom mais sarcástico.

— Há um ano atrás, Zeus enviou Hermione para unir suas forças à nós. Ela passou um ano se preparando para o momento em que sua missão seria executada e nós nunca sentimos antes que ela está tão preparada como agora. Então agora, Zeus nos mandou você, com informações que podem ajudar a encontrar Diana sã e salva. Por esse motivo nós acreditamos que está na hora, esse é o sinal dos deuses. Mas não posso deixá-los ir salvar minha filha com alguém despreparado. Por isso chegamos à conclusão de que por um mês inteiro, você irá treinar e aprender o máximo que conseguir para depois irem encontrar Diana, e depois disso, os dois são livres para fazer o que quiserem.

O quê?

— O quê? — O rapaz em questão verbalizou minha pergunta, parecendo extremamente perplexo. — Ouça, eu respeito totalmente as suas crenças e posso imaginar a dor de perder uma filha, mas isso não faz sentido algum. Vim aqui buscar minha noiva porque temos uma vida e ela já parou a dela por mais de um ano.

— Sinto muito, senhor Malfoy, mas não estou pedindo permissão. Não há um meio fácil de sair de Themyscira, a não ser que uma de nós os tire daqui. Acredite, não quero prender ninguém contra a vontade, mas esse é o pedido de uma mãe desesperada, porque é isso que sou, antes mesmo de rainha. Você tem informações que podem salvar minha filha, e eu não estou disposta a deixá-lo ir.

— E por que você acha que tenho alguma capacidade de ajudar? Sou um simples mortal na frente de todas vocês e seus deuses.

— Você conseguiu chegar até aqui sem ajuda, não teve medo dos perigos que iria enfrentar e não envolveu ninguém nisso, tudo por amor e lealdade. Acredito que se tiver sua palavra, posso confiar que não descansará enquanto não a cumprir.

Por alguns segundos, Draco e Hipólita trocaram um olhar profundo e sincero e então ele soltou o ar lentamente e me encarou.

— Irei fazer isso. Claro que para ajudar, mas antes de tudo, por você, porque mesmo sem suas memórias, eu sei que minha Hermione Granger não descansará até encontrar Diana. — E por algum motivo, senti meu coração aquecer e o alívio me inundar. Apesar de tudo, eu queria salvar Diana e além disso, havia gostado de saber que aquele que se intitulava meu noivo, tinha um ótimo coração. — E então, majestade? Como vocês vão treinar a mim?

— Bom, uma vez que decidiu-se que você irá nos ajudar, e acredite, eu sou muito grata por isso, vou deixá-lo aos cuidados de duas das melhores guerreiras deste grupo. Hermione Granger e Gina Weasley.

***

Draco

Os dias estavam se passando rápido demais desde que eu havia concordado em participar daquela insanidade. Eu não tinha descanso algum, sentia cada parte do meu corpo dolorida e nunca conseguia um tempo suficientemente bom para conversar com Hermione. Ela continuava sendo esquiva, como se tivesse medo de lembrar da vida e de mim no processo e eu não poderia negar que aquilo me doía mais do que era humanamente possível. Ainda assim, não desisti. Parte de mim dizia que era necessário fazer aquilo por mim, por ela e mesmo pelas duas, mãe e filha, que deveriam estar sofrendo também.

Era o quinto dia que eu estava treinando pesado, correndo, fazendo abdominais, lutando com artilharia pesada, aprendendo a lançar flechas através do arco e mais milhares de coisas que no fundo eu me perguntava se seriam realmente necessárias. Naquele horário era com Gina que costumava treinar. Ela com certeza era uma louca meio sádica que sempre tentava encontrar meus limites e passar de todos eles da pior forma possível. Eu nem poderia imaginar como ainda não havia rompido nenhum ligamento ou artéria no corpo.

Apenas continuei treinando os exercícios de auto defesa, de costas para a entrada que ela sempre costumava aparecer e nem me dei ao trabalho de virar quando ouvi seus passos se aproximando.

— Está atrasada. Pensei que uma treinadora tão exímia e exigente nunca se atrasasse. — Disse enquanto continuava socando o ar como se estivesse lutando boxe com algum inimigo invisível.

— Bom, desculpe o atraso. — E então, quando eu ouvi sua voz congelei.

Como sempre acontecia a cada vez que sentia a presença de Hermione tão perto, meus instintos falavam mais alto e meu auto controle quase escoava pelo ralo. O problema era que ela não demonstrava nada e isso me magoava. O pior é que eu sabia que não deveria, já que ela não se lembrava de quem era.

— Ah, oi… Onde está Gina?

— Planejando estratégias de resgate com a rainha. Hoje vamos treinar juntos a sua auto defesa.

— Isso é… — O que eu queria dizer? Bom, maravilhoso, ótimo? Mas eu sempre tinha que deixar escapar algo incoerente, então eu completei de uma forma desconcertante — importante para que você e eu passemos mais tempo juntos. Quem sabe assim você consegue se lembrar quem é, quem eu sou e tudo o que nós…

— Draco, já conversamos sobre isso antes. Não adianta nada me dizer essas coisas, porque eu sinto muito mesmo, mas não consigo me recordar e fazendo isso, eu sinto que estou magoando você e não quero isso. Sinto muito — Ela disse com aquele olhar tão sério e penetrante. Eu sabia que esta estava sendo sincera, mas ainda assim foi inevitável sentir o gosto ruim da rejeição na boca. Respirei fundo. Eu iria recuperar a minha garota, porque apesar de tudo eu sabia que ela estava lá.

— Tudo bem, eu entendo. Então, o que vamos treinar hoje?

— Vamos continuar treinando a sua autodefesa corporal e assim que eu sentir que você melhorou um pouco mais, vamos cuidar da parte de armas brancas.

— E qual seu primeiro ensinamento de hoje?

— Sobre o treinamento de defesa pessoal, a primeira coisa que você precisa saber para conseguir sair de uma luta ileso é identificar os pontos fracos de seu adversário e fingir que ainda não sabe de nada. Dê confiança ao inimigo e assim, a soberba o derrubará.

— Mas se eu devo me defender, porque não atacar diretamente o ponto fraco?

— Porque se de cara você demonstrar que achou o lado mais fraco dele, com certeza ele vai ter uma linha de defesa e você vai ter muito mais trabalho do que se simplesmente conseguir atacá-lo quando ele não estiver esperando e nem vendo.

Vamos fazer uma demonstração muito simples. Imagine que você conseguiu perceber que tenho um tremendo ponto fraco na região das costelas. Qualquer pessoa iria simplesmente tentar atingir meu ponto fraco, não acha? Por esse motivo, minha defesa seria aprimorada instantaneamente. Mas uma vez que você não demonstra que achou meu ponto fraco, não irei sentir a necessidade de proteger o local e em algum momento irei me descuidar o suficiente para que você me imobilize e quem sabe, consiga até mesmo me conter e finalizar, apenas aproveitando-se do meu ponto fraco.

— Apesar de entender tudo o que você disse, não consigo visualizar a cena. Será que podemos treinar a prática?

— Claro Então vamos lá. Seguindo o exemplo que eu te dei, tente me pegar desprevenida o suficiente para golpear a região das minhas costelas.

E assim eu fiz. Não sei exatamente em que momento estávamos em uma luta corporal, mas estávamos e eu realmente estava me empenhando para conseguir acertar as costelas de Hermione, mas não da maneira como ela estava esperando.

— O que você está fazendo? — Ela perguntou assim que meus dedos se fecharam em sua cintura e começaram a subir de uma forma rápida e constante. E então ela gargalhou, exatamente como na época em que eu fazia cócegas nela para que soltasse o controle remoto ou para que me deixasse trabalhar sem ser interrompido. Seu sorriso livre e espontâneo levou o resto da minha sanidade e ela se jogou no chão como fazia apenas quando não aguentava mais.

— Então quer dizer que eu achei o seu ponto fraco, não é mesmo?

— P-para por favor.-- Ela disse enquanto se debatia inteira. Os olhos estavam lacrimejando e ela estava corada e por alguns segundos eu voltei no tempo, para todas as noites em que brincamos daquela forma e depois nos beijamos e namoramos como dois loucos apaixonados que realmente éramos.. — E-eu não... consigo respirar.

— Atrapalho o casal? — Gina disse em alto e bom som. Cada palavra carregada de um deboche absurdo. E então a ficha caiu e me dei conta de que ali não havia brincadeiras ou tempo para se distrair, por mais que eu tivesse amado passar aquele curto momento com Hermione, pela primeira vez em um ano, observando seu sorriso lindo e sincero. Mas, tudo o que é bom dura pouco, então a soltei e no segundo seguinte ela levantou do chão e assumiu a posição de guerreira séria e impassível.

— Não, Gina. — Respondi no tom mais seco que consegui.-- Não estava com a rainha, procurando estratégias sobre qualquer coisa que não me interessa?

— Tivemos que adiar essa conversa, já que a rainha teve imprevistos, e como Hermione também precisa treinar, vim o mais rápido que pude para assumir meu lugar de treinadora.

— Então, se não tenho mais nada para fazer aqui, vou embora.

E ela foi mesmo, sem nem me dar a chance de dizer um até logo, e eu? A respeitei porque sabia que as coisas com ela só voltariam ao normal — se voltassem — no devido tempo. E esse tempo não seria agora e muito menos ali, tão longe de casa.

— Por que você faz isso, hein? — Nem sequer percebi o que estava dizendo até que as palavras saíssem da minha boca. Gina me encarou, um sorrisinho esticando seus lábios.

— Isso o que?

— Já é a quinta vez que me encontra tentando ter alguma interação com a minha noiva e sempre nos atrapalha, mas no final de cada treino sempre diz para que eu continue tentando porque ela vai lembrar-se de mim. Você está tentando ser minha amiga ou não?

— Vai por mim, eu estou te ajudando. Cada vez que eu chego e os interrompo, tiro dela a possibilidade de se arrepender de estar com você e falar algo que te magoe ou que deixe o clima entre vocês esquisito. É melhor interromper enquanto ainda estão sorrindo do que deixar que o momento de vocês acabe e ela te trate mal ou se sinta estranha.

— E como você pode saber tanto sobre relacionamentos se morou nessa ilha a sua vida inteira?

— Duas coisas… — Ela começou com o sorriso ainda mais largo e levantou os dedos. — Um, eu não passei a minha vida inteira aqui. Dois, ainda que estivesse passado, sou mulher e meus instintos dizem que estou absolutamente certa no que digo.

— Como assim você não é daqui?

— É uma história longa. Eu era uma garota doida da cidade grande, que perdeu os pais num acidente de carro e não tinha muito contato com os irmãos. Para preencher o vazio da saudade comecei a me envolver com caras muito errados e um dia, um babaca me convenceu a passear no iate dele. Quando estávamos longe o suficiente, ele tentou fazer coisas muito erradas e depois simplesmente me jogar no mar, mas o que ele não sabia era que aparentemente eu sou uma escolhida de Zeus, uma amazona. E na hora que ele tentou fazer algo, eu caí na água e acordei na Ilha. Olha, até que não é tão longa assim.

— Então você não quis mais voltar para a sua vida lá fora?

— E por que eu quereria? Não há nada lá além de dor e sofrimento. Aqui, eu me sinto protegida, amada e útil. Não há melhor sensação no mundo.

— E seus irmãos?

— Os vejo a cada semestre que passa. Viajo até a cidade praiana de onde você veio, passo uns dias com eles e depois volto, geralmente com notícias de Diana. Foi eu quem descobriu que ela havia sumido.

— Você não pode simplesmente escolher jogar a sua vida fora para morar com essas mulheres que nem conhece…

— Na verdade, eu posso e foi exatamente o que fiz. Se esse nervosismo tem algo a ver com a preocupação de Hermione lhe deixar, pode respirar aliviado. Ela não vai.

— E como você pode ter tanta certeza?

— Porque o cérebro pode apagar as memórias, mas o coração não apaga os sentimentos. E essa garota te ama, mesmo que ela não lembre o motivo.

Por mais que eu não quisesse encher meu coração de esperanças e expectativas, foi impossível não o fazer. Olhei para longe, encontrando Hermione em um treinamento pesado e me permiti admirar a mulher que eu amei desde a primeira vez que vi.

— Mas, vamos deixar a melosidade de sentimentos para o lado. Você ainda tem muito o que treinar, fracote.

— Ei… tenho absoluta certeza que venço você em uma briga. Não fiz três anos de artes marciais a toa e antes que… — Mas eu não completei a frase, porque Gina me deu uma rasteira sem fazer o mínimo esforço e ali entendi que sim, eu precisava treinar muito para conseguir derrubar qualquer uma daquelas mulheres. E a primeira que iria derrubar, seria aquela traidora ruiva que estavam gargalhando de mim.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.