The Boyfriend

"Se acontecer algo pior com Nico, eu juro que a próxima deitada numa maca será você!"


– O que acha de fazermos uma festa na escola? - Piper sugeriu. - Nico poderia se declarar cantando, parece que ela adorou sua voz!

– Nem pensar! - Nico praticamente gritou. Silena deu uma risadinha.

– Ele tem muita vergonha. - Ela explicou tomando um gole de refrigerante. Annabeth balançou a cabeça discordando.

– E Thalia odeia festas de escola, nunca conseguiríamos convencer ela a ir em uma. - A loira lembrou. - Além disso, ela acharia que Nico faria isso apenas por causa do acordo.

– A melhor pessoa para nos ajudar com isso seria a Clarisse, o humor dela e de Thalia não parecidos. - Silena suspirou. - Mas se contássemos algo assim para ela, acho que Luke estaria morto, e Thalia também, por fazer Nico se sentir... como mesmo você está se sentindo, Nico? Ah, confuso.

Nico olhou irritado para a amiga, que abriu um pequeno sorriso de deboche. As outras garotas riram também e Nico revirou os olhos.

– Annie, você conhece Thalia há mais tempo que eu. - Piper disse. - O que acha que ela gostaria?

– Thalia não é muito romântica, nem eu, então nunca falamos muito sobre isso. - A loira admitiu. - Mas sei que ela é tapada demais para perceber indiretas, então você teria que ser bem direto com seja lá o que for fazer. Sabe, falar todas as palavras, tipo: Ei, Thalia, eu gosto de você, quer namorar, de verdade, comigo?

– Mas o Nico nunca faria isso, tímido como é. - Silena falou antes que o garoto pudesse abrir a boca. - Com Nico, precisa ser algo totalmente ao contrário, com indiretas e devagar, um passo de cada vez.

– O jeito vai ser nós nos intrometermos. - Piper concluiu. - Você sabe, não falar diretamente para Thalia, mas jogar algumas indiretas diretas sobre ele ou algo assim.

– Mas ela não sabe que nós sabemos que eles não estão namorando de verdade. - Annabeth lembrou.

– Que tal fazer ela dar o primeiro passo? - Silena sugeriu. - Pelo o que Nico nos disse, ela ficou com ciúmes dele. E se nós fizermos ela ter tanto ciúmes que vai, sei lá, admitir que gosta dele também?

– Credo, estou me sentindo uma menininha em uma festa de pijamas. - Nico fez uma careta, mas as garotas o ignoraram.

– Isso pode dar certo, Sil. - A loira concordou. - Como a Thalia é, é bem capaz da garota sair um pouco machucada, mas ela vai acabar admitindo.

– Nico você tem uma amiga que possa fazer ciúmes na Thalia? - Piper perguntou.

– Vocês estão considerando a hipótese de a Thalia não gostar de mim, certo? - Nico perguntou. - Eu já disse, Thalia não me vê nem ao menos como um amigo!

– Tenho certeza que ela disse aquilo da boca para fora, Nico. - Annabeth mexeu a mão impacientemente. - Ela é assim, quando está irritada diz coisas que não quer realmente dizer. Uma vez estávamos brigando e ela disse que me odiava e que eu era a pior amiga que ela poderia ter arranjado, depois de um tempo ela voltou chorando e pedindo desculpas.

– Isso é verdade Nico. - Piper concordou. - Tenho certeza que ela deve estar morrendo de arrependimento, ela é assim.

– E é assim que vamos usar isso contra ela, Nico. - Silena explicou. - Ela é impulsiva, por isso, vamos fazer um "eu gosto de você" escapulir da boca dela num momento de desespero.

– Tudo bem, suponhamos que vocês estejam certas e isso dê certo, quem raios poderia fazer ciúmes nela propositalmente? - Nico perguntou.

– Vou fazer uma lista de amigas minhas que estão me devendo favores e depois nós vemos qual é a melhor. - Silena sugeriu.

~^~

Nico se lembrou que deixara Thalia no shopping sem uma maneira de voltar para casa e se sentiu mal. Entrou em casa e foi recebido por uma Mary sorridente, mas logo o sorriso dela se desfez.

– Cadê Thalia? - Perguntou. - Vocês sairam daqui gritando, aconteceu alguma coisa?

– Ela ainda não voltou para casa? - Nico perguntou. Mary balançou negativamente a cabeça.

Nico se virou e saiu novamente, agora fobado. Bateu na porta do apartamento que ficava ao lado do seu e um Jason sonolento atendeu a porta.

– Nico? - Se espantou ao ver o garoto.

– A Thalia está aqui, Jason? - Perguntou desesperado. Jason balançou negativamente a cabeça.

– O que aconteceu? - O loiro perguntara, mas já era tarde, Nico já corria escada a baixo, direto para o estacionamento.

Pegou o celular e ligou para Thalia, mas ela não atendera. Ele sentia vontade de se estapear, como podia tê-la deixado sozinha e sem dinheiro num shopping que era longe da casa deles? Voltou dirigindo apressadamente para o shopping, procurando em cada canto que podia a garota, mas não a encontrou em lugar nenhum. Resolveu fazer o caminho de volta para casa, dessa vez mais devagar, para ver se ela estava voltando a pé. Nada.

Pegou o celular e tentou ligar para ela pela quinquagésima vez, mas, como nas outras, ela não atendeu. Ligou para Annabeth.

– Annie, você sabe de algum lugar que Thalia possa ter ido? - Ele perguntou. - Eu estava com raiva àquela hora e a deixei sozinha no shopping, mas ela estava sem dinheiro e tinha vindo de carro comigo, não está na casa de Jason nem atende o celular.

– Eu vou ver se consigo falar com ela ou com algum amigo dela. - Annabeth disse percebendo o quanto o garoto estava desesperado. - Enquanto isso, procure ela em lanchonetes perto do shopping ou algo assim.

Nico concordou e desligou. Continuou dirigindo rapidamente e ia mais devagar a cada lanchonete que passava. Passaram-se uns dez minutos até que seu celular tocasse novamente.

– Oi Nico, eu não consegui falar com ela e nenhum amigo íntimo de Thalia sabe onde ela está. - Annabeth disse. - Mas todos eles estão procurando por ela, inclusive eu. Ela não está atendendo nenhum de nós. Percy disse que ele, Clarisse, Silena e mais algumas pessoas vão te ajudar a procurar pela cidade, enquanto eu, Piper, Leo e Jason vamos procurar mais uma vez no shopping. Eu deixei umas trezentas mensagens na caixa postal dela, mas...

E Nico não conseguiu ouvir mais nada, só sentiu a pancada e tudo ficou escuro.

~^~

– Nico? - Annabeth perguntou preocupada quando ouviu o barulho. - Nico, o que foi isso?

Ele não estava respondendo e isso a fez ficar preocupada. Piper, que estava no banco do passageiro de seu carro a olhou curiosa.

– O que foi Annie? - Piper perguntou. Annabeth suspirou e virou a direção do carro bruscamente.

– Acho que Nico acabou de bater o carro. - A loira respondeu dirigindo rápido. - Pelos meus cálculos, ele deveria estar fazendo o caminho de volta para o shopping. Vamos dar uma olhada.

~^~

– Ai meus deuses! - Clarisse gritou correndo até o local onde um monte de gente estava tumultuada. Ela estava procurando Thalia quando recebeu uma mensagem de Annabeth para procurar uma batida de carro nos arredores. E ela encontrou.

Nico já havia sido retirado de dentro do carro por um médico que estava dirigindo por ali, mas a ambulância ainda não chegara e ele estava sangrando. Ela se ajoelhou ao lado dele. Minutos depois, a ambulância chegou e Clarisse foi junto com ele até o hospital. Ligou para os amigos, avisando para onde estavam indo.

~^~

"Thalia, todos nós estamos preocupados com você, atenda a porcaria do celular, sua vaca!"

Thalia suspirou e passou para a próxima mensagem de Annabeth, que chegara há alguns segundos. Estava esperando xingamentos, mas ao invés disso, a mensagem era um apelo.

"Olhe, Thalia, eu sei que você está se escondendo, mas apareça. Nico sofreu um acidente, está no hospital do centro. Não sei o estado dele, ainda estou indo para lá. Eu sei que, apesar de tudo, você se importa com ele, então vá para lá imediatamente."

Thalia sentiu seu coração se quebrando em milhões de pedacinhos. Não podia acreditar nisso. Se levantou e correu até a avenida. Pediu carona para o primeiro carro que passou.

– Estou indo para o centro. - A motorista disse. - É perto de onde você quer ir?

– Eu quero ir para o hospital de lá. - Thalia respondeu afobada. A mulher disse para que ela abrisse a porta e entrasse.

Não demoraram muito para chegar. Thalia agradeceu a mulher e correu para dentro do lugar. Na sala de espera estavam Percy, Silena, Piper, Annabeth, Mary, Charles, Chris e Clarisse. Todos olharam para Thalia quando ela chegou, mas a única que fez algo foi Clarisse. A garota andou a passos largos até onde Thalia estava, com uma expressão nem um pouco agradável.

– Está feliz agora? - Perguntou irritada. - Conseguiu fazer seu showzinho, pronto. Fique sabendo que tudo isso é culpa sua, ouviu? Se acontecer algo pior com Nico, eu juro que a próxima deitada numa maca será você!

E saiu batendo o pé. Chris saiu logo atrás, afim de acalmar a namorada. Os outros olhavam com uma expressão indecifrável para a garota, mas ela sabia o que estavam pensando. Por mais desagradável que tenha sido, Clarisse disse algo que todos sabiam, mas ninguém queria dizer: aquilo era culpa de Thalia.

A garota se sentou em uma das poltronas e escondeu o rosto nas mãos, soluçando. Estava tão arrependida, por tudo. Mesmo depois que ela fora tão grossa com Nico, ele tentou procurá-la, mas ela tinha vergonha de olhar para ele novamente, e, enquanto a procurava ele sofreu um acidente.

– Calma, Thals. - Annabeth pediu, se sentando ao lado da amiga. - Não é realmente culpa sua, ouviu? A culpa é minha, na realidade. Era eu quem estava falando com Nico no celular quando ele se distraiu e não viu o farol.

Clarisse voltou para a sala de espera, acompanhada de Chris, que sussurrava alguma coisa para ela.

– Mas, se eu não tivesse ignorado todas as ligações dele, isso não teria acontecido. - Thalia praticamente gritou. - Eu quem deveria estar naquele quarto de hospital, não ele!

Annabeth ia falar mais alguma coisa, mas o doutor chegou naquela hora procurando pelos parentes de Nico. Todos se levantaram e o olharam esperançosos.

– Eu tenho boas notícias. - O doutor falou. - Na batida, ele bateu a cabeça na porta do carro, por isso está desacordado, mas nada de grave aconteceu, a não ser, é claro, o fato de ele ter quebrado o braço esquerdo.

Silena começou a chorar de alívio e Clarisse deu um grande suspiro. Thalia se sentia melhor por saber que ele estava bem, mas o peso em sua consciência era grande demais para que se sentisse feliz.

– Ele deve acordar em pouco tempo, então vocês poderão vê-lo. - O doutor disse. - Mas peço que sejam no máximo três por vez.

Dito isso, ele se retirou.