Voltei para o quarto 50 minutos depois para encontrar Brendon sentado na minha cama. Ele já vestia a parte de baixo do pijama, mas a camisa ainda estava jogada em cima da cama. O seu cabelo estava molhado e os pingos desciam pelo seu pescoço até o peito nú.

- O-oi... - Ele começou a falar, fazendo-me voltar o meu foco para seu rosto.

- Oi.

- Hm, obrigado pelas roupas.

- De nada.

- É...

E esse é o fim. Saí do quarto e voltei para a sala, sentando-me no sofá. Boris dormia tranquilo no chão enquanto meu coração praticamente implodia dentro do meu peito. Eu tinha pensado, nesses poucos segundos, em coisas que eu nunca imaginei pensar sobre alguém. Sentia-me confuso, sem saber como reagir apropriadamente.

- Você está bem? - A voz suave dele ecoou na minha cabeça. Não resisti e acabei sorrindo.

- Hm, sim.

- Eu hm, acabei então... Pode voltar pro seu quarto.

- Tá...

Levantei do sofá e não olhei para ele. Meu peito doeu. Ignorei. Voltei para o quarto, entrei de baixo do cobertor e não dormi. Meus pensamentos não me deixavam em paz e eu estava nervoso. Nunca tinha me sentido assim, com ninguém. Nem... Nem com ele.

O ponto era: Eu não conseguia mesmo dormir. Tudo em que eu pensava era Brendon, Brendon, Brendon, Brendon, Brendon... Isso não era saudável. Nem lógico. Não fazia o mínimo sentido tudo isso. Era tão estranho. Decidi me embreagar para tentar dormir e fui até a cozinha. E, para isso, tive que passar pela sala. E, sim, sou fraco.

Parei para observá-lo. Ele parecia um anjo dormindo. Não resisti aos impulsos do meu corpo e passei os dedos pela bochecha dele. Sua pele era tão macia que eu cheguei a me perguntar se era mesmo real.

- Hm? - Gelei. Ele abriu os olhos, ainda sem foco, e eu simplesmente fiquei ali, esperando sua reação - Ryan?

Não respondi.

- Ryan? - Ele se sentou no sofá, agora devidamente acordado e eu me afastei - O que foi?

- N-nada... Hm, é...

- O quê?

- Eu... Eu só...

- Acalme-se - Ele sorriu para mim e meu coração fez um movimento fora do ritmo - O que você quer?

...

- Você.

Brendon ficou pálido. Nem eu acreditei no que tinha acabado de dizer. Eu não estava pensando direito e acabou saindo. Não que não fosse verdade...

- O quê?

- O-o quê?

- O que você disse?

- O quê.

- Antes.

Emudeci. Ele não tirou os olhos de mim e eu me senti envergonhado. Seus olhos não estavam com medo ou raiva, mas acessos, apaixonados. Meu coração bateu forte no peito, conforme eu me deixava levar por essa nova onda de sentimentos e chegava mais perto dele. Sentei-me no sofá ao seu lado e fui chegando mais e mais perto. Ele parecia compreender minhas intenções, porque também se aproximava. Meus batimentos estavam mais fortes e descompassados que antes e eu me sentia tão vivo. Demorou, mas finalmente unimos nossos lábios em um beijo.

A sensação era incrível. Eu sugava o lábio inferior dele com toda a força enquanto ele me puxava para perto pelo cabelo. Passei minhas mãos pelos lados da sua cintura e assim fomos afundando no sofá, até o ponto onde eu estava completamente por cima dele. Tivemos que nos separar algum tempo depois, mas apenas o suficiente para recuperarmos o fôlego. Olhei diretamente em seus olhos e me vi tomado por um desejo sem tamanho. Era como se eles estivem pedindo, implorando para mim.

- Vamos para o quarto - Foi tudo o que o meu cérebro conseguiu produzir. Eu não quis que parecia assim tão depravado, mas foi o que saiu. Felizmente, ele não notou... Ou também já tinha isso em mente.

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Acordei de manhã me sentindo ótimo. Brendon dormia com a cabeça sobre o meu peito e os braços envolvendo a minha cintura. Não consegui deixar de sorrir. Fazia muito tempo; Muito tempo mesmo, que eu não me sentia tão bem. Nem me lembro da última vez.

O relógio marcava nove horas e trinta e sete minutos. Era uma segunda-feira. Há essa hora, Patrick já deveria estar de pé e pensando. Ele poderia me ajudar. Soltei-me de Brendon, coloquei uma bermuda e uma camiseta quaisquer e saí do quarto. Patrick estava no sofá, Boris no colo e uma xícara de chá na mão. Parecia bem.

- Oi.

- Oi. Brendon dormiu com você? - Que sutil, Stump. Você realmente é uma lady.

- Bom...

- Não tem que me explicar nada. Só fiquei preocupado de o garoto ter saído sem avisar a gente.

- Garoto? Você fala como se ele fosse uma criança.

- E como quer que eu o trate?

- Não comece, Stump.

- Tá. Acha mesmo que está pronto pra isso?

- Não sei do que está falando...

- Ah, sabe sim. E não se finja de idiota.

- Não é bem assim... É que... É diferente.

- Diferente como?

- Ele. Ele é diferente. Ele não é como William. Ele... Ele é muito mais.

Patrick arregalou os olhos. Eu tinha dito. Desde nosso término, há exatos dois anos e nove meses, eu não tinha falado o nome dele. William Beckett. Bilvy, para os íntimos. Acho que isso foi um passo.

- Que... Ótimo - Ele se recompôs e tomou um gole de chá - Brendon é um bom garoto. E ele gosta de você.

- Ele gosta?

- Sim. Foi o que eu disse.

- Posso te perguntar uma coisa?

- Claro.

- Quando você... Quando viu Pete pela primeira vez, como soube que era ele? Como você teve certeza?

- Até hoje não sei. Eu era só um cara gordo da dc e ele veio pedir um autógrafo numa revista. Assim que eu olhei para ele, eu soube. Era como se não existisse mais nada no mundo, só ele. O sorriso dele era tão bonito, e ele estava usando, no mínimo, uns dez quilos de maquiagem. Parecia loucura... Mas foi amor.

- À primeira vista?

- Isso. E ele sentiu também. Tipo, duas horas depois ele apareceu na loja perguntando a que horas eu saía e se podíamos ir ao cinema juntos. Ele é rápido.

- Hm.

- Por que?

- Pare de pensar.

- Não é minha culpa. Acha que... Acha que está apaixonado, George?

- Eu... Eu não sei. É muito mais forte do que tudo que eu já experimentei. Não sei definir direito.

- Então, vou considerar como "mais ou menos".

- Como queira.

- Você não tem um homem na sua cama, Ryan? Devia estar lá quando ele acordar. Causa boa impressão.

- Odeio você.

Levantei do sofá e voltei para o quarto. Brendon ainda dormia. Sentei-me na cama ao seu lado e acariciei seu cabelo. Ele sorriu ao toque e abriu os olhos. Eles me agradeciam e brilhavam.

Ele se sentou na cama e celou nossos lábios. Sorriu outra vez. Meu coração parou por alguns segundos.

- Bom dia.

- Bom dia...

- Gostei do que você disse ontem.

- Eu... Eu estava nervoso.

- Uhum. E... Bom, isso que aconteceu... Para por aqui?

- E-eu queria que você saísse comigo, na verdade. Cinema, talvez?

- Claro. Amanhã à noite?

- Pode ser.

Ele me beijou outra vez e começou a se vestir. Ele abriu uma das malas em cima da cama e escolheu algumas peças. Decidi esperar do lado de fora do quarto. Vinte e dois minutos depois, ele abriu a porta, vestindo uma camiseta rosa gola v, jeans claros e uma jaqueta. A minha jaqueta de couro importada de Paris. Patrick tinha me dado quando publiquei meu segundo livro.

- Patrick e Pete já estão de pé?

- Patrick, sim; Pete, provavelmente não.

- Tá, vamos tomar café então.

- Claro.