Pesadelo

POV Jack

Foi assustador ver Merida naquele estado; deitada no chão com os cabelos vermelhos espalhados pela neve, se debatendo com força e parecendo amordaçada com areia negra. Ela estava sendo torturada pelos "capangas" de Breu, que infiltravam cada vez mais areia negra em sua cabeça, deixando-a com uma expressão de dor espalhada pelo rosto e a impedindo de gritar.

Arregalei meus olhos com a cena e cada vez respirava mais rápido, o que me deixou mais nervoso ainda. Não pensei duas vezes; fiz uma tempestade fortíssima de gelo e a lancei contra eles. Já que eu estava no meu território devia aproveita-lo ao máximo! Lancei uma rajada de gelo, forte o suficiente para tirar todos os pesadelos que estavam ao meu redor, e que se aproximavam de Merida.

Quando cheguei perto do lugar em que ela estava, bati nos últimos dois pesadelos com o cajado e eles se desfizeram, sumindo de vez. Toquei nela tentando acorda-la, mas ela parecia estar em choque. A peguei nos braços e levantei voo. Cheguei à sala de North em segundos e todos que estavam lá nos olharam assustados.

Pousei, vendo que Merida ainda piscava os olhos um pouco abalada e corri para perto de North. O pessoal se aproximou de mim rápido após ver que alguma coisa havia dado errado.

- O que aconteceu com a Merida? – Todos perguntaram quase ao mesmo tempo e a voz das garotas se destacavam. A ruiva já não estava mais com a mordaça na boca e parecia ficar cada vez mais nervosa com alguma coisa.

Olhei para North, vendo os olhos azuis sérios dele encarando Merida em meus braços.

Quando ele ficava sério e pensativo sobre algo provavelmente havia alguma coisa errada acontecendo. Acenei brevemente com a cabeça para ele, que concordou, cruzou os braços e alisou a barba.

Desviei meus olhos de North e olhei para cada um que estava preocupado com a ruiva, estava na hora de me explicar.

- Os pesadelos de Breu nos atacaram, enquanto eu desviava deles acabei me afastando dela. Tudo o que ouvi foi ela gritar e depois a encontrei nesse estado. – A reação de todos foi a que eu esperava. Do meio do pessoal ainda surpreso, Ian saiu, veio até mim e tentar pega-la de meus braços. - Você não acha melhor deixar ela comigo?! Sabe ela acabou de se acalmar. – Falei, após não deixar que tirassem Merida de mim.

- Não, não acho! - Dizendo isso ele pegou ela de mim. O encarei sério, sentindo um ódio gigantesco fluindo pelos meus músculos e me deixando com vontade de soca-lo bem no meio da cara.

- SAND! Ajuda aqui, você precisa ajudar Merida! – North gritou, vendo Sand entrar na sala um pouco apressado. Ele voou até ela, nos braços de Ian, e a analisou por alguns segundo. Após isso "mandou" que a deitasse no chão, e que todos se afastassem. – Saiam de perto! – Todos se afastaram, mas não o suficiente.

O que todo mundo tem hoje?! Argh.

Violeta andou até perto de Sand e ameaçou fazer um campo de força, o que fez todos -saírem de perto o máximo que podiam, alguns se encostaram às paredes da sala. Só "Ian" pôde ficar lá por perto, já que Sand não se incomodou em afasta-lo.

Eu só não contava com mais uma coisa: Periwinkle estava lá, viu que eu não queria largar e nem me afastar da Merida, e provavelmente isso deveria ter a deixado irritada.

Enquanto os outros olhavam a Foguinho sendo curada no meio da sala, fui falar com ela. Peri viu quando Sand tinha chegado, e quando eu não queria soltar Merida e entrega-la para Ian. Por um momento a vi ficar vermelha e no outro ela havia saído voando.

Espera! Voando?! Como?! Ah, Jack, seu burro! Ela é uma fada e fadas tem asas!

- Peri, espera. - Fui atrás dela e a segurei pelo pulso antes que voasse para longe. – Quero falar com você.

- Não tenho nada para falar com você no momento! - Ela tentou se soltar, mas Bonnie e David chegaram ao meu lado no mesmo momento. – Me solta! – Então a soltei, enquanto Bonnie se colocava entre nós dois.

- Jack, eu falo com ela. Estão te chamando lá dentre. Vai lá. - Bonnie falou, se virou voou atrás de Peri que saiu voando muito rápido.

- Cara, você errou feio naquela hora. - David disse. Ele é meu melhor amigo e meio que me ajudou a conhecer a Peri, então provavelmente estava se sentindo um pouco culpado por aquilo.

- Em que hora?! Eu não fiz nada de mais! - Respondi irritado. David apenas cruzou os braços e me encarou cansado. Dei de ombros e voei para onde os outros estavam com ele logo atrás de mim.

Entrei na sala e Sand “conversava” com North sobre alguma coisa, enquanto todos ainda estavam afastados de Merida. Ela havia acordado, estava sentada no chão e abraçava Ian com força, o rosto apoiado em seu ombro, falando o que os pesadelos haviam feito em sua mente.

- A bruxa voltava das tais férias, via que minha família e reino estava bem e lançava uma maldição! Todo custo eu tentava salva-los, mas mão havia frases para me ajudar a decifrar, então todos vinham atrás de mim! – Ela dizia, parecendo nervosa e triste ao mesmo tempo. Era doloroso ver a foguinho naquele estado, mesmo ela sendo só uma colega que vai passar um tempo presente em minha vida, já havia me acostumado com todos eles! – E no fim, eu também virava um urso selvagem.

Todos estavam chocados com aquelas revelações sobre o pesadelo. Ela chorava violentamente com Ian a abraçando com força. O choro de Merida ecoava pela sala, deixando todos abalados.

Alguns minutos se passaram e logo Punzie se aproximou dos dois no chão, se ajoelhou e a abraçou. Violeta fez o mesmo, sendo seguida pelos outros garotos, e no fim até eu estava a abraçando.

Sand a fez dormir e dessa vez sonhar com coisas boas e que a fariam esquecer o pesadelo por algum tempo. E aquele garoto maldito não queria solta-la de jeito nenhum!

Por incrível que pareça, percebi que ela se acalmou com nosso abraço coletivo. Acho que no final das contas, aquele abraço havia acalmado a todos; um sentimento de segurança se espalhou pela sala, fazendo North sorrir quando o sentiu.

Novamente o dia estava terminando e o sol havia partido. Já estava na hora de descansarmos, pois no outro dia teríamos muitas coisas para fazermos. Todos tiveram que dormir na sala da oficina já que North tinha despachado nossas camas para a tal escola, o que não foi de todo ruim.

Vários colchões, cobertas e travesseiros foram colocados no chão da oficina e cada um se deitou onde bem queria. Rapunzel mostrava formas estranhas que encontrava no teto da para Violeta, que apenas concordava com a cabeça para não deixa-la magoada. Soluço parecia ouvir a conversa das duas também, enquanto Astrid havia ido ao banheiro.

Ian estava deitado ao lado de Merida, a observando dormir e sorrir enquanto sonhava. Algum tempo se passou, as luzes da oficina se apagaram e todos estavam em silêncio para conseguirem dormir.

Eu passei a noite quase toda tentando falar com a Peri desde que David tinha ido, mas ela não atendia meus telefonemas e nem respondia minhas mensagens, então desisti.

Rolei para todos os lados que conseguia naquele colchão, fechava os olhos várias vezes, mas não conseguia de fato dormir. Me sentei no colchão, olhando ao redor e vendo todos dormindo tranquilamente e de repente vi algo se mexendo na escuridão.

Pensei ser outro pesadelo, e de pesadelos eu já tinha tido muito por um dia só! Segui silenciosamente pelo quarto, desviando do pessoal deitado, vi que estava indo para o lado de fora, voei pela janela e cheguei lá antesda tal coisa,apontando meu cajado para ela.

Levei um susto ao ver que não era um pesadelo quem havia escapado pelo quarto, mas Merida, que levou um susto a me ver apontando o cajado para ela.

- Argh, Picolé! Que susto! - Ela ainda estava com o olho inchado de tanto chorar, mas bem menos vermelho.

- Que susto digo eu, Tochinha! – Abaixei meu cajado. - Tinha que conferir se não era um pesadelo novamente! Quem não confundiria você com essa capa preta?! - Relaxei e continuei andando, ela também continuou andando e se sentou em qualquer lugar, observando a Lua cheia.

- Ok, Jack, pode voltar á dormir agora. - Jack?! Ela só me chamou assim quando estava morrendo e de Frost quando me conheceu. Aquilo era muito estranho, então voei até o lado dela e me sentei.

- Certo, pode falar o que está acontecendo! - Disse sério, e ela me olhou com cara de dúvida, percebendo que nós dois estávamos estranhos. Olhei a Lua, e respondi - É que você não me chama de Jack! E sim com os apelidos irritantes!

Ela sorriu e disse;

- Ah Picolé, então confessa que os meus apelidos são bons?! Melhores que os seus?! – Fiz uma careta, reprovando o que ela havia me dito, o que a fez rir mais ainda.

- Não disse nada! Afinal, eu sou o mestre dos apelidos! - Ela se deitou na neve, espalhando os cabelos vermelhos no chão. A acompanhei, ficamos olhando o céu em silêncio por algum tempo.

Argh, o que eu tenho?!

- Então tá, Iceberg; Nossa disputa continua! Mas é melhor você voltar lá para dentro antes que fiquem preocupados com você!

- Olha quem fala! - Pela cara que ela fez, acho que não devia ter dito aquilo. Ela virou a cabeça para o lado parecendo irritada; Boa Jack! Mais uma furada!

- Eu não quero falar sobre isso Picolé. - A voz dela estava triste de mais. Talvez foi isso me fez chegar mais perto e a abraçar.

Ela não queria deixar, rolamos pela neve numa disputa idiota de abraços. E como eu era um pouco mais forte que ela, ganhei e consegui abraça-la depois de muito esforço.

Não sei bem ao certo quanto tempo ficamos daquela forma, mas nem eu e nem Merida nos incomodamos com isso.

-

- Olha que cena linda, o casalzinho dormindo a luz da Lua! - Acordei assustado e dei um pulo para qualquer lado. – Bom dia! Dormiu bem? - Wilbur estava parado perto de mim, sorrindo. E Ian com cara de raiva, muita raiva.

Já havia amanhecido, e percebi o que tinha acontecido: Eu, Jack Frost, tinha passado a noite dormindo abraçado com a Merida!

- Nada haver, cabelo em pé! Ele tem namorada, e eu não gosto dele! - Percebi Merida ao meu lado. Ela respondeu bruscamente, se levantando e entrando na oficina com cara de raiva.

- Uhum, sei, faz de conta que acredito, viu Jack?! - Wilbur disse ironicamente e entrou na oficina logo atrás dela. Olhei para a porta da oficina e depois decidi olhar para Ian, parado na minha frente com os braços cruzados.

Nos encaramos por alguns minutos e ele apontou um dedo para mim, ameaçadoramente.

- Cuidado com o que pode acontecer com você, caso decepcione ela! - Ian falou ainda com cara de raiva. Um vento forte soprou, fazendo com que ele se virasse e entrasse na oficina, me deixando para trás.

Quem ele acha que é?!

Fiquei sem palavras; Eu nunca trairia a Peri, e não gosto da Merida! Nem aqui, nem na China!

Entrei na oficina rapidamente e fui para a mesa de café da manhã com os outros. North estava na ponta, sentado na cadeira mais enfeitada da mesa, enquanto os outros comiam o belo banquete que os Yetis haviam preparado para nós.

- Bem, enfim chegou o dia de vocês irem à escola, e se despedirem de nós! - North começou, parecendo uma velha mãe ao se despedir dos filhos. Pousou as grandes mãos em cima de sua barriga e sorriu para todos. – Vou sentir falta de vocês todos atrapalhando meus Yetis. – Os Yetis resmungaram, fazendo todos rirem. – E só mais um aviso: cuidado, o mal pode estar em todos os lugares, e não queremos que nada aconteça a vocês. Aproveitem o café, e vão para a escola.

Terminamos o café da manhã muito mais rápido do que conseguia imaginar. Todos nos levantamos e partimos para onde North e os outros se despediriam de nós. Rapunzel correu até North, o abraçando forte, fazendo o mesmo com os outros.

O pessoal se despediu também, alguns abraçavam e outro só balançavam as mãos, mas depois a loira acabou abraçando até os Yetis.

De jeito nenhum que sairia abraçando todo mundo! Estava preocupado com outra coisa; Eu precisava falar com a Peri! Mas ela não atende a droga do celular! Onde estaria Bonnie e David?! Quando eu mais preciso, eles somem!