– Como assim? – House se levantou da cadeira e fitou exasperado Carmeron. – Não é meu? – Mesmo que House dissesse que aquele filho não era dele, ele queria estar errado.

– Não é seu. – Cameron baixou o olhar para o chão. – Não precisa se preocupar.

House deu a volta na mesa e deu alguns passos até ficar na frente de Cameron.

– Olhe para mim, Cameron! – House exigiu, mas ela não se mexeu. Ele pousou dois dedos sob o queixo da doutora e levantou o rosto dela, obrigando-a a encará-lo. – Repita!

– Esse filho não é seu. – Ela disse lenta e pausadamente. – É isso. Você não precisa se preocupar com nada. – Cameron repetiu.

– Se eu não sou o pai, quem é? – House questionou.

– Bem... Não... Não é da sua conta. – Ela vacilou. – Esse é um assunto apenas meu.

– Tem certeza? – House ainda mantinha os dedos sob o queixo de Cameron. Dentro dele, as emoções se amontoavam, vinham de todos os lados, deixando pouco espaço para House pensar racionalmente. – Não é meu filho? Porque se for, tudo bem. – Ele tentou.

– Não é seu. – Ela se afastou alguns passos, ainda de frente para ele, até que suas costas bateram contra a porta. – Tchau, House.

Ele não respondeu enquanto via ela sair de sua sala e ir embora pelo corredor do hospital. House voltou a se sentar em sua cadeira; ele cobriu o rosto com as mãos. Por mais que estivesse temendo que aquele filho fosse seu, queria isso. Seria uma criança dele e de Cameron.

– E então? – House reconheceu a voz de Wilson. – Conversaram?

House não respondeu, nem tirou as mãos do rosto. Ele não queria ver ninguém naquele momento. Não queria falar com ninguém. Cameron iria ter um filho de outro homem, House não sabia como lidar com aquilo.

– House? – Wilson tentou após não receber resposta alguma do amigo. – Ei, o que aconteceu?

House suspirou pesadamente e retirou as mãos do rosto. Ele observou o amigo, que agora, parecia extremamente preocupado.

– Não é meu! – Foi tudo que ele precisou dizer para Wilson entender o que ele estava sentindo.

– Você mentiu! – Wilson disse, alterado. Sua voz era áspera e ele arfava como se tivesse corrido uma maratona. – Como pode?

Cameron se sobressaltou com a chegada repentina de Wilson. A doutora olhou-o assustada, tentando entender o que ele dizia.

– Você estava correndo? – Ela perguntou ainda assustada para o oncologista a sua frente. – O que aconteceu, Wilson?

– Eu te procurei por esse hospital todo. – Ele informou irritado. Era a primeira vez que Cameron via Wilson daquela maneira. – Porque mentiu? Porque disse que o filho não é dele?

Cameron ficou quieta de repente. Os olhos desviaram do rosto do amigo, incapaz de encara-lo. A vergonha de ter mentido para House, para Wilson e até mesmo para ela a atingiram. Ela havia sido fraca; mas não podia voltar atrás agora.

– Wilson – Ela começou. – Sei que prometi que iria conversar com ele. E bem, conversei. Sinto muito se menti, mas eu não posso dizer a verdade. Não consigo! – Cameron confessou.

– Porque não? – Wilson parecia mais calmo, mas ainda havia algo diferente no olhar dele.

– Não quero que ele me odeie. – Ela disse rapidamente. – Eu já disse, Wilson, ele não quer ser pai. House não quer ter esse filho; seria apenas uma obrigação para ele.

– Isso não é verdade, Cameron. – Wilson se aproximou dela e passou os braços em torno da cintura da doutora, puxando-a para um abraço. Ela retribuiu o abraço. – Ele não vai te odiar. Ele te ama, eu sei disso. Ele está com medo, assim como você.

– Não, Wilson. – Ela sussurrou contra o peito do oncologista. – Minha decisão é essa. Você ama House, ele é seu melhor amigo, seu irmão, você o vê de uma maneira um pouco errada por isso. – Ela continuou, sua voz mostrava que ela estava quase chorando. – Você quer que ele queira esse filho!

Wilson suspirou, ele sentia-se incapaz de ajudar aquele casal.

Foreman pelos corredores devagar, não tinha nenhum paciente e não queria chegar á sala de diagnósticos e encontrar com House, em péssimo humor, com certeza.

Ele virou em um dos corredores, mas parou de andar em seguida. No final do corredor, Wilson e Cameron estavam abraçados. Foreman arregalou os olhos quando uma constatação atingiu-lhe os pensamentos.

Wilson e Cameron estavam juntos. E o oncologista era o pai do filho que ela esperava.

Foreman deu alguns passos para trás, chocado com aquilo. Ele e todos sempre souberam da paixão de Cameron por House e agora, a mulher está com o melhor amigo do seu amor.

O homem continuou a encarar o casal recém descoberto por mais alguns instantes, mas eles logo se separaram. Wilson disse algumas palavras á Cameron e partiu.

Alguma coisa dentro de Foreman foi quebrada ao perceber que Wilson já tinha alguém em sua vida.

Cuddy olhou para House assim que o mesmo entrou em sua sala, como sempre, sem permissão.

– O que foi dessa vez, House? – Ela perguntou voltando sua atenção novamente para os tantos papéis que tinha em cima de sua mesa.

– Só vim lhe dizer que é muito feio ser uma garota curiosa. – Ele sorriu sarcasticamente.

Cuddy corou fortemente ao ouvir tais palavras. Ela ainda estava completamente curiosa para saber tudo sobre o assunto que ouvira de House e Wilson. Cameron estava grávida e House poderia ser o pai, aquilo era algo surreal para Cuddy.

– Eu já me desculpei e expliquei que tudo não passou de um mal entendido. Eu não estava escutando a conversa de vocês. – Ela ergueu seu olhar para House.

– Bom, vim apenas lhe informar que o filho não é meu! – Ele disse dando de ombros. – Espero que sua curiosidade esteja saciada.

Antes que Cuddy pudesse responder, House saiu, deixando-a sozinha novamente.