The Bet

I'm Back.


– Não sei como pode pensar que eu havia feito isso. – Wilson mostrava-se verdadeiramente chocado e ofendido. – Eu, seu melhor amigo, que sei sobre seus sentimentos por ela... Meu Deus, você realmente pensou que eu era o pai do filho da Cameron?

House assentiu. Contara á Wilson o motivo maior de seu afastamento. Agora ele sabia que o filho era de Chase, então, parte de sua dor, a parte da traição de Wilson, fora aniquilada.

Ele mesmo não entendia como pode acreditar naquela besteira. Sentia vontade de acabar com Foreman por tê-lo feito pensar aquilo sobre o amigo.

Os dois mantiveram-se em silêncio por alguns minutos. Wilson absorvia tudo com culpa e raiva. Culpa por não poder contar a House a verdade e raiva de Cameron, por ela estar fazendo aquilo com House.

– Você vai voltar? – Já devia ser a décima vez que Wilson perguntava aquilo. Mas sempre obtinha a mesma resposta do amigo – uma negativa.

– Sim! – O tom de House, pela primeira vez desde que Wilson o vira após meses, trazia certeza.

– Mesmo? – Wilson não esperava por aquilo. – Isso é ótimo. – Ele levantou-se do sofá, começando a andar de um lado para o outro na sala de House.

– É. Ótimo! – House trazia um pequeno sorriso sádico nos lábios. Wilson deveria ter percebido aquilo.

– Tudo bem? – Chase indagou, observando que Cameron estava distraída a noite toda.

A mulher no outro lado da sala assentiu. Ela observava, pela janela, o céu estrelado lá fora. Os sentimentos confusos – que ela lutava desesperadamente para controlar – vieram á tona naquela noite.

Há um bom tempo que ela desistira de impedir-se de pensar em House e no que aconteceria se ela lhe contasse a verdade. Era difícil refrear aquelas ideias.

Tudo era muito intenso e com a gravidez, as questões emocionais ficavam cada vez mais vivas. Os sentimentos aflorando em momentos nada convencionais. Ela não podia fazer nada para mudar aquilo.

Estava sofrendo mais do que admitia a si mesma, porém, havia tomado uma decisão; e não podia mudar agora.

Escolhera ficar com Chase. Deixa-lo assumir seu bebê. E o mais importante: escolhera destruir sua vida.

Sem House, nada parecia fazer sentido. Ela vivia mecanicamente; sem emoção alguma.

Cameron via o esforço imenso que Chase fazia todos os dias para deixa-la feliz. E via também a decepção dele por sempre falhar miseravelmente.

Ela pensava em todas as vezes que ouvira falar sobre a magia da gravidez; ela não estava sentindo nada disso. Obviamente não diria que odiava a condição na qual se encontrava. Amava seu bebê mais do que tudo.

Mas ela precisava dele para estar completamente feliz.

Ela culpava-se diariamente por impor tanto sofrimento á si. E a House também.

Afastara-se de Wilson e Foreman, sem realmente saber o motivo.

Era como se todos desistissem da relação que tinham. Ninguém mais parecia se dar bem. E lá no fundo, a culpa era toda de Cameron, ela não só sabia, como também sentia.

Desistiu de tentar livrar-se de tudo aquilo, resolveu que era hora de dormir. Encaminhou-se para o quarto, sem prestar real atenção em nada.

– Dra. Cuddy, o Dr. House está aqui para vê-la. – O assistente da doutora disse, parado á porta da sala.

A morena levantou a cabeça, um tanto quanto surpresa. A última vez que vira Gregory House fora á meses atrás, no dia que ele se demitiu.

– Mande-o entrar. – Respondeu, guardando os papeis que estavam espalhados em sua mesa.

O assistente balançou a cabeça, concordando.

Cuddy observou enquanto ele desaparecia de seu campo de visão, voltando para seu lugar e dando espaço para House passar.

O grande homem adentrou na sala de cabeça erguida, ostentando um sorriso falso nos lábios. Ele estava tão diferente que Cuddy levou alguns segundos para acostumar-se com a visão.

– Dra. Cuddy, como é bom revê-la. – O tom sarcástico de House não passou despercebido, já que estava um tanto quanto mais acentuado.

– Também é bom revê-lo, House. – Cuddy levantou-se; ela deu a volta na mesa, parando em frente ao homem. – Confesso que estou muito surpresa. Pensei que nunca mais o veria.

– Como se não soubesse que é impossível se livrar de mim. - House sorriu mais abertamente. – Estou de volta, pronto para o trabalho!

– O q-que? – Cuddy gaguejou, arregalando os olhos. – Quer seu emprego de volta?

– E qual outro motivo me faria vir aqui? – Ele arqueou uma sobrancelha. – Não pense que é por estar com saudades de você, querida. – Ele apertou a bochecha de Cuddy.

A mulher afastou-se, voltando para sua cadeira atrás da mesa. Estava perplexa; não sabia se era uma boa ideia deixar House trabalhar novamente ali.

– Bom, isso podemos discutir sobre isso. – Ela disse, indicando com a mão a cadeira á sua frente. House se sentou, olhando fixamente para ela. – Sabe, eu ainda não sei direito o motivo de você ter se demitido.

– Isso não é relevante. – Respondeu, franzindo o cenho.

– Sei que não adianta insistir, então, tudo bem. – Cuddy suspirou. Havia algo em House, que naquele momento, a fez se arrepiar. – Mas realmente, House, não parece que seja uma boa hora para você recomeçar aqui.

– Por quê? – House perguntou cético. – Estou apto. Melhor do que nunca.

– Você sabe que as coisas não funcionam assim. Além disso, não sou apenas eu que devo decidir sobre a sua volta. – A mulher massageou as têmporas. Já havia esquecido o modo como House conseguia irrita-la.

– Mas você irá convencer o conselho. – Ele voltou a dar de ombros. – Precisa de mim e sabe disso. E se quiser, fale com Wilson, ele lhe dirá que eu devo voltar. Pelo que soube, muitas pessoas precisaram de ajuda especifica da minha equipe, mas não tiveram a sorte de ter.

– É! Porque você se demitiu sem motivo algum, abandonando várias vidas que poderiam ser salvas. – Cuddy elevou o tom de voz. – Mas ok, House, irei falar com o conselho. Fale com a sua equipe, junte-os novamente.

House se levantou, mostrando que já estava de saída. Encaminhou-se até a porta em silêncio e então, virou-se para a morena:

– Só para lhe deixar a par de tudo antes das reclamações: eu quero uma equipe nova. – E saiu, deixando-a boquiaberta e mais irritada do que antes.