The Bakery

Capítulo 19


"Se você acha que pode me fazer de trouxa, está muito enganado querido".


Mas por quê diabos Frank havia me dito aquilo?

Eu não me decordava de ter feito nada que o desrrrespeitasse ou que pudesse o magoá-lo. Estávamos fazendo uma viagem perfeita que mal começara e já estava dando errado. Enquanto eu estava recostado à parede do box, frustrado e excitado, ouvi a porta do banheiro ser batida com força e pude ter certeza de que fora Frank que fizera o estrondoso ruído.

Arrumei minha calça da melhor forma que pude, tentando não esmagar meu "amiguinho feliz" e fui lavar o rosto com água gelada na pia.

E a porra da água era quente.

Claro, com todo o azar possível, eu não tinha notado que a válvula da torneira estava na cor vermelha, indicando que a água estava não quente, mas fervendo. E como sou um idiota distraído, assim que o líquido entrou em contato com minhas mãos em forma de concha, logo a joguei em meu rosto sentindo a pele arder à alta temperatura.

Regulei a água e ao ver que ela realmente estava gelada, lavei o rosto e minhas mãos, tendo o cuidado de molhar uma folha de papel toalha e levando à minha nuca, tentando abrandar o calor que havia se formado em todo meu corpo.

No momento em que cheguei ao saguão de espera, encontrei Frank conversando animadamente com com um homem loiro e alto. Estavam sentados lado a lado e o loiro parecia muito interessado em MEU namorado ao analisar-se o modo que ele se inclinava em direção ao rosto do menor.

- Oi, Frank - falei sorrindo e sentando ao lado dele. - Demorei?

- Claro que não, imagina - ele devolveu o sorriso, sarcástico. - Nem anunciaram nosso vôo ainda.

- É mesmo? - perguntei. - Também né, ainda faltam quinze minutos.

- Pensei que fosse menos - continuávamos nossa guerra silenciosa. - Já conhece Bob?

- Olá - ele falou sorriu olhando para mim e estendeu a mão. - Bob Bryar.

- Gerard Way - apertei-a e sorri. - Você é...?

- Eu sou... Amigo do Frank - ele falou, incerto. - Estudamos no mesmo colégio.

- É mesmo? Você é de Jersey?

- Não, sou de Chicago - ele respondeu e olhou para Frank que apenas sorriu.

- Eu morei em Chicago até meus treze anos Gee - ele explicou. - Por causa do trabalho do meu pai.

- Você nunca me falou isso - comentei com uma ponta de ciúmes.

- Você nunca perguntou - rebateu.

- Bom, eu vou pegar um refrigerante ali naquele café - Bob quebrou nossa guerra de olhares e levantou-se. - Vejo vocês no vôo.

- No vôo? - perguntei sussurrando a Frank.

- Eu não to falando com você, Gerard.

- Mas por quê?

- Por quê?! - ele falou irritado. - Você ainda tem a cara de pau de perguntar?

- Por causa do banheiro?

- É lógico!

- Mas foi você que me deixou na mão...

- Ai seu idiota! - ele grunhiu. - Eu digo no banheiro do avião. Você, aquela loira aguada, banheiro, beijos, pegação e argh... Sabe se lá mais o que!

- Ah eu não acredito! - não contive minha risada. - Você ta falando da Julie?

- Esse é o nome da puta?

- Frank, ela é minha amiga... - expliquei rindo. Não acredito que ele achou que eu tivera algo com ela. - A gente se conhece desde pirralho, amor!

- Não vem com essa de amor! - ele disse ainda desconfiado. - E por quê vocês demoraram tanto no banheiro?

- A gente se encontrou saindo de lá - expliquei. - Aí começamos a conversar e nem percebi que estávamos ainda parados em frente aos banheiros... Mas como não nos víamos há muito tempo, a conversa acabou ali mesmo. Não tinha assim, tanto assunto.

- Sei...

- É serio Fran... - cheguei mais perto dele. - A gente não tem e nunca teve nada. E outra, ela ta indo pra Paris com os pais mas vai pra Roma daqui três dias. E ela vai pra se encontrar com a namorada, N-A-M-O-R-A-D-A que ta morando lá por causa da faculdade.

- Namorada? - ele indagou e eu quase pude sentir um certo teor de sarcasmo impregnado à sua voz.

- É, namorada. E que daqui a pouco vai ser noiva.

- Noiva...? - ele arqueou a sobrancelha em desconfiança de uma maneira mais do que adorável.

- Isso mesmo - concordei. - E a gente até trocou contato pra ela mandar convites. Claro que ela fez isso por educação já que ela ta morando em Los Angeles e a namorada em Roma. E quando ela terminar a faculdade, vão se mudar pra Londres... Mas enfim.

- Que ruim deve ser pra elas... - Frank comentou parecendo-me mais convencido. - Namorar a distância deve ser horrível.

- E a gente, que tem o privilégio de morar perto, não aproveita. A gente fazendo uma viagem incrível dessas e você fica aí, com ciuminho bobo me evitando.

- Não to te evitando - ele falou dando um meio sorriso. - Eu só não to acreditando muito nessa história... Não ta colando muito.

- Ah Frank, para de ser bobo - rolei os olhos dando-lhe um beijo demorado na bochecha e escorregando a ponta de meu nariz pela mesma, indo em direção ao seu pescoço. - Você sabe muito bem que desde o dia em que você entrou na padaria indo buscar doces, eu não quero mais ninguém a não ser você.

- Aw... - ele resmungou baixinho quando beijei-lhe o maxilar. - Por quê faz isso?

- Isso o quê?

- Me faz agir como idiota e cair na sua... - ele disse encostando sua cabeça em meu ombro. - Mas tudo bem, eu gosto.

- Ainda bem - dei-lhe um rápido selinho. - E quem era esse Bob?

- Um amigo do colégio, Gee - ele falou de olhos fechados. - Ele já tinha se apresentado.

- Mas eu sinto que você tem outra resposta.

- Ta bom, Gee! - ele falou irritado ao mesmo que ria. - A gente já teve um caso há muito tempo, mas nada demais.

- E depois dessa você que fica de ciúme pra cima de mim? - disse fingindo estar indignado. - Acho que os papéis estão trocados, querido.

- Nem vem - ele reclamou manhoso. - O bom partido aqui não sou eu. Você é o mais bonito, o que tem dinheiro, o mais velho... Tudo que essas piranhas querem.

- Se você for a piranha, querido, eu não ligo.

- Gerard, cala a boca! - ele riu finalmente voltando a ser o Frank que eu conhecia. - Você e essas suas cantadas furadas...

- Confessa, você adora elas - falei um tanto soberbo. - Gosta tanto, que eu te conquistei as usando. - ri.

- E conquistou mesmo... - ele assumiu rolando os olhos. Talvez ele detestasse admitir que mesmo dizendo que minhas cantadas são ruins, ele caiu nelas. - Nem ligo.

- Não liga, é? - ri fazendo cócegas em sua barriga e ele gargalhou alto, se contorcendo todo na poltrona em que estava. - Ainda bem – sussurrei perto de seu ouvido, mordendo seu lóbulo rapidamente.

"Vôo Italian Airlines, AZ7761, com destino a Roma. Portão 14, embarque imediato."

- Nosso vôo - falei e ele balançou a cabeça concordando. – Estamos quase em Roma. Agora trate de ser um bom garoto , pois bons garotos só tem a ganhar.