Alguns meses depois...


POV Aimee

As coisas estavam rolando muito bem. Estava conseguindo lidar a nova vida. Sim, nova vida. Ah, qual é. Parando pra olhar assim tudo o que aconteceu nesses últimos meses, uau, minha vida mudou da agua para o vinho. Eu estou conseguindo. É o que meu pai queria. E tenho certeza que estaria orgulhoso de mim. Não gostaria que eu ficasse me lamentando aí pelos cantos, porque ele sempre me ensinou a ser forte. O jeito que eu me relacionava com ele era completamente diferente do que eu era com as outras pessoas. Não que eu seja duas caras, mas é que toda minha brutalidade e maluquice perto dele simplesmente desaparecia. Com ele não precisava daquela muralha que eu usava pra proteger os meus sentimos, porque ele era essa proteção.

Quanto á produtora do meu pai, já havia feito vários trabalhos. Clipes, coberturas de shows e documentários.


POV Zacky

– Ah, caralho, vai logo! Que bicha pra ficar se atrasando! – eu estava xingando o Gates loucamente, já indo para o carro, enquanto aquele viado nos atrasava mais uma vez. Já bastava a semana anterior, teria que ouvir sermão do Shadows novamente.

– Hey, Zacky! - olhei pra trás e o filho da puta mostrou o dedo do meio com o maior sorriso sarcástico. Até aí tudo bem, mas quando eu olho para o cabelo do individuo, eu não aguentei cara. Estava tipo, todo penteadinho pra trás, no maior estilo 'mamãe que fez'.

– Mas que porra é essa?! Você tá indo visitar a vó? - falei enquanto ia sentando na calçada perto do carro de tanto rir.

– Ah, tá ruim assim? Sério, para de rir. É que não dá tempo de arrumar e... Para porra! - Ele falou com uma voz engraçada e soltou um 'tsc' no final, andando rapidamente para o carro e pegando um chapéu lá dentro.


Para ajudar o atraso, a Pacific Coast Hwy estava com um transito do cão, bem típico de sexta-feira ao final da tarde. Decidi tentar ir pela Main St e o transito estava a mesma merda. O Gates ia tentando arrumar o cabelo, enquanto eu estava maluco tentando dirigir e achar o meu pendrive ao mesmo tempo. Parei no semáforo e aproveitei para procurar o mesmo. Agora era a vez do Gates de rir da minha cara, porque eu estava xingando até a senhora do carro ao lado que me encara comicamente. Aí eu cansei, parei e fiquei encarando o farol. De repente ouço um som muito familiar se aproximando.

– Achou o pendrive? - Gates perguntou divertido.

– Não... De onde tá vindo esse som? - Perguntei intrigado. Então parou um Mitsubishi Lancer Sportback Ralliart branco do meu lado esquerdo. Duas mulheres lindas dentro do carro, ouvindo Descending Angel do Misfits, cantando junto. O paraíso.

Gates percebeu meu estado de transe e me cutucou maneando a cabeça negativamente mostrando que o farol estava aberto, enquanto ria. As duas ao lado pareciam bem despreocupadas, já que nem perceberam a gente encarando elas... Seguimos mais um pouco lado a lado, graças ao transito, e eu curtindo de intruso a playlist alheia.

Quando mais em frente, o cara do carro da direita decidiu que estacionar na única vaga que tinha na frente da praia era o mais importante a fazer e virou com tudo na minha frente e atravessou a avenida feito um maluco, eu tive que jogar o carro para a esquerda. E essa não foi a minha ação mais louvável.


POV Aimee

Era uma sexta feira então sairia mais cedo da Parkhouse como de costume. Então eu e a Frances decidimos dar uma passada na praia. Agora estávamos mais próximas do que nunca.

Paramos no Sacho’s Taco, mas não demoramos muito por lá porque a Frances tinha um jantar na casa dos pais dela, e eu fui intimada a aparecer por lá também.

No caminho de volta estava um transito infernal. Estava perdendo a paciência com a situação, e a TPM nem estava ajudando. Mas a deusa da Frances tenha a brilhante ideia de ligar o som no ultimo volume.

E curtíamos nosso som muito felizes, quando um infeliz deu uma fechada monstra em mim com o carro. Eu meio que perdi o controle e subi no calçadão, quase atropelando os pequenos seres que passeavam despreocupadamente com seu cachorro.

– Mas que diabos?! Não tá me vendo não? - exclamei com raiva e susto ao mesmo tempo. A hiena ao meu lado (leia-se Frances) estava com um bom humor bem aflorado e isso mais algumas garrafas de Heineken descontrolaram minha amiga, fazendo ela rir da minha desgraça, quando eu comecei a xingar até 7ª geração do responsável por tal.

Sai irada do carro e corri para conferir se estava tudo bem com as crianças e vi o Audi A5 que tinha me fechado estacionado logo a frente com as portas escancaradas. Vi um homem com os olhos esbugalhados e a maior cara de demente me encarando. Associei ele ao autor da proeza. Logo atrás dele um outro igualmente demente, só que com um cabelo estranho, e parecia estar vendo um espetáculo de circo. Ah, mas meu sangue ferveu! Marchei bufando até o demente1 e descarreguei:

– ‘sê tá louco? Quase me fez atropelar as crianças! Você me fechou, pé de breque do caramba! – perguntei enfurecida. Ele e o demente2 aos risos tentaram se desculpar, mas eu não dei ouvidos e fui logo gritando novamente

– Onde tu comprou essa carta? Me diz que eu vou lá denunciar!Mas o cara de olhos verdes, parrudinho, insistiu dizendo:

– Foi mal, desculpa aí! Mas não foi minha culpa, o cara d... – nem deixei ele terminar e continuei:

– Você foi errado! Não tem desculpas. Eu poderia ter acabado com o meu carro, ou pior ainda, atropelar as criancas na calçada, e... – continuei descarregando minha raiva quando percebi que o moreno do cabelo estranho sussurou algo como ‘que drama’ em meio aos risos. Eu parei e encarei ele quando comecei a falar – Mas o que voc... – fui interrompida pela Frances, que chegou atrás de mim segurando meu braços tentando me acalmar, rindo:

– Ow Crazy, relaxa! Vamos embora porque eu estou atrasada pro jantar – e se desculpou com os outros dois – Desculpem meninos, mau dia.

Voltamos para o carro e sai arrancando dali.


POV Zacky

Ri demais da reação da garota. Pensei que ela bateria a qualquer momento. O viado do Syn ainda provoca falando ‘que drama’, me fazendo rir mais ainda e enfurecer a garota das tatuagens.

Ah! As tatuagens... É claro que reparei. Não tinha como não reparar. E o Gates também parecia perdido naquela visão.

Dei uma olhada debochada pra ele quando a garota das tattoos saiu cantando pneu e dei um soco de leve no braço do Syn indicando que voltassemos ao carro.

– Cara, o que foi isso?

– Mano, muito gos... nervosinha, velho! – o Syn falou – e as tattoos hein?

– E aquela na costela?! – me referi ao desenho que ela tinha ali: um arranhão que era estampado como se por baixo da pele fosse de pele de onça.

– Né! Rawr! Garota selvagem. Panther! – disse aos risos imitando o animal.

– Panther – gargalhei – até a amiga riu dela... Pareciam ser legais.

– É, e gostosas – Gates deu um sorriso sacana. Ela realmente era bem gata, branca, alta, cabelos castanhos compridos chegando á um loiro perfeito nas pontas, os olhos com uma cor que não consegui desvendar (um cinza, talvez?)

Dali fomos para o estúdio, passando o resto do dia ali. E quando contamos ao resto da banda o ocorrido, geral gargalhou, e logo se espalhou o apelido: Panther!


POV Aimee

Depois do jantar com os pais da Frances, acabei dormindo por lá mesmo. Quer dizer, passamos boa parte da noite jogando conversa fora. Mas a Frances tinha um trabalho logo cedo, então fui continuar meu sono em casa.

Quando cheguei em casa (que antes era do meu pai, agora eu morava sozinha naquele casarão), guardei o carro e já no meu quarto percebi que meu celular estava descarregado. Ainda grogue de sono, coloquei-o para carregar e percebi que havia ligações perdidas e mensagens. Mas eu capotei na casa antes de olhar qualquer coisa. Não deu cinco minutos, a campainha tocou e começaram a bater (ou esmurrar, melhor dizendo) a porta. Levantei desorientada, tropeçando no carregador do notebook, e desci as escadas apressadamente xingando alto.

E nem me toquei que abri a porta de pijama.


POV Brian

Acho que fiquei traumatizado, porque cheguei cedo ao estudio. Mas traumatizado de uma boa forma, se é que voce me entende... E aí eu estava afinando minha guitarra tranquilamente quando o Larry – nosso menager – entrou desesperado no estudio. Arin e o Jhonny conversavam alheios a todo movimento. Zacky, que mexia na geladeira olhou desconfiado para o menager.

– Cadê o Matthew? – Perguntou Larry com cara de doido.

– Eu sei lá cara, acho que ... – ia tentar acalmar o cara mas fui interrompido pelo Jhonny

– Então, ele nem vai vir hoje, deu um problema lá com a irmã dele, e aí ... – Ele foi interrompido pelo Zacky :

– E tu só avisa agora Gnomo dos infernos?

– É do jardim cara – falei baixinho zombando da cara do gordo, mas ele ouviu

– Tanto faz porque de qualquer manei... – dessa vez o Arin ia falando quando foi interrompido

– Eu sou baixo? Tá falando o que moleque? Recebi reclamação de fãs alegando que não conseguem distinguir entre as baquetas e o baterista ... – o Jhonny falou como se estivesse fazendo um comunicado totalmente formal, e foi interrompido pelo Larry:

– Dá pra parar com a palhaçada? E bom, se não tem cão caça com gato. Gates?

– Ssimm? – Respondi mandando beijinhos pelo ar.

– Vamos comigo a uma reunião. – Larry me impôs.

– Reunião? Como ... – e fui interrompido .

– Vamos logo cara! – ele falou partindo em disparada para o outro lado do estudio, telefonando e insistindo, já que não parecia correspondido.

– Mas que porra! Porque todo mundo hoje está sendo interrompido antes de terminar qualquer frase? – perguntei intrigado pra caramba.

Os caras riram em conjunto percebendo o que eu havia dito.

– GAAAATES?! – Jacobson me convocou, ainda doido.Corri até ele e seguimos juntos para o carro.