Terras Distantes

O primeiro de todos


É fêmea, Saphira ronronou a todos.

Os outros todos sorriram. O primeiro filhote de dragão selvagem nascera! Não havia momento mais oportuno. Mas também não havia momento mais infeliz. Que vantagem teria a pequena dragoazinha em nascer no tempo de busca? Nem lugar seguro para dormir ninguém tinha ainda...

Os Eldunari transbordavam de tanta felicidade ao ver que os ovos já começavam a abrir ao poucos e novas vidas abriam as asas...

-Ela precisa de um nome - Eragon falou. Os elfos concordaram e todos se puseram a pensar.

Gosto de Nycra, Saphira comentou na mete de todos. Na língua antiga significa luz...

-E ela parece mesmo luz. Como se fosse a lua - um elfo comentou, sorridente.

Saphira assentiu de leve com a cabeça, enquanto a pequena tentava subir em suas costas. E nascer nesse tempo, talvez signifique uma luz no fim do túnel.

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A noite se estendia e ficava cada vez mais fria. Os uivos haviam recomeçado e todos tinham receio de saírem. Estava muito claro que Nycra tinha fome, mas se alguém saísse da caverna poderia chamar atenção. E sem falar que ninguém sabia o que havia lá fora.

No momento, a pequena Nycra estava dormindo enroscada com Saphira. Eragon estava debaixo da asa de sua companheira quando um sonho começou a virar pesadelo.

Primeiro, ele viu um ovo negro se rompendo e um dragão recém nascido recuando até que encostou em uma parede. Uma sombra se estendia sobre ele e seus olhos brilhavam de medo. Uma mão foi estendida e tocou na cabeça do dragão, em seguida, uma luz lampejou e um guincho de dor foi ouvido. Eragon percebeu que se tratava de Shruikan e Galbatorix.

Muitas cenas que se passaram mostravam o olhar raivoso do dragão negro. Ele via os outros dragões sendo exterminados e uns poucos voando em liberdade. Enquanto ele, Shruikan, precisavam ficar somente com seu companheiro... Não que isso fosse ruim, mas ele gostaria de um pouco de liberdade. E sabia muito bem que poderia ser um selvagem...

A última cena surgiu dos olhos nebulosos e medonhos do enorme dragão negro. Shruikan olhava para um outro dragão que voava distante e parecia ser uma fêmea. Ela era lilás e seus olhos em um tom roxo bem escuro. Ambos tinham o tamanho atual de Saphira. A dragoa estava presa pelo pescoço e bem acima da boca (um pouco abaixo dos olhos), por uma corrente prateada. Quem a puxava era um dragão branco enorme, que tinha a mesma corrente somente no pescoço.

Quando Shruikan gritou, a dragoa virou a cabeça e retribuiu o rosnado mas foi puxada de volta sem dó pelo dragão branco, que só aumentou o voo. Sem poder fazer nada, ela apenas se virou e continuou voando.

Os olhos de Shruikan de repente ficaram úmidos. E enquanto as lágrimas escorriam, ele olhava para seu cavaleiro que chegara agora sem entender nada. Um rugido muito distante foi ouvido. E este foi o último sinal de que Shruikan também á tinha amado.

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Eragon acordou de um susto quando ouviu o rugido. Ele se levantou e percebeu que Saphira também estava com a cabeça erguida.

-Então ouve mesmo um rugido? - ele perguntou, atordoado.

Sim, Saphira respondeu em sua mente, e não fui muito longe.

Os elfos todos estavam agachados na boca da caverna. O vento cortante ainda deixava o frio no lugar. A única coisa realmente boa nisto, era que o vento estava a seu favor... O cheiro deles não se espalharia tão facilmente.

O rugido foi escutado mais uma vez, e um raio iluminou o céu. Em seguida, tudo aconteceu muito rápido.

Espera... Raio...? Enquanto Eragon raciocinava, um rugido foi ouvido perto. Muito perto.

E um enorme dragão roxo cuspiu fogo bem na frente da caverna.