Terras Distantes

Asas de joaninha


SAPHIRA tinha era vontade de voar. Seria bem mais fácil para encontrar um abrigo e avistar perigos.

Mas Blodhgarm havia dito que não. Era melhor ela ficar caminhando mesmo. Pois voando iria chamar muita atenção, ainda mais com o azul estonteante de suas escamas.

Claro que ela bufou, mas como era Blodhgarm, ela aceitou.

O caminho parecia não mudar muito. O solo seco algumas vezes subia, por outras descia... A grama ondulava de leve e os arbustos farfalhavam a cada vez que um coelho ou esquilo pulava para fora.

As pedrinhas deslizavam por sobre as fortes patas de Saphira enquanto ela passava. Ela não era tão grande ainda, mas mesmo assim, não era pequena. Digamos que na viagem ela havia crescido cerca de 30 centímetros...

Ela ergueu a cabeça, atenta a qualquer ruído. Ao longe, Saphira viu um cervo bebericando água em um lago.

Tornou a olhar para o chão e viu uma flor roxa. Parecia uma rosa, e era muito bonita. Uma joaninha pousou em uma das pétalas, e Saphira ficou pensando, novamente, em voar... Ah! Se fosse aquela joaninha... Mas descartou a ideia. Por mais que as joaninhas fossem difíceis de ver, se fosse uma ela não cuspiria fogo e nem teria uma visão tão boa... Enfim, preferia ser um dragão. Mas também queria ser um dragão livre.

Desde que venceram Galbatorix e Eragon e ela decidiram que o melhor seria sair da Alagaesia, ela nunca fora como antes. Não tinha toda liberdade para voar, não podia cuspir fogo pelo céu, e jamais tornaria a ver seu companheiro...

Ao pensar nele, Firnen, novamente, ela sentiu-se um pouco triste. Realmente gostaria de estar com ele. Ambos cuidariam dos filhotes que estavam por vir e...

Ah... É. Ela acabou lembrando de outro detalhe. Os filhotes. Ela estava a pouco tempo de colocar os ovos. E se não encontrassem logo um lugar seguro, os filhotes teriam de nascer no barco. E digamos que lá não é um local extremamente seguro...

Sem falar nos outros filhotes então... Que estavam presos nos ovos a tanto tempo e agora que poderiam sair... Não, nem sentir o ar puro poderiam logo...

Os cantos da enorme boca de Saphira se ergueram de leve quando ela pensou em todos aqueles filhotes voando pelos céus de Skort...

Skort...

Exílio...

Automaticamente começou a pensar em Bluyk, o dragão verde-água que havia ficado sem uma pata. Ela sentiu pena, pois como ficaria o dragão sem uma pata? O que pensara ela ao atacá-lo? Teria mudado tanto assim desde os últimos tempos?

Essas perguntas, provavelmente sem respostas, voaram para longe, junto com a joaninha que voou da flor.