—Mas Carol, a idéia não foi só deles, foi minha também. Eu acho que vai ser bom pra mim depois de tudo que aconteceu esse ano.

— Mel eu nem sei o que aconteceu! Todas as vezes que eu pergunto você muda de assunto. Diz logo!

—Olha Carol, eu não tô muito afim de falar sobre isso agora, mas mudar de colégio não vai ser tão ruim assim, você mora no prédio da frente, ainda vamos continuar sendo amigas, eu só não quero continuar no mesmo colégio, seria ótimo se minha melhor amiga me apoiasse.
— Ainda não acho que seja uma boa idéia, e eu como fico? Faz o que é melhor então.

— Tenta entender...
Não acredito que ela desligou o telefone na minha cara! Se ela entendesse o que aconteceu... Eu sei que eu deveria conversar com ela sobre isso, mas só de pensar já me deixa triste e conversar então...Um dia talvez eu consiga conversar com ela sobre isso, ou melhor talvez eu esqueça tudo e siga em frente.
As vezes eu acho que é apenas mais um dos meus dramas, como a Carol sempre diz eu sou uma *Drama Queen, mas dessa vez eu acho que é real, ninguém ia passar pelo que eu passei se fosse apenas minha imaginação, certo?

Mudar de escola não pode ser tão ruim quanto todos dizem. Eu sei que não vai ser a melhor coisa do mundo, já que eu não vou conhecer absolutamente ninguém lá — o que pode não ser tão ruim — não vou ter amigos para passar o tempo, os professores não vão saber quem eu sou — de novo não é tão ruim — na verdade acho que o único lado ruim de mudar de escola é que a Carol não vai estar lá comigo para ri das meninas ridículas dando em cima de meninos ridículos ou escutar elas completamente horrorizadas de saber que a vitória ficou com o Alexandre ou o Daniel com a Vanessa. Ou simplesmente de ter ela comigo para conversar, isso é que eu mais vou sentir falta, mas como eu disse pra ela nos ainda vamos continuar amigas, afinal ela mora no prédio da frente.

E meus pensamentos novamente sendo interrompidos por uma batida na porta.

— Melissa! Vamos seu pai já está esperando lá na portaria, você sabe como ele fica quando a gente deixa ele esperando muito tempo! Vamos, e tira seu irmão do quarto também! Rodrigo vamos descendo!

— Tá bom mãe tô indo.

Como eu fui me esquecer do jantar na casa da tia Anna. Será que o Tiago vai está lá? Espero que sim vai ser a minha salvação desse jantar.

Mesmo chamando tia Anna de tia Anna, ela é minha tia avó e como sempre vai fazer todas aquelas perguntas que eu não tenho mais paciência de responder "Então Melissa já está namorando? " ou " Como vai na escola? " ou qualquer coisa do tipo, definitivamente assuntos que eu não tenho paciência de conversar com tia Anna ou melhor, com ninguém.

Se o Tiago estiver lá ele realmente vai ser minha salvação. Desde que ele voltou do intercâmbio de um ano em Califórnia, ele voltou bem diferente. De repente ele não era mais aquele primo que ficava puxando meus cabelos quando era pequena, que sempre pegava o último pedaço de bolo de chocolate, que me empurrou na piscina quando eu tinha seis anos e quase me afogou e muito menos aquele menino de 15 anos que eu vi conhecia cheio de espinhas, gordinho e sem noção. Ele realmente mudou durante o intercâmbio, perdeu uns dez quilos, e não só perdeu gordura mais também ficou mais forte, mudou o corte de cabelo, não tem mais espinhas e tirou os óculos com lentes que mudam de acordo com a intensidade da luz, e isso mostrou que ele realmente tem olhos verdes.

E mais incrível ainda, nos somos capazes de conversar, não qualquer conversa bestinha que se tem em reuniões de família, mas realmente conversar como bons amigos.

—Vamos Melissa!
—Calma Rodrigo! Calma só preciso achar minha bolsa preta.

— É sempre assim, atrasando todo mundo
—Cala a boca. Pronto eu achei, vamos

— Finalmente
—Eu nem demorei tanto assim. São 7:15 eu só demorei uns 5 minutos
—Tanto faz, vamos eles já devem tá estressados lá em baixo
— Vai chamando o elevador eu só preciso pegar mais uma coisinha no meu quarto

E o Rodrigo tinha razão eles realmente estavam estressados, porque como sempre nos estamos atrasados.

A casa da tia Anna como sempre cheia de móveis velhos, que devem ter pelo menos duas vezes a idade dela que eu não faço a menor idéia de quanto é. Mal pude observar a poltrona verde musgo perto da entrada que tia Anna veio logo nos receber
— Vamos! Entrem, entrem! Todos já chegaram. De qualquer forma sejam bem vindos.
Então meu pai limpou a garganta meio envergonhado pelo atraso de sempre e agradeceu.

Ele ainda está usando o terno que usou para ir trabalhar pela manhã. É o seu preferido pois foi a minha mãe que deu no seu aniversário do ano passado e sempre que ele tem alguma reunião importante no banco ele faz questão de usar e pelo seu humor a reunião não deve ter ido muito bem.

A sala de estar pelo visto continua a mesma, com as mesmas pessoas de todos os anos. Mas uma está bem diferente. Logo que entrei na sala pude ver o Tiago sentado no sofá com seu celular na mão e uma cara que eu não sei dizer se é de tédio ou chateado, sempre que ele estreita suas sobrancelhas quer dizer um dos dois e claro o melhor a fazer e sentar do lado dele e descobrir o que é.
Mas antes que eu pudesse fazer isso ele se levantou e foi para a varanda e enquanto ele andava não pude deixar de notar aqueles cabelos cor de mel tão sedosos e bagunçados como sempre, e aqueles olhos verdes que de longe era possível ver e mais do que nunca os músculos! Sim os músculos, parece que a cada encontro ele fica mais forte e com a blusa branca colada que realça o bronzeado que ele pegou durante o tempo que passou na Califórnia.

Eu desisto de ficar sentada nesse sofá que deve está cheio de poeira e vou la falar com ele, afinal de contas somos apenas primos certo?
—Eu não posso resolver isso agora você não entende? Olha eu te ligo depois cara
—Humm...Oi?
Ele pareceu meio sem jeito em me ver, e mecheu no cabelo bagunçando ainda mais e deixando ainda melhor.

—Oi Melissa, que supresa

— Surpresa? É uma reunião de família eu meio que tenho que está presente nessas coisas você sabe como minha mãe é.

E então ele sorriu. Nossa e que sorriso, é daqueles que faz você sorri só de ve
—Verdade acho que você deveria mesmo está aqui

— É? E porque?

— Porque é uma reunião de família como você acabou de dizer

—É... Então eu trouxe aquele CD que eu tava te falando no outro dia, o do Foster the people

— Ah sim valeu Mel— E de novo aquele sorriso que me faz sorri junto e olhar para o chão de vergonha.

— Então cade?

— Era para está na minha bolsa mas não está... Acho que deixei no carro não sei. Quer ir la da uma olhada?

— Tá pode ser, vamos lá
Como eu posso ser tão idiota assim de mencionar o CD e nem está com ele para mostrar.

Como a casa é toda cercada e com segurança meu pai normalmente deixa o carro aberto quando estamos lá e eu espero que dessa vez ele tenha mudado de idéia.
—Você não vai pedir a chave para o seu pai?
— Nao, não precisa ele sempre deixa o carro aberto quando estamos aqui
—Nossa
— Pois é meu esquisito né
— Não é que está aberto mesmo
— Eu disse. Agora vamo ver se a gente acha o cede, olha de baixo do bando co motorista, que eu olho do passageiro, eu acho que deve ter caido.
— Tá
Quando terminados de procurar levantamos as nossas cabeças na mesma hora ficando bem proximos um do outro. Ele olhou nos meus olhos e ficou desse jeito por um tempo como se estivesse pensando e começou a se aproximas e eu fiz o mesmo.
Comecei a ficar incrivelmente nervosa pois nunca beijei ninguém antes. Quer dizer já, o Felipe mas foi so um selinho numa brincadeira de verdade ou desafio então não contou como um beijo para mim. E se eu não conseguir fazer direito? Ele ja deve ter beijado várias garotas, do jeito que ele é, qualquer uma seria louca se recusasse um beijo dele e eu com certeza não faria isso.
Mas nem precisei recusar, do nada ele afastou a cabeça e saiu com pressa do carro e gritou do outro lado
— Vamos voltar pra dentro Melissa, não tem CD nenhum no carro
Será que ele ficou pensando que eu disse que estava no carro apenas para ficar sozinha com ele? Claro que não! Porque não é verdade, eu realmente achava que tinha esquecido dentro do carro.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.