Tentando Amar

Jantar em Família


No dia seguinte, a Sra. Dashmouth anunciou ao seu marido a suas filhas que faria um jantar, um jantar onde estariam convidados alguns membros selecionados da aristocracia. A Sra achou que um jantar como o que ela planejava seria ideal para ascender ainda mais os negocios de seu marido e é claro, que como em toda família da aristocracia, o lucro era essencial e indispensavel.

Diane anuncioou para todos os seus criados que receberia convidados importantes e que o jantar deveria ser impecavel.

_Betty, eu preciso que organize um jantar, rápido. Os convidados estarão aqui às 20:00 e eu preciso de tudo pronto. Creio que o ideal seria um frango assado, peça para que peguem um bem gordo no galhinheiro. _ A sra. Dashmouth estava ofegante e ansionsa. _ Ah, nao se esqueça de fazer um delicioso acompanhamento para o frango, aposto em sopa de ervilhas com mangericão. Isso será o ideal... _ E ela se pôs a sair pela porta, mas parou por cerca de tres segundos e se virou para a cozinheira novamente. _ Não Betty, um frango bem gordo não é o suficiente, dois bem gordos serão o suficiente. Quero que esses aristocratas vejam que meu marido é o líder dessa cidade.

A cozinheira humilde enxugou seu suor no avental surrado e respondeu apressada:

_Sim, senhora. Tudo como queira _ e se virou para as suas panelas.

Diana subiu as escadas de sua casa, procurando por suas filhas. Abriu a porta do quarto de Jenney e lá estavam as duas, rindo e sorrindo uma para a outra. A mãe entrou, fechou a porta e se sentou na beirada da cama.

_Queridas, quero que se banhem e coloquem um belo vestuario, hoje seu pai dará um jantar para os membros da aristocracia de Cotswolds. É a oportunidade perfeita, não só para expandir os negocios de seu pai, como para vocês. Já está na hora de vocês encontrarem um homem ideal. _ A Sra falava com tanta calma, mechendo nas fitas verdes do seu vestido de cetim.

_Mamãe, eu não quero me casar, so tenho desesseis anos. Marriah deve encontrar um bom homem, eu não. Nem tente me empurrar para um conde ou marquês solteirao e rico. _ contestou Jenney, buscando fugir do compromisso.

A mãe deu uma risada de canto e Marriah encarava as duas, imaginando que a pressão do compromisso cairia sobre ela.

_Não se preocupe, não quer dizer que hoje a noite vocês ficarão noivas, é apenas uma possibilidade de vocês conhecerem familias importantes. _ Diane tentava acalmar Jenney de qualquer forma. _ Bom, eu vou deixar vocês sozinhas, para se arrumarem e se perfumarem, quero as duas lindas lá em baixo na sala de visitas às 19:45. Os convidados chegarão às 20:00. _ E após as instruções, a Sra. Dashmouth deixou os aposentos de sua filha.

Já eram 20:00 horas, via-se a uma certa distancia carruagens se aproximando na noite escura.

_Paul, prepare bebibas quentes para meus convidados, vamos receber todos na sala de visitas, e depois nos dirigiremos ao aposento de jantar para a ceia. _ Disse o Sr. Dashmouth, nervoso.

O mordomo se retirou para preparar as bebidas e a camapanhia soou. Uma criada baixotinha e com o cabelo crespo se dirigiu a porta. Varios homens chiques e mulheres banhadas com joias estavam do lado de fora, usando peles e com pose de granfinos.

_Entrem, entrem. Não façam cerimonia, a noite está fria. _ A Sra. tentou acomoda-los em sua enorme casa.

Os convidados foram entrando um por um. O homens com cara de maus e suas mulheres metidas a esnobes com os braços entrelaçados com os de seus respectivos maridos.

_Venham, tomem uma dose de uisque enquanto esperamos o jantar.

Os cavalheiros concordaram sorridentes e cada um pegou um copo da bandeja polida, que estava nas mão enluvadas do mordomo Paul.

_ Como estão os negocios? Soube que a safra de uvas será menor esse semestre. _ perguntou um homem, como cara autoritaria, ao Sr. Sebastian.

_Ah nao, isso é lenda, mito... Olhe Senhor Grunh, nunca tive uma safra tão pouca, como será nesse semestre, mas os negocios vão de vento em polpa, a pouca improdutividade que a uva me causou não afetará em nada. _ Disse o Sr. Dashmouth como tom leve e expressivo.

Os cavalheiros da sala se entreolharam e o mordomo anunciou o jantar. Todos se dirigiram cautelosamente para a grande sala, onde havia uma mesa de mogno, com a prataria mais fina de toda, disposta nos lugares de cada convidado. Dois frangos assados enormes ocupavam o centro da mesa e vasilhames de prata tampados guardavam a sopa.

_Belo jantar Sra. _ disse uma das esposas olhando impressionada.

_Obrigada, tenho sorte de termos um otimo celeiro, com frangos de qualidade _ disse Diane, se sobresaindo.

Todos se sentaram, as irmãs se acomodaram uma ao lado da outra, o Sr se sentou na ponta da mesa e a Sra. se acomodou a sua direita. Os outros se sentaram nos lugares disponiveis.

_Estou fechando negocio com a Companhia das Indias Orientais, eles tem otimas especiarias, e pretendo importa-las, para exporta-las depois, para paises como o Brasil, por exemplo. _ Disse um outro homem, gorducho com uma face inexpressiva. _ Ira tentar isso tambem Sebastian? Creio ser um ótimo negocio.

O Sr. Dashmouth travou a comida em sua boca, parou de mastigar, encarou o homem e respirou fundo.

_Lamento, mas não poderão contar com minha ilustre presença neste negocio. Estou expandindo meus negocios para outros horizontes.

Todos olharam desconfiados e a Sra. Dashmouth interveu:

_Querido, não acha que a proposta de conseguir especiarias não é incrivel. Isso irá te trazer estabilidade por muito tempo.

O senhor Grunh olhou para a esposa de Sebastian e disse friamente:

_Não basta apenas querer, tem que poder Senhora. É necessario um enorme levante de capital para ingressar numa atividade como essa.

A Sra. olhou para seu marido incredula e disse em resposta ao Sr. Grunh:

_Meu marido dispõe disso. Podemos ingressar quando quisermos. Sebastian? Ficou calado.

_Olha, Diane, isso não é de sua conta. De meus negocios cuido eu. Se preocupe em tomar chá e encomendar vestidos.

A mãe abaixou a cabeça e as filhas se entreolharam preocupadas com a agressividade do pai.

_Não trate a mamãe assim, papai _ disse Jenney.

_Silencio, vá para o seu quarto, vocês duas. Não quero que se envolvam num jantar com adultos.

O pai estava enfurecido e Marriah e Jenney se levantaram da mesa, contrariadas, chateadas, preocupadas. Não havia motivo para tamanha agressividade, ainda mais diante de tantas pessoas.

_Bom, acho melhor irmos. O jantar estava otimo, mas já está tarde. _ Disse um homem careca, se levantando da mesa, pegando sua esposa pela mão, influenciando os outros convidados a fazerem o mesmo.

_Não vao, ainda está cedo. Tem sobremesa _ disse a Sra. Dashmouth tentando reverter a situação _ Ainda são 20:45, está cedo.

_Não está nao. Nos desculpem, mas temos que ir. Agradecidos pelo delicoso jantar.

Todos os convidados sairam pela porta e nao olharam para trás. A Sra se sentiu fracassada e decepcionada. O marido ainda estava imovel na mesa de jantar, fitando o prato cheio de comida.

_O que foi isso Sebastian? _ perguntou a esposa, enfurecida.

_Nada que te importe, cuide de seus afazeres. Vou me recolher. _ disse o homem, nervoso, saindo da mesa.

_Teremos uma conversa seria ao amanhecer, e não fuja de mim. _ disse Diane, quando o marido estava de costas para ela.

Ele apenas ouviu, nao balançou a cabeça, não fez nada. Apenas ouviu e continuou andando, subindo as escadas.