— Eu não acredito! Você é realmente o fantasma? (Disse Tigresa, ainda surpresa)

Sábio apenas assentiu com a cabeça novamente. Ao ver o gesto do lobo, Tigresa se levantou e se colocou em pose de batalha entre ele e Po.

— Você nos traiu! Você traiu o Shifu, você traiu o Po, você me traiu, você traiu todos nós! (Disse Tigresa, furiosa)

— Tigresa, é complicado... (Sábio)

— Saia de perto do Po! (Disse Tigresa, em um tom intimidador)

— Tigresa, eu criei esse grupo para o bem, quando eu vi que as coisas estavam saindo do controle eu saí dele, e comecei a lutar contra ele. (Sábio)

Tigresa não respondeu nada, ela continuava em pose de luta, olhando com raiva para os olhos do Sábio.

— Apenas me escute Tigresa... Quando eu criei o grupo, foi com um intuito bom, nós éramos guerreiros contratados pelo Imperador. Mas quando a coisa começou a sair do controle eu conheci Meili, a loba mais linda que eu já vi na minha vida, e me apaixonei perdidamente por ela e decidi deixar tudo para trás e fugir com ela. Agora, você acha que eu não me culpo pelo que aconteceu com ela? Todo dia aquela imagem vem a minha cabeça. Nos meus sonhos, nos meus pensamentos. Ajudar vocês a combater eles, é uma maneira de eu aliviar um pouco esse fardo que eu sou obrigado a carregar comigo todos os dias. (Disse Sábio, um pouco triste)

Tigresa não o olhava mais com olhos furiosos, ela agora o olhava como se entendesse o que ele estava querendo fazer. Ela abaixou sua guarda e se sentou novamente.

— Se você não se importa, eu preciso dormir. (Tigresa)

— Claro, boa noite. (Disse Sábio, indo embora)

— Boa noite. (Tigresa)

A cama onde Po estava era grande, então Tigresa subiu nela e se deitou ao lado do panda, abraçando-o, ainda com muito medo de perder seu amigo.

Na manhã do outro dia, Tigresa acordou e viu os olhos de Po se abrindo.

— Fala Macia! FALA MACIA! (Gritou a felina, chamando a curandeira, que foi ver na hora como Po estava)

— O que está acontecendo Tigresa? (Perguntou Fala Macia ao entrar no quarto)

— Ele está acordando! (Disse Tigresa, com muita felicidade em sua voz)

Fala Macia se aproximou de Po para ver seu estado.

— Po? Você consegue me ouvir? (Fala Macia)

— Uhhh... Onde eu estou? (Po)

— Po! (Disse Tigresa, com um imenso sorriso)

A felina correu e abraçou Po com força, o colocando bem próximo ao seu corpo. O panda podia sentir o coração de Tigresa batendo forte em seu peito.

— Tigresa? (Perguntou Po, sem entender nada)

— Você ainda está muito cansado Po, beba isso (a bode pegou uma tigela com uma sopa dentro), isso vai fazer você se sentir melhor. Tigresa, vá avisar seus amigos que Po acordou, e não se preocupe, agora ele ficará bem. (Fala Macia)

— Pode deixar! (Disse Tigresa, saindo correndo para avisar os amigos)

Ao chegar na hospedaria, Tigresa foi no quarto de cada um, batendo em suas portas com força, acordando todos.

— O que está acontecendo Tigresa? (Perguntou Shifu, saindo do quarto)

— O Po acordou! (Tigresa)

— Se levantem! Vamos para a casa da curandeira, agora! (Disse Shifu, fazendo com que todos saíssem dos seus quartos)

Todos saíram correndo para a casa da curandeira. Ao chegarem lá, os quatro deram um abraço forte em Po, que ficou muito feliz em vê-los. Em seguida Shifu e Sábio foram falar com Po, sem abraçá-lo, porém expressando compaixão.

O dia se passou, eles continuaram na casa da curandeira, esperando que Po melhorasse. Quando já estava de noite, a curandeira disse: Po, você já pode ir, mas tente não se meter em nenhuma luta, pelo menos por um dia.

— Pode deixar! (Disse Po, se levantando da cama)

— Não se preocupe Fala Macia, eu não deixarei que ele se meta em nenhuma briga. (Disse Tigresa, sorrindo para o amigo)

Todos saíram da casa, menos Tigresa, pois ela queria falar com Fala Macia a sós.

— Fala Macia... Muito obrigada! Eu não sei o que teria acontecido comigo se você não tivesse salvado o Po, muito obrigada! (Disse Tigresa se aproximando da bode e a abraçando)

— Eu apenas fiz meu trabalho... Tigresa, eu sinto seu amor pelo Po, mas também sinto seu medo em te-lo, aproveite isso como um obstáculo, que irá te deixar mais forte, não deixe o seu medo te deter. (Fala Macia)

— Por que você está falando isso? (Tigresa)

— Porque o amor entre vocês dois, é o amor mais forte que eu já senti. (Fala Macia)

Tigresa estava pasma, aquilo a pegou de surpresa, ela agradeceu novamente a bode e foi embora.

Todos os guerreiros estavam em seus cavalos, esperando por Tigresa, que ao chegar, subiu em um rapidamente e começou a cavalgar.

Eles chegaram no vale em algumas horas, nada havia acontecido, o vale estava perfeito. Po foi ver seu pai, que ficou muito feliz em vê-lo. Em seguida, todos foram para o palácio.

— Eu tenho um aviso importante para dar á todos vocês. (Disse Shifu)

— O que é mestre? (Po)

— Agora que estamos juntos eu posso falar, em três dias haverá um baile aqui no palácio para mestres de kung fu de toda a China. E, a outra notícia, a casa de vocês já está pronta, após o treino vocês já poderão voltar para seus respectivos quartos. (Shifu)

— Uma festa! Sensacional! (Disse Macaco, animado)

— Que maravilha! (Víbora)

— Show de bola! (Po)

— E Po, seu pai será o cozinheiro. (Shifu)

— Uow! Incrível! (Po)

— Por hoje é só. Podem ir treinar até o final da tarde. Menos você Po, você ouviu o que a Fala Macia falou. (Shifu)

Todos os guerreiros foram para o salão de treino, inclusive Po, que ia ficar apenas olhando seus amigos treinarem. Após seus treinos, os guerreiros foram para seus quarto recém consertados, para tomar um banho e se prepararem para jantar.

Enquanto os guerreiros se banhavam, Po se adiantou e já preparou o jantar, uma deliciosa sopa de macarrão. Ao entrarem na cozinha, os guerreiros ficaram felizes ao ver a sopa de macarrão e Po, eles estavam com saudade da comida de Po, e de ter seu amigo por perto.

— Garça, Víbora, Macaco, Louva Deus, aqui estão suas sopas! (Disse Po, deslizando as tigelas pela mesa) Tigresa, aqui está sua sopa (deslizou a tigela para Tigresa), e, como eu sei que você gosta, aproveite. (Disse Po, deslizando um piris com molho picante para Tigresa)

— Obrigado Po! (Todos, menos Tigresa)

— Obrigada dragão guerreiro! (Disse Tigresa, sorrindo)

Po se sentou com seus amigos e comeu também. Todos estavam conversando, fazia tempo que não faziam isso. Estavam contando as novidades, perguntando coisas, rindo juntos, enfim, se divertindo como bons amigos.

Todos terminaram o jantar, agradeceram Po e foram para seus quartos para dormir, menos Tigresa e Po, que ficaram na cozinha.

— Deixa que eu lavo a louça. (Tigresa)

— Não precisa, eu lavo! (Po)

— Vá descansar, você deve estar exausto. (Tigresa)

— Eu passei mais de um dia em uma cama, se tem uma coisa que eu não estou é exausto! (Disse Po, sorrindo)

— Então vamos lavar juntos! (Tigresa)

— Está bem, juntos! (Po)

Os dois se aproximaram da pia e começaram a lavar, Tigresa ensaboava e Po tirava o sabão. Em minutos toda a louça estava lavada.

— Uau! Até que foi rápido! (Po)

— Parece que nós somos bons nisso. (Brincou Tigresa)

— O que você acha da gente deixar de lado o kung fu e começar a lavar louça? (Brincou Po)

Os dois riram juntos da piada.

— Bom, acho que vou dormir, descansar um pouco para amanhã. (Po)

— Sim, é melhor você descansar. (Tigresa)

— Boa noite Tigresa. (Disse Po, olhando nos lindos olhos verdes da felina, sorrindo)

— Boa noite Po. (Disse Tigresa, fazendo o mesmo que Po)

Po saiu da cozinha e foi para seu quarto. Tigresa se encostou na bancada da cozinha e começou a pensar, ela não entendia porque seu coração batia tão forte, algo a agitava dentro de si. No corredor, Po estava do mesmo jeito, ele ia para seu quarto pensando na felina, não conseguia tirá-la de sua mente. Quando ele ia entrar no seu quarto, o panda tomou a decisão mais louca de sua vida. Ele se virou e saiu correndo em direção a cozinha. Po entrou na cozinha e viu Tigresa apoiada no balcão, que também o viu.

— Po? O que você... (A felina foi interrompida por Po)

O panda foi até ela e a beijou, Tigresa correspondeu na hora. Po puxou Tigresa para si com sua mão esquerda, que ele colocará na cintura da felina, sua outra mão estava na lateral do rosto de Tigresa. A felina entrelaçou seus braços na nuca de Po e deixou que ele a colocasse em cima do balcão. Eles ficaram se beijando por minutos, os dois finalmente estavam se soltando, até serem interrompidos ao ouvirem uma voz conhecida.

— Então quando você disse que ia ficar na sua você se referia a isso? (Disse Víbora, rindo muito)

Os dois pararam de se beijar e se viraram, para ver o que estava acontecendo. Eles viram Garça, Víbora, Macaco e Louva Deus na porta, os quatro riam muito.

— O que vocês estão fazendo aqui? (Perguntou Tigresa, um pouco irritada)

— A gente ouviu um barulho na cozinha e decidimos vim ver o que era. (Disse Garça, ainda rindo)

— Agora a gente já sabe o que era o barulho. (Disse Macaco, rindo com os amigos)

— Que bom que vocês já sabem! Agora parem de rir e deem o fora! (Disse Tigresa, irritada)

— Por que a gente tem... (Disse Macaco, antes de ser interrompido)

— Saí agora! (Tigresa falou em um tom intimidador)

— Ok, estamos saindo. (Disse Louva Deus, ainda rindo)

— Quanto estresse Tigresa. (Disse Garça, saindo junto com seus amigos)

Os quatro saíram da cozinha e fecharam a porta. Tigresa e Po se olharam e deram uma risadinha, em seguida, Po a puxou novamente e voltou a beijar a felina. Nenhum dos dois sabiam que os quatro haviam ficado ao lado da parede, tentando escutar alguma coisa.

Eles ficaram ali mais alguns minutos, apenas parando porque já estava tarde.

— Acho melhor a gente ir dormir. (Disse Po ao parar de beijar Tigresa, ele sorria para a felina)

— Sim, amanhã o dia vai ser cheio. (Disse Tigresa, também sorrindo)

A felina desceu da bancada e deu um selinho em Po.

— Boa noite Po. (Disse Tigresa, sorrindo)

— Boa noite Tigresa. (Disse Po, fazendo o mesmo)

Cada um foi para o seu quarto, no caso, um era o vizinho da frente do outro, porém Po ficou um pouquinho mais na cozinha para arrumar as coisas que eles haviam derrubado.

Ao entrar no seu quarto, Tigresa foi surpreendida pela amiga, que estava sentada em sua cama.

— Víbora? O que você está fazendo aqui? (Tigresa)

— Você vai se sentar ao meu lado e vai me contar tudo! E você não vai dormir até me contar! (Disse a amiga, com um sorriso no rosto)

— Eu não acredito nisso! (Tigresa)

— É melhor você acreditar, porque está acontecendo! (Víbora)

— Está bem... O que você quer saber? (Tigresa)

— Como assim o que eu quero saber? Eu vou dormir, escuto um barulho na cozinha, vou ver o que é, e encontro a felina mais durona que conheço, a dama de ferro da China, hipnotizada pelo amor. (Víbora)

— Eu não entendi nada. (Tigresa)

— O que foi aquilo? (Víbora)

— Eu e o Po ficamos na cozinha por mais um tempo, para arrumá-la. Quando ele foi para o quarto eu achei melhor ficar mais um tempo na cozinha, eu tinha que pensar em algumas coisas. De repente ele voltou e me beijou, a gente começou a se beijar e vocês atrapalharam, fim. (Tigresa)

— Eu não acredito, você e o Po estão juntos! (Disse Víbora, em um tom um pouco alto)

— Fala baixo! Nós não estamos juntos. (Tigresa)

— Desculpa! (Disse Víbora, abaixando o tom de voz)

Enquanto isso, no quarto de Po:

Po entrou em seu quarto e foi surpreendido pelos seus três amigos, que estavam dentro dele, o esperando.

— Ahhhh não! Podem sair agora! (Disse Po)

— Nós não vamos sair! (Louva Deus)

— Conta aí Po, o beijo foi bom? (Perguntou Macaco, rindo um pouco)

— Foi você que beijou ela, ou ela que te beijou? (Garça)

— Como que ela foi parar em cima da bancada? (Louva Deus)

— Seus vermes! Parem de me zoar! (Po)

Os três riram, e Po estava meio corado, ele estava com um pouco de vergonha.

— Po, não precisa sentir vergonha, ela é bonita e legal, só é um pouco dura, e fria, mas acredite na gente, ela é sensacional. (Garça)

— Eu sei que ela é... (Disse Po, sorrindo ao se lembrar do momento)

— Mas então, foi bom? (Garça)

— Maravilhoso! Agora saíam do meu quarto! Eu quero dormir! (Disse Po, rindo com os amigos)

Os três saíram do quarto zoando o amigo, fazendo corações com a mão e dando beijos no ar. Ao abrirem a porta, os três se depararam com Víbora saindo do quarto de Tigresa, e ao verem a felina, pararam na hora, pois não queriam apanhar.

— Tigresa... Ehh... Uhhh... Boa noite! (Disseram os três, indo rapidamente para seus quartos)

Víbora olhou para Po e deu um último sorriso antes de ir na direção do seu quarto. Po e Tigresa se olharam, Po sorriu e piscou para Tigresa, que sorriu também e entrou no seu quarto. Po fez o mesmo.

Os dois passaram a noite pensando naquele momento, felizes, eles sorriam sozinhos olhando para o teto, pela primeira vez, Tigresa estava perdendo o medo de se apaixonar por Po.