A semana estava sendo cansativa. Trabalhos em cima de trabalhos. O que estava aliviando Max era a garota nova, Blur. De uma semana para cá os dois estavam muito próximos.

Ela não é tão diferente deles. Exceto não se importar com nada. Maxxie não tinha dormido em casa, aliás, não sabia nem onde ele estava. Acordou em cima de uma garota muito magra.

Ela estava nua, e aquilo tinha assustado ele. Ela não tinha carne, e não era uma bela imagem para uma manhã de quinta-feira.

Ele procurou algumas peças de roupas e pretendia ir direto para casa. Não lembrava se tinha feito os deveres. E aquilo era ruim.

Viu alguns de seus amigos deitados pela casa. "Gostosa" estava escrito na bunda de Emma. Ninguém parecia se incomodar, estavam confortáveis na forma que tinham dormido. Na porta da frente estava Blur e Tony caídos entre os arbustos, ela estava deitada em cima de vômito.

– Ei, Blur. Blur, acorde - estava tomando cuidado em onde tocava. - Blur, já é 5hs da manhã. Você precisa tomar banho. Ei, Blur. VOCÊ ESTA DEITADA NO VOMITO.

A garota acordou em pulo. Assim que foi arrumar o cabelo que estava jogado na cara, percebeu que a história do amigo não era apenas um jogo.

Vomitou no mesmo lugar, se sentiu melhor depois do efeito. Charlie, estava do outro lado da rua, e os dois foram acordar os amigos. Precisavam se lavar. Blur não era a única que estava em uma situação critica.

Henry havia sido atacado por bombas de cocô e lixo. Todos estavam acordados. Um em uma situação pior que o outro. Estavam, todos, precisando de um banho.

***

Na escola, chegaram todos atrasados. Max tinha perdido suas roupas. Estavam rasgadas e foram direto para o lixo.

Na primeira aula, Inglês avançando, Maxxie estava com Tia. Depois de 20mins de aula, alguém bateu na porta.

– sr. Daves, para você. Te dou 10mins.

Maxxie saiu o mais rápido possível da sala. Foi em direção a enfermaria. Assim que chegou, Tony estava em uma maca. Apenas ele e Emma estavam ali com ele.

A festa da noite anterior havia feito muito mal ao garoto. Tony vomitava toda hora, e estava pálido. Não conseguia falar direito, já que toda vez que abria a boca era para vomitar.

Os 10mins liberados pelo professor já havia passado, mas ele não se importava, só queria ficar ali, e saber o que estava acontecendo. A primeira dúvida que surgiu na cabeça de Maxxie foi o porque ele foi chamado, e não Charlie, o melhor amigo de Tony.

O tempo passava e ele ainda não estava entendendo nada. Seu celular tocou, era Charlie perguntando onde eles estavam. Maxxie não sabia se podia dizer. Mesmo assim contou. Em 20mins todos estavam ali tentando entender o que tinha acontecido.

–Não é nada grave - disse o médico tentando acalmar os garotos -, deve ter sido algo que ele bebeu na noite anterior, foram pra uma festa certo?

Todos confirmaram com a cabeça, tentando entender o que Tony tinha feito de errado durante a noite. Mas não conseguiam se lembrar, afinal, não se lembravam de absolutamente nada. As lembranças que lhes restavam era a de manhã, todos acordando em situações críticas.

– Mas se não fosse grave ele não estaria aqui, anda, o que você esta escondendo? - Blur revelou dúvidas em todos.

– Não estou escondendo nada, srta, ele está perfeitamente bem, descansou um pouco e se quiserem podem visita-lo agora.

– Saiba, doutor – continuou, com ironia -, que a mãe dele não está sabendo de nada. E se acontecer alguma coisa de errado com ele na presença dela, a culpa será sua.

– Se bem que, - o médico estava apavorado com a ameaça da garota, e nunca tinha se visto naquela situação. Tinha medo de que acontecesse alguma coisa com o garoto, e verificou a ficha - ele deve ficar longe de bebidas por um bom tempo, tomou uma grande dose na noite passada, e devo lembrar que vocês não tem idade para isso.

– Ta, ta, tá. Mandei você dizer sobre ele, e não lição de moral.

– Ele - Emma interrompeu a discussão, olhando com uma cara de negação para Blur, que não se importou, se virou e foi fumar - estará liberado ainda hoje, não?

– Não digo certamente hoje. Ele deve ficar em observação ainda hoje.

– Eu posso dizer que ele vai dormir na minha casa - ofereceu Max, e todos concordaram com a ideia.

***

– Sim, mãe, eu estou bem. Sim. Okay. O Max vai pegar minhas coisas ai, tudo bem? Já te disse mãe, eu estou na biblioteca com o Charlie. Sim. Tchau. Mãe, eu vou ficar bem. Te amo.

Por mais que a sra. Bright tivesse concordado com ideia de ficar longe do filho mais uma noite, ela suspeitou do motivo, mas esqueceu pouco depois.

– Como você está se sentido? - todos perguntaram ao mesmo tempo.

– Eu-estou-bem, já disse. Espera. Onde está a Blur?

Blur não era a única que se ausentava ali, mas ele só deu falta dela. Emma, por mais que negasse a sim mesma, não aprovava a ideia de Tony sentir sua falta, não entendia porque ela era importante pra todos ali, e porque todos gostavam dela. Ela era... repugnante.

– Ela foi fumar, mas estava preocupada com você. - disse Maxxie saindo finalmente, do canto do quarto.

– Ah, tudo bem - Tony, com um pouco de esforço e ajuda dos amigos se levantou. - como foi na escola hoje? Ah, qual é, eu não me importo. Alguém pode pegar um cigarro ali?

– Ela não é a única que não está aqui? Mas você só se importa com ela, né? Então qual a diferença da Tia não estar aqui? - Emma estava furiosa, mas conseguia controlar as expressões, mas não os sentimentos.

– O que?

– Isso mesmo - Charlie, Maxxie e Henry foram se aproximando da porta da forma mais discreta possível -. Por que você só se importa com ela? Aposto que se eu não estivesse aqui você não ia dar falta também. Blur, isso. Blur, aquilo.

– Você procurou tomar seus remédios hoje? Tem muitos aqui, se você quiser eu arranjo pra você...

Os garotos saíram, e deram de cara com Blur. Afastaram ela também de lá e tentaram explicar o que tinha acontecido.

– Blur, eu to falando sério. Se você entrar aí não sai viva.

– Isso é muito divertido. Ser o motivo da briga de dois ex-namorados, sendo que eu não fiz nada? Estou curtindo a beça.

– Vamos comer - disse Henry, pela primeira vez desligando celular.

***

Não tinha sido uma boa ideia ter deixado os dois juntos na enfermaria da escola. Eles estavam fazendo um escândalo quando eles ainda estavam lá, porque motivo teriam parado? Exatamente, não tinham.

– Então ele só sentiu minha falta? - A cada oportunidade que tinha, Blur voltava no assunto.

– Já chega, Blur. - Charlie

– Tá, tá. Mas quem não estava lá? - continuou a garota

– TIA - todos gritaram

– Estamos falando isso desde o começo do dia.

– Ta, e quando eu comecei a prestar atenção do que vocês dizem? - todos os garotos olhavam furiosos pro outro lado da mesa, estavam falando a horas e ela parecia ser sincera quando disse que não prestou atenção em nada.

– Talvez quando a gente começou a falar do Tony

– O que você quer dizer com isso?

– Você sabe muito bem o que eu quero dizer, Blur, toda vez que a gente fala o nome dele você se levanta, para de fazer o que for para pegar o contexto. Saber o que está acontecendo. Quer que eu te lembre alguma vez? - Ela olhava pra ele com um certo desafio, sabia que era mentira tudo aqui - Podemos usar como um pequeno exemplo hoje, quando Charlie disse que ele estava na enfermaria...

– Tanto me importei que sai pra fumar. E olha - Ela pegou o cigarro, que ainda estava aceso, na ponta da mesa, tragou, e expirou na cara do Henry. Pegou sua bolsa, e antes de terminar o lanche, foi embora.

Maxxie tentou ir atrás, mesmo sabendo que ela iria fugir dele. Ele corria atrás dela cada vez mais rápido, e mesmo que ela tivesse apenas andando ele não conseguia alcança-la.

Ela não se importava pra onde estava indo. E Max sabia disso porque ela não conhecia aquela região ainda. Nunca tinha estado lá antes. Mas ela não se importava, e como bom amigo ele estava indo com ela.

– Porque você faz isso? - Ela estava focada com a imagem que tinha em sua frente, a rua - Apenas anda, e não fala nada. E gosto mesmo de você, Blur, mas isso me irrita. Se eu pudesse saber, acho que já me sentiria melhor. Blur? BLUR.

Ele parou de falar quando percebeu que ela não iria se distrair tão fácil. Apenas seguiu o caminho ao lado dela. Pegou um cigarro, já que assim se sentiria um pouco mais a vontade quando ela decidisse falar.

***

Já era tarde quando ela se sentou na calçada. Encostou em uma parede e ficou por ali, não estava no primeiro cigarro, assim como aquele não era o segundo. E Maxxie a acompanhou em todas. Eles estavam em um lugar que nem Maxxie tinha ido antes.

Ele sabia que não estavam perdidos porque tinha prestados bem a atenção em onde estavam andando. Assim como Blur, para acompanhar o silêncio.

– Pensar.

– O que?

– A resposta. Pra pensar.

– Blur, acho que você é louca.

– Quando você me perguntou porque eu saio andando sem dizer nada. Eu estava olhando fixamente pra frente, nunca presto atenção no que as pessoas estão falando. Até que surge um nome. Eu estou pensando, as vezes até ouvindo, mas sempre tirando certas conclusões do que vocês falam. Por isso não falo muito. Apenas observo.

– E por que você foge?

– Por que você olha pra ele daquele jeito?

– Eu perguntei pra ele. E não sou gay.

– Não disse que você é gay. Apenas perguntei...

– RESPONDE

– Não sou obrigada, mas tudo bem. Eu não fujo. Já te respondi caso não tenha percebido. Eu penso. Saio para pensar. Sabe o que eu fiz na noite que minha mãe morreu? Calma. Eu fugi. E foi a coisa mais errada que eu fiz, exatamente por ter fugido, eu perdi a cabeça.

"Então eu apenas ando. Saio, e penso. Porque eu sei que se eu fugir, vou fazer uma besteira maior do que da última vez.

– O que você fez? - perguntou Maxxie depois de muito tempo, apenas olhando pra ela.

– Nada - uma lágrima começou a escorrer pelo olho dela, e ele sabia que não era bom continuar -. A maior burrice de toda a minha vida.

Ele queria chorar, por ela. Não sabia o que tinha acontecido, mas ela não ia chorar a toa. Ele queria saber mais dela, ele se importava com ela, e a muito tempo não se importava com alguém assim.

- Se você quiser, pode dormir lá em casa hoje... Se não estiver bem.

- Não se preocupa. Eu to bem - disse limpando as lágrimas.

A partir daquele momento, Max viu que Emma estava certa. Todos se preocupavam de mais com Blur, mas ela não se importava. E nem queria isso, mas todos davam atenção de mais pra ela, por mais que ela fugisse de tudo isso.

Eles estavam tão amigos, pelo menos na parte dele. Ela como disse outra vez, não fazia amigos. Apenas conhecia as pessoas. Mesmo assim ele gostava dela.

Depois de um tempo eles se levantaram e foram pra casa. Levou ela pra casa, mesmo sabendo que chegaria tarde.

Assim que chegou em casa viu que as luzes estavam acesas. Já era quase meia-noite, porque seus pais ainda estavam acordados?

- A mãe de Tony me ligou. Pediu pra eu avisar quando ele chegaria.

- Ah, - Maxxie havia se esquecido de pegar as coisas na casa de Tony, e principalmente de avisar sua mãe da mentira -. Eu sinto...

- Com quem você estava?

- Ah, qual é, mãe? Eu estava com o pessoal. Você conhece eles.

- E a menina?

- Que menina? O que tem ela?

- Você estava com ela? JÁ DISSE QUE NÃO QUERO VOCÊ COM ELA. ELA É LOUCA. DROGADA. VICIADA.

O sr. e sra. Daves era pessoas simples, e tomavam cuidado com o único filho que lhes restara. Não gostavam que Maxxie andasse com qualquer um, e davam a ele uma educação rigorosa.

Maxxie, apenas abaixou a cabeça e foi dormir. Não queria contar sobre Blur, pelo simples motivo de não saber nada sobre ela, mas não podia negar que se emburrava quando seus pais falavam dela como se já a conhecessem.

Ela usa drogas sim, mas quem não usa ali? Todos usam. E preferiu que mudassem de assunto para não ter que mentir sobre o Tony. Ele já tinha uma resposta formulada, caso sua mãe perguntasse onde ele estava, e porque tinha mentido pra a sra. Bright.