O nome dela é Quinn Fabray. Uma vez sonhei que estávamos juntos no show do Iron Maiden e que havíamos nos beijado. Acordei levando um tombo daqueles da cama e com meu cachorro em cima de mim, lambendo minha boca. Eu sei, isso foi muito nojento e esquisito. É que de todas as garotas que conheço Quinn é a mais bonita. Aqueles olhos cor de azeitona me deixam loucos; aquele uniforme das Cheerios desperta as sensações mais estranhas em mim. Eu sei que isso é muito brega e cafona, mas ninguém nunca mexeu assim comigo.

Sou tirado de meus devaneios pela minha colega de banda, Rachel Berry. Somos amigos há algum tempo, e às vezes ela parece demonstrar sentir algo por mim, mas o que posso fazer? É de Quinn que eu gosto, e ela parece ler meus pensamentos quanto a isso, já que me olha com a cara bem feia enquanto sacode uma partitura na minha cara.

— Foco, Finn! O jogo é no fim de semana, e nossa música está horrível.

— Está ótima, Rachel! – exclama Kurt enquanto lixa as unhas.

— Está no mínimo boa – diz Artie meio receoso.

— Pois eu acho que vocês deveriam levantar seus traseiros preguiçosos dessa arquibancada e ensaiar direito! – exclama Rachel toda autoritária – Sem ofensas, Artie – diz referindo-se ao nosso amigo cadeirante.

— Tudo bem, eu acho – murmura ele.

— Me desculpem rapazes, mas dessa vez eu vou ter que concordar com Rachel – diz Mercedes enquanto se levanta e fica de frente para nós. Não havia percebido sua presença ali até agora. – Não que esses babacas dos Titans e as magrelas das Cheerios mereçam, mas vamos fazer isso por nós, pela escola. Eu já estou cansada de levar suco na cara quase todos os dias por esses imbecis, mas os jogos são as poucas oportunidades que temos de sermos aplaudidos de pé pelas pessoas, então temos de dar o nosso melhor – discursou ela enquanto Tina e Kurt batiam palminhas.

— Tudo bem – disse afinal – vamos dar o nosso melhor e deixar esses babacas no chinelo. Se eles não conseguem ganhar um jogo sequer, ao menos vão ter uma abertura de jogo decente.

Espetacular— corrigiu-me Rachel.

~*~*~*~

Após ensaiarmos, seguimos para nossos armários para pegarmos nossas coisas e irmos para casa. Estávamos combinando de ir ao Breadstix após o jogo no sábado, mesmo que o time perdesse – afinal não estaríamos lá para festejarmos com eles. Ok, não vou ser injusto e dizer que todos os jogadores são uns malas. Tem o Mike Chang e o Matt Rutherford, por exemplo, que são bem bacanas e nós somos amigos. O Mike namora a Tina, que está na banda também e é nossa amiga, e nós nunca tivemos problemas com eles. Tem também a Brittany Pierce, que é uma Cheerio, mas não é babaca. Pena que eu não posso dizer o mesmo sobre Santana Lopez, que vive me azucrinando desde o Fundamental I, sempre com as mesmas piadas.

— E aí Orca! Hobbit! – cumprimentou ela ao passar por mim e pela Rachel. Bufei enquanto Rachel revirava os olhos e fingia não escutar as provocações. Meu semblante mudou ao ver Quinn acompanhada por ela. As duas são um contraste tão grande que às vezes eu me esqueço de que são melhores amigas.

— Vou te dar um babador de presente – murmurou Rachel enquanto fechava seu armário. Tomei um susto e virei rapidamente para abrir meu armário e pegar minhas coisas.

— Não entendi – tentei me fazer de besta, mas é claro que não colou.

— Não se faz de sonso – respondeu ela – Você sabe que ela nunca largaria meu primo para ficar com você, não é? Ela nem sabe que você existe.

Aquilo doeu, mas era verdade. Melhor as palavras de Rachel do que o punho fechado de Noah Puckerman na minha cara. Aquele troglodita que todos conheciam como quarterback era primo de Rachel e namorado da Quinn. Ele morava no meu quarteirão e dirigia um Iroc velho herdado pelo pai – que abandonou sua família para ir embora com outra mulher.

Uma vez ele veio armado para a escola, mas depois descobri que era de brinquedo. Mesmo assim, eu não seria louco de me meter com ele. Até Rachel que era de sua família levava suco na cara de vez em quando; ele dizia que os Puckerman não nasceram para serem perdedores – mesmo Rachel explicando para ele que não era uma “Puckerman”, e sim uma “Berry”, não fazia diferença alguma.

— Vamos? – perguntou Rachel depois de pegar sua mochila.

— Claro – respondi enquanto fechava meu armário e seguia para o estacionamento.

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No outro dia, cheguei à escola mais cedo que de costume para evitar me encontrar com os babacas que me trancaram no banheiro químico uma vez – mesmo eu sendo muito mais alto que qualquer um deles. Fiquei encostado em meu carro escutando músicas no fone de ouvido quando senti alguém cutucar meu ombro. Quando me virei para ver quem era, Quinn Fabray estava em pé ao meu lado e eu tive que me segurar para não passar vergonha. Eu só podia estar sonhando. Cara, o que ela queria comigo? Ela nem sabe quem sou eu!

— Finn Hudson, não é? – indagou ela com sua voz angelical. Balancei a cabeça em concordância, mal conseguindo abrir a boca.

— Oi, eu sou Quinn – apresentou-se ela. “É óbvio que eu sei quem você é, tenho uma paixão por você há uns dois anos. Isso é meio doido, não acha?”— pensei.

— Você está no grupo dos Matletas, né? – perguntou ela. Outra coisa meio embaraçosa sobre mim: faço parte de um grupo acadêmico no McKinley High, onde estudamos matemática e competimos com outras escolas de todo o país. Mas não sei como esse grupo ridículo tem a ver com as primeiras palavras que troco com Quinn. Na minha cabeça, isso seria bem diferente.

— S-sim, por quê? – por que não consigo falar com a garota sem gaguejar? Parabéns, Finn, seu bacaca.

— Bem, isso é meio vergonhoso, mas... Eu reprovei em matemática esse bimestre, e a treinadora Sylvester vai me deixar de fora de todos os treinos e jogos da temporada se eu não recuperar minha nota. – eu não entendi onde ela queria chegar, mas não a interrompi. – Será que você poderia me ajudar? Prometo te recompensar por isso – concluiu ela.

Me recompensar? Ela está dizendo o que eu estou pensando? Tipo, ela vai sair comigo ou algo assim? Mas ela não tem namorado? Não, Quinn não é esse tipo de garota. Acho que estou fazendo alguma cara esquisita de pervertido, pois ela franziu o cenho e continuou: -– Não é o que você está pensando! Eu vou te pagar por essas aulas. Em dinheiro.

— Ah. Tudo bem, sem problemas. – espero não ter soado desapontado.

— Obrigada. A gente se vê – disse ela enquanto caminhava rumo ao portão de entrada dos alunos.

Parecia que eu havia morrido e ido para o céu. Aqueles foram os melhores dois minutos da minha vida. Pena que eu sou apenas um otário desleixado e ela nunca daria moral pra um cara como eu; ela não sabe o que está perdendo.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.