O som de nossos passos ecoou por entre as enormes paredes feitas de concreto. Continuamos andando pelo corredor mal iluminado, ignorando totalmente os sons perturbadores que pareciam vir do cômodo ao lado.

Eu estava trêmula, não só de medo, mas também de frio. Bati os dentes e cerrei meus punhos, girando lentamente a cabeça e tentando encontrar o olhar de um dos homens que me seguravam, mas tudo o que vi foi uma mascara cobrindo metade de seu rosto.

Engoli em seco, mas o nó em minha garganta não parecia disposto a descer. A vontade que tinha era de gritar com toda força de meus pulmões, mas sabia que se o fizesse provavelmente pioraria as coisas.

– O que vocês querem comigo? - Disse entre dentes, grunhindo em frustração e lutando para manter a calma em minha voz.

O engravatado a minha direita me ignorou completamente, já o homem a minha esquerda agiu ligeiramente mais simpático.

–Não se preocupe, você vai se divertir - disse enquanto um ligeiro sorriso se alastrava por suas feições. A idéia imediatamente me veio a mente.

Será que eles vão me ...

Não! Preciso fugir daqui!

Me contorci, por um momento incapaz de manter a angústia totalmente mascarada. Um dos homens soltou um leve riso, mas não fui capaz de saber qual. Estava ocupada demais tentando prever o que aconteceria se ela não me libertasse logo.

–Anh... pare de ser dramática lindinha, não somos esse tipo de pessoas... - uma voz doce a minha esquerda se fez ouvir, começando descontraída e finalizando a frase quase ofendida.

– O que vão fazer então? - disse com voz rouca, uma leve pitada de ironia enfeitando o som que saia de minha boca.

– Aqueles caras precisam de um líder, e precisa ser alguém forte sem essa baboseira sentimental. - o mascarado disse como se fosse óbvio

– Que caras? Líder pra que? - dessa vez disse soando calma

–Vai descobrir princesa - disse aquele que segurava meu braço esquerdo, afrouxando o aperto e, aparentemente, enviando-me uma piscadela.

Antes que pudesse dizer ou fazer qualquer coisa, fomos engolidos para escuridão.

E antes mesmo de ser capaz de processar a cena que se desenrolara a minha frente, estava diante de um grupo de jovens me encarado com olhos curiosos.

O homem a minha direita me empurrou para frente, até que estivesse no centro do recinto, os olhares nunca cedendo, a expectativa cada vez mais óbvia em suas expressões.

– Aqui está a sua líder - o mesmo homem que antes me segurava e me garantira "docemente" que eu me divertiria.

Ele sorriu para mim e, por algum motivo, aquilo me enviou calafrios.

Qualquer que fosse o objetivo de tudo isso, agora eu definitivamente estava prestes a descobrir.