Te Odeio Por Te Amar

Capítulo 36 - Uma viagem de ultima hora


* Paulina narrando *

O tempo parecia demorar uma eternidade para passar, chegou o horário do almoço e acompanhei Levy a um restaurante próximo à fábrica e aproveitamos para falar sobre suas férias em Cuba, ele parecia estar feliz e era uma companhia muito agradável também. Voltamos à fábrica e continuei a fazer o meu trabalho e Levy saiu para resolver algumas outras pendências. Fiquei a tarde inteira apreensiva com o meu celular do meu lado esperando por uma ligação ou outra SMS de Carlos Daniel, mas nada e me senti um tanto desapontada. Tentei considerar porque não tinha muito tempo que nos vimos e ele me enviou mensagens pela manhã junto com aquele lindo buquê de rosas e um cartão, eu não tinha que estar com toda essa ansiedade em vê-lo ou saber logo dele, mas era inevitável, parecia mais uma adolescente apaixonada.

Peguei o enorme buquê, assegurei-me de que guardei o cartãozinho que veio com ele e segui para o meu carro rumo a minha casa, fui a ultima a sair da fábrica devido a tantas coisas que tinha pra fazer. Por um momento quando meu celular tocou pensei que fosse ele, mas não era. Por sorte aquele horário não tinha muito engarrafamento nas ruas e consegui chegar em casa logo.

Ao chegar em casa, providenciei um jarro com água para as rosas e quando estava a ponto de entrar para o meu quarto encontrei Sophia com uma cara não tão boa.

– Boa noite, Lina! – Disse tristonha.

– Boa noite, Phia! – Cumprimentei-a com um beijo. – Aconteceu alguma coisa? Porque você está assim? – Perguntei preocupada, era raridade vê-la triste.

– Aconteceu que eu tenho um pai que não se importa comigo! – Disse de uma vez em voz alta, lágrimas caíam de seus olhos, a puxei para meus braços e a abracei por um tempo.

– Vem, me conta o que houve. – A puxei até o meu quarto fazendo-a sentar-se de frente a mim.

– Ele NUNCA está em casa, e não é como antes porque quando ele não estava em casa era porque estava trabalhando, mas hoje em dia ele nem se preocupa com nada e quando não está em casa, está... – Engoliu em seco o restante da frase, a mágoa era refletida em seu olhar. - Aproveitei que ele estava aqui e fui tentar conversar com ele na biblioteca, fui falar de minha universidade e que precisa ser feita a matrícula amanhã para ver se ele se interessaria em ir até lá comigo, mas não... Ele fez pouco caso do que eu disse, nem me olhou e quando me aproximei dele, já estava com um cheiro forte de álcool. E quando questionei sobre a atenção que ele não nos dava mais, ele pediu que eu me retirasse da biblioteca. Foi constrangedor. Será que eu não posso nem mais ter um diálogo com o meu próprio pai porque ele nunca está sóbrio? – Sophia levantou e começou a andar de um lado para o outro nervosa enquanto chorava e continuava dizendo. – Foi então que eu não agüentei e disse que ele é um bêbado!

– Sophia! – A adverti com o meu tom de voz. Já tive várias discussões com papai e não queria que Sophia passasse pelo mesmo, não queria que a situação chegasse a esse extremo e por mais que eu tenha tentado impedir que as coisas não acabassem assim, não consegui.

– Você sabe que eu não estou errada, Paulina! Todos aqui sabem e eu queria muito que papai aceitasse o problema dele e procurasse ajuda, queria muito que ele fizesse isso por nós, por ele... – Desabou em lágrimas.

– Calma, Phia! Vou conversar com ele, vamos ver o que podemos fazer. Ainda podemos ajudá-lo, fazer com que as coisas mudem. – Disse tentando demonstrar esperança, eu sabia que ela tinha razão por experiência própria, sabia que se papai não fosse o que tomasse a iniciativa, nada seria feito até que ele se aceite como doente.

– Eu estou tentando, Lina... Mas estou de saco cheio disso! Como em tão pouco tempo ele pode ter se transformado em um imprestável? – Perguntava indignada. – Papai não era assim e eu o amo muito e quero ajudá-lo, mas não conseguimos nem conversar com ele porque ele não deixa.

– Vamos ter fé, as coisas vão mudar, você vai ver irmã! – Segurei em suas mãos transmitindo-lhe a pouca força que me restava e lhe abracei, queria chorar junto com ela, mas não podia fazer isso, ou poderia ser desmontada ali mesmo e não conseguiria tranqüilizá-la e como sua irmã mais velha eu tinha que zelar por seu bem-estar, já que nossa mãe já não está mais aqui e nosso pai não está em condições.

– Bem, preciso que você faça a minha matrícula na universidade, você faz isso?

– Mas é claro que sim! Já tínhamos falado sobre isso, conte comigo! – Disse sorrindo em cumplicidade.

– Te admiro, Paulina... Você é muito forte, outra em seu lugar não agüentaria enfrentar tudo o que você enfrentou e continuar de pé como você se mantém. – Aquelas palavras foram a chave para que as lágrimas agora inundassem os meus olhos, Sophia não fazia idéia do quão difícil tem sido pra mim enfrentar cada situação vivida, cada dia um obstáculo maior a ser superado, mas não podia pensar em desistir, tinha que seguir em frente porque a vida continua e pensava muito nela, ela precisa de meu apoio. – Tenho muito orgulho de você!

– Ai Phia e eu de você, minha irmã. Essa sua maneira de viver, sem se preocupar muito com problemas, com essa doçura, dando valor a vida que é o mais importante, e tantas outras coisas... Isso me lembra tanto a mamãe! – Disse sorrindo, apesar de a emoção ter tomado conta.

– Obrigada por nunca me deixar sozinha e sempre me apoiar, te amo! – Ela disse isso olhando-me nos olhos e me deu um forte abraço, pude sentir minhas energias sendo recarregadas com aquelas palavras e aquele gesto tão sincero.

Ficamos ali por um tempo abraçadas e quando Sophia foi para o seu quarto, desci em direção à biblioteca para ver se papai ainda estava lá, mas o vi de longe do lado de fora de casa onde seu carro estava estacionado e corri para alcançá-lo antes que ele saísse.

– Está saindo, papai? – Perguntei em voz alta enquanto ele abria a porta do carro.

– Não está vendo? – Perguntou com grande sarcasmo ao virar-se para me encarar.

– Para onde está indo? – Perguntei assustada com seu tom e sua feição. - Preciso falar com você!

– Olha Paulina, não estou com tempo para discutir por... Bobagens! – Disse debochado, dava pra ver que ele já tinha bebido bastante.

– Bobagens? – Perguntei indignada com o que acabara de ouvir. – Acha que as coisas da SUA fábrica são bobagens? Acha que as SUAS filhas são bobagens?

– Não me tira do sério também, Paulina! Ou eu...– Gritou irritado!

– Ou você?... Quer dizer que é assim, não é? Acho que agora sim estamos conhecendo de verdade quem você é. Se você não tem nem amor próprio, como vai amar as suas próprias filhas?! Se você nem se respeita, como vai nos respeitar? Ninguém pode fazer nada por você se você não quiser. Mas uma coisa eu te digo, tem alguém que precisa de você mais do que tudo e está perdendo um pai, alguém que não merece passar por tudo isso e não é justo! Por isso, veja bem o que anda fazendo. Podemos sim fazer escolhas em nossas vidas e depois não diga que eu não avisei... Se mamãe estivesse aqui ela...

– Mas não está! Ela não está e junto com ela, morreu tudo em mim também. – Me interrompeu gritando. - Será que você não compreende?

– O único que não compreende nada aqui é você... Papai! É um egoísta! – Disse num fio de voz, a decepção invadia o meu ser. Sei que não estava agindo da maneira correta, estava sendo injusta, mas não conseguia agir de outra maneira, não quando a mágoa por meu pai me dominava com ainda mais intensidade.

O deixei sozinho, ele entrou em seu carro e eu voltei ao meu quarto em meio às lágrimas que tentava deter para que ninguém me visse chorar e me questionasse e minha cabeça começava a doer. Pedi que Adelina fosse ao meu quarto e avisei que não desceria para jantar, ela assentiu e disse que levaria logo algo leve para eu comer, se preocupava muito com o nosso bem-estar.

Tomei um banho bem quente da cabeça aos pés com o intuito de relaxar um pouco, vesti uma roupa leve, tomei uns analgésicos e deitei um pouco. Logo Adelina veio com uma sopa de legumes e eu lhe disse que não queria ser incomodada a não ser que fosse por um caso de extrema importância. Voltei a deitar, queria dormir e dormir e dormir para esquecer os problemas e acordar no outro dia me sentindo revigorada mas parecia em vão, não conseguia dormir.

#Carlos Daniel narrando #

Depois de algumas horas trancado em uma sala de reuniões com Rodrigo e alguns acionistas da empresa finalmente conseguia um minuto de descanso, e me joguei na enorme cadeira de couro atrás de minha mesa abarrotada de documentos que tinha de revisar ainda hoje e afrouxei o nó de minha gravata tentado relaxar um pouco... Fiquei ali curtindo o silencio do ambiente e pensando na única coisa que vinha ocupando todos os meus pensamentos nos últimos dias: em minha forma de ver o mundo depois de ter tropeçado em Paulina Martins naquele parque...
Aconteceram tantas coisas até então, e mesmo não tendo planejado, o destino de alguma forma contribuiu para que chegássemos onde estamos, acho que eu nunca tive uma escolha afinal... Paulina Martins sempre esteve predestinada em minha vida, ela viria para me "concertar".


– E está fazendo isso muito bem! - Disse divertido ao pensar em tudo que tenho feito para que ela me aceite.

Fui interrompido pela entrada de Victoria, ela não aprendeu a bater na porta e já me cansei de pedir que não entrasse em minha sala assim.


– O que você quer? - Perguntei em tom seco.
– Como ha dias mal nos falamos, achei que gostaria de conversar! - Disse me sorrindo de um jeito sexy enquanto caminhava até mim lentamente exibindo sua bela forma em um vestido vinho que não deixava para nada a imaginação.
– Porque pensa que gostaria de conversar com você? - Perguntei a olhando com cautela... Com Victoria todo cuidado era pouco, a conhecia bem demais para saber que ela poderia ser uma ameaça para mim. Só porque estou apaixonado por Paulina não significa que deixei de ser homem, mas se uma coisa teria de aprender, era celibato.
– Bom... Não precisamos conversar! - Disse se aproximando e sentando- se em meu colo.
Todos esses dias sem sexo estavam me deixando maluco e ter uma bela mulher como Victoria se oferecendo de bandeja para mim seria uma provação que teria de superar.
– Victoria... Precisamos esclarecer algumas coisas! - Disse segurando-a no braço, fazendo com que ela se levantasse de cima de mim e me colocando de pé também. - Se quer continuar trabalhando aqui tudo bem para mim, mas teremos uma relação somente profissional! - Expliquei em tom serio.
– Sempre tivemos uma relação profissional! - Se fez de desentendida.
– Que bom que me compreendeu! - Disse a olhando. - Porque se isso voltar a acontecer você estará no olho da rua! - Completei e pude ver a surpresa em seu rosto. - E não entre mais em minha sala sem ser anunciada... Já pode se retirar! - Pedi tomando meu lugar atrás da mesa e tentando trabalhar.

Victoria sabia quando devia se calar e não desistiria, mas eu pensaria nesse problema mais tarde, agora tinha problemas maiores para resolver. Tentei me concentrar no trabalho mas me sentia frustrado, queria poder aliviar minha tensão, mas eu estava querendo mudar então apenas me servi com um copo de whisky com gelo e voltei ao trabalho...

– Uma viagem agora? - Perguntei a Rodrigo preocupado em minha frente.
– É que foi marcada de última hora! - Explicou me olhando. - Tentei de todas as formas adiar mas os investidores árabes só poderiam estar em Miami até amanhã! - Explicou.
– Tudo bem! - Suspirei cansado. - Alugue um avião particular, vou terminar de examinar os papeis da reunião com os árabes e vou para casa!

Céus... Queria poder descansar, mas com as noticias de ultima hora tive de me concentrar ainda mais em meus afazeres. Terminei mais de 8h da noite e segui direto para casa e depois de pedir que Matilde arrumasse uma pequena mala para mim, entrei para o banho rápido.
Enquanto a água quente relaxava meu corpo, decidi que não poderia ir para de viagem sem antes ver Paulina. Já sentia tantas saudades...
Levei apenas alguns minutos me arrumando e enquanto esperava que Matilde terminasse de arrumar a mala que pedi, aproveitei para checar alguns emails...


– Quando vai me apresentar à responsável para essa mudança? - Matilde me perguntou quebrando o silencio. Não pude deixar de sorrir com sua pergunta. Minha mudança já está tão evidente assim? Me perguntava.
– Logo! - Respondi a olhando. - Eu não mudei tanto assim! – Disse franzindo o cenho.
– Você se transformou, meu filho! Não é mais o homem austero que era a alguns dias atrás! Antes tinha um ar mais... Obscuro... - Rebateu me olhando contemplativa.
– Paulina está me mudando, Matilde! - Disse sorrindo enquanto procurava por seu numero no meu celular.

Ainda não tínhamos nos falado ainda e tinha de me despedir antes de ir viajar, estava a ponto de chamá-la quando decidi que apenas ouvir sua voz não era o suficiente... Tinha de vê-la, tocá-la...

– Vou sair! - Anunciei a Matilde me colocando de pé. – Por favor, deixe a mala sobre a cama, não devo demorar!
– Vai vê-la? - Perguntou Matilde com um sorriso cúmplice.
– Exatamente! - Disse me aproximando e depositando um beijo em seu rosto.- Tenho que me despedir!
Levei apenas alguns minutos para chegar aos enormes portões da casa de Paulina. Já era bem tarde e talvez a incomodasse, mas precisava vê-la.
Toquei a campanha da enorme porta de madeira grossa e esperei...

– Boa noite! - Cumprimentou a senhora que me atendeu.
– Boa noite! - Respondeu sorrindo. - Em que posso ajudá-lo?
– Me chamo Carlos Daniel Bracho e gostaria de falar com a Paulina! - Me apresentei.
– Ah... O senhor é o... Hã... Namorado da minha menina! - Disse surpresa.
Senti uma agitação em meu estomago com a forma que essa senhora relacionou Paulina a mim... Sim, éramos namorados, mas até então não tinha vivido uma situação a qual tivemos que dizer isso aos outros...
– Sim senhora! - Confirmei sorrindo.

–----

* Paulina narrando / # Carlos Daniel narrando

* Revirava de um lado a outro na cama sem conseguir dormir pensando em papai, em Carlos Daniel, em tudo. Os remédios que tomei não fizeram efeito e minha cabeça ainda continuava doendo.

Ouvi batidas na porta de meu quarto, batidas insistentes e levantei-me para abrir, não sei por que Adelina me chamava se eu tinha dito a ela que não queria ser incomodada.

– Adelina eu te disse que... – Disse enquanto abria a porta, mas não era Adelina. - Carlos Daniel? O que você ta fazendo aqui? – Perguntei surpresa olhando-o enquanto ele esboçava um sorriso com o canto dos lábios.

#– Vim aqui porque eu não pude falar com você o dia inteiro... Porque eu estou com saudade e não quis falar por telefone... Preferi vir pessoalmente... Sei que já é tarde, mas eu precisava te ver...

*– M-mas aconteceu alguma coisa? Não esperava que você viesse aqui.

#– Aconteceu que passei um dia infernal e não pude parar de pensar que preferia estar com você... Preciso te falar algo importante e não dava pra ser por telefone... Queria te ver para isso ou a saudade poderia me matar... – Dizia enquanto ela me olhava parada com olhos bem abertos. - Não vai me convidar para entrar? - Perguntei ainda parado a porta com um sorriso bobo nos lábios e o coração acelerado no peito.

*– C-claro... - Disse sentindo meu rosto queimar dando passagem para que ele entrasse... Ele estava prestes a entrar no lugar proibido, onde a intimidade entre nós apenas poderia se intensificar, onde quase nos amamos...

#– Perdoe-me pela hora, mas precisava te ver ou não sobreviveria às próximas horas! - Disse a olhando nos olhos... Ainda parecia surpresa com minha visita.

* Sorri para ele, realmente não esperava a sua visita... Ele me surpreendeu.


# Ao adentrar o quarto, um lugar cheio de recordações, olhei para Paulina e pude notar um leve rubor em seu rosto e sorri maroto imaginando que assim como eu, ela também estava recordando os momentos de carícias que tivemos aqui...

* Ele passou a mão pela minha cintura e me conduziu até dentro do quarto fechando a porta devagar... Senti meu corpo inteiro estremecer com o seu toque, senti minhas pernas perderem a sustentação e, se ele não estivesse me segurando, juro que poderia cair e quando ele parou e segurou o meu pescoço subindo as suas duas mãos lentamente tocando o meu corpo eu pude reviver tudo o que vivemos aquela noite neste mesmo lugar proibido.

# Percorri o olhar por aquele cômodo... Tudo estava como me lembrava então virei-me olhando-a nos olhos, Paulina parecia constrangida com minha presença ali e eu estava tentando me conter e fazer a coisa certa.

– Só passei para vê-la... Surgiu uma viagem de ultima hora! - Disse tentando mudar o foco de meus pensamentos. Tentava com todas minhas forças olhá-la nos olhos, mas vez por outra meus olhos corriam para seus lábios... Queria beijá-la, mas tinha medo de que se a beijasse não pudesse mais parar e o que menos queria era sair de viagem brigado com ela.


* Senti meu coração gelar quando ele disse sobre uma viagem... Aquela sensação que eu senti o dia inteiro por não tê-lo por perto invadiu os meus sentidos com uma proporção muito maior e eu senti vontade de chorar, mas não podia transparecer isso, não entendia esse sentimento, mas sabia que não precisaria entender... Ele não me beijou, e me contive para não puxá-lo e me deleitar do sabor daqueles lábios tão deliciosos, mas ainda não tinha toda essa coragem, temi parecer muito desesperada, temi me entregar demais a essa relação e sair machucada depois. Ele disse que vai viajar, e só Deus sabe o que acontecerá neste tempo em que ele estiver fora, eu não podia estar insegura, mas não conseguia expulsar esses pensamentos de minha mente. Consegui disfarçar o que sentia e o olhei de volta, firme.

– Viagem?


#– Uma viagem de negócios! - Respondi sem poder decifrar em seu delicado rosto seus sentimentos... - Ficarei fora por apenas um dia se tudo ocorrer como espero! - Dizia enquanto a olhava tentando compreender a mulher a minha frente. - E como não nos falamos o dia inteiro vim para me despedir! - Completei a olhando... Me sentia um bobo por não saber como agir, nunca tinha me acontecido isso e o fato de Paulina não ter procurado nenhuma aproximação me deixava preocupado. Será que tinha ficado chateada por não ter ligado antes? Me perguntava enquanto a olhava. Bom, ela não parecia estar chateada... Eu nem ao menos conseguia saber como ela se sentia nesse momento... - Porque não vem a essa viagem comigo? - Perguntei e antes que ela pudesse responder fiz o que melhor sei, a puxei para mais perto e aproximei-me de seu pescoço sentindo o perfume que exalava de sua pele... Meu corpo respondeu a aproximação e mesmo de uma forma muito discreta, a senti estremecer com minha aproximação... - Poderíamos ficar uns dias a mais e conhecer a cidade! - Sugeri próximo ao seu ouvido com a voz rouca, inebriado com seu perfume...

*– Ir com você? - Perguntei incrédula. Ele estava me convidando pra viajar com ele? Sozinhos nós dois?– N-não dá! - Respondi com dificuldade lutando contra o que o meu coração pedia enquanto ele roçava sua boca em meu pescoço delicadamente lançando arrepios por todo o meu corpo.

# Me afastei a olhando... Não queria parecer insistente, então apenas aceitei sem questioná-la... - Tudo bem! - Disse lhe oferecendo um sorriso e tentando mascarar a decepção. - Teremos outras oportunidades! - Completei rapidamente.
Vi que ela queria se desculpar, mas decidi que o melhor era mudar de assunto... - Já que terei de viajar sozinho quero te pedir uma coisa... - Disse em tom humorado enquanto percorria meus dedos por seu rosto em uma delicada carícia que a fez desviar o olhar. Isso me encantava nela... Quando ela permaneceu em silencio continuei. -...Bom... Se não estiver chateada comigo queria te pedir um beijo! - Pedi lhe sorrindo. Definitivamente não estava me reconhecendo, desde quando eu pedia que alguma mulher me beijasse? Acho que a distância desde minha chegada me deixou inseguro para tomar a iniciativa e precisasse de um sinal de que minha presença ali era bem vinda.


* Não respondi, passei meus braços por seu pescoço, mergulhei meus dedos em seus cabelos e o beijei com vontade, saudade... Era incrível como eu me sentia com relação a ele, como eu me sentia quando estava com ele e ele realmente estava mudando. Ha pouco eu não entendi o porquê que ele disse que queria mudar, mas agora eu estou começando a entender muitas coisas. Aquele homem provocador e insistente de antes deu lugar a um homem compreensivo e paciente. O beijei demonstrando através desse beijo todo o sentimento que com palavras não podia falar... Começamos com um beijo faminto, de necessidade e aos poucos fomos diminuindo a intensidade daquele longo beijo e quando precisamos de ar, encerramos aos poucos, ele descendo seus lábios por meu pescoço eriçando completamente a minha pele...


# Sentir a maciez de seus lábios, o calor de seu corpo, seu toque... Correspondia ao beijo com a mesma intensidade e a puxei para ainda mais próximo... Estávamos prestes a provar que era possível sim que dois corpos ocupassem o mesmo espaço... Me perdi em seus lábios tentando não deixar que meu coração explodisse, tentando manter o controle de minhas mãos, tentando não fracassar na promessa que fiz, tentando não forçar a barra novamente e terminarmos naquela cama e amá-la como inúmeras vezes imaginei... Quando encerramos o beijo ofegantes nos olhamos com um sorriso bobo nos lábios. - Depois desse beijo acho que só entro naquele avião com uma arma apontada para minha cabeça! - Brinquei a olhando de forma intensa.

*– Bobo! - Ri com o que ele disse e enquanto ainda mantinha o sorriso nos lábios, acariciei o contorno de seu rosto, admirando a sua beleza máscula e seu rosto corado pelo beijo... Por um momento senti aquela tensão que a notícia me causou diminuir um pouco mais, mas tive medo de tornar-me dependente de estar com ele. Isso não podia acontecer! Mas quando eu estou com ele me sinto tão plena, me sinto completa, compreendida e estava amando essa nova fase, não imaginava que teríamos de nos afastar assim tão rápido...

#– Você é a única culpada! - Disse sorrindo encantado como Paulina parecia mais solta, carinhosa... - Bom... Você deve estar cansada! - Disse verificando meu relógio de pulso. - Gostaria de poder ficar, mas creio que se continuarmos trancados aqui dentro sua irmã vai derrubar essa porta! - Brinquei. - Pior ainda se for seu pai! - Completei rindo ao imaginar a cena.

*– Que horas você vai viajar? - Perguntei voltando àquela realidade... Não conseguia sentir indiferença diante disso... Não queria me separar dele e isso estava me corroendo por dentro.


#– Meu avião sai às 03h da madrugada! - Disse lhe sorrindo por seu interesse.

*– Assim tão cedo? - Perguntei desanimada, me sentia estranha, decepcionada com isso, achei q ele fosse pela manhã, mas não assim tão rápido.

#– Tenho que estar em Miami antes do almoço! - Expliquei a olhando seriamente. - Bom... É melhor eu ir! - Disse me aproximando para dar-lhe um ultimo beijo, mas ela se afastou rapidamente saindo do meu alcance...

* Miami? Pensei surpresa. Não pensei que ele fosse para um lugar tão distante... Indo para outro país ele não voltaria em um dia de jeito nenhum. Não consegui correspondê-lo... Não sei o porquê de minha atitude, mas não queria apenas um beijo de despedida, queria mais dele, não tínhamos a certeza de que logo ele estaria de volta, não podia acreditar que eu, logo eu, estava tendo esses tipos de atitudes.


#– Tenho algumas reuniões e logo em seguida pego um jatinho privado! Expliquei ao notar sua expressão de surpresa. – Mas se quiser que eu vá... - Dizia, mas deixei a frase morrer com o intuito de saber o que tinha dito ou feito de errado para tê-la afastado.

* - Não é isso, Carlos Daniel... - Disse interrompendo-o antes que ele interpretasse tudo mal. -... É que eu não esperava que você fosse para tão longe... E...Porque não fica aqui mais um pouco?

#– Me senti aliviado em saber que estava interpretando tudo errado. - Não quero te incomodar... Não está cansada? - Perguntei a olhando com preocupação.
Essa também era uma coisa nova, me sentia preocupado por Paulina, queria vê-la bem... Sentia uma grande necessidade de protegê-la.


*– Estou um pouco, mas não consigo dormir... E já que você vai tão cedo e não vamos nos ver logo, gostaria de sua companhia pelo menos um pouquinho. - Disse um pouco tímida e sei que estava estampado em meu rosto e ele sabia, mas não me importei, queria ficar com ele e se eu não o dissesse ele ia embora e a minha noite seria totalmente perdida, ficar longe dele seria o menos esperado e eu sentia como se fosse... Doer...

# Meu coração falhou uma batida com seu pedido e, como se já tivéssemos feito isso inúmeras vezes, me aproximei e entrelacei minhas mãos às delicadas mãos de Paulina, pude notar o perfeito encaixe de nossas mãos como se fossem feitas sob medida. Com calma a conduzi até a enorme cama e devagar Paulina deitou-se e eu segui seu exemplo a puxando para que se deitasse em meu peito. Com aquela aproximação sabia que ela perceberia que meu coração batia feito um louco, mas não me importava...


* Não sabia se era o certo pedir que ele ficasse. Ali em meu quarto principalmente, sabia que estava pondo lenha na fogueira, mas o queria por perto. Sentia a angustia dentro de mim me dominar, mas quando ele segurou minhas mãos nas suas entrelaçando-as pude sentir uma segurança até então desconhecida e meu coração se alegrou. Ele me levou até minha cama e me cobriu cuidadosamente e deu a volta indo para o lado oposto deitando-se sobre os travesseiros, acomodando-se e me puxou contra o seu peito, pude sentir e ouvir as batidas frenéticas de seu coração que aos poucos foram se acalmando e deslizei minha mão por seu peito com carinho, ele me olhou com os olhos escuros e beijou o topo de minha cabeça enquanto acariciava as minhas costas, conseguindo aos poucos me fazer afastar o sentimento que pairava a minha mente por meu pai. Realmente este homem estava mudando e eu sentia confiança em estar com ele a sós, ele me demonstrava o tempo todo que não precisava temer, não me sentia pressionada ou coisa do tipo e eu gostava de me sentir assim...

# Ficamos em silêncio apenas desfrutando daquele curto momento. Me sentia tão diferente do que era momentos antes de adentrar aquele quarto e com um sorriso me lembrei do que havia dito a John na ultima análise... “Só consigo ser melhor quando a tenho a meu lado”. Isso era algo assustador, mas que me deixava feliz, apenas Paulina podia me transformar... - Quando eu voltar de viagem podíamos passar o final de semana em minha fazenda! - Propus quebrando o silencio entre nós. - Você precisa de uma folga e eu também... Pelo que Rodrigo me diz, tem trabalhado muito para reerguer a fábrica, então essa negativa eu não aceito! - Completei rapidamente não deixando saída. - Se quiser pode levar Sophia, a sua amiga, Adelina... - Sugeri animado. - Se bem que prefiro apenas você... - Disse deixando bem clara a minha intenção de ficarmos sozinhos. - ...mas acho que conseguiremos arrumar um tempo para nós, afinal!

* Levantei meu olhar para fita-lo nos olhos e digerir bem o que ele acabara de me propor... Não sabia o que dizer, imediatamente poderia aceitar, mas não sei se devia, não com meu pai saindo de casa sem nos dar satisfações, não consegui vê-lo para conversar e isso me deixava mal... Não podia deixar as coisas como estão e ir me divertir, não seria justo, mas não sei se me sinto pronta para contar à Carlos Daniel agora, o que ele poderia pensar? Não poderia confiar mais seu investimento pesado em nossa firma se papai continuar desse jeito e sobre isso eu preciso falar com ele o quanto antes... Não quero que Carlos Daniel veja meu pai nesta situação, mas não pelo dinheiro e sim por mim, não sei como eu me sentiria diante de tal situação... - Tenho outras coisas que não posso deixar aqui, Carlos Daniel... - Respondi olhando-o com apreensão.


# – Já está resolvido! - Afirmei sorrindo enquanto percorria com o dedo por sua mandíbula contornando-a até o queixo e a puxava para depositar um rápido beijo em meus lábios... - Vamos à fazenda neste fim de semana! - Completei sorrindo e quando notei um olhar sério em seu semblante me preocupei. - Você ainda não confia em mim? - Perguntei a olhando seriamente. Estava me esforçando, acho que Paulina não fazia idéia do quanto me esforçava para tê-la tão próxima sem poder tocá-la como queria.


* Ele não entendeu a minha recusa... E como eu podia explicá-lo tudo? Não sabia bem como fazer... Mas precisava de uma boa justificativa ou ele pensaria que eu continuava o evitando. Mas como contar a ele que o meu pai se transformou num alcoólatra, viciado em jogos e que saía de casa sem hora pra voltar... Que parecia não considerar mais suas filhas nem ninguém...? Como eu explicaria toda essa situação a ele? O que ele poderia pensar? Fiquei um momento pensando, tentando encontrar um bom argumento mas foi inútil, nada consegui dizer.

#– Acho... - Dizia enquanto me sentava, me afastando. -...Melhor eu ir... - Completei magoado... Céus como me doía... Mas eu mesmo dei motivo para os temores de Paulina, no inicio me mostrei um cafajeste com ela e agora não poderia culpá-la por não confiar em mim. -...Se quiser... - Dizia evitando olhá-la. -...pode me ligar. Vou deixar o celular ligado o tempo inteiro! - Dizia tentando ser neutro e não demonstrar minha decepção...

*– Não é com você, Carlos Daniel... São outros motivos... - Deixei a frase morrer enquanto apertava mais forte a sua mão impedindo que ele se afastasse e sem conseguir controlar mais, senti uma lágrima teimosa deslizar por meu rosto. Não o olhei nos olhos.


#– Se não sou eu... O que é? - Perguntei preocupado ao vê-la chorar. O que se passava com Paulina? O que ela estava escondendo de mim? Me perguntava preocupado enquanto me reaproximava a envolvendo em meus braços. - Por favor, não me afaste de você assim... Me deixe te ajudar! - Pedia enquanto acariciava suas costas com delicadeza sentindo um nó apertado em minha garganta. - Confie em mim! - Pedi enquanto tentava acalmá-la.


*– É que... Você não tem nada a ver, Carlos Daniel e eu não quero que você se preocupe por algo que você não tem obrigação. E a culpa é minha... E sei que poderia evitar muitas coisas e agora como as coisas estão eu não sei se devo... - Disse abraçando-o mais forte. Não pude me segurar e chorei mais em seu peito.


#– Não deve ir à fazenda comigo? - Tentei adivinhar quando Paulina deixou a Frese morrer tomada pelo choro. - Se quiser deixamos para outro dia... Não vou mais insistir, iremos quando você quiser! - Disse tentando acalmá-la. - Por favor meu amor, não chore! Não foi minha intenção deixá-la nesse estado! - Disse tentando me desculpar

* Respirei fundo forçando-me a ficar calma e enxuguei as lágrimas que ainda caíam. - Sim... E me desculpa, Carlos Daniel... Eu não pensei que isso pudesse acontecer... Ai meu Deus, que vergonha! - Sorri sem graça. - Não se preocupe, e quero muito conhecer a sua fazenda, vamos esperar até você voltar e veremos o que pode ser feito.

#– Tudo bem... Decidimos isso quando eu voltar! - Disse a olhando preocupado enquanto em um gesto de carinho sequei uma lágrima teimosa em seu rosto. - Vem... Vamos deitar um pouco porque logo tenho que ir e preciso me certificar de que ficará bem quando eu for! - Disse sorrindo enquanto mais uma vez a aconcheguei em meus braços. - Durma um pouco, quanto estiver saindo te chamo! - Sugeri enquanto acariciava suas costa tentando tranqüilizá-la.

# Carlos Daniel narrando #

Em poucos minutos Paulina adormeceu e eu fiquei ali a observando dormir em meus braços, sentindo seu calor, seu perfume. Me sentia mais feliz do que nunca, Paulina estava transformando minha vida. Sentia que meus sentimentos por ela a cada instante se intensificavam mais e mais...
Em algum momento peguei no sono e acordei durante a madrugada e já era quase hora de eu ir, mal conseguia me imaginar a quilômetros de distancia dela, mas tinha de ir. Não queria acordá-la, mas precisava de me despedir.

– Paulina! - Chamei baixinho enquanto acariciava seu rosto.
– Hum? - Ela resmungou abrindo os olhos ainda sonolenta.
– Tenho que ir! - Disse sorrindo encantado.
– Eu te acompanho até a porta! – Ela disse sentando-se rapidamente tentando manter-se desperta.
– Não! - Disse sorrindo, impedindo-a que se levantasse. - Está frio lá fora... Só não queria ir sem dizer tchau! – Olhei em seus olhos enquanto me aproximava.
Nosso lábios se tocaram com suavidade e iniciamos um beijo lento, e como se meu corpo clamasse por senti-la a fiz deitar e a cobri com meu corpo. Nossos corpos colados, nossos lábios explorando o sabor do outro, nossas respirações aceleradas... Mal tinha consciência do que estávamos fazendo, a única coisa que sabia era onde queríamos chegar, todo meu corpo desejava aquela mulher em meus braços, queria poder amá-la naquele momento, mas meu consciente gritava desesperadamente que não devia, ainda não.

– Acho melhor eu ir! - Disse ofegante sem me afastar. – Vou sentir saudades! Depositei um beijo rápido em seus lábios e me levantei rapidamente, meu corpo sentiu no exato momento a perda do calor que sentia em seus braços. – Nos vemos! - Disse sorrindo enquanto abria a porta do quarto.

– Uhum... Nos vemos! - Ela respondeu sorrindo, seu rosto corado por nossa atividade e os olhos brilhando na fraca luz do quarto.

Segui pelo corredor torcendo para que ninguém estivesse acordado, não gostaria que me vissem sair do quarto de Paulina aquela hora, tudo bem, ela era adulta, mas não queria que pensassem coisas que não eram certas. Desci pela enorme escada e dei de cara com a senhora que me abriu a porta.

– O senhor! - Ela disse surpresa. – Pensei que já tivesse ido embora! - Declarou me olhando desconcertada.

Sabia bem o que ela estava pensando...

– Eu estou indo! - Disse a olhando seriamente também desconcertado com a situação.

A senhora não me fez mais perguntas, apenas me acompanhou até a porta abrindo-a para mim e nos despedimos... Seguia atravessando o jardim quando avistei um homem vindo em minha direção. Céus, será que antes que conseguisse chegar até meu carro teria que encontrar com todos dessa casa? Tentava ver na fraca luz quem vinha em minha direção e realmente me senti desconcertado quando reconheci o senhor Martins.

O que ele pensaria me vendo sair de sua casa a essa hora da madrugada? Não queria nem imaginar...

– Senhor Bracho?! - Ele disse em surpresa. - O que faz aqui a essa hora? Perguntou me olhando confuso.

– Estava... É... Estava conversando com a Paulina! - Disse agitado enquanto o olhava de forma desconcertada.

– Com minha filha? - Perguntou surpreso. – Se conhecem?

– Sim... Nos conhecemos! - Disse o olhando. – Ela e eu... Bom... Nós nos conhecemos! - Disse sem coragem de revelar ao senhor em minha frente que Paulina e eu tínhamos um relacionamento, mas pela forma que o senhor Martins me olhava, ele já desconfiava da espécie de relação que sua filha e eu tínhamos.

– Uhum! - Disse balançando a cabeça em concordância. – Sei... Continuou me observando em silencio. O notei desarrumado, gravata frouxa e a roupa amarrotada, o cabelo desarrumado e tinha o semblante cansado, provavelmente estava chegando agora da rua e não pude deixar de notar o cheiro de álcool, ele estava bebendo até essa hora, ou tinha parado apenas há algumas horas, caso contrário, não pararia em pé. Não estava caindo de bêbado, mas com certeza não estava sóbrio.

– Bom, foi um prazer vê-lo, mas tenho que ir! - Disse rapidamente quando caímos em silencio.

– Senhor Bracho! - O senhor Martins me chamou antes que eu pudesse seguir em frente, tinha um tom sério. – Minha filha é uma mulher adulta e ela faz da vida dela o que bem entender, mas peço que o senhor respeite minha casa! - Disse me olhando seriamente.

– Não se preocupe quanto a isso senhor Martins! - Garanti o olhando seriamente.

Tive vontade de respondê-lo da forma que merecia, quem era ele para me dar lição de moral? Segui a passos largos pelo jardim contando os segundos para estar dentro do meu carro rumo a minha casa, ao contrario, voltaria lá e diria o que o senhor Martins merecia ouvir.

Segui até minha casa, onde tinha que pegar a mala que pedi que Matilde fizesse para mim, e logo em seguida segui direto para o aeroporto onde um avião particular já me aguardava. O vôo duraria algumas horas, horas essas que aproveitei para tentar descansar...