Te Odeio Por Te Amar

Capítulo 26 - "The Week"


*Paulina narrando*

Terminei tudo o que pude e segui para casa, tinha combinado com Célia e estaria lá o quanto antes para conversarmos. Graças a Deus, com o trabalho todo que tinha acumulado não consegui recordar tanto aqueles momentos que passei com Carlos Daniel, mas ainda não conseguia deixar a inquietação me abandonar, tudo o que aconteceu aquela noite martelava a minha mente dolorosamente e a confusão que nela havia me fazia ficar ainda pior. “Como será que ele está agora? O que será que está fazendo? Será que ainda está com raiva de mim?” Me perguntava durante todo o percurso de casa, não queria mais pensar nele mas isso já era impossível de não fazer, ele dominava todos os meus pensamentos e eu queria muito deixar de lado todas as lembranças ruins, o problema não estava nele, estava em mim. Ele como homem não faria diferente do que fez e eu não podia culpá-lo por ter agido como agiu depois do constrangimento que eu o fiz passar. “Mas eu também me sinto constrangida”... “A culpa é toda minha, como pude deixar que as coisas chegassem aquele ponto?”... Vivia em um conflito interno, não sabia mais o que pensar, além do mais, ele chegou a me questionar várias vezes antes de eu praticamente expulsá-lo de casa, não precisava pedir uma satisfação mas o fez e eu com a minha futilidade não lhe dei a chance de entender o porque eu agia daquela maneira. Agora me sentia culpada, culpada por tudo, inclusive por agora estar sentindo tudo isso. Precisava mesmo conversar com alguém.

Cheguei em casa rapidamente para me arrumar, estava anoitecendo e papai mais uma vez havia saído de casa. Adelina me disse que ele saiu ao entardecer e pediu para que não o esperássemos. Tentei ligar para o celular dele mas ele não me atendia, o que me deixou receosa, temi o pior e não queria esperar para ver, mas também podia estar enganada quanto aos meus julgamentos, papai sabia muito bem sobre seus atos e sobre as conseqüências deles, não podia seguir cometendo os erros do passado.

Tomei um banho quente no intuito de relaxar e tirar um pouco daquele peso que estava sob minhas costas e me preparei para ir até Célia, sequei meus cabelos e vesti uma de minhas blusas favoritas, era preta e nela tinha escritas palavras que transmitiam positividade, foi presente de aniversário de minha mãe, uma calça preta e um salto alto, logo me perfumei e maquiei basicamente.

– Aonde vai assim tão linda e cheirosa, minha filha? – Perguntou Adelina sorridente ao me encontrar no corredor.

– Estou indo à casa de Célia, Adelina... Não volto para jantar. – Sorri-lhe.

– Tudo bem, Paulina! Falarei com Cacilda para que não prepare o jantar. Sophia também não está em casa, foi para a casa de uma amiga e disse que mais tarde te liga para explicar. Parece que vai ficar por lá.

– Obrigada por avisar, Adelina! Agora eu preciso ir, já estou quase atrasada. – Sorri-lhe e dei-lhe um beijo na testa despedindo-me.

– Deus te acompanhe filha! – Despediu-se amavelmente e fui até o meu carro.

...

– Paulina que alegria te rever, minha amiga! – Disse Célia calorosamente ao me abordar quando abriu a porta de seu apartamento.

– Oi amiga, que bom te ver também! – Retribui dando-lhe um forte abraço.

– Venha, entre! – Me puxou pela mão até a sua enorme sala toda iluminada, a casa de Célia era muito bonita, ampla e aconchegante, era um ambiente alegre e exuberante, iluminado e cheio de brilho, também tinha obras de arte por toda a casa. Ela decorou de acordo com a sua personalidade, a casa realmente tinha a cara dela. – Quer beber alguma coisa? Uma água, um suco, uma tequila? – Perguntou animada.

– Não, obrigada! – Disse-lhe sorrindo, se bem que estava precisando de uma bebida forte para relaxar... Pensando bem... – Bem, vou querer tequila!

– Assim que eu gosto de ver, Lina! – Disse sorrindo ao se aproximar do mini-bar que tinha em sua sala, ali tinha de tudo!

Tomei daquela bebida duas doses seguidas e Célia muito animada também me acompanhou, como nos velhos tempos. Não somos de beber muito, mas de vez em quando fazíamos isso quando saíamos para nos divertir na época da faculdade. Célia me conduziu até o seu quarto e enquanto terminava de se arrumar, íamos conversando.

– ... Então Lina, como você está? Como foi o jantar do ano? – Perguntou-me brincalhona enquanto procurava alguma coisa dentro de seu closet.

– O jantar foi... Digamos que foi bom... – Disse pensativa.

– Bom? Só bom, Lina? Como assim? Explique melhor.

– Fomos a um restaurante maravilhoso, jantamos, conversamos, dançamos e...

– E o quê, ai Paulina conta logo de uma vez... – Disse aparecendo rapidamente na porta do closet para me olhar.

– ...E ele me levou ao mirante da cidade... – Continuei suspirando, meus pensamentos de volta aquela noite.

– Sério que ele fez isso? Acho aquele lugar tão romântico, Lina... Um ótimo lugar para namorar! – Disse travessa.

– Sim, é... É um lugar muito lindo e romântico. – Parei por um instante enquanto meus pensamentos permaneciam naquele lugar e nos momentos que passamos juntos ali.

– E aí, rolou alguma coisa? – Perguntou sorrindo, curiosa.

– Ele me contou algumas coisas sobre sua vida, coisas que jamais contou a ninguém e... E nos beijamos. – Respirei fundo e olhei para Célia que já estava parada a minha frente. – Nos beijamos muito, e só paramos quando começou a chover. – Disse o que Célia queria ouvir e sorri.

– E depois? Aconteceu alguma coisa no carro? Ele te levou pra casa? – Sentou-se ao meu lado perto da cama, estava completamente empolgada com a minha história.

– No carro não, mas ele me levou pra casa e... – Célia estava super atenta ao que eu contava, seus olhos brilhavam e um sorriso travesso estava esboçado em seus lábios. - ...me deu o seu paletó para que eu me protegesse da chuva, já que ninguém foi abrir o portão e nós tivemos que ir andando até a porta principal.

– Você, é claro, pediu que ele entrasse e se secasse e...

– Não, eu não pedi. – Olhei Célia nos olhos. – Eu queria, mas não o fiz e ele foi embora.

– Ai Lina, eu não acredito nisso! – Disse em tom de surpresa mas não estava tão surpresa, com certeza esperava que alguém como eu dissesse isso.

– Nos despedimos e quando eu pensei que ele estava indo embora, a campainha de casa tocou e era ele. – Corei.

– Sério que ele voltou? Ai meu Deus, e aí? – A empolgação de Célia novamente estava ali.

– Aí que eu o convidei para entrar e se secar, ou podia ficar resfriado. O levei para o meu quarto e lhe entreguei algumas toalhas e uma roupa seca de meu pai. – Disse-lhe com um meio sorriso, ela parecia estar satisfeita ao me ouvir, mas sabia que logo o seu sorriso de satisfação se desmancharia ao escutar o que estava por vir.

Contei-lhe tudo, não entrei em detalhes, mas lhe disse sobre a forma que deixei Carlos Daniel e como ele foi embora. Ela ficou perplexa, não podia acreditar que eu fui capaz de fazer isso com um homem, apesar de me conhecer, nunca imaginou que eu poderia chegar tão longe e desistir assim quase nos “finalmentes”.

–...Ai, não me olhe assim, Célia! – Pedi, como se não bastasse toda a frustração me dominando mesmo sem que alguém me dissesse nada, agora acho que as coisas vão piorar.

– Paulina, como você quer que eu te olhe? – Perguntou ainda boquiaberta. – Você me disse que quando estava a ponto de transar com o cara, você simplesmente diz que não quer e o dispensa! Você, minha amiga, merece um lugar no livro dos recordes. – Sorriu.

– Ai Célia, não me crucifique ainda mais. – Pedi chorosa.

– Amiga, coitado! O pobre homem deve estar arrasado. – Gargalhou.

– É, acho que sim. – Não pude deixar de sorrir também, mas logo o sorriso se transformou em preocupação.

– E vocês já conversaram depois disso?

– Não, antes de ele ir embora ele ficou me questionando, mas eu não lhe dei explicações. Não achei que deveria fazer isso.

– Mas Paulina, ele ainda quis conversar com você... – Pegou em minha mão afagando-a. – Outro homem definitivamente não faria isso, ao menos que estivesse interessado em você.

– Não acredito que esteja, amiga... Ele é um homem mulherengo, ele mesmo me disse que eu consegui o que nenhuma mulher conseguia, o jantar, ele disse que levava as mulheres direto para a cama. – Disse com minha cabeça baixa.

– Sério que ele disse isso? Nossa! – Suspirou me olhando maliciosa. – Tá vendo aí, ele deve estar interessado em você, já que você conseguiu o jantar... E se ele estiver falando a verdade e com você ele está fazendo diferente porque viu que vale a pena?... – Perguntou pensativa.

– Não creio que ele pense assim, ele é um cafajeste como os outros e sei muito bem quais são as suas intenções. Ele não quer nada mais além de sexo e depois... – Senti os meus olhos marejados e percebi que minhas emoções estavam à flor da pele quando uma lágrima insistiu em deslizar por minha face.

– Está chorando, amiga?! – Perguntou preocupada ao notar a minha fragilidade.

– N-não, Célia... Não é nada! É que...

– É que você está apaixonada, Lina! – Concluiu rapidamente.

– Q-quê? Não Célia, eu não estou apaixonada! – Rebati tentando ao máximo demonstrar segurança em minhas palavras.

– Claro que está, amiga! Não pode negar a si mesma, está apaixonada por este homem e apenas tem medo de se machucar de novo. Paulina, nem todos os homens são iguais, nem todos os homens vão te fazer sofrer da mesma forma. Temos que nos arriscar, estamos sujeitos à tudo nessa vida e não vamos escapar das coisas ruins, assim como também as coisas boas vem até nós e esse cara ter entrado assim em sua vida foi uma coisa ótima, não acha? – Disse em tom acolhedor, sempre era bom conversar com a minha amiga, mesmo quando eu achava que estava certa, ela sempre tinha alguma coisa mais sensata a me dizer, não apenas com o meu ponto de vista nas coisas.

– Eu não sei, Célia... Eu estava tão bem, a minha vida estava seguindo da melhor maneira antes de conhecê-lo e agora eu vivo nesse turbilhão de sentimentos... – Disse-lhe enquanto secava as lágrimas que ainda rolavam por meu rosto.

– Deixa as coisas acontecerem como tem que acontecer, Lina! Você não fazer tudo ao seu modo, não pode querer afastar assim de você os que te querem bem e se esse cara realmente quiser alguma coisa com você, ele vai te procurar. – Disse confiante ao dar uma piscadela sendo positiva.

– Depois do que eu fiz ele passar, não creio que ele volte a me procurar. Agora deve estar com outra rindo às minhas custas.

– Não diga assim, Lina. Confie mais em si e confie no que o destino tem guardado para você, viva um dia de cada vez e espere que as coisas aconteçam por si, mas também faça a sua parte. – Disse ainda afagando a minha mão. – Sebe de uma coisa? – Levantou-se de supetão fazendo-me olhar para ela. – Vamos sair hoje! Deixa só eu fazer uma makeup que vamos! – Concluiu alegre.

– Não, Célia! Eu não estou com ânimo para ir à festas e muito menos agora que estou tão cansada e tenho...

– Nada de desculpas, vamos sim! Lá tomaremos mais alguma coisa e ficaremos bem contentes! Vamos Paulina, deixa de lado pelo menos um pouquinho as suas preocupações, a gente pode paquerar um bocado hoje porque o que tem de gatinho dando mole... – Insistiu enquanto me olhava com voz e cara de súplica.

– Não estou usando uma roupa adequada, Célia! – Disse tentando ainda convence-la a não irmos. – E é segunda feira, não tem muito o que fazer hoje a noite.

– Você usa isto! – Disse rapidamente entregando-me um vestido seu. – E é claro que temos o que fazer... Anda, vai se arrumar, não vamos perder mais tempo!

– Tudo bem, mas não vamos demorar! Amanhã ainda tenho que ir cedo trabalhar. – Disse vencida.

– Tá! Vou terminar a makeup e a gente vai.

Fomos de táxi, assim preferiu Célia por insistir que bebêssemos algo forte aquela noite e por mais que eu não estivesse muito a fim de fazê-lo, aceitei a sua idéia, precisava tirar tudo o que estava me deixando mal para trás, precisava esquecer Carlos Daniel pelo menos por uns momentos e com Célia com certeza seria fácil me animar. Chegamos até o nosso destino, era um pub chamado “The week” que costumávamos freqüentar quando estávamos de férias da faculdade, funcionava a partir das 20h e era um ambiente muito agradável e muito bem freqüentado, era muito amplo e para todos os gostos, dentro desse pub tinha uma discoteca com duas pistas de dança, piscina e área ao ar livre, também lá tocava DJs nacionais e internacionais e nós adorávamos.

– Quanto tempo tem que a gente não vem aqui? – Perguntou Célia animada ao entrarmos na pub e sentarmos próximas ao bar.

– Acho que já faz uma dois anos. – Respondi sorridente.

– Vamos beber alguma coisa! – Sugeriu erguendo a mão ao bartender que estava próximo a nós.

– Célia, não me leve a mal mas eu não posso beber nada muito forte. – Disse-lhe seriamente, também precisava advertir a mim mesma, precisava beber, mas não podia.

– Calma, Lina! Nós vamos apenas tomar alguns coquetéis como sempre fizemos, ainda não é tão tarde e podemos beber com moderação, daqui a pouco vamos embora e você estará sã e salva para amanhã! – Concluiu divertida entregando-me um “Tequila sunrise”, um drinque de tequila com laranja e romã que adoramos. – Esse aqui é a entrada! Vamos brindar a nossa noite!

Brindamos e, apesar de não estar tão empolgada quanto Célia, tentei me divertir, dançamos um pouco e depois voltamos à mesa que estávamos.

– Paulina!!! - Fui surpreendida com alguém que vendava os meus olhos com suas mãos e a sua voz familiar me fez sentir náuseas e não pude revirar os olhos porque eles ainda estavam vendados, mas com certeza Célia sabia muito bem como estava o meu humor diante daquela descoberta. Puxei suas mãos de meus olhos e o cumprimentei desanimada.

– Oi, Ivan. – Não estava nem um pouco feliz em ver o Ivan ali, Ivan é um eterno mauricinho, desde que estudávamos juntos no ensino médio ele ficava atrás de mim, mas eu nunca lhe dei nenhum tipo de esperanças, sempre foi muito bonito e charmoso mas nada disso fazia com que eu me interessasse por ele, ele só falava besteiras.

– É apenas um “oi, Ivan” que você diz, gata? Será possível que você não sente nenhum pouco de alegria em me ver mesmo depois de tanto tempo? – Perguntou fazendo charme. Não respondi nada.

– E aí Ivan, o que tem feito ultimamente? Trabalhando? Estudando? – Perguntou Célia antes que eu lhe desse uma resposta grotesca.

– Digamos que eu sou um homem de sorte e o meu trabalho é apenas trazer alegria as mulheres...

– Ué, por acaso virou palhaço? – Perguntei irônica, Célia riu de minha pergunta.

– Não, minha linda! Eu...

– Preciso ir ao toilette, Célia! – Disse interrompendo o que Ivan estava dizendo, ele continuava o mesmo irritante de sempre e eu não queria ter que aturá-lo. – Volto já! – Sussurrei apenas para que Célia me entendesse e bufei ao apontar para Ivan.

Me sentia já um pouco tonta, ainda estava cedo e não havia muita gente onde estávamos, a festa mesmo só começaria a partir das 2h da madrugada e eu definitivamente já estava com vontade de ir embora, mas ao sair do toilette me deparei com uma cena que não esperava, me sentia num deserto já vendo miragem, não podia crer que o que eu estava vendo era real, tinha que estar bêbada porque em sã consciência talvez isso não estivesse acontecendo.

Me aproximei um pouco mais e fiquei atrás de uma pilastra que podia me esconder perfeitamente, não sou de cuidar da vida dos outros mas isso me importava. Era ele, com certeza era ele e estava com uma mulher, estavam num local mais “reservado”, ali nem todos podiam xeretar sobre sua vida, exceto eu que estava ali fazendo exatamente isso, mas não consegui evitar. A mulher eu não podia ver bem porque estava de costas, era magra mas tinha um corpo escultural, usava um vestido vermelho muito apertado e curto deixando suas pernas quase inteiras de fora, tinha cabelos cumpridos castanhos claro e estava grudada nele, praticamente o devorava. Lágrimas já rolavam de meus olhos ao presenciar toda aquela sem-vergonhice, estava atônita ao que estava diante de meus olhos, ele segurava em sua cintura com uma de suas mãos e a outra segurava um copo de whisky, após o beijo não muito demorado, notei que ele virou-se e repreendeu-a, não sei o que falavam mas ela parecia reclamar de algo. Estava perplexa com aquela cena, jamais esperei que ele pudesse me enganar daquele jeito, me sentia enganada, ele tem namorada ou noiva, ou até mesmo esposa essa mulher pode ser dele e ainda assim insistiu em me conquistar e conseguiu, conseguiu o que eu não permitiria que mais nenhum homem me fizesse sentir, conseguiu que eu me apaixonasse por ele...

Saí imediatamente dali e voltei ao meu lugar, me esforçando para fingir que nada tinha visto e Célia não percebesse nada, enxuguei as poucas lágrimas que invadiram os meus olhos e voltei para onde estava Célia, Ivan e seu amigo.

#Carlos Daniel narrando#

Levei Victoria a um pub bem badalado da cidade, ela como sempre, estava grudada em mim jogando seu charme por onde passávamos,era uma mulher muito bonita e até interessante eu diria, mas até ela abrir a boca e começar a falar que todo seu encanto acaba ai...

– O que você tem, meu amor? - Ela me perguntou em seu tom meloso.

Pelo jeito ela estava disposta a me irritar mais do que já estava.

– Não me chame de amor e por favor, Victoria... - Dizia enquanto a olhava seriamente. –...não estrague a noite! - Conclui seco enquanto adentrávamos a pub e então nossos ouvidos foram preenchidos pela musica alta que invadia aquele lugar.

Estava bastante movimentado, como era de se esperar, então segui com Victoria em busca de uma mesa para sentarmos, encontrei alguns conhecidos que apenas cumprimentei com um acenar discreto de cabeça e continuamos, assim que sentamos um garçom veio nos atender e pedi um bebida bem forte.

– Vamos dançar? - Victoria pediu animada enquanto olhava a pista lotada, eu apenas torci o nariz sem vontade alguma de me misturar.

– Não estou afim Victoria! - Disse ainda seco.

Não conseguia deixar de sentir uma irritação quando estava ao lado de Victoria e algumas de suas atitudes me deixavam ainda pior do que já estava com toda aquela história com a Paulina.

– Então para que viemos a um lugar como esse se é para ficarmos parados? - Ela perguntou me olhando irritada.

– Eu vim apenas para beber, se você quiser ir dançar... - Disse encarando-a de forma séria. –...Vá!

Bom, dar minha permissão para que ela fosse dançar não serviu para afastá-la de mim, apenas fez com que ela grudasse ainda mais em mim porque depois de alguns minutos de reflexão ela se aproximou me olhando com um olhar sedutor e envolvendo seus braços em meu pescoço aproximou-se mais de mim para que pudéssemos ter uma conversa particular na medida do possível.

– Se queria relaxar devíamos ter ido para sua casa! - Sussurrou em meu ouvido.

Não posso negar que senti uma pontada de desejo por aquela mulher sedutora agarrada a mim, acariciando meu peito e colando sua forma de uma forma tão sexual, sou homem acima de tudo, mas com Victoria não podia ser, não mais... Não sei onde estive com a cabeça de ter me metido com essa mulher.

– Victoria! - Disse chamando sua atenção enquanto me afastava apenas o suficiente para olhá-la nos olhos. – Te trouxe aqui apenas como companhia!

– Mas você está tão tenso... - Ela insistiu enquanto suas mãos corriam por meu pescoço e peito acariciando enquanto me olhava de forma penetrante.

– Você está me deixando tenso, Victoria! Pode apenas tomar sua bebida e ficar em silencio? - Perguntei enquanto virava meu copo de uma só vez irritado.

Minha forma rude de falar com Victoria pareceu ter surtido efeito, pelo menos agora ela estava calada enquanto observava o movimento a nosso redor, a musica estava tão alta que mal conseguia pensar, bom, isso deveria ser uma coisa boa, não deveria pensar, tinha que esquecer tudo que estava me deixando nesse estado, tinha que tirar minha obsessão por ter Paulina em minha cama.

Senti em alguns momentos que estava sendo observado e começava a achar que estava ficando maluco, mas essa sensação não me deixava.

– Paulina! - Disse seu nome meio que testando seu som em meus lábios enquanto minha mente viajava de volta àquele quarto.

– O quê? - Victoria me perguntou olhando-me perplexa.

– Nada! - Disse seriamente.

– Quem é Paulina? - Ela insistiu na pergunta.

– Não é ninguém! - Rebati olhando-a com um olhar de advertência mas Victoria era a ultima pessoa na face da terra que entenderia esses olhares e se os entendesse com certeza os ignoraria de propósito.

– Para que me convidou se está com a cabeça em outra? Ela me questionou indignada e levantou-se com raiva e começou a caminhar para longe de mim.

Se ela pensou que esse teatrinho de mulher ofendida funcionaria comigo, está muito enganada, eu não movi um músculo sequer para me levantar e ir atrás dela. Levantei-me apenas para pegar mais uma bebida para mim já que o garçom parecia ter desaparecido...

Bem, não cheguei nem sequer até o balcão, não podia acreditar em meus olhos... Era ela...

“O que ela faz aqui?” Me perguntava muito irritado, ainda mais vendo seus acompanhantes.

Ela estava acompanhada de três amigos, bom, pelo menos eu achava que eram apenas amigos, mas ao ver um de seus acompanhantes aproximar-se ao ouvido dela para dizer alguma coisa de uma forma muito intima para meu gosto, não me contive e acabei com os poucos metros que nos separávamos e quando nossos olhares se cruzaram, o pequeno sorriso que continha em seu lindo rosto se desmanchou.

– C-carlos Daniel! - Ela disse meu nome surpresa.

– Passei apenas para cumprimentá-la! - Disse em tom sarcástico, não conseguia deixar de lado esse meu gênio.

– Ah...Oi! - Ela disse brevemente. – O que faz aqui? - Perguntou, ainda estava nervosa...

– O mesmo que você! - Disse sem conseguir deixar de olhá-la nos seus olhos verdes.

Ela apenas desviou o olhar do meu e levou apenas alguns instantes para me apresentar a seus amigos, pude notar que um deles a olhava constantemente, minha vontade era arrancá-lo de perto de Paulina, estavam próximos demais para meu gosto.

– Será que podemos conversar em particular? - Perguntei a Paulina quebrando o silencio constrangedor em que caímos.

– Não temos nada para conversar! - Rebateu petulante, me desafiando apenas com o olhar.

Quase não pude esconder minha satisfação ao ver a mulher petulante surgir novamente em Paulina, essa com certeza era uma das coisas que mais gostava nela... Não... Não posso começar a enumerar as coisas que gosto dessa mulher.

– Se você pensa assim... - Disse e respirei fundo, olhando-a nos olhos e em seguida olhando os demais amigos de Paulina que permaneciam em completo silencio. – ...Com licença! - Pedi afastando-me e seguindo até o balcão onde fiz meu pedido e sentei-me a uma certa distancia.

Não pude deixar de notar o quão linda e provocante Paulina estava, recebia muitos olhares cobiçosos e seu amigo sentado a seu lado estava visivelmente babando por ela que parecia desconfortável com sua presença, minha vontade era tirar aquele descarado com murros e pontapés de perto de Paulina, como ele ousava olhá-la dessa forma?! A raiva estava me consumindo, então pedi ao garçom mais uma dose de whisky duplo para tentar me acalmar, quanto mais lutava para tirar Paulina da minha cabeça, mais ela conquistava um espaço em meus pensamentos.

Depois de um tempo que ficaram conversando o amigo de Paulina a convidou para dançar ela parecia não querer porque recusou inicialmente, mas a amiga a encorajou e ela acabou aceitando, não sei como estava conseguindo me conter e achei melhor sair de perto, não queria presenciar aquela cena.

Paulina nos braços de outro, não veria isso. Segui para o lado de fora do local, a noite estava fria, fiquei andando de um lado a outro me segurando para não me meter em confusão por um direito que eu não tinha e depois de um tempo tomando o ar frio da noite acabei esfriando a cabeça e voltei para o interior do pub e mesmo sem querer admitir o motivo pelo qual olhava para todos os lados, segui novamente até o balcão, a mesa em que Paulina estava agora se encontrava vazia. “Onde será que ela foi?”

Andei em meio a multidão procurando-a e depois de levar alguns esbarrões a encontrei conversando com o amigo dela em um canto mais reservado, senti meu sangue ferver quando esse “amigo” acariciou o rosto de Paulina e senti que perderia meu controle e arrebentaria a cara dele quando o vi puxá-la para junto de si e ela tentando se afastar dele.

Isso bastou para que eu começasse a atravessar todas aquelas pessoas cego pela raiva, e por um momento, fui impedido de passar por um monte de rapazes bêbados que se empurravam rindo um do outro e quando finalmente consegui passar por eles Paulina se afastava do amigo que se encontrava curvado, com o rosto vermelho e uma expressão de dor, não pude deixar de achar graça no que acabara de deduzir... Paulina o olhava satisfeita.

– O pegou de jeito! - Disse ao me aproximar de suas costas fazendo-a virar-se rapidamente para mim.

– C-carlos Daniel! - Ela disse surpresa. – Pensei que já tinha ido embora! - Completou me olhando atônita.

– Não, tenho alguém que me interessa aqui! - Disse olhando intensamente.

– Imagino que tenha! - Retrucou em tom ríspido e não entendi sua repentina mudança. – Bom, eu já vou indo... Está muito tarde! - Disse já se afastando de mim e seguindo pela multidão largando seu amigo ainda gemendo de dor para trás.

“Impiedosa... adoro isso!” Pensei divertido enquanto olhava Paulina se afastar, mais que rapidamente a segui e a encontrei conversando com sua amiga que se me lembro bem se chama Célia.

– Posso levá-las para casa? - Perguntei ao me aproximar.

– Não! - Paulina disse rápido demais, como se quisesse distancia de mim e não duvido que queira.- Quero dizer... Não precisa se incomodar, vamos pedir um taxi! - Completou.

– Não é incomodo nenhum, eu faço questão! - Disse sorrindo amigavelmente.

– Se é assim... Aceitamos sua carona! - Célia rapidamente aceitou meu convite entes que Paulina mais uma vez o recusasse e não deixei passar o olhar mortal que Paulina lançou a amiga que apenas deu de ombros e rapidamente pegou Paulina pelo braço e a arrastou até a saída, eu apenas as segui achando tudo muito divertido.

‘Gostei dessa amiga da Paulina...’ Paulina sentou-se a meu lado no carro em completo silencio, apenas a sua amiga me enchia de perguntas.

– Então... - Célia me perguntou enquanto me observava da forma mais indiscreta possivel. – Você é casado? Já foi? Tem namorada? - Ela me perguntou erguendo uma sobrancelha questionadora.

– Digamos que não, nunca me casei! - Disse olhando-a pelo retrovisor.

– Estou aqui me perguntando como um homem com um porte desse pode estar solteiro ainda! - Ela disse ainda mais pensativa, estava um tanto “alta”, creio que por isso falava todas estas coisas. – E a única conclusão que cheguei é que ou o defeito está em você ou em sua pretendente! - Disse olhando-me seriamente em busca da resposta.

Antes que eu pudesse responder, Paulina me interrompeu.

– Chegamos! – Disse quando estacionei, abrindo a porta do carro rapidamente e pulando para fora, em seguida abrindo a porta de trás do carro e praticamente arrancando sua amiga de dentro do carro nem dando a ela tempo de se despedir de mim.

Levou apenas alguns minutos de conversa entre Paulina e sua amiga e então Paulina entrou novamente no carro e dei a partida e caímos novamente no silencio.

– Você está muito linda! - Disse olhando-a minuciosamente.

Minhas mãos coçaram pelo desejo de tocar sua pele alva novamente, pelo desejo de sentir seu perfume...

–O-Obrigada! - Ela disse se remexendo nervosa em seu acento.

– Nunca tinha te visto usando uma roupa tão... - Disse mais uma vez lhe lançando um olhar. – ...Sexy! - Completei lhe lançando um sorriso cafajeste.

– Porque não costumo me vestir assim, foi minha amiga Célia quem me convenceu a usar uma de suas roupas! - Explicou enquanto de alguma forma tentava fazer com que o vestido curto cobrisse suas pernas torneadas.

–Eu gostei! - Disse olhando-a enquanto esperava que o sinal abrisse. – Só não gostei do modo como aquele seu amigo te devorava com os olhos! - Completei olhando-a sério.

– Ele não é meu amigo, apenas estudamos juntos mas não somos amigos! - Disse rapidamente ignorando meu comentário.

– Entendo! - Disse arrancando o carro e ganhando velocidade. – Prefiro que só use essas roupas quando estiver comigo!

“Maldita língua!” Me amaldiçoei por dizer isso.

– Quem pensa que é para decidir o que visto? - Ela perguntou em um tom irritado.

Não a culpo, afinal, ela estava certa eu não era ninguém para ela...

– Não posso me considerar um nada para você depois de tudo que aconteceu entre nós! - Rebati irritado comigo, com ela... Nem mesmo eu sei ao certo o porque estava irritado.

– Não aconteceu nada entre nós! - Ela retrucou olhando-me seriamente e em seguida desviando o olhar para a janela evitando o meu olhar. – Aquilo foi um erro!

Fiquei em completo silencio enquanto estacionava o carro em frente à porta da casa de Paulina... Não sei bem como me sentia diante disso, mas mesmo assim me aproximei dela e sussurrei o que sei que ela não queria admitir.

– Você queria tanto quanto eu! - Sussurrei e ela me olhou e pude ver o espanto em seus olhos.

– Está enganado! - Me contradisse. – Nunca quis que chagássemos a esse ponto.

– Porque é tão difícil para você admitir uma coisa que seu corpo sequer consegue esconder?! - Disse enquanto acariciava seu braço e via os pelos ali se arrepiarem com meu toque. – Viu? - Perguntei aproximando-me mais do seu ouvido.

Assim, tão próximos podia sentir seu perfume e me embriaguei com ele respirando fundo, ela não disse mais nada, apenas saiu correndo do carro e entrou em sua casa fugindo da verdade, mais uma vez fugindo de seus desejos.