Te Odeio Por Te Amar

Capítulo 04 - "Mais uma..."


# Carlos Daniel Narrando #

Mais uma reunião com meus maiores acionistas. Sentei-me em meu lugar na cadeira presidencial e tudo que ouvia eram reclamações: "Perderam mais alguns milhões na bolsa de valores... Ficaram um pouco mais pobres... Temos de ganhar mais...". Esses eram um bando de sanguessugas que só queriam mais e mais dinheiro em suas contas bancárias, uma corja que só me dava nojo, pois muitos não se importam com qualidade visando apenas o lucro e ponto, e eu estava saturado disso quando minha visão não era a mesma para com os negócios. Não havia mais humildade ali, embora alguns tivessem razão e não podíamos perder mais do que ganhávamos, mas eu estava quase ao ponto de desfazer sociedade com alguns e buscar outros que realmente enxerguem os negócios como eu.

— Senhores! - Disse olhando para cada um naquela mesa. – Se estamos nessa situação, discutir e gritar não irá resolvê-la então ajam de maneira sensata! - Disse irritado, minha cabeça estava latejando e a gritaria na sala só a fazia piorar. Se desculparam e começaram a discutir o problema com mais civilidade, assim pudemos encontrar um modo de solucionar tais problemas.

Quando finalmente me despedia do último sócio e voltava para minha sala passei por Victória, que me lançou um olhar ferido, parecia verdadeiramente magoada e, por muito pouco eu acreditei na verdade em suas lágrimas.

— Onde está sua carta de demissão? - Perguntei-lhe quando veio avisar que já havia acabado seu expediente.

— E-eu não vou me demitir, senhor! - Respondeu olhando-me surpresa, talvez estivesse com medo de que eu exigisse sua demissão depois do que aconteceu mais cedo. Se ela queria ficar, pois que ficasse, mas o dia em que eu decidir demiti-la, não terá mais volta.

— Bom, então até amanhã! - Disse-lhe enquanto voltava minha atenção para o computador.

Por sorte hoje não teria sessão com o Dr. John, tinha de revisar todas as pautas da reunião e analisar os relatórios do Rodrigo sobre a fábrica dos Martins. Sairia muito tarde esse dia.

Ao terminar, passei pela sala de espera já totalmente vazia e segui até o elevador, as luzes estavam baixas, todos haviam ido embora e apenas ficaram os seguranças e alguns funcionários da limpeza.

Meu motorista sempre a postos para me levar para casa, mas não estava com a mínima vontade de ir para aquela casa enorme sozinho. Pedi que Gabriel me levasse ao clube que costumava frequentar e ali tinha muitas vantagens por ser um dos sócios, ninguém sabia disso, então era como se fosse um cliente diamante, que tinha mais regalias que um comum. Tinha suas vantagens ser um homem poderoso como sou, mas tive de trabalhar muito para conseguir chegar aonde cheguei.

O lugar estava lotado e eu fui direto para a área vip onde me sentei no balcão e logo fui atendido. Pedi uma dose dupla de uísque e fiquei observando o lugar, o movimento de vai e vem das pessoas e uma mulher em particular me chamou a atenção. Ela estava conversando com algumas amigas a apenas alguns metros de onde eu estava e quando vi uma das amigas sussurrar no ouvido da loira de quem eu não tirava os olhos, sorri ao vê-la me olhar e ergui o copo em cumprimento. Ela sorriu de volta... Essa já estava ganha.

Não levou tempo para que eu e aquela linda loira já estivéssemos trocando beijos em um lugar mais reservado. Ela era realmente muito bonita, principalmente quando ficava em silêncio. Falar sobre moda, compras e viagens a Paris não era um assunto que eu gostaria de conversar por horas.

— Vamos sair daqui...? - Perguntei a olhando enquanto esperava por sua resposta.

Eu era assim, sempre direto ao ponto e, se me desse uma negativa, simplesmente sairia dali e iria em busca de outra que quisesse o mesmo que eu. Determinei que nunca mais em minha vida me rastejaria aos pés de uma mulher, muito menos uma como essas que não vale a pena.

— Claro que sim! - Ela disse sorrindo enquanto se jogava em meus braços e me dava um beijo ardente. Eu a correspondi com intensidade e assim que encerramos o beijo a conduzi até a porta do clube para irmos em direção ao carro. Gabriel, como sempre, muito discreto seguiu sem dizer nada.

Fomos por todo o caminho nos beijando, ela era apenas mais uma para saciar meus desejos e no dia seguinte mandaria Gabriel levá-la embora, e nunca mais nos veríamos de novo.

Matilde, como de costume, me esperava, mas ao me vir entrar acompanhado apenas me lançou um olhar de reprovação e seguiu em silêncio para a cozinha. Eu não me importei, não costumava ouvir o que as pessoas diziam ao meu respeito... “É um mulherengo, safado!" Que me condenem por isso, afinal essa não era uma mentira como algumas outras que andam dizendo por aí!

Conduzi a loira que nem sequer eu sabia o nome até meu quarto, ela arrancou minha camisa, essa mulher era uma oferecida, era notável apenas por sua maneira de olhar e não estava nada errado...

...

— Nossa! - Ela disse admirada enquanto andava enrolada em um lençol pelo quarto observando tudo. – Este lugar é incrível! - Revirei meus olhos. “Mais uma...” Pensei enquanto me levantava recolhendo nossas roupas espalhadas pelo chão do quarto.

— Vista-se! - Disse-lhe em tom seco. Ela me olhou surpreendida e eu dei de ombros enquanto me vestia sem me importar com o que ela poderia estar pensando.

Ela vestiu-se e em seguida a conduzi até a porta onde o motorista já a esperava, não era nem preciso mandar que ele esperasse, ele já sabia que devia esperar e então a levou embora e eu voltei para meu quarto e entrei na ducha para um banho, limpando o cheiro daquela mulher que estava impregnado em minha pele.

Quando saí do banheiro, os lençóis em minha cama tinham sido trocados e logo imaginei que Matilde era a responsável, eu geralmente me encarregava de trocá-los sempre que trazia uma mulher para casa.

Dormir foi uma tarefa difícil, sempre era desde que tudo aconteceu. Levantei-me resignado e tomei mais alguns dos comprimidos que o Dr. John me receitou e logo o sono me tomou...