Todos os gorilas se reuniram em torno do grande líder Kerchak, seu chamado só era ouvido em momentos de grande importância, então o que quer que fosse Tarzan já sentia seu coração agitar-se. Ao seu lado Kala segura sua mão e sorri tentando tranquiliza-lo.

— Estou morre. — Anuncia Kerchak com naturalidade. — E preciso encontrar um novo líder para essa comunidade.

O momento enfim havia chegado, e agora Tarzan sabia que nenhum outro gorila seria tão condescendente com sua permanência junto aos gorilas. Ele queria falar com Kala sobre os estranhos que encontrou perambulando pela floresta, e dizer que eles são muito parecidos com ele, dizer que talvez agora seja hora de andar com os seus, mas por outro lado Tarzan se sente um gorila, não importa o que ele realmente seja, e não quer deixar sua mãe amigos para trás.

— Depois de muito refletir cheguei a conclusão de que três dos melhores gorilas terão de provar sua força, seu comando e sua lealdade a esta comunidade. — Continuou Kerchak. — Os escolhidos foram: Kago, Malo e Tarzan.

Todos estavam comemorando a escolha de Kago como um dos possíveis substitutos quando pararam surpresos e encaram Tarzan, que ficou imóvel ao ouvir seu nome. Não faz o menor sentido, só pode ter ouvido errado, Tarzan diz a si mesmo.

— Vocês são meus filhos mais preparados e confio em todos para esta missão, mas preciso que provem que não estou enganado, aquele que provar sua honra e lealdade acima de tudo será o escolhido para proteger esta comunidade.

Kerchak se vira e volta para seu descanso, deixando todos chocados. Era a primeira vez que ele chama Tarzan como filho, e era a primeira vez que o via como um membro da comunidade. Tarzan se sentiu honrado e lágrimas correram por seu rosto, agradecido por ter recebido amor do gorila que negou sua existência por muito tempo.

Em seu coração Tarzan sabe que precisa fazer de tudo para honrar a escolha de Kerchak, e não irá decepcioná-lo. Será o líder da comunidade, irá proteger a todos os seus irmãos em forma de agradecimento por terem o aceitado mesmo quando ele não era nada.

— Dá para acreditar nisso? — Terk se aproxima de Tarzan e Kala.

— Kerchak é frio, mas seu coração é bom e justo. — Kala diz orgulhosa pela escolha do pai. — Meu pai pela primeira vez assumiu seu amor por Tarzan, e isso é grandioso.

O jovem Tarzan ainda não conseguiu formular uma frase, nem sequer disse uma palavra, absorto em pensamentos.

— Tarzan vai ganhar essa disputa. — Terk dá um soco no braço de Tarzan, o despertando.

— Mãe, eu vou honrar a você e a Kerchak, eu prometo. — Tarzan passa a mão pelo rosto secando as lágrimas.

— Você já faz isso todos os dias. — Kala abraça o filho.

Depois da revelação de Kerchak todos voltaram a seus afazeres, cheios de expectativa sobre quem seria o novo líder, e quais as mudanças que isso poderá causar a comunidade. Enquanto isso Terk conta para Tantor e Cheeta a novidade, os amigos então também entram em um debate caloroso sobre os motivos que os levam a acreditar que Tarzan será o novo líder.

De sua árvore lar Tarzan olha em direção ao lugar onde encontrou os visitantes estranhos, como um líder ele precisava investiga-los e descobrir se são amigos e inimigos, então não havia sequer um motivo que o segurasse de ir até o encontro deles mais uma vez.

Por sorte os visitantes ainda estavam no mesmo lugar, ou pelo menos um deles. A estranha que havia chamado a atenção de Tarzan estava sentada fazendo movimentos de um lado para o outro em um objeto estranho apoiado em suas pernas.

Tarzan desceu da árvore e se escondeu por trás de algumas moitas, apenas alguns metros de onde a estranha estava. Ela tem uma aparência tão diferente de tudo que Tarzan já viu, seu rosto delicado, seus lábios finos e rosados, a estranha era de todas as criaturas, a mais bela que os olhos de Tarzan já se depararam.

— Tem alguém ai? É você Rebeca? Isso não tem a menor graça. — A estranha fala ao escutar um barulho entre as árvores.

Tarzan farejou, e soube imediatamente que era Sabor, a onça pintada. Uma das criaturas mais fortes e temidas na selva, e esta caçando a bela estranha. Tarzan não pode deixar que nada de mal aconteça aquela estranha que se parece tanto com ele, então ele corre até a estranha, a segura em seus braços e segundos antes do ataque de Sabor sai saltando de galho em galho para longe da onça.

O corpo molenga da estranha se mexe incansavelmente, e ela solta gritos ensurdecedores, mas seu cheiro é doce como a mais perfumada flor da selva.

— Me solte, me solte. Socorro, alguém me ajude. — A estranha grita palavras desconhecidas.

Quando finalmente estavam longe o bastante do alcance de Sabor, Tarzan para e coloca o corpo trêmulo da estranha em um galho da árvore mais alta da selva. Ele observa curioso, a expressão assustada no rosto da bela estranha e sente-se tentado a tocá-la, sentir a textura da sua pele.

— Que tipo de maluco é você? — A estranha diz e se encolhe contra o tronco da árvore.

A curiosidade de Tarzan o leva para próximo da estranha. Ele lentamente toca o rosto dela, e sente seu corpo arrepiar ao tocar a pele macia e delicada, tão branca como a lua.

— O que você está fazendo? — A estranha dá um tapa na mão de Tarzan.

Tarzan segura a mão delicada da estranha, e a encaixa na sua. São iguais, exceto pelo tamanho grosseiro das mãos de Tarzan. Um largo sorriso se forma em seu rosto e ele quer ir mais longe e descobrir como é o som do coração da estranha.

A estranha ficou quieta, apenas deixando que a curiosidade de Tarzan seja sanada. Ele apoia a cabeça no peito da estranha e escuta o som repetitivo e acelerado, assim como os dos gorilas, mas ainda mais parecido com o ritmo do seu próprio coração. Então ele pega a mão da estranha e leva até seu peito para que ela saiba que eles são iguais.

— Uau, seu coração bate forte. — Ela sorri e passa a mão livre pelo cabelo cor de fogo. — Qual seu nome?

Tarzan não entende o que ela quer dizer, então apenas fica a admirando, absorto pela beleza e semelhança da estranha.

— Ok. Ele não sabe falar. Me Deus, isso é surreal. Ok, se acalme Jane Porter. — A estranha continua falando e gesticulando. — Bem, acho que você talvez possa entender sinais.

Os olhos dos dois se encontram, e de repente tudo fica silencioso, e o mundo parece se reduzir aquele galho de árvore.

— Humm... — A estranha engole em seco. — Vamos lá. Eu sou Jane. — Ela aponta as mãos para si. — E qual o seu nome? — Agora aponta para Tarzan.

Jane repetiu mais uma vez os sinais, e Tarzan finalmente entendeu o que ela estava dizendo.

— Tarzan. — Ele disse.

A forma de falar de Tarzan é estranha e confusa para Jane, mas ela entende assim que escuta.

— Tarzan. — Ela repete. — Seu nome é realmente único.

Alguns metros abaixo deles, o restante do grupo aparece, caminhando aos tropeços.

— Preciso voltar para meus amigos. — Jane diz.

Mesmo sem entender as palavras Tarzan entende a mensagem contida nos gestos de Jane, e então a leva até o chão. Ele a mantém em seus braços por um tempo, com vontade de tê-la por perto por muito mais tempo.

— Nos veremos de novo, Tarzan? — Jane diz, enquanto caminha de volta aos seus amigos.

— Veremos. — Tarzan repete.

Ele com certeza a veria novamente. E a cada segundo longe seu coração ansiava por Jane.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.