Gerard fechou os olhos, deixando que a brisa fresca acariciasse sua derme translúcida. Ao abri-los novamente, deparou-se com um crepúsculo maravilhosamente surreal e uma tela em branco, pronta para ser pintada. Ali, sentado no banco daquele bonito parque, o homem passou algumas solitárias horas, enquanto se mantinha entretido com algo de que tanto gostava.

Era por volta das oito quando ele abandonou o local. Talvez nem tanto pelo fato de sua paisagem ter sido substituída por outra, mas sim porque não podia fugir de algo tão restritamente planejado como sua agenda de afazeres.

Então, foi exatamente por esse motivo que se dirigiu diretamente ao banho, após guardar seu material no ateliê, para que assim pudesse preparar seu jantar e, finalmente, descansar.

No dia seguinte, exatamente às seis horas da manhã, depois de sagradas oito horas de sono, Gerard acordou, fez sua higiene necessária, vestiu suas roupas e, logo que terminou o desjejum, dirigiu-se ao seu trabalho, na lanchonete do irmão.

Pararam para almoçar, depois de servir o almoço aos clientes, e trabalharam até por volta das cinco, quando Gerard caminhou até sua casa, de modo a pegar seu material e levar até o parque, onde trabalharia na tela até, por fim, terminá-la.

Nada nunca mudava na rotina do homem e ele parecia bastante satisfeito com as coisas da forma que elas caminhavam. Tudo bem que existiam impasses aqui ou ali, o fato é que ele estava feliz por simplesmente ter uma vida confortável e previsível. Isso bastava.

Tornou ao seu lar e fez o que sempre fazia, como de praxe. Já na cama, e coberto, fechou os olhos e esperou que o sono viesse após mais um dia igual a todos os outros. Mal sabia ele que as coisas estavam muito próximas de mudar.