Tudo já estava combinado. O laboratório que aconteceria a cirurgia já possuía os equipamentos necessários, Orochimaru já encontrava-se noutro laboratório e usando tudo ao seu alcance para que os órgãos fossem desenvolvidos a tempo, por sorte os siameses não possuíam um único coração, mas o rumo se alterava um pouco quando descobria-se que o siamês A era um pouco mais saudável que o siamês B, por isso a ideia de qualquer um seria salvar aquele com melhor saúde, mas isso não fazia parte dos ideais do rosado. Rin estava numa sala adjacente ao laboratório com outros dois Kage Bunshin, cada um deles lendo e decorando os exames feitos nos recém nascidos até aquele momento, assim decorando desde o tipo sanguíneo daquelas crianças até o último raio-x delas, desta maneira descobrindo exatamente o quão unidas estavam, porém uma certa pessoa enxergava o quão incomodado, nervoso e até mesmo receoso que o rosado encontrava-se por mais que se esforçasse. E essa pessoa era Yamanaka Misa que estava sentada numa poltrona e mantendo seus olhos azuis no Rin verdadeiro enquanto suas mãos seguravam uma xícara de chá de gengibre. Ela o enxergava por baixo daquela séria confiança, reconhecendo que, acima de tudo, seu noivo era como qualquer outra pessoa, ou seja, não era perfeito e ainda sentia que poderia falhar com aquela cirurgia, com aquelas crianças e até mesmo com os pais.

— Em meu primeiro dia de aula… — Misa disse, desta maneira quebrando alguns minutos de silêncio e olhando para o teto do cômodo assim que levantou a cabeça, então deu continuidade. — …fiquei nervosa, quase chorei para falar a verdade. Já comecei com o pé esquerdo quando tropecei para chegar na sala e todas as crianças riram de mim, e riram mais ainda quando tiveram seus nomes trocados. —

— Isso é bem diferente do que um primeiro dia de aula. — Rin (o verdadeiro) disse enquanto passava a olhar outros documentos, assim nem mesmo olhando para a Yamanaka e suspirando pesadamente, então levando a mão para o cabelo e o alisando para trás antes de acrescentar. — Na aula poderá errar e se corrigir em algum momento, quem sabe um aluno lhe corrija e a aula siga normalmente, mas aqui… um erro levará a morte de alguém, ao meu arrependimento. Se houver uma hemorragia, quem sabe até uma parada cardíaca, uma criança morre. —

A Yamanaka ficou em silêncio. E não demorou para ouvir uma bufada do rosado que levou a mão para frente dos olhos, assim coçando-os pela décima vez em menos de cinco minutos. E os Kage Bunshin desapareceram um após o outro, assim fazendo com que a mão nos olhos dele se seguisse para a nuca e a esfregasse, então o rosado moveu sua cabeça para o lado esquerdo, desta maneira prestando atenção na loira que continuou em silêncio.

— Desculpe. Eu não quis falar assim. Só… — Rin não sabia direito como se esclarecer, por isso baixou a cabeça e suspirou, levantou-a em seguida e gemeu manhoso olhando para o teto, então olhou para a Yamanaka e deu continuidade. — …eu não quero cometer erros, então me desculpe. —

— Sente-se, por favor. — Misa disse e usou a mão esquerda para bater no canto vazio que havia no sofá, dessa maneira convidando o noivo para ficar do seu lado.

O rosado obedeceu. Ele se dirigiu para perto da Yamanaka e ocupou o lugar ao lado dela, assim sentindo um pouco de conforto e baixando imediatamente sua cabeça, dessa maneira prestando atenção no chão, mas depois olhou para a xícara que ocupava as mãos da noiva e levantou uma das sobrancelhas ao sentir a fragrância do conteúdo na xícara. Algo que a Yamanaka percebeu, por isso soltou um riso antes de levar a xícara para os lábios e tomar um gole generoso.

— Orochimaru disse que minha náusea passaria, por isso estou bebendo. — A Yamanaka disse e sentiu as bochechas ficarem um pouco mais quentes, então deu continuidade. — E acabei gostando desse sabor. —

— Eu gosto de chocolate muito, muito amargo. Não vou julgá-la por gostar de chá de gengibre. — O rosado disse e olhou para a mão que estava um pouco trêmula, por isso tratou de fechá-la em punho, mas assim mesmo não perdeu o ânimo ao continuar. — Só não confie nele, está bem? Fique sempre com um pé atrás… —

A Yamanaka cogitou em contar o que o Sannin das Cobras lhe disse, mas acabou imaginando que aquilo criaria mais desconfiança por parte do rosado, por isso optou pelo silêncio. Ela pôs a xícara com chá de gengibre ao lado, no apoio de braço do sofá, então pôs suas mãos no noivo e o puxou, dessa maneira fazendo com que o mesmo deitasse a cabeça em seu colo. Rin fechou seus olhos e apreciou uma carícia que a noiva fazia em sua cabeça, assim como sentia seu agradável aroma de jasmim.

— Se for com a ideia de que vai cometer algum erro, que alguma coisa muito ruim acontecerá nesta cirurgia, de alguma maneira estará atraindo essa negatividade para a cirurgia, então essas coisas acontecerão. Você tem que se acalmar e pensar que não vai cometer nenhum erro e que nada de ruim vai acontecer nesta cirurgia… que as duas crianças estarão vivas e que terão longos anos pela frente. — Misa sussurrou e olhou para onde os papéis com todas as informações dos gêmeos siameses estavam, então olhou para o rosado e deu continuidade. — Saryu-san te passou essa cirurgia porque acredita em você… ela deve imaginar que você não quer ser óbvio e sacrificar uma vida para salvar a outra. Da mesma forma que todos que o conhecem acreditam em você. —

O rosado ficou em silêncio, no entanto não demorou para esboçar um sorriso e moveu sua cabeça no colo da noiva, assim aproximando da barriga dela e passando o braço na cintura dela. Um movimento que chamou a atenção da Yamanaka, mas mesmo assim não interrompeu as carícias no cabelo róseo dele.

— Você tropeçou mesmo no seu primeiro dia? — Rin sussurrou enquanto buscava confortar seu rosto na barriga da noiva, esfregando-o com tranquilidade.

— De tudo o que disse… você só prestou atenção nisso? — A Yamanaka perguntou e levantou uma das sobrancelhas, mas acabou suspirando e soltando um riso pela maneira que o noivo estava agindo, então deu continuidade. — Sim. Tropecei e dei de cara com o chão. —

— Eu queria ter visto. — Rin disse ao mesmo tempo que suas bochechas se esquentavam.

— Para me ajudar ou para rir de mim? — A Yamanaka perguntou enquanto passava a fazer carícias na nuca do noivo.

— Dependeria da queda… — Rin disse.

A Yamanaka levantou a cabeça, prestando atenção no teto e soltando um animador riso pela resposta evasiva do noivo, mas depois de alguns segundos a moveu para o lado esquerdo, assim prestando atenção na porta recém aberta do cômodo. Lá estava Saryu usando um conjunto branco e obviamente faltavam mais algumas coisas que seriam equipadas quando entrasse em cirurgia, assim como o rosado faria em dado momento. A Yamanaka olhou para o único relógio que havia naquele cômodo e semicerrou suas sobrancelhas. Faltavam cinco minutos para a cirurgia ser iniciada.

— Já está na hora. — Saryu disse e aproveitou para cruzar os braços abaixo dos seios antes de dar continuidade. — Eu prometi não fazer perguntas, mas sem dúvida ter esse tipo de relacionamento com Orochimaru… — Ela não concluiu seu comentário.

— …então não faça. — Rin disse, mas óbvio que não teve intenção de parecer grosseiro.

— Alguém está bravo. — Saryu disse com uma ligeira provocação, além de um olhar de malícia, não demorando em dar continuidade. — Meu aprendiz está incomodado com alguma coisa? Será que é porque está saindo de sua área de conforto? —

O rosado suspirou, então removeu a cabeça do colo da Yamanaka e olhou com desgosto para a cirurgiã chefe de Sunagakure, mas baixou a cabeça e suspirou pela segunda vez, então saiu do sofá e pôs a mão na cabeça da noiva que o olhava a todo momento.

— Obrigado pela confiança, querida. — Rin sussurrou e sorriu amigável para a amada, não demorando a dar continuidade. — Nos vemos mais tarde. —

— Estarei por aqui ou em algum quarto quando acabar. — A Yamanaka disse e levou as mãos para as bochechas do noivo, então sem dificuldade o puxou para perto e selou rapidamente seus lábios ao dele, somente para então dar continuidade mantendo os rostos próximos. — Um beijo de boa sorte. —

— Obrigado. — O rosado sussurrou e sorriu pelo canto dos lábios.

A Yamanaka removeu as mãos das bochechas dele, assim permitindo que o mesmo tomasse distância. E foi exatamente isso que Rin fez quando teve as bochechas soltas. Ele se afastou da amada e olhou de relance para a xícara de chá pela metade e sorriu por saber que a mesma estava se cuidando. Ele se dirigiu para a porta do cômodo e ficou de frente para a cirurgiã chefe que lhe deu espaço ao andar para o lado esquerdo, assim o mesmo pode passar pela porta e chegar ao corredor com Saryu nas suas costas. Rin abria e fechava a mão algumas vezes por causa de um formigamento.

— Você está no caminho de se tornar o excepcional ninja médico que Doro me contou. — Saryu sussurrou depois de olhar para a mão do rosado, não demorando para dar continuidade quando o mesmo lhe encarou. — Sendo meu aprendiz… é lógico que isso acontecerá em algum momento. Mas me responda… — A cirurgiã chefe assumiu uma expressão mais séria, então deu continuidade. — …quais são as três regras? —

— 1° Regra: Um ninja médico não deve desistir de dar tratamento aos companheiros enquanto respirarem. 2° Regra: Não devemos nos envolver em batalhas. 3° Regra: Devemos ser os últimos do esquadrão a morrer. — Rin disse. Ele havia memorizado cada uma daquelas regras, mas alterado-as para os membros da Rokujūshi, porém sabia exatamente que a cirurgiã chefe não queria saber da alteração.

— Usará a primeira regra hoje. Você não desistirá de tratar aquelas crianças enquanto elas respirarem, melhor… não desistirá mesmo que a situação piore de uma hora para outra, entendeu? — Saryu perguntou.

— Sim. — Rin sussurrou.

O rosado chegou ao laboratório que aconteceria a cirurgia. Ele reparou inicialmente nos gêmeos siameses sem consciência — anestesiados — com alguns fios conectados a eles e em computadores, desta forma revelando a pressão sanguínea, batimentos cardíacos, dentre inúmeras outras funções que o rosado prestou bastante atenção, além disso Karin estava por ali para prestar serviços para ele durante a cirurgia. Ele substituiu suas roupas por idênticas às que a cirurgiã chefe de Sunagakure usava, então pôs uma máscara branca e respirou fundo ao mesmo tempo que fechava seus olhos. Ele precisava agir com calma e paciência, então aquele nervosismo era, sem dúvida alguma, péssimo se quisesse um bom resultado. O rosado baixou sua cabeça ao mesmo tempo que seus olhos se abrem, assim revelando que estava usando o Sharingan por causa da melhor percepção que lhe oferecia, então soltou todo aquele ar que tinha acumulado em seus pulmões e caminhou para a mesa em que os gêmeos siameses.

— Vamos nessa. — O rosado sussurrou ao mesmo tempo que usava o Bisturi de Chakra nos dedos médio e indicador.

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Enquanto isso em Amegakure, Tsuyu caminhava confiante pelo térreo em que a Mangetsu era localizada, contendo um olhar sério enquanto seus passos eram exageradamente confiantes, ao mesmo tempo que seu cabelo estava solto e escorrido em seu ombro direito. Doro caminhava ao lado dele, ou tentava, afinal tornava-se difícil correr o crescimento de sua barriga — faltando alguns dias para quatro meses — e a kunoichi de Sunagakure não era a única a acompanhá-lo, afinal a companheira de fofocas e especialista em Genjutsu, Fushin, mantinha-se ao lado esquerdo da noiva de seu líder, enquanto que o especialista em Kenjutsu, andava ao lado direito da grávida e mantinha as mãos atrás da cabeça, mas era só porque assim seria mais prático de pegar o cabo do machado numa emergência.

— …e como estava dizendo… tem muita vantagem em ser Amegakure, Doro. — A especialista em Genjutsu contou, se certificando de que o moreno a frente pudesse escutá-las. — Tsuyu-sama só não é um "Kage" oficial, mas age como se fosse, por isso as pessoas estão considerando-o como o Sandaime Amekage. —

Era verdade. E Fushin procurou as fontes daquela informação depois de escutá-la antes que chegasse aos ouvidos de seu líder, por isso sabia que uma boa quantidade da população de Amegakure considerava-o como um "Kage", mas tudo não passavam de boatos, ideias de pessoas desocupadas. O moreno parou de caminhar e rosnou, então olhou para o lado esquerdo com mais seriedade do que antes, então moveu o braço com o punho fechado, exceto pelo indicador que usou para apontar a especialista em Genjutsu.

— Vou dizer só mais uma vez. Não dê qualquer tipo de resposta para essas pessoas, entendeu? Não quero pôr vocês em risco por causa de um título. Por enquanto estou bem sendo conhecido como "líder da Mangetsu". Sandaime Amekage pode ser quando essa criança… — Ele usou o indicador para apontar para a barriga da noiva que deu um passo para trás, então deu continuidade. — …tiver alguns anos, garotos tentando ficar mais próximos dela com segundas intenções, então aí sim posso me tornar um "Amekage" para jogar esse indivíduo no Castelo Hōzuki. —

— Não jogaria crianças no Castelo Hōzuki… — Fushin começou a dizer, mas acabou sendo interrompida.

— Jogaria. — Tsuyu e Doro disseram em uníssono. O moreno soando com orgulho e sinceridade, a segunda soando com decepção e arrependimento.

— Ah, caralho. Eu vou adorar demais essa criança. — Musashi disse com uma ligeira animação. Ele já tinha uma noção dos numerosos pedidos que seu líder lhe faria por causa da criança.

— Vocês serão os responsáveis por destruir uma criança. — Doro disse e balançou a cabeça de um lado a outro em visível decepção, então retornou a caminhar, assim passando pelo noivo. — Você não vale nada. Sabia disso, né? —

— Você diz isso bastante, então não tem como me fazer esquecer. — Tsuyu disse. Ele obviamente não estava magoado com aquilo, afinal sabia que sua noiva o amava e que estava apenas se divertindo consigo. Soltou um riso no momento que a viu fazer um gesto obsceno pra ele, por isso pôs a mão na cintura antes de continuar. — Essa mulher me ama. —

Os dois atrás dele soltaram alguns risinhos, afinal se divertiam com aquele relacionamento. Doro só parou de caminhar quando chegou à entrada/saída da Mangetsu e quase esbarrou com uma mulher de cabelo ruivo e comprido, de olhos carmesins e que segurava um guarda-chuva vermelho na mão direita, mas quem tivesse bons olhos perceberia que o cabo dava para desencaixar. Aquela nada mais era do que Ryūsei que levantou as sobrancelhas com o quase esbarrão. A presença de uma desconhecida deixou Tsuyu, Musashi — que possuía um rubor suave nas bochechas — e Fushin levemente tensos.

— Ah, me perdoe. — Ryūsei disse e soltou seu guarda-chuva, colocou-o no chão e encostou a palma de uma mão na outra, então deu continuidade. — Você está bem? —

— Estou ótima. — Doro disse e olhou de relance para os três tensionados, mas retornou sua atenção para a recém chegada e sorriu. — Eu não lembro do seu rosto por aqui. —

— É porque ela não é da Mangetsu. — Fushin disse com uma expressão mais séria, então continuou assim que cruzou os braços abaixo dos seios. — Conheço o rosto de cada membro de cada esquadrão. —

— Mangetsu? Não, não faço parte dessa organização, aliás… nem sabia da existência dela até alguns dias atrás. — Ryūsei disse e retornou a pegar seu guarda-chuva, mas deixou-o fechado.

— E da boca de quem você escutou? — Tsuyu perguntou e não pareceu incomodado, ou insatisfeito, quando um vento chocou-se com ele e balançou a manga direita de sua roupa, assim como aconteceu com seu cabelo.

— Hã… Uchiha Rakun. Ele esteve no País dos Vales recentemente ajudando em alguns problemas familiares, então sugeriu que eu viesse para cá. — Ryūsei disse e dirigiu seus olhos carmesins para Tsuyu que deu um passo adiante.

Os quatro ficaram em silêncio. Era verdade que o amigo em comum estava no País dos Vales resolvendo algumas coisas, mas não sabiam que o mesmo teria convidado alguém para lá.

— Você se candidatou a participar da Rokujūshi? Está interessada em Iryō Ninjutsu? — Doro perguntou com um pouco de animação.

— Hã? Não tenho interesse em Iryō Ninjutsu. — Ryūsei disse e balançou a cabeça de um lado a outro, não demorando a dar continuidade. — Ele me pediu para dar aula de Kenjutsu para os membros da Rokujūshi. —

— Como é a história? — Musashi perguntou.

A atenção de Doro, Tsuyu e Fushin chegou em Musashi que agora tinha os braços cruzados à frente do corpo. O mesmo parecia descontente com aquela inesperada informação. E nenhum dos três diria uma única palavra, afinal sabiam o quão bom o mesmo era em Kenjutsu.

— Pode repetir? — Musashi perguntou.

— Rakun me instruiu a aparecer em Amegakure, procurar a Mangetsu, ou melhor, o esquadrão conhecido como Rokujūshi e treiná-los Kenjutsu. — Ryūsei respondeu e não compreendeu o motivo do rapaz parecer descontente com aquela ideia.

— Haha! E ele acha que uma mulher, nascida no País dos Vales, será melhor do que eu, nascido no País do Ferro? — Musashi perguntou, contudo era uma óbvia pergunta retórica. Ele imediatamente olhou para Fushin quando a mesma levantou uma das sobrancelhas. — Não é o que está pensando. Eu não me importava quando Kanako liderava o esquadrão de Taijutsu, nem me importo com você liderando o esquadrão de Genjutsu, mas é sacanagem dele achar que uma mulher é melhor do que eu em Kenjutsu! —

— Musashi, cale a boca. — Doro sussurrou.

— Espere um pouco, amor. — Tsuyu sussurrou para a noiva e sorriu maliciosamente. Ele gostaria de ver onde aquela conversa levaria, além disso poderia ajudá-lo com um plano que tinha em mente, sem mencionar que podia enxergar as mãos calejadas da recém chegada, por isso imaginava o quanto de esforço colocava em si mesma.

— É oficial que Musashi é um idiota e arrogante? — Fushin perguntou.

— Tem algum problema comigo sendo mulher? Ou nascida no País dos Vales? — Ryūsei perguntou e aproveitou para cruzar os braços abaixo dos seios.

Ela ousou encurtar sua distância com Musashi, afinal não havia ninguém à frente dela para impedir aquela proximidade, os três que vigiavam tinham tomado o lado esquerdo e agora prestavam uma atenção exagerada na conversa.

— Mulher? Não mesmo. — Musashi disse e manteve o queixo erguido um pouco enquanto seus olhos pareciam mais sérios, provocativos. — O País do Ferro cria pessoas fortes por causa da temperatura e do treinamento que recebemos, enquanto que vocês do País dos Vales… humph… — O especialista em Kenjutsu agitou seus ombros, então deu continuidade. — …seria melhor se ele pedisse para mim ensinar a Rokujūshi, mas parece que está querendo um bando de fracotes. —

Tsuyu cobriu a boca e levantou uma das sobrancelhas, assumindo uma expressão de descrença com aquele comentário do especialista em Kenjutsu.

— Você supõe que é superior a mim? — Ryūsei disse com um sorriso pelo canto esquerdo dos lábios, mantendo seus olhos carmesins bem concentrados no rapaz.

— Em Kenjutsu? Sou. — Musashi disse com uma expressão mais séria, mas assim mesmo com as bochechas levemente aquecidas por causa daquela proximidade.

Doro balançou a cabeça de um lado a outro, mas sabia que não haveria nada a ser feito com aquele pensamento de Musashi, afinal o mesmo foi criado num país um pouco rígido, mas era tolice do mesmo supor que a recém chegada era inferior. E não demorou para ouvir um barulho familiar e quase indescritível. A mesma parou de balançar a cabeça e percebeu o que tinha acontecido em segundos que não prestou atenção. Ryūsei tinha desembainhado sua katana — que era o cabo do guarda-chuva — e levado a lâmina para perto do pescoço de Musashi que não pareceu incomodado, nem mesmo assustado, por aquela situação. Fushin e Tsuyu deram um passo adiante, mas pararam quando um dos braços do especialista em Kenjutsu se moveu com a palma aberta numa sugestão para que ficassem parados, mas nem mesmo olhou para eles. A atenção de Musashi era apenas em Ryūsei.

— Podemos tirar a prova. — Ryūsei disse.

— Conheço o lugar perfeito para isso acontecer. — Musashi disse e moveu um pouco seus olhos, desta maneira reparando no líder da Mangetsu e dando continuidade. — Vamos para o Coliseu. —