Alguns dias passaram desde o combate simulado. E naquele momento o rosado encontrava-se em cima de uma ponte com seus braços cruzados apoiados no parapeito, mantendo sua atenção no riacho abaixo. Naquele fim de tarde o mesmo usava uma camisa sem mangas Verde musgo com gola alta, uma calça escura e sandálias com abertura para dedos, além dos próprios aquecedores em seus pulsos. Ele não estava sozinho já que Uchiha Sasuke estava ao seu lado direito, mas diferente dele o mesmo deixava as costas escoradas no parapeito e usava suas roupas tradicionais sem nenhuma diferença, exceto pelo óbvio manto novo — já que o antigo foi entregue para Rin.

— ...então despertei aqueles olhos. — Rin terminará de contar um pouco da história que envolvia a evolução de seu Sharingan para o Mangekyou Sharingan.

— Compreendo. — Sasuke comentou, mas deu continuidade assim que baixou um pouco sua cabeça e permitiu-se sorrir por um momento. — Tudo o que precisava era se despedir dos amigos. Isso parece pouca coisa para qualquer um, mas para um Uchiha… —

— Como assim? — O rosado perguntou e levantou uma das sobrancelhas, assim deixando bem óbvio que não compreenderá o comentário do moreno.

— "Nenhum outro clã valoriza tanto o amor quanto os Uchiha." — Sasuke repetirá as mesmas palavras que ouvira de Senju Tobirama em certa época de sua vida, dando continuidade com sua explicação. — Quando o amor de um Uchiha é rompido, o amor será transformado em um ódio incontrolável que nos consome completamente. A manifestação desse ódio é um chakra especial que afeta nossos olhos… —

— O Sharingan. Então, meu Sharingan despertou quando meus amigos que eu amava morreram. E meu Mangekyou Sharingan despertou quando consegui a despedida que tanto precisava. — Rin disse e levantou um pouco seu rosto, desta forma observando o céu alaranjado e soltando um riso. — Shukaku uma vez me contou que há ódio impregnado em meu chakra, mas que também há gentileza. —

— Você deveria ouvi-lo. Sua gentileza pode ser sua maior força. — Sasuke disse e levou sua mão ao ombro do rosado, então mantendo um olhar calmo e amigável para o mesmo quando ele lhe observou. — Assim como sua família. —

— Ah… — Rin sentiu as bochechas se esquentarem e espalharem para as orelhas, por isso desviou sua atenção e retornou a olhar o riacho, ou melhor, seu reflexo sorridente na água. — ...acho que entendi um pouco do que está me dizendo. —

Sasuke ficou em silêncio por alguns segundos.

— Como está se sentindo? — Sasuke perguntou.

O rosado ficou em silêncio por alguns segundos também. Ele sabia o porquê daquela pergunta, ou imaginava que sabia, mas de qualquer forma estava correto. Sasuke estava lhe perguntando por conta da recente morte de Katsuryoku Akami, o homem que o criou por vários anos. Rin suspirou e continuou olhando para o reflexo na água, não dando a mínima para quando lágrimas escorreram por seu rosto e pingaram ao chegar na extremidade de seu rosto e foram para o riacho.

— Dói… é o tipo de ferimento que sei que vou me recuperar, mas vai doer quase sempre. Eu só preciso de um tempo para processar o que aconteceu, mas também… — Rin disse e voltou sua atenção para o moreno que o acompanhava, assim sorrindo ao mesmo. — ...não posso chorar sempre que lembrar dele. Não é desta forma que ele gostaria de ser lembrado. Tenho certeza que ele gostaria que lembrassem dele com alegria, por isso estou tentando. —

Rin levou o antebraço para seu rosto, desta forma secando as lágrimas e contendo-as. Por causa daquilo sequer percebeu que Sasuke levava a mão de encontro ao seu cabelo para afagá-lo, confortá-lo, mas não deu tempo para acontecer. O rosado simplesmente deu um passo adiante e baixou seu braço, assim levando-o para o bolso da calça e depois olhando para o moreno imóvel e escorado na parede e com o braço estendido, além de obviamente uma expressão que o rosado não compreendeu inicialmente.

— O que está fazendo? — Rin perguntou.

— Nada demais… — Sasuke respondeu, mas deu continuidade assim que fechou sua mão e baixou o braço. — ...amanhã será a minha viagem para Amegakure. Me passa o endereço de seu amigo no fim da noite? —

"No fim da noite" porque aquele dia seria especial para a pequena família. O rosado decidiu jantar com eles, mas seus planos não eram para só um jantar. Ele tinha a intenção de contar para Uchiha Sarada sobre o parentesco, então caberia a ela aceitá-lo como parte da família.

— Pode ser. — Rin disse, mas deu continuidade assim que suspirou com profundidade. — A Mangetsu existe a dois anos, mas ele sempre esteve na rua. Não acho impossível que já tenha escutado sobre essa organização. —

Sasuke não disse mais nada. Ele só observou o rosado caminhando à sua frente com as mãos atrás da cabeça, seus olhos ônix atentos nas costas da camisa esverdeada do garoto, por um momento acabou imaginando o símbolo do clã costurado ali atrás. Ele só deixou de imaginar quando o rosado parou de caminhar e olhou para ele. Os olhos gentis do rosado se encontrando com os seus, então o mesmo sorriu.

— Onde fica sua nova casa mesmo? — Rin perguntou, mas deu continuidade assim que coçou uma das bochechas. — Sei de uma que foi ao chão quando Sakura-sama se irritou, mas não tenho ideia de onde seja a nova. —

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E após alguns minutos de caminhada. Os dois estavam frente a porta de um apartamento, o céu acima de suas cabeças enfim escurecerá. Rin mantinha as mãos guardadas nos bolsos de sua calça, mas levantou um pouco sua cabeça para observar Sasuke que agia calmamente enquanto aguardava por serem atendidos. "Os dois são heróis da última guerra, mas moram em apartamento, com certeza tem condições de construírem uma casa nova…" pensou o rosado que continuou observando o moreno que abriu a boca para dizer-lhe alguma coisa, mas a porta do apartamento acabou sendo aberta. E o rosado voltou sua atenção para frente, assim observando a garota de doze anos com cabelos curtos e escuros e olhos ônix e que usava óculos.

— Papai, e… — Sarada olhou alegremente para o Uchiha mais velho, mas depois mandou sua atenção para quem o acompanhava e desfez um pouco da alegria. — ...Rin. —

— Cheguei. — Sasuke disse, mas deu continuidade assim que baixou sua cabeça um pouco e observou o rosado ao seu lado. — Ele jantará conosco e contará um pouco de sua experiência por Amegakure. —

"Vou?" pensou o rosado que levantou um pouco seu rosto para observar o moreno em busca de uma resposta, mas logo sentiu como parecia complicado, por isso voltou sua atenção para a mais jovem e sorriu pelo canto dos lábios. "Parece que vou…" pensou novamente.

— Você esteve em Amegakure? — Sarada perguntou e deu espaço para que os dois entrassem de uma vez no apartamento.

— Não sentiu minha falta por Konoha? — Rin perguntou também, mas deu continuidade antes que a garota tivesse a chance de respondê-lo. — Por onde esteve? —

— Ocupada. O que aprontou em Amegakure? — Sarada perguntou e ajeitou seu óculos, assim continuou antes que o rosado tivesse a chance. — Estava procurando locais para dormir e escapar de obrigações? —

— Não teria graça se contasse agora. — O rosado disse e levantou um pouco sua cabeça, assim farejando um agradável aroma no ar e depois olhando para o moreno ao seu lado, então sussurrando com um pouco de animação. — Isso é… —

Mas ninguém teve a chance de respondê-lo. Isso porque cruzaram de uma vez o corredor, assim chegando ao cômodo espaçoso que era a cozinha com uma mesa já pronta para quatro lugares, além disso a kunoichi das lesmas encontrava-se terminando de encher os copos com o que parecia um tipo de chá com aroma muito agradável, mas a atenção do rosado estava mesmo para o que foi colocado na mesa. Cada um deles tinha a disposição de uma cumbuca de arroz com seus respectivos hashis, assim como uma grelha no centro da mesa que preparava alguns pedaços de carne de porco, mas havia uma vasilha com algo mais interessante e que com que o garoto salivar um pouco mais.

— ...tomate cozido. — Rin murmurou, mas continuou no momento em que sua barriga fez um barulho que o deixou envergonhado. — Ah, desculpem… —

— Rin, bem-vindo. — Sakura disse assim que terminou de encher os quatro copos, olhando amorosa para o garoto que acenou para ela. — Sente-se. —

O rosado olhou para Sasuke, mas novamente sentiu um pouco de dificuldade para entendê-lo, por isso voltou sua atenção para Sakura que aguardava por ele sentar-se num dos lugares disponíveis à mesa. Rin estava para fazer isso, mas sentiu-se atraído por outra coisa e acabou olhando para Sarada que não entendeu o motivo daquele olhar divertido do mais velho, por isso que o rosado se aproximou de um quadro com uma fotografia da morena muito nova e olhando para a câmera ou para quem estivesse além dela. O rosado voltou sua atenção para Sarada e aumentou seu sorriso divertido, tornando-o um pouco malicioso.

— Você era bochechuda. — Rin disse e pegou o quadro com a fotografia com a mão direita e levantou seu braço.

— Largue isso! — Sarada disse com o rosto corado. Ela se aproximou do rosado e tentou agarrar de sua mão o quadro, mas a mesma era centímetros menor do que ele. — Rin! —

— Mas… — Rin começou a falar enquanto baixava seu braço para que a garota pegasse o quadro, dando continuidade assim que a mesma afastou-se com o objeto. — ...era bem fofa. E ainda continua. —

"Eu quero agradá-la, mas não sei por onde começar" pensou o rosado um pouco satisfeito ao ver que as bochechas e orelhas da morena se aqueceram com o elogio recebido. Rin retornou sua atenção para Sakura e Sasuke que já haviam escolhido seus lugares na mesa, mas silenciosamente assistiam aos dois com expressões gentis. Ele seguiu para um dos lugares que sobraram na mesa e depois olhou para Sarada ocupando o último.

— Então, o que estava fazendo em Amegakure? — Sarada perguntou.

— Direto ao ponto. — Rin murmurou, dando continuidade assim que levou o hashi com um pedaço de carne para a boca. — Inicialmente fui para Amegakure para ver se a clínica de lá poderia me ensinar alguma coisa que Sakura-sama não me ensinou, mas a situação era mais complicada. —

— Como assim? — Sarada perguntou.

— A população a anos lidava com alguém chamado Ashram, um membro do clã Chinoike… — Rin contou, mas parou por um momento quando percebeu que Sasuke parecia surpreso, diferente das outras duas. — ...conhece? —

— Já lidei com alguém que pertencia a esse clã. — Sasuke respondeu, mas deu continuidade assim que serviu-se com um pouco de tomate. — Continue. —

— ...tá. Ahn… em contrapartida, há uma gangue que só nasceu para que houvesse a oportunidade de derrubar a gangue desse Ashram. — Rin disse e soltou um riso baixo enquanto levava a mão direita ao cabelo.

— Tem algo de engraçado? — Sarada perguntou.

— É um pouco incômodo contar a história pela metade. — Rin disse e apoiou os cotovelos na mesa e entrelaçou as mãos, mantendo uma expressão séria antes de dar continuidade. — Quer saber toda a história? —

Nem Sakura, nem Sasuke lhe disseram sobre ir com calma mas revelações com Sarada, por isso acreditou que estaria tudo bem se dissesse aos poucos, mas aquilo também não parecia certo. Se fosse para Sarada negá-lo como irmão, então que assim fosse naquele jantar. Ele obviamente não estava pronto para se abrir aos três como sua família, de chamá-los de pai, mãe e até mesmo de irmã, aquilo seria em seu ritmo.

— História pela metade? Verdade, como foi parar em Amegakure? Nunca soube de você saindo em missão, exceto… — Sarada começou a falar, mas foi interrompida.

— ...pode-se dizer que começou nessa missão. — Rin disse, então sorriu pelo canto dos lábios enquanto seus olhos esverdeados se tornavam o Sharingan. — A história é um pouco longa. —

Sasuke sorriu pelo canto dos lábios, então levou o hashi com um tomate cozido para sua boca. "Direto ao ponto" pensou o moreno que olhou brevemente para Sakura, mas enfim voltou sua atenção para o rosado que deixará Sarada um pouco surpresa com a ativação do Sharingan, afinal os dois únicos — fora centenas de Shin — a terem aqueles olhos eram os dois únicos que estavam na mesa, mas acabou percebendo que estava enganada.

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A história demorou por algumas horas para ser contada. Isso porque a jovem Uchiha possuía suas inúmeras perguntas, mantendo-se surpresa quanto ao fato de ter um irmão mais velho, mas não escondendo durante a história um pouco de felicidade.

— Espera… como você invadiu a Shi no Hana? — Sarada perguntou.

— Eu não invadi. Me levaram para dentro pela boa vontade deles. — Rin disse e sorriu pelo canto dos lábios.

— Acho difícil isso acontecer. Você mesmo disse que conheciam seu rosto por causa do Coliseu, tem alguma coisa que não está me contando… — Sarada disse.

— Ela está certa… — Sasuke murmurou após tomar um gole generoso de chá.

— Certo, vocês me pegaram. Mantenham em segredo o que vou mostrá-los, OK? É minha arma secreta. — Rin disse e saiu do assento que ocupava a algumas horas, então fez um selo quando todos pareceram concordar e ficaram ansiosos. — Henge no Jutsu! —

Sasuke cuspiu seu chá. E Sarada ficou boquiaberta. Isso porque o rosado transformou-se numa bela mulher de curvas atraentes. Rina retornará a aparecer, mas por pouquíssimo tempo já que Sakura avançou até ela e acertou-lhe com um soco na cabeça.

— Shannaro! Você também não! — Sakura disse.

A transformação acabou. E Rin se agachou o máximo que pôde no chão e levou as mãos para sua cabeça dolorosa, lamuriando-se por conta da dor.

— Shannaro, Kuso Baka… essa doeu, Sakura-sama. — Rin disse, mas deu continuidade assim que levantou um pouco sua cabeça. — Como assim "também"? —

— Eu não acredito que você usou um Henge para invadir uma gangue perigosa… — Sarada disse e não escondeu o choque.

Sakura estava para responder o rosado, mas Rin gargalhou e voltou a se levantar e sentar-se na cadeira de antes.

— ...funcionou. Não funcionou? — Rin disse, mas voltou sua atenção para um relógio na parede e pareceu surpreso. — Ah, merda. Já é tão tarde assim? —

— Eu te acompanho até a po… — Sakura começou a dizer, mas percebeu em algum momento que não havia mais a necessidade.

Isso porque o rosado simplesmente desaparecerá da casa. O único indício de que o rosado passou um tempo com eles eram as memórias divertidas e a louça dele. Sasuke não precisou pensar muito para ter noção de que Rin usará o Hiraishin no Jutsu, desta forma indo para outro ponto marcado.

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E o moreno estava certo. Um segundo depois de ter usado o Hiraishin no Jutsu, Rin apareceu no corredor de casa e levantou os braços para se espreguiçar. Ele subiu as escadas que levavam ao segundo andar e seguiria para seu quarto, mas parou em frente a porta do quarto de sua mãe. E ficou em silêncio ao escutar alguns soluços. "Cuidar dela, né?" pensou ele enquanto abria a porta do quarto de sua mãe e olhava para ela ainda acordada, mas coçando os olhos marejados. Rin suspirou.

— Posso dormir do seu lado? Acho que só assim para acordar cedo, mas se quiser… eu posso ir pro meu quarto e acordar depois das três da tarde. — Rin disse.

— Seu aproveitador… — Shiawase disse com um tom de divertimento e ofereceu um espaço na cama para o rosado. — ...porque está querendo acordar cedo? Aliás, quando chegou? —

— A meia hora… — Rin mentiu, mas deu continuidade assim que se deitou na cama e olhou para sua mãe. — ...porque eu quero ter uma boa rotina. Se eu continuar preguiçoso é possível que Misa-chan me troque por alguém com uma boa rotina. —

Ele brincou. Misa já lhe dissera que aquela preguiça era um charme do rosado, algo que o tornava único de certa forma, além disso já declararam seu amor pelo outro e… bom… Rin parou de pensar naquilo e balançou sua cabeça de um lado a outro, abraçando sua mãe que não lhe disse mais nada além de um "boa noite" antes de cair pesadamente no sono.