Aquele beijo até poderia ser continuado, mas alguém os atrapalhou. E foi justamente Saryu que fingiu uma tosse, desta forma ganhando primeiro a atenção do rosado que interrompeu o beijo, depois da Yamanaka que percebeu o que acabara de fazer e, por isso, sentia-se envergonhada. Por tal razão que Misa se afastou um pouco do rosado, mas não muito. Saryu se concentrou em Rin.

— Ela te chamou de "Rin", Shiki? — Saryu perguntou, mas deu continuidade depois de um suspiro. — Explique-se. Aliás, quem são vocês? —

Antes de Rin pudesse se explicar, Sakura se adiantou ao deixar a porta. Os olhos esverdeados da kunoichi das lesmas se concentram em Doro que apenas assistia em silêncio, mas exibiu um sorriso gentil para a garota, depois se concentram em Rin que moveu sua cabeça só para observar Misa que cobria o rosto com a palma das mãos, completamente envergonhada pelo acontecimento..

— Sakura Haruno e Misa Yamanaka, de Konoha. Viemos entregar os livros que foram pedidos. — A kunoichi explicou. Ela mostrou os pergaminhos guardados numa sacola na sua mão direita, depois outra sacola no chão.

— Certo. Agora que tenho a resposta da segunda pergunta. Quero saber o porquê dessa garota tê-lo chamado de outro nome, Shiki. — Saryu comentou novamente. A cirurgiã chefe se sentou na mesa e cruzou as pernas, pôs suas mãos na mesa enquanto olhava para o grupo.

— Ah, sobre isso… — Rin levou a mão direita para trás da cabeça, desta forma coçando a área e soltando um riso bobo. — ...foi uma mentira. Não me chamo Shiki e nem venho de Takigakure. —

"Descarado" Saryu pensou. Suas mãos se fecham com um pouco mais de força na mesa, suspirando um pouco depois de ter pensado naquela única palavra. Rin desviou seu rosto o suficiente, desta forma olhando para Sakura que estava até que perto dele. "E justamente vocês que Konoha mandou para entregar os livros? Faça-me o favor, Sakura-sama…" o rosado pensou mantendo sua atenção na kunoichi das lesmas, que em algum momento o olhou e sorriu com gentileza para ele, mas o garoto só desviou sua atenção enquanto as bochechas se esquentaram e ele cruzou os braços. Naquele momento em que o rosado cruzou os braços, Misa percebeu que ele ainda usava os aquecedores que ela comprou para o mesmo, por isso se alegrou.

— Você cresceu. Dá para perceber que cresceu. — Sakura sussurrou, mas retornou sua atenção para Doro que apenas escutava a conversa. — E quem é você? —

— Então, seu nome é Rin? — Saryu perguntou.

— Ah. É mais complicado do que parece. Meu nome é… — Rin não concluiu seu comentário.

— ...Rakun. — Doro respondeu no lugar do rosado. Depois, olhou para a kunoichi das lesmas e a respondeu depois de inclinar o rosto e exibir um sorriso amigável. — Doro. A acompanhante dele. E vocês duas seriam? —

Rin sentiu um arrepio. Por isso, emitiu um "eck" quando um frio passou sutilmente por sua nuca. Sua vida era um pouco difícil de explicar, mas Doro tornava tudo um pouco pior. Ele sentiu quando Sakura e Misa o olharam depois de ouvirem sobre "acompanhante", e não era um olhar positivo, nem de boas intenções. "Eu só queria descansar…" pensou, suspirando e fechando suas mãos em punhos. A kunoichi das lesmas se aproximou primeiro de Doro, seguindo por Misa, desta forma cercando a outra garota.

— Eu sou Sakura. A mãe dele. — Sakura respondeu. Quase que cantarolou naquela resposta, mas havia uma leve diversão rondando em seus olhos esverdeados.

— E eu… — Misa começou. Levando o indicador da mão direita para os lábios, encostando neles e exibindo um sorriso. Desta forma, deu continuidade na sua resposta. — ...a namorada dele. A única namorada dele. Certo, Rin? —

"Você mudou um pouco" o rosado pensou. Ele nem mesmo tinha desviado sua atenção. Não queria se preocupar com Doro, mas sentia que as outras duas não fariam nada de errado. Ele só suspirou pela última vez, mas balançou a cabeça, desta forma concordando com a Yamanaka.

— Sakura-sama foi a pessoa responsável por me ensinar o Ninjutsu Médico, Saryu-san. — Rin explicou. Ele não queria entrar em todos os detalhes de sua vida para a cirurgiã chefe, mas ao ver a dúvida naqueles olhos castanhos, ele simplesmente continuou. — É complicado, chato e a razão pela qual fugi de Konoha. —

— Você fugiu de Konoha? — Saryu perguntou. Desta vez havia mais curiosidade do que antes em sua voz. Ela olhou para Doro que ainda estava cercada. — O quanto do que me disse é verdade? —

— Só a parte do ninja médico excepcional, Saryu-san. — Doro respondeu, mas retornou sua atenção para Misa que continuou olhando para ela. — Você é a namorada, então? Estava começando a acreditar que ele não gostava de mulheres por recusar os meus avanços. —

"Eu sou bissexual. É chato escolher só um gênero para gostar. Além disso, se um gênero me decepcionasse, não faria mal algum enterrar a tristeza no oposto. O plano perfeito para a minha vida" foi o pensamento do rosado, que sentiu novamente um frio mortal na nuca, mas dessa vez de apenas uma pessoa: Misa. A Yamanaka o olhou de um jeito diferente quando soube dos avanços da outra garota. Cada maldito centímetro do corpo do rosado se arrepiou. Ele moveu sua cabeça o suficiente para que olhasse a garota que também o encarava. Um sorriso nervoso ocupou seus lábios.

— Eu te amo, Misa. Lembra dessas palavras né? — Rin comentou. Sentindo que deveria fazer alguma coisa e depressa, mas sua atenção voltou para Saryu. — Podemos conversar amanhã? Amanhã terminamos a bronca que você estava me dando, mas hoje gostaria de arrumar minhas coisas antes de ir embora. —

— Você vai embora? — Saryu perguntou.

As atenções se voltaram para o rosado.

— Vou. O principal objetivo dessa viagem é de auto descoberta, mas o secundário… — O rosado olhou de relance para Misa, depois Sakura, por fim Saryu. Então, continuou sua resposta. — ...é ajudar as pessoas. Eu quero ser a pessoa que estende a mão ou com uma palavra salva outra pessoa. —

Haviam detalhes sobre aquele objetivo secundário que ele não contou, mas não eram tão importantes a serem ditos naquela hora. Saryu percebeu a complexidade da situação, por isso não tinha ideia de como proceder. Aquela era uma situação inédita na sua vida. Ela usou a mão direita para esfregar seus olhos.

— Tem mais alguma coisa que queiram me dizer? Hoje o dia está para surpresas… — Saryu murmurou, mas seus olhos castanhos se concentraram em cada uma daquelas pessoas.

— Quando eu for embora vou levar os pergaminhos comigo… — Rin comentou, mas deu continuidade ao apontar para Doro com o indicador da mão esquerda. — …ela vai comigo. —

— Ela vai? — Saryu e Misa perguntaram em uníssono. A segunda em questão parecia um pouco chocada com a informação.

— Eu vou? — Doro perguntou. Estava surpresa, mas alegre também em saber que acompanharia o rosado.

"Não me matem…" o garoto pensou. Ele sabia que se olhasse para Misa, com certeza veria um olhar entristecido, mas ao mesmo tempo uma leve sensação de ciúme. Era fofo imaginar que sua namorada estava com ciúmes. Ele balançou a cabeça.

— Sim. — Rin respondeu, mas deu continuidade ao olhar para a garota em questão e cruzou os braços. — Você precisa melhorar seu conhecimento de venenos e antídotos, assim como eu preciso melhorar meu conhecimento em geral, por isso estará me acompanhando. —

O rosado mudou sua atenção, desta vez olhando para a Yamanaka e se aproximou dela com um olhar misto de seriedade e gentileza. A garota percebeu aquele olhar, por isso sentiu as bochechas queimarem e recuou, se aproximando da parede que estava atrás dela e deixando suas costas encostadas. Os olhos da Yamanaka se concentraram na mão esquerda do rosado que foi encostada ao lado de seu rosto na parede, o corpo do garoto ficou próximo ao dela enquanto a mesma levava as mãos ao peito. Rin tinha incontáveis coisas a serem ditas para Misa, mas no fim seu olhar tornou-se completamente gentil, amável, assim como seu sorriso. Ele aproximou seu rosto ao dela, mas levou seus lábios para um dos ouvidos dela.

— Você é única para mim. Não precisa ficar desse jeito, meu sol. — Rin sussurrou aquelas amáveis palavras no ouvido da garota. Levando a mão direita vaga para a mão direita dela e acariciando com o polegar. — Você me chamou de "querido" naquela vez, mas eu não pude pensar em algo fofo para você. —

Um sorriso leve surgiu nos lábios da Yamanaka, contente pelos sentimentos do outro não terem mudado naquele período. Sakura e Doro não ouviam a conversa, mas não escondiam sorrisos gentis por causa da reação de Misa. Claro, Doro sentia uma pontada de ciúme, mas começava a entender sua posição. Era uma amiga do outro, e apenas isso.

— Você é radiante de tantas formas, por isso que é meu sol. — Rin continuou sussurrando. Claro, lutando contra a vergonha para soltar aquelas palavras, mas tudo o que queria era fazer com que a Yamanaka perdesse o ciúme. Ele afastou seus lábios do ouvido da garota, então olhou para Saryu e aumentou a voz. — Posso ir embora, vovó? —

— Vovó? — Todas em uníssono.

— Jeito carinhoso de falar… — Rin comentou. Ele aproveitou para se distanciar de Misa e levar as mãos aos bolsos da bermuda. — ...você não gosta de "velhota", por isso "vovó" é o melhor que pensei. Além disso, você me ensinou coisas muito importantes, como uma avó faz com seu neto. Tô errado? —

— Moleque atrevido. — Saryu comentou, cruzando os braços abaixo dos seios, suspirando e dando continuidade. — Tá, estão dispensados. —

— Obrigado. — Rin comentou.

A primeira a sair da sala foi Sakura, depois Doro que aparentemente gostaria de conversar alguma coisa com a kunoichi das lesmas. Misa foi a terceira depois de dar uma boa olhada em Rin que se aproximou da cirurgiã chefe para comentar alguma coisa. A Yamanaka ficou parada perto da porta por alguns segundos, aguardando pelo rosado.

— Desculpe se escondemos algumas coisas de você, vovó. — Rin comentou. Ele levou a mão direita ao cabelo, coçando a parte de trás e suspirando. — Eu não gosto de mentir, mas não queria que ninguém soubesse da onde vim ou quem sou, por isso roubei a identidade de um amigo. —

— Águas passadas, Rin. — Saryu comentou. Um sorriso terno ocupou seus lábios pela boa sinceridade do rosado, ela levou o indicador da mão esquerda aos lábios, piscando um dos olhos. — Já tem ideia do seu próximo destino? Posso ajudar com uma carta de recomendação, se quiser. —

— Mentimos para a senhora por algum tempo e ainda quer nos ajudar? — Rin perguntou, nitidamente estava curioso pela bondade da cirurgiã chefe.

— Uma avó ajuda seu neto independente das coisas que ele fez. — Saryu sussurrou aquelas gentis palavras. Não queria que a Yamanaka do outro lado a ouvisse. — Amanhã me diga para onde planeja seguir. Hoje aproveite com as pessoas queridas, Rin. —

O rosado sentiu as bochechas se esquentarem. Ele moveu seu rosto para o lado, desta forma olhando para a Yamanaka o aguardando na porta e inclinando a cabeça ao lado, sem entender o porquê era observada naquele momento, mas acenando para o rosado e sorrindo. Rin retornou sua atenção para Saryu que soltou um risinho. Só então percebeu que não tinha dado uma informação importantíssima para a cirurgiã chefe.

— Hoje é meu aniversário. Você me tirou da cama para brigar comigo, vovó. — Rin comentou. Desta vez se afastando da mulher e levando as mãos para trás da cabeça, se aproximando de Misa que soltou um risinho ao ouvir suas palavras. — Mas… se isso não tivesse acontecido… eu não teria reencontrado minha namorada, por isso… muito obrigado. —

Saryu ficou surpresa. No dia anterior o rosado não comentou sobre o aniversário. Na verdade, ninguém comentou sobre. Por isso não escondeu sua surpresa. Rin levou seu braço direito ao ombro da Yamanaka, e a garota só aproximou seus lábios da bochecha dele, desta forma o beijando. E os dois deixaram a sala da cirurgiã chefe.

Ao saírem da sala sem olharem para trás, olharam para Sakura de braços cruzados aguardando pelos dois. E estava sozinha. Rin olhou em volta, mas não encontrou Doro. Ele removeu o braço do ombro da Yamanaka e levou as mãos aos bolsos da bermuda.

— Cadê ela? — Rin perguntou.

— Disse que tinha que ir para casa fazer algumas coisas. — Sakura respondeu. Ela aproveitou para inclinar seu corpo para frente, abrindo um sorriso animador para o rosado. — Temos muito o que conversar. —

— Com certeza. — Misa sussurrou.

— Ah, beleza. Sei que devo muita coisa para as duas, mas não estou afim de conversar aqui. — Rin comentou, abrindo a boca para um preguiçoso bocejo e suspirando em seguida. — Tem uma lanchonete aqui perto. E estou com um pouco de fome. —

— Tudo bem. — Misa comentou.

Aparentemente, Sakura concordou com o comentário dado pela Yamanaka.

[ ۝ ]

Alguns minutos depois o trio chegou à lanchonete. Não era diferente daquelas encontradas por Konoha. Rin escolheu uma mesa perto das janelas, depois se sentou no assento esquerdo do lado da janela, Misa sentou do seu lado e Sakura na sua frente. Cada um deles pediu por uma coisa no cardápio, cinco minutos depois chegou um café e um misto quente para Rin, um chá e ovos mexidos para Sakura, e um café com leite e bacon para Misa.

— Como conheceu aquela garota? — Sakura perguntou depois de tomar um gole de seu chá.

"Do início?" o rosado pensou. Ele olhou para a xícara de café a sua frente, suspirou e tomou um gole curto. Cada movimento era observado por suas acompanhantes que pareciam curiosas demais.

— Salvei ela de alguns escorpiões marrons. Posso assumir que estava perdido no deserto e sem estoque de água… — Rin respondeu, mas deu continuidade quando a resposta não pareceu muito boa. — Ela estava numa missão para matar um tipo específico de escorpiões, mas levou a pior antes da minha chegada. E também… a mantive perto porque uma hora ou outra acabaria enlouquecendo se não conversasse com ninguém… fora que ela tinha um enorme jarro de água estocado para usar Suiton, então só vi vantagem. —

— Onde está dormindo? Está se alimentando bem? — Sakura perguntou novamente.

— Sim, estou tendo uma ótima alimentação. — Rin respondeu. Ele sentiu as bochechas se esquentarem por não responder a primeira pergunta.

Misa olhava para ele como um gato olha para um rato. A Yamanaka estava muito bem concentrada no rosado, por isso aproximou seu rosto um pouco dele, sussurrando com um leve tom de ameaça.

— Onde está dormindo? — Misa perguntou. Havia um sorriso macabro de ciúmes nos lábios da Yamanaka.

Rin sentiu um arrepio. Ele olhou para a loira, depois olhou em volta da lanchonete, retornou sua atenção para a garota e aproveitou que ela estava próxima para selar seus lábios ao dela, beijando-a por alguns segundos. Misa não escondeu a surpresa, mas continuou com aquele beijo enquanto suas mãos seguravam uma parte da camisa — dos ombros — do rosado. Rin afastou seus lábios, mas manteve os rostos próximos, até desviar seus olhos para a kunoichi das lesmas que havia se interessado por qualquer coisa do lado de fora da lanchonete.

— Na casa dela. Compartilhamos a mesma cama, mas nós nunca… — Rin comentou. Tentando se explicar, mas não encontrando as palavras certas a serem ditas. — ...não aconteceu nada. —

— Promete? — Misa perguntou. Suas bochechas levemente coradas pelo que aconteceu a pouco.

— Eu prometo. — Rin comentou.

— O que aconteceu na sala antes da nossa chegada? Ela parecia um pouco brava. — Sakura perguntou.

— Deve estar chegando na menopausa… — Rin comentou, mas se corrigiu ao sentir um beliscão na sua barriga. Ele só olhou para a culpada, Misa, antes de retornar sua atenção para Sakura. — ...eu fiz algo certo, mas indo por um caminho um pouco errado. Como posso explicar? Usei o Chikatsu Saisei no Jutsu sozinho para ajudar um paciente. —

Sakura não escondeu a surpresa daquela declaração. Claro, no passado também usou aquele Ninjutsu sozinha, mas não esperava que o rosado fizesse a mesma coisa, ou melhor, que soubesse usar tal técnica. Rin percebeu uma pergunta nos olhos esverdeados de Sakura, por isso ofereceu uma resposta prévia.

— Usam com frequência esse Ninjutsu por aqui. Por causa de queimaduras solares e alguns animais… ou por causa de pessoas idiotas que não tem nada para fazer o resto do dia. — Rin respondeu. Ele levou a mão direita ao cabelo, coçando-o e suspirando. — Já estive em pelo menos dez seções deste Ninjutsu. —

— Você está crescendo… — Sakura comentou.

Rin ficou em silêncio. Não sabia se eram verdadeiras aquelas palavras, se a kunoichi apenas queria agradá-lo. Ele olhou para o lanche e deu uma mordida, depois retornou sua atenção para a mais velha. As bochechas dele se esquentaram um pouco, então baixou um pouco o olhar.

— Como eles estão? — Rin perguntou. Sua voz não passava de um sussurro já que estavam tão próximos.

— Akami e Shiawase? Estão bem. Claro, preocupados com você, mas na medida do possível estão bem. — Sakura comentou. Seus olhos se desviaram para qualquer outro ponto. Ela pegou o chá e tomou um gole.

— Diga que eu sinto muito por… só diga que eu sinto muito. — Rin comentou. Ele coçou a parte de trás do cabelo, suspirando pesado antes de dar continuidade, mas em outro assunto. — E quanto… a Sarada-chan? —

Curiosidade surgiu nos olhos esverdeados da kunoichi das lesmas, assim como um pouco de diversão. As bochechas do mais jovem estavam coradas demais para ser um assunto bobo.

— O que tem ela? — Sakura perguntou.

— Ela sabe? Sabe quem sou? — Rin perguntou.

— No caso… irmão mais velho dela? — Sakura perguntou, mas deu continuidade ao receber um silêncio como resposta. — Não. Na verdade, ninguém sabe. Naruto, Sasuke-kun, Shiawase, Akami e Misa são os únicos bem informados sobre isso. — A kunoichi respondeu, mas pôs os cotovelos na mesa e apoiou o queixo nas palmas das mãos entrelaçadas. — É direito seu querer dizer ou não para ela. Assim como é direito seu essa viagem. —

— Quando voltará para Konoha? — Misa perguntou.

Rin ficou em silêncio. Um silêncio que durou alguns segundos, mas não queria deixar a garota no vácuo.

— Um ano e meio, Misa-chan. Quem sabe, menos. Eu preciso desse tempo e distância para organizar minha cabeça, mas prometo que voltarei. — Rin respondeu e coçou uma das bochechas depois delas perderem o rubor anterior.

— O que mais aconteceu? — Sakura perguntou. Estava mesmo curiosa quanto ao crescimento do garoto. E feliz por saber que ele estimou uma data de retorno para a aldeia.

— Nada demais. Me encontrei com a Besta de Cauda Shukaku-sama, a encarnação da areia. E me deu uma carona até aqui, mas depois disso não tem nada de interessante. — Rin respondeu e levou as mãos até a xícara de café e tomou um demorado gole.

— Conte essa história. — Sakura pediu. Ela não escondeu a surpresa.

Rin parecia calmo demais. Nenhum pouco incomodado por ter se encontrado com uma Besta de Cauda. Até parecia mais outro encontro ao acaso de sua vida. O garoto mordeu novamente o lanche que pediu.

— Estávamos no deserto. Ele apareceu na nossa frente com toda sua grandiosidade, nos agradeceu por termos acabado com os escorpiões que eram uma peste no deserto, e sugeri que, como agradecimento, desse para nós uma carona até aqui. Fim da história. — Ele contou e novamente tomou a bebida escura de sua xícara.

"Não sei o que pode acontecer com elas se eu contar sobre o Chakra, por isso é melhor que seja segredo" pensou, levantou seus braços, desta forma se espreguiçando. Misa se lembrou de algo, por isso puxou do bolso de sua saia escura um objeto de metal e pôs na mesa, Rin olhou para o objeto, para o símbolo de Konoha desenhado ali, depois olhou para a Yamanaka.

— Como? — Rin perguntou. Ele não foi capaz de esconder sua surpresa.

— Um amigo seu. Chishiki, de Yattsuhoshi. Ele quem achou e nos enviou. Então, ela vem guardando como símbolo da sorte, ou alguma coisa do tipo. — Sakura contou, mas seus olhos esverdeados se movem para a Yamanaka, por isso que continuou. — Estou certa? —

— Um objeto importante que me faz querer ser melhor, Sakura-sama. — Misa corrigiu. Suas bochechas queimando por ter de explicar daquela forma. Ela olhou para Rin, depois para o pedaço de metal. — É seu. —

Rin ficou em silêncio. Ele olhou para o pedaço de metal por alguns segundos, mas não enxergava o mesmo significado que a Yamanaka. Ele o pegou com sua mão direita, mas levou para a mão da garota.

— Na verdade é seu. Use-o do jeito que quiser. Seja melhor, mas um dia de cada vez, sem exageros. — Rin comentou, mas continuou depois de alargar um sorriso contente apesar de suas bochechas estarem coradas.

[ ۝ ]

O trio caminhava pela aldeia. Já estava no fim da tarde, mas estavam colocando o assunto em dia. Rin caminhava no meio, com Misa do lado esquerdo e os dois mantendo suas mãos entrelaçadas, Sakura estava do lado direito.

— Espera só um pouco… você virou a aprendiz do Naruto-sama? E aprendeu o Rasengan? — Rin perguntou. Novamente, não conseguia esconder sua surpresa. Ele deu continuidade depois de olhar o céu alaranjado. — Eu tenho que melhorar e muito para ficar do seu nível. —

"Ele não se deu conta? Ele já está num nível alto para ela…" Sakura pensou, mas decidiu por não falar nada. Misa sorriu com o comentário inicial do namorado, no entanto achava melhor não comentar a respeito de estar treinando Ninjutsu de Katon, ou sobre o Kuchiyose no Jutsu, ou até mesmo o eventual Sennin Mode que tentaria dominar. Ela queria surpreendê-lo no momento certo.

— E conheci recentemente um cara intitulado Death. Especialista em Genjutsu, mas não contava que eu fosse um pouco melhor. — Misa comentou, levando a mão disponível para sua cintura e erguendo o queixo com orgulho. — Eu fugi quando tive a oportunidade, mas não ficará assim da próx… —

Misa não concluiu seu comentário. Rin soltou da mão da Yamanaka, depois levou suas mãos para os ombros da garota e a olhou com preocupação, varrendo seus olhos por cada área visível e descoberta do corpo de sua namorada.

— Death? Tem certeza que ele se chamava Death, Misa? — Rin perguntou, mas balançou a cabeça, apertando um pouco suas mãos nos ombros dela. — Ele te machucou? —

— Calma, está doendo. Controle um pouco sua força. — Misa comentou. Ela levou sua mão direita para o queixo do rosado, desse jeito acariciando os lábios dele com seu polegar. — Eu estou bem, mas não posso mais usar biquíni. —

Ela usou a mão esquerda para subir um pouco de sua camisa, revelando uma cicatriz de oito centímetros do lado esquerdo de sua barriga. Rin olhou para aquele ferimento, depois olhou para a garota e a abraçou.

— Desculpe não estar do seu lado. — Rin sussurrou. Ele rangeu os dentes enquanto sua expressão se alterava para algo semelhante a algo misto de ódio e preocupação.

— Você sabe quem ele é? — Misa perguntou. Ela estranhou aquela reação, mas gostou de ser abraçada por ele.

— É uma longa história, mas conheci alguns dos aliados dele. — Rin respondeu. Ele parou de abraçar a namorada, mas encostou sua testa a dela. — Tome cuidado da próxima. —

Misa ainda não tinha conhecido aquele lado do rosado, mas admitia que gostava dele se preocupando com ela. Claro, gostava mais ainda por ele não ter sido super protetor ou chamando-a de inconsequente. "Não, esse não é o tipo dele" a loira pensou, balançando a cabeça, desta forma concordando com o pedido dele. Rin sentiu um pouco mais de alívio com aquele casual gesto, por isso que afastou-se um pouco e levou as mãos aos bolsos da bermuda e suspirou.

— Vamos para casa da Doro. Lá podemos conversar um pouco mais. O que me dizem? — Rin perguntou. Ele mordeu os lábios um pouco e levou a mão direita para trás da cabeça, coçando um pouco a área. — Faz um tempo que não vejo essa idiota… —

Sakura desviou seu olhar de um jeito que Rin não percebeu, mas Misa sim. Por isso que a Yamanaka sorriu com um leve divertimento, entendendo em pouco tempo o que aconteceu enquanto Rin conversava com Saryu. As duas teriam conversado sobre alguma coisa. Sakura percebeu aquele olhar, por isso balançou a cabeça de um lado a outro de forma sútil. Era quase uma conversa silenciosa. "Nem uma palavra" era o que a kunoichi das lesmas queria dizer. Misa balançou sutilmente sua cabeça de um jeito que queria dizer "beleza". Rin não percebeu aquela conversa silenciosa.

O retorno até a casa de Doro não levou tanto tempo. O rosado levantou as sobrancelhas ao ver que as luzes estavam apagadas, acreditando que a garota não havia retornado ainda. "Tem alguma coisa errada…" pensou, desse jeito assumindo um olhar mais sério, mas assim mesmo levando a mão direita para a maçaneta da porta e a abrindo para que entrasse na casa.

Então… aconteceu no momento em que acendeu a luz. Uma coisa foi disparada e ele fechou seus olhos, mas quando os abriu… viu que estava caindo confete, Doro tinha usado um lançador. Haviam alguns balões em volta de uma mesa com um bolo de chocolate. O rosado ficou sem entender nos primeiros segundos, mas sentiu um alívio pela garota estar bem. Ele olhou para Sakura com uma expressão de acusação, mas a kunoichi não se importou enquanto batia palmas, depois olhou para Misa que ria e também batia palmas.

— Vocês… — Rin sussurrou. E relaxou um pouco mais seu corpo.

— Combinei com a Sakura-sama, Rakun. Elas manteriam você distraído enquanto preparava tudo para a sua festa. — Doro comentou, mas acrescentou depois de se aproximar dele e beijar a bochecha do mesmo. — Feliz aniversário, Rakun. —

Misa não sentiu ciúmes. Estava entendendo que não valia a pena. E aquele beijo na bochecha era uma demonstração de amizade e carinho. Rin olhou para o bolo depois de receber aquele beijo na bochecha, depois olhou para Doro com intenção de dizer alguma coisa.

— Já pensei nisso também. O lado esquerdo é de um chocolate bem amargo que encontrei no mercado, lado direito é chocolate comum para nós. Você disse que não gosta de doces, mas de algo amargo… — Doro explicou e agitou seus ombros como se não tivesse mais resposta para aquilo.

"Amargo, é?" o rosado pensou. Ele suspirou e não deixou um riso escapar de seus lábios. Não havia porque não recusar. Ele se aproximou do bolo de chocolate enquanto Misa sussurrava alguma coisa para Sakura, que sorria maliciosamente em seguida, mas a Yamanaka parecia querer se explicar de alguma forma.

[ ۝ ]

A festa foi bem aproveitada, mas sabiam que cedo ou tarde acabariam com a alegria para que descansassem. Sakura aproximou-se de Rin que a olhou com curiosidade, mas sentiu vergonha um pouco depois quando suas bochechas foram beijadas pela rosada.

— Feliz aniversário, querido. — Sakura comentou. Então, começou a se afastar e levantou os braços para se espreguiçar e olhou para Doro. — Hey, vamos ao hospital. Ele citou que você está se especializando em venenos e antídotos. Quero te mostrar os livros certos para você. —

— Ah, tudo bem. — Doro comentou, sem parecer incomodada por ter de ir ao hospital àquela hora da noite. Ela já estava por dentro de um assunto particular.

— Eu… posso dormir aqui? — Misa perguntou. Suas bochechas estavam um pouco coradas por fazer aquela pergunta.

Rin olhou para Misa. "Dormir aqui?" pensou, mas então olhou para Doro que já havia se aproximado da porta que era segurada por Sakura.

— Onde você vai dormir? — Rin perguntou.

— Se for demorar… posso dormir nos sofás da biblioteca. — Doro comentou. Ela apontou para a escada que levava ao segundo andar. — Fique a vontade, Misa-chan. —

"Vou dormir no sofá hoje…" Rin pensou e não achou a ideia tão ruim assim. Ele só olhou para a porta sendo fechada, desta forma ficando só ele e a Yamanaka na casa. E não tinha mais nada a arrumar, já que isso foi feito pouco depois de aproveitarem do pequeno bolo. O rosado olhou para a loira, imediatamente se levantou.

— Vamos… o quarto é lá em cima, Misa-chan. — Rin comentou e estendeu sua mão direita para a garota.

— Ah, obrigada. — Misa comentou e usou sua mão esquerda para pegar a mão direita dele, desta forma ele a ajudou a se levantar do sofá. — Aqui parece bem confortável… —

— Comparado ao deserto? Com certeza é confortável. Os dias são quentes e as noites são frias. — Rin comentou com um leve ânimo.

Não demorou muito para que Rin levasse Misa para o segundo andar. E não havia nada de tão especial naquele andar. O quarto era todo o andar. Os dois se aproximaram da cama, Misa olhou para as roupas de Rin jogadas pelo chão, depois olhou para ele que coçava o cabelo e desviava o olhar.

— Não precisa me olhar desse jeito. Já entendi que está uma bagunça, mas pouco ficamos por aqui. — Rin comentou e soltou um risinho um pouco bobo. Ele sabia que na manhã seguinte teriam de arrumar todas aquelas coisas para viajarem no mesmo dia.

Misa ficou em silêncio, mas se sentou na cama e sentiu o conforto do colchão. Depois olhou para Rin que se sentou do seu lado, mas olhando por um momento para o teto do quarto.

— Bagunceiro… — Misa enfim sussurrou.

Rin emitiu um "eck", sentindo-se um pouco culpado, mas não havia nada mais o que se fazer quanto aquele assunto. Ele só olhou para a garota e soltou um risinho bobo enquanto coçava a cabeça. Estava se declarando culpado. Ele percebeu que não tinha mais nenhum assunto a conversar com a Yamanaka.