Naruto continuou em silêncio. O Uzumaki olhava incrédulo para o girino que a Yamanaka invocou com tanto orgulho, mas teve de voltar sua atenção para a garota que se sentou na grama de seu jardim. Era nítida a esperança nos belos olhos azuis dela.

— Então? Quando poderei começar o treinamento, Naruto-sama? — Misa perguntou. Ela esticou o braço direito com o punho fechado, exceto pelo indicador. — Aprendi o Rasengan e invoquei um sapo. Bom, vai se tornar um sapo em algum momento, né? —

Naruto parou de sorrir, levando a mão enfaixada para trás da cabeça e coçando a região. Ele gostaria de ver o quanto a Yamanaka poderia melhorar, mas vendo a invocação sabia que a garota ainda não estava pronta. Até mesmo ele demorou para invocar um sapo — Gamabunta — e isso só aconteceu por causa de um momento de vida ou morte.

— É verdade que aprendeu o Rasengan, mas isso daí não é um sapo. — Naruto comentou descendo seus olhos azuis até o girino, mas voltando-os para a garota.

— Dê alguns dias para ele, Naruto-sama. Ele é tímido, mas vai se desenvolver e virar um sapo, né? — Misa comentou. A última parte não para o Uzumaki, mas para o girino que pegou com sua mão esquerda e o levou para a palma direita. Um sorriso fofo ocupava seus lábios. — Só precisa de amor e carinho. —

— Invoque um sapo. Então, poderei levá-la para onde irá aprender o Sennin Mode. — Naruto comentou, mas suavizando seu olhar pela forma que a garota tratava o girino.

Misa olhou para o girino que ocupava a palma de sua mão. Ela imaginou que o mesmo precisaria de um aquário com água doce se fosse criá-lo. Sua atenção retornou para o Uzumaki, suspirando e então aceitando as palavras dele.

— Eu tenho de ir para o serviço, Naruto-sama. Além disso, preciso comprar um aquário para esse daqui. — Misa comentou. Ela usou o indicador da mão esquerda para acariciar o girino.

— Vá com cuidado. — Naruto comentou.

Misa se virou, seguindo para a saída do jardim, mas sentiu um aperto na sua roupa, por isso não andou por muito tempo e já olhou para trás. Himawari estava ali, segurando-lhe um pedaço de sua roupa, olhando para ela de um jeito que a Yamanaka entendeu. A mais jovem acreditou que a loira estava ali para brincar com ela, não para passar alguns minutos com o hokage e depois ir embora como se nada tivesse acontecido. Misa olhou para o girino na palma direita e mostrou para a morena.

— O que acha de cuidarmos dele, Hima-chan? — Misa perguntou, mas deu continuidade quando a mais jovem pareceu não ter entendido. — Posso vir mais vezes para cá se ele estiver aqui. Então, podemos nos divertir por algumas horas, mas temos que cuidar dele para que nada de ruim aconteça. —

— Gostei da ideia, Onee-san! — Himawari comentou. Um alegre sorriso tomou forma, então juntou as mãos com as palmas abertas. — Quando você estará de volta, Nee-san? —

— Vamos ver… às quatro da tarde. Então, ficamos juntas até o anoitecer. É um bom plano, não é? — Misa perguntou. Com cuidado, colocou o girino no espaço em concha criado pelas mãos da morena. — Arrume um aquário e deixe água doce para ele crescer forte, Hima-chan. —

"Eu pago depois" pensou, olhando de Naruto para Hinata na esperança de que houvesse uma ligação psíquica e que entendessem o que pensava, ou o motivo para qual olhava para eles, mas os dois só moveram suas cabeças ao lado sem entenderem porque eram observados. A Yamanaka suspirou.

— Qual o nome dele, Nee-san? — Himawari perguntou. Seus olhos azuis se concentraram no girino verde musgo, mas subiram para a amiga.

— Que nome você quer dar? — Misa perguntou. Ela havia se ajoelhado para que pudesse ficar na altura da mais jovem. A Yamanaka mantinha um gentil sorriso em seus lábios.

— Gamamosu. O que acha, Nee-san? — Himawari perguntou, mas retornou sua atenção para o girino e repetiu o nome. — Gamamosu. —

"Será que digo que os sapos do Monte Myoboku já vem com nome próprio?" Naruto pensou, mas balançou a cabeça rejeitando a ideia. Então, olhou para Hinata ao seu lado. A princesa do Byakugan exibia um olhar gentil como sempre, seus olhos perolados, ou melhor, sua atenção estava na dupla. Ela enfim se aproximou, rendendo um olhar da Yamanaka para ela.

— Misa-chan, parece que se entende fácil com crianças. — Hinata comentou, mas retornou sua atenção para Himawari que olhava para ela também. — Agora, vamos cuidar dele. O que me diz? —

Misa sentiu as bochechas se esquentarem. Era verdade que gostava de crianças, de brincar com elas e tudo, mas assumir aquilo dava-lhe um pouco de vergonha. E o mais estranho disso é que não havia razão para gostar já que era filha única, mas gostava. A sensação de cuidar de uma criança de certa forma era reconfortante, a inocência delas era algo admirável para a Yamanaka, o sorriso puro aquecia seu coração. A loira retornou sua atenção para Himawari, se aproximou um pouco mais dela e beijou sua testa.

— Cuide de Gamamosu por agora. — Misa comentou. A Yamanaka aproveitou para se levantar e erguer os braços, se espreguiçando. — Obrigado pelo seu tempo. —

As últimas palavras foram para Naruto, que balançou a cabeça de um lado a outro. Ele gostava de quando Misa passava por ali, já que a Yamanaka entretia sua filha por alguns minutos. Misa retornou a se virar e seguiu para o portão de saída da casa, mas parou quando ouviu um resmungo com Uzumaki. Aquilo era de propósito já que o mesmo queria sua atenção uma última vez.

— Quantas vezes consegue fazer o Rasengan sem se esgotar? — Naruto perguntou.

— Seis vezes. Acho que essa quantidade aumentaria se eu não usasse com um Kage Bunshin. Porque? — Misa perguntou. Ela olhou para sua mão direita, lembrando-se das queimaduras de Chakra que estavam ali, mas cobertas pelas bandagens.

— Nada demais. Somente curiosidade. Pode ir. — Naruto comentou.

"Uma excelente quantidade de Chakra. O Sennin Mode é viável" o Uzumaki pensou, mas voltou sua atenção para Himawari, que foi até ele para mostrar o girino. Misa olhou para a cena e sorriu, mas aproveitou que não era mais o foco de atenção para deixá-los sozinhos. A Yamanaka sabia das horas, por isso se apressou para que não chegasse atrasada em seu turno. Um sorriso divertido escapou de seus lábios quando olhou para os edifícios. "Se estivesse aqui, com certeza estaria pulando entre os telhados, né Rin?" pensou enquanto fechava suas mãos em punho. Calma e gentileza eram mantidas nos seus olhos azuis. Então, aproveitou da velocidade que tinha para saltar, desta forma alcançando a parede de uma casa, no entanto não se machucou e nem caiu já que acabou por concentrar Chakra nos pés, mas ela não ficou mais do que três segundos parada. Ela pulou novamente, desta vez alcançando um destinado telhado, suspirou com alívio e reiniciou sua corrida, pulando e correndo de telhado em telhado.

— Rin está certo. Por aqui é mais rápido. — Misa sussurrou. Ela passou o polegar da mão direita em seus olhos para secar um pouco das lágrimas que ameaçavam escorrer, então mordeu seus lábios para evitar qualquer som desnecessário.

— Quem é Rin? — Uma voz atrás dela.

Misa se assustou, por isso parou de correr e deslizou pelo último telhado que teria alcançado, mas já estava formando o selo de Kage Bunshin. Entretanto, viu que não tinha necessidade alguma. A pessoa logo atrás dela era o rapaz que evitou sua queda outro dia no restaurante. Seus olhos azuis intensos e calmos, mas ao mesmo tempo sérios, se concentram nela. Misa ajeitou sua postura, suspirando um pouco depois e olhando em volta. "Eu não senti a presença dele e nem o ouvi se aproximar" pensou, mas retornou sua atenção para o rapaz que esperava por sua resposta.

— Como você faz isso? — Misa perguntou. Ela cruzou os braços abaixo dos seios, recuando um passo, desta forma seguindo para a beirada do telhado.

— Sou discreto. — Dante respondeu. Ele percebeu o recuo da garota, por isso andou na sua direção em passos apressados, mas passou por ela.

— Como apaga tão fácil sua presença? — Misa voltou a perguntar. Como alguém do clã Yamanaka já estava habituada a ser uma ninja sensorial, mas aquele rapaz conseguiu apagar totalmente sua presença.

— Isso importa? — Dante perguntou.

— Não quero ser surpreendida por você outra vez. Então, sim. Importa bastante que eu saiba que você está perto. — Misa respondeu. A Yamanaka semicerrou seus olhos e fechou suas mãos em punho enquanto olhava para ele.

— Não estarei longe de você se está tão interessada na minha presença. — Dante comentou.

Misa ficou em silêncio por um momento. Ela estava para dizer alguma coisa, mas então olhou para o corpo do moreno pegar fogo e desaparecer em fumaça. "Era um Bunshin? Onde ele está? Aliás, o que foi isso que ele disse?" pensou. Por mais que entendesse o que ele disse, queria esquecer daquelas palavras, mas não sentindo-se diferente por causa delas. Ela parou de pensar naquilo ao se lembrar do serviço, por isso se virou novamente e pulou ao próximo telhado, correu assim que chegou e permaneceu até chegar na beirada e pulou novamente, repetindo isso algumas vezes. "Tenho que melhorar meu sensoriamento se não quiser me surpreender com esse tipo de pessoa" pensou, mordendo seus lábios um pouco e apressando um pouco seus passos.

Misa aterrissou alguns minutos depois. E chegou bem a tempo de seu turno. A Yamanaka suspirou com alívio e estava para entrar no estabelecimento, mas olhou para o lado e ergueu as sobrancelhas. Antes dela segurar a maçaneta da porta do restaurante, outra pessoa estava para fazer isso. Era Shiawase que olhava para a mais jovem em silêncio enquanto segurava uma bolsa. Misa também ficou em silêncio, sem saber como deveria agir naquela situação, mas então olhou para Akami que revirou os olhos.

— Pelo amor de deus… — Akami sussurrou. Ele tomou a iniciativa e levou a mão direita para a maçaneta da porta e a empurrou para que entrassem. — Vão logo. —

— Obrigada, querido. — Shiawase comentou.

Misa entrou depois de Shiawase. Ela sabia que o casal não costumava passar naquele restaurante. Nem mesmo para um café da manhã iam para lá, por isso havia se surpreendido com a presença deles na porta. No momento em que entrou, a Yamanaka já prendeu seu cabelo para que nenhum fio acabasse indo na refeição ou na bebida das pessoas. Ela olhou para Shiawase e depois Akami. A dupla havia escolhido uma mesa ao lado da janela, Shiawase ficava do lado direito da mesa e Akami do lado esquerdo e um de frente para o outro.

— Querem beber alguma coisa? Posso recomendar um chá? — Misa perguntou. Sua voz não escondia sua gentileza, seu treinamento como uma atendente do restaurante.

— Temos notícia dele, Misa-chan. Viemos aqui para falar com você. — Shiawase comentou. A mulher puxou de dentro da bolsa uma carta e a pôs na mesa.

Misa ficou em silêncio. Agora entendia o porquê deles terem aparecido no seu local de trabalho. Ela olhou para Akami que encostou o cotovelo esquerdo da mesa e pôs o queixo na palma da mão, mas depois voltou sua atenção para Shiawase que exibia um sorriso tímido. Havia muitas razões pessoais para a mulher aparecer por ali. A Yamanaka sorriu, balançando sua cabeça de um lado a outro, depois olhando para o balcão.

— Eu não posso conversar por muito tempo, Shiawase-san. Meu chefe pode não gostar. — Misa comentou. Ela olhou para sua mão direita trêmula e a fechou em punho. — Ele já está bravo comigo por um erro cometido, sabe? Então, alguma bebida ou petisco? —

— Água para nós dois. — Akami comentou. Ele olhou para o balcão, ou melhor, para a pessoa atrás do balcão. E seu olhar não era dos mais amigáveis. Sua mão direita seguia para o pescoço, o coçando um pouco. — Vai comer o que? —

"Já está se coçando? É um introvertido mesmo" Shiawase pensou, olhando para o marido esfregando suas unhas da mão direita no pescoço. Ela não poderia culpá-lo já que o restaurante estava com um bom movimento naquela manhã. Sua atenção retornou para a Yamanaka que já tinha anotado a água. Shiawase olhou o cardápio que estava na mesa, depois olhou para a garota.

— Anmitsu, nós dois vamos querer. — Shiawase comentou, mas acrescentou depois de outra olhada no cardápio. — E Dango, com chá verde.. —

"Eles gostam de doce, mas Rin não…" Misa pensou ao anotar todo o pedido. Ela olhou para o casal uma última vez antes de se virar e seguir ao balcão onde entregou o papel com o pedido da mesa, mas também recebeu o que foi pedido de uma mesa. "Batata frita de manhã? Tá, né…" pensou, dando de ombros e seguindo para a mesa numerada, mas ficou em silêncio ao ver que o pedido era de Dante. O rapaz a olhou devagar, de cima a baixo, depois para o pedido que era levado numa bandeja, mas não esboçou nada. Misa suspirou, colocando o pedido na mesa enquanto sorria como era obrigação.

— Aqui está o seu pedido. — Misa comentou, mas deu continuidade ao afastar a bandeja vazia. — Eu não gosto de conversar com um Bunshin. Então, quando me encontrar novamente, espero que seja você. —

— Ainda não me contou quem é Rin. — Dante sussurrou. Levou a mão para uma batata frita e depois para sua boca. Seus olhos se mantinham centrados, não parecia que o mesmo perdia a calma.

Misa suspirou outra vez.

— Meu namorado. Satisfeito, esquisito? — Misa sussurrou.

Um sorriso surgiu nos lábios de Dante ao obter sua resposta. Misa sentiu um arrepio percorrer seu corpo por causa daquele sorriso, por isso aproveitou a oportunidade para se afastar e ir para outra mesa pegar o pedido. Ela fez isso algumas vezes até chegar a vez da mesa de Shiawase e Akami. A Yamanaka levou o pedido completo em apenas uma bandeja, depois de pôr tudo cuidadosamente na mesa ela olhou para a carta volumosa e aberta.

— O que diz? — Misa perguntou.

— É de alguém chamado Chishiki. Ele disse que Rin… Rakun… passou por lá a algum tempo. — Akami respondeu. Ele ainda coçava seu pescoço, mas deu continuidade na resposta. — Tentou conversar com ele, mas Rin o chutou para longe e continuou andando como se nada mais importasse. Isso foi no vilarejo Yattsuhoshi… alguns quilômetros da fronteira com o país do vento. —

Então, Akami retirou algo de dentro da carta. Era um pedaço de metal bem reconhecido por qualquer ninja. Era a parte principal da bandana. E ali estava o símbolo de Konoha.

— Rin não quis ser identificado como cidadão de Konoha, por isso jogou sua bandana antes de cruzar a ponte. — Shiawase quem falou desta vez, mas deu continuidade um pouco depois de morder um Dango. — Chishiki conta que foi atrás dele quando se recuperou, mas parou ao chegar na ponte. Então, encontrou bem perto isso. —

— É seu, se quiser. — Akami comentou.

Misa ficou em silêncio. Ela olhou para o pedaço de metal com o símbolo de Konoha, depois olhou o casal e um sorriso gentil ocupou seus lábios. Ela pegou o objeto com as duas mãos, levando ao peito como se fosse o objeto mais importante do mundo para ela. E realmente era importante.

— Muito obrigada. — Ela sussurrou.

Ela se afastou antes que tivesse sua resposta, mas sentia ainda a atenção deles. Com cuidado levou o pedaço de metal para o bolso, não abandonando aquele sorriso ou o bom sentimento em carregá-lo consigo. Ela olhou em volta do restaurante, esperando que alguém fosse pedir alguma coisa, mas levantou as sobrancelhas ao reparar que a mesa que havia servido as batatas fritas estava vazia, Dante sairá em algum momento e ela nem percebeu. Ela se aproximou da mesa, olhando para o prato com algumas fritas, mas também para um bilhete que foi deixado embaixo do prato para que não voasse.

"Até nosso próximo encontro"

Ela sentiu um arrepio perturbador, mas pegou o bilhete e o amassou, depois pegou o prato e deixou a mesa disponível para o próximo freguês.