Dois dias inteiros se passaram desde o acontecido. Suitai Hyuga e Li descansaram por um dia e meio com breves momentos despertos para se alimentarem e serem inspecionados por Rin em busca de algum problema, mas por sorte nenhum problema apareceu nos seus corpos, Kira aproveitou deste pequeno intervalo para treinar em companhia do rosado que aproveitava da habilidade da ruiva para recuperar o próprio vigor, ou o Chakra, quando sentia-se muito cansado e vazio, mas no fim da primeira noite Rin caiu em seu colchão e apagou de sono no mesmo minuto. E a mesma coisa aconteceu no segundo dia, por mais que seu corpo estivesse dolorido por causa do treinamento. Agora o mesmo estava de volta ao telhado do celeiro, mastigando o caule de uma planta enquanto usava as mãos como apoio para sua cabeça, seus olhos esverdeados abertos e concentrados nas nuvens que passavam acima dele. Ele piscou vagarosamente quando ouviu alguns passos se aproximarem e suspirou.

— O que está fazendo aqui? — A Hyuga perguntou e cruzou os braços enquanto sua expressão mantinha-se calma.

"Que sensação de familiaridade" o rosado pensou enquanto deixava que a morena se aproximasse. A Hyuga não se sentou e nem mesmo deitou para lhe fazer companhia, mas ficou ao seu lado direito e levantou uma das sobrancelhas enquanto batia os dedos nos antebraços.

— Relaxando. — Rin respondeu, mas prosseguiu assim que sentiu um vento gentil tocando seu rosto. — Vi que o tempo seria agradável e achei que seria bom aproveitar num lugar alto. —

— E não vai arrumar suas coisas? — A Hyuga perguntou e desfez o cruzamento dos seus braços para apontar com o indicador esquerdo a casa do fazendeiro. — Pegar seu equipamento? —

— Minhas coisas estão prontas desde ontem de noite, pouco antes do jantar. — Ele respondeu e abriu a boca para um bocejo preguiçoso, mas continuou sua resposta assim que o terminou. — E meu equipamento já está pronto. Selado em alguns papéis. —

— A carta para a vila da folha? — A Hyuga voltou a perguntar.

A carta para a vila da folha era algo que todos deviam escrever e que Kofuku Ishi seria o responsável por entregar quando o quarteto fosse adentrar na floresta. Seria uma carta para os parentes/responsáveis, como numa carta de despedida na pior das hipóteses, junto da localização final caso seus corpos caíssem na água, ou seja, seriam encontrados no Vale do Fim. A ideia para escrever aquilo partiu de Rin.

— Já escrevi. — O rosado respondeu e terminou de mastigar o caule da planta antes de mover seus olhos para encarar a Hyuga. — Me deixe aproveitar essa tranquilidade antes de irmos para a morte iminente. — Ele brincou.

"Cada um lida de um jeito" a Hyuga pensou e deu de ombros antes de seguir para a beirada do telhado e cair, mas não se machucou ao chegar no chão. Ela só passou a mão direita por sua roupa para limpar um pouco da poeira e depois, com os braços cruzados, seguiu para dentro da casa do fazendeiro e ficou em silêncio quando olhou para o único sofá que, naquele momento, era ocupado por Li que aproveitava os últimos momentos para afiar suas três lâminas e substituir os fios por um tipo mais resistente. O espadachim sentiu que era observado e, por isso, olhou na direção que vinha a Hyuga e continuou em silêncio.

— Ele está no celeiro ainda? — O espadachim perguntou.

— Sim. — A Hyuga o respondeu e se aproximou um pouco mais do espadachim e olhou para a mochila pronta dele e para a carta na mesa pequena que ficava perto do sofá. — Você já está pronto? —

— Sim. — O espadachim respondeu e pôs a espada no lado direito do corpo e mostrou a palma esquerda e devagar foi fechando os dedos enquanto dizia algumas coisas. — Papéis explosivos, Ok. Kunais, Ok. Espadas, Ok. Bombas de fumaça, Ok. Estou pronto para detonar com a cara daquele sujeito. —

"Um passa o resto da folga no sossego e outro na preparação" a Hyuga pensou e levou sua mão direita ao cabelo de Li e o afagou. O espadachim estranhou um pouco daquela demonstração de carinho, mas preferiu não perguntar o motivo, ou melhor, achou mais adequado ficar em silêncio. "Somos os únicos com experiência real de combate" a morena pensou e afastou sua mão do cabelo do cabelo do espadachim e voltou a cruzar os braços e olhou em volta.

— Ela não está aqui. — Li murmurou enquanto erguia uma das três espadas e via seu reflexo na lâmina. — Lá fora. Disse que precisava experimentar uma coisa. —

— Você sabe o que? — A morena perguntou e voltou a andar na direção da saída.

— Não. — Li a respondeu.

"Ele não está afim de conversar" a morena pensou, mas não disse mais nada e avançou pelo cômodo até que saiu e passou ao corredor, mas ali não tinha nada de interessante para ela e, por isso, continuou seu caminho até a porta e saiu da casa de Kofuku Ishi e olhou para os lados e levantou as sobrancelhas ao ver a ruiva retornando para dentro e com o rosto um pouco suado. Os olhos azuis de Kira se concentram na Hyuga que a olhava.

— Que foi? — Kira perguntou.

— Onde foi? — A Hyuga perguntou e cruzou os braços abaixo dos seios enquanto olhava para a Uzumaki.

— Eu… — Kira desviou seu olhar, o abaixando, enquanto suas bochechas ganharam um pouco de rubor. —…plantei uma muda de laranjeira. E aproveitei para me lembrar dos ensinamentos da minha mãe. Eu não quero ser um peso para vocês. —

— Você estará ajudando com Vigor e Chakra, Kira. — A Hyuga murmurou. Estava curiosa para saber o que a ruiva se lembrava, mas não perguntaria.

— Não é o suficiente. — Kira comentou e olhou na direção do celeiro. Para o telhado onde Rin já estava de pé e olhando para a floresta que entrariam. — Está na hora. — Ela murmurou.

A Hyuga olhou na mesma direção. E ficou quieta vendo o rosado, mas decidiu que não o chamaria. Ela voltou sua atenção para a Uzumaki e suspirou.

— Avise ao Li que sairemos em cinco minutos. O ponto de saída será o celeiro. — A Hyuga murmurou e seguiu para a construção em que o rosado estava sem esperar por uma resposta da Uzumaki.

Rin estava de braços cruzados, seus olhos apesar de demonstrarem calma, ou melhor, concentração e foco, exibiam uma leve seriedade e ele sequer se dava conta de que mordiscava os lábios inferiores. Ele moveu com sutileza seus olhos esverdeados para o lado direito quando Suitai Hyuga aparece.

— O que está vendo? — A Hyuga perguntou.

— Nada. — Rin a respondeu e levantou uma das sobrancelhas e um sorriso tomou seus lábios. — Quem tem a melhor visão aqui é você. —

A Hyuga abaixou a cabeça e começou a rir, mas de forma baixa e com as mãos na cintura. Rin virou seu rosto para olhar para trás e semicerrou as sobrancelhas ao ver Kofuku Ishi com uma mochila nas costas e seguindo para a saída/entrada de sua fazenda. "Se ele já está de saída, nós também estamos" pensou e voltou seus olhos para a Hyuga e depois para o caminho da floresta.

— Esse combate é para obter informações ou revanche? — Rin perguntou e moveu suas mãos para guardá-las nos bolsos da calça.

— Um pouco dos dois, Rin. — A Hyuga o respondeu e fechou os olhos para apreciar um vento que tocava com sutileza seu rosto. — Vamos. —

O rosado não precisou olhar para baixo para saber que Li e Kira já os esperavam. O espadachim carregava a mochila do colega de equipe além de sua própria r as três espadas que formavam seu equipamento. Os dois desceram e pararam ao lado dos outros dois e se olharam. Ninguém olhou para trás para ver que Kofuku Ishi acabava de sair com as cartas para a Vila da Folha.

O quarteto caminhou com Rin e Li na frente, Kira no meio e Suitai na retaguarda. Eles andaram silenciosamente pela floresta que, por causa da densa vegetação acima das árvores, era pouquíssima iluminada. E também por isso que confiavam na sensibilidade de Chakra de Kira e na excelente visão de Suitai para avisar os dois da frente a respeito de qualquer ameaça que acabaria surgindo, mas por sorte a floresta de dois quilômetros não possuía ameaças. Li sentia seu coração galopar no peito e sabia que precisaria de poucos segundos para pegar suas espadas e executar um primeiro ataque, ele estava preparado para um combate.

— Em quanto tempo acham que ele vai chegar na vila? — Rin perguntou depois de um certo tempo em silêncio. Suas mãos cuidadosamente postas nos bolsos da calça.

— Meio dia, provavelmente. Pedimos que fosse rápido. — Suitai respondeu.

"Tem razão" o rosado pensou. O silêncio retornou para o quarteto por mais um tempo enquanto passavam pela floresta, mas a primeira parte da viagem terminou depressa ao saírem de dentro dela. A primeira coisa que perceberam era que a montanha dita numa conversa anterior estava a poucos metros da floresta e havia um acesso para subi-la, ou melhor, uma escadaria antiga feita da própria montanha. A escadaria foi planejada de maneira circular, ou seja, que rodeia toda a montanha durante a escalada.

— Isso mais parece um convite. — Rin murmurou e ergueu o rosto para tentar ver o alto da montanha, mas não conseguiu.

— Vamos subir. — Li comentou. Ele não perguntou para ninguém, mas apenas afirmou que subiriam.

"Podemos descansar um pouco na subida?" Rin pensou e até considerou perguntar para ninguém em particular, mas já era classificado como o mais preguiçoso da equipe e, por isso, não quis dar mais razão para aquelas pessoas.

— Lobos? — O rosado perguntou para ninguém em particular.

— Não sinto nada. — A ruiva o respondeu depois de um instante em silêncio e olhou para a Hyuga que estava logo atrás. — E você? —

— Sim. — A Hyuga respondeu e conseguiu a atenção de todos para ela e, por isso, deu continuidade depois de um suspiro. — Quatro descendo. Vamos vê-los daqui a pouco, mas não acho que saibam que estamos por aqui. —

— Fico com um. — Rin murmurou enquanto fechava com mais força sua mão direita e olhava para o espadachim ao seu lado. — Consegue acabar com três ao mesmo tempo? —

— Que pergunta mais idiota. — Li o respondeu e já foi puxando suas três espadas e exibindo um sorriso bem convencido para o rosado.

E não demorou para que vissem os lobos. Rin foi o primeiro a avançar, ou melhor, disparou de sua localização até o lobo da esquerda com o punho direito bem fechado. Seus olhos esverdeados concentrados no canídeo. Então, socou o animal com uma força intensa e sentiu o crânio do mesmo se partir quando o acertou e viu o corpo ser lançado para fora, ou melhor, para longe da montanha. Ele expirou lentamente enquanto abria sua mão e via os outros três lobos serem atingidos no abdômen pelas três espadas de Li e, desta forma, caíram mortos no chão. O espadachim puxou suas lâminas de volta pelos fios que as conectava e balançou cada uma delas para remover o sangue. Os dois só se olharam e não expressaram nada e voltaram a subir pela montanha.

Subir a montanha demorou uma hora e meia. Isso porque precisaram enfrentar alguns lobos no caminho, mas os encontros eram bem casuais. Mas finalmente o quarteto chegou ao fim da escadaria e observam o terreno plano e expansivo da montanha e, numa das beiradas, o próprio mascarado que olhava para o horizonte, mas que lentamente movia seu corpo para ver os visitantes.

— É uma pena. Achei que os dois tivessem morrido no último encontro. — Gluttony murmurou e levantou os braços como se achasse necessário esticá-los para se exercitar.

— Qual o objetivo do seu grupo? — A Hyuga perguntou e tomou a frente de seu grupo e já ficou em posição de combate.

— Desculpe? Acha que sou aquele típico vilão que revela seus planos aos mocinhos? — Gluttony perguntou também e levou a mão direita ao peito como se estivesse ofendido. — Ninguém sairá daqui. Não há motivo para revelar nada a vocês. —

"Ele tem um ponto" Rin pensou e removeu a mochila de suas costas assim como o restante do grupo fizera e mantinha sua atenção no mascarado. O rosado e o espadachim também já estavam devidamente prontos para a luta contra Gluttony.

— Vamos deixar essa brincadeira um pouco mais divertida. — Gluttony murmurou e moveu o braço direito e usou o polegar para apontar ao seu rosto mascarado. — Tirem essa máscara e eu conto nosso objetivo, mas não garanto que saiam vivos daqui. —

— Não garante? Estamos na vantagem. — Li murmurou e segurou suas espadas com ainda mais força enquanto curvava seu corpo como se já estivesse pronto para a briga.

— Tem certeza? — Gluttony perguntou.

Antes que o espadachim desse a resposta, o mascarado se ajoelhou e removeu a luva de sua mão direita e mordeu o polegar e a encostou no chão. Nesse momento um imenso símbolo de invocação surgiu por todo o terreno plano da montanha. E um número grande de lobos surgiu em sequência. Todos os canídeos olhando para o quarteto e rosnando enquanto Gluttony coloca-se de pé novamente.

— Vão. — O mascarado ordenou.

— Estratégia de combate n° 3. — Foram as únicas palavras da Hyuga enquanto recuava.

Quem ficou na frente foi Rin que agilmente fez alguns selos e inspirou o máximo que pode antes de abrir a boca e expirar uma cortina de fumaça que se espalhou por todo aquele terreno plano cheio de lobos. A técnica "Katon: Haisekishou" era um dos Jutsus que o rosado aprendeu na academia ninja, ou melhor, lendo em pergaminhos naquela época. "Não vou tornar isso um mar de chamas" pensou e parou de soltar a fumaça de sua boca. Aquela interrupção foi o sinal de que era para Li avançar e confiar apenas na audição — para ouvir as instruções de Kira onde os inimigos estavam — e nas habilidades como espadachim para enfrentá-los. O mesmo para a Hyuga que não via dificuldade por causa de seu Byakugan e, por isso, usava meros Palmas Gentis para derrubar um lobo ou outro.