Rick pegou sua espada de ferro ao lado da cama e correu para fora junto com o Mestre. A princípio, não viu nenhum problema – somente uns dois zumbis vagando pela rua; que acabaram mortos pela sua lâmina.

Até que foi onde o Mestre e dois outros adultos estavam. Dali não havia nenhuma construção para atrapalhar a visão. O queixo de Rick desabou.

Muito mais perto do que gostaria várias aranhas gigantes, zumbis, esqueletos e Creepers chegavam para invadir a vila. Não eram tantos quanto o primeiro ataque em massa; por volta dos trinta. Contudo aranhas, esqueletos e Creepers eram muito mais difíceis de derrotar. Além de serem duas vezes mais perigosos também são muito mais ágeis.

Isso sem falar dos poucos Endermans que apareciam por poucos segundos no meio do exército – criaturas de quase três metros, negros e que continham a capacidade de se teletransportar em uma aura roxa. Geralmente não se irritavam quando não os encarava nos olhos; contudo agora pareciam querer briga.

Rick não estava nada contente em vê-los pessoalmente e ter que lutar com um inimigo que teria sérias desvantagens.

– Nós podemos dar conta? – Robert, o professor de luta do Jean perguntou ao Mestre Eddard. Todo mundo olhou para ele para escutar a resposta.

– Temos que conseguir. Vencemos ou morremos – olhava fixamente para os monstros – Rick, chame todos que sabem lutar.

O garoto cumpriu o dever sem questionar. Batia em todas as portas das casas chamando pelos adultos úteis – e se não tivesse nenhum no caso falava para os residentes não saírem de maneira alguma.

Os zumbis faziam seu passeio noturno... Era impressão ou também estavam aumentando na quantidade?

Quase no final de todas as construções espancou uma porta familiar. Hesitante, Jean saiu da cama e a abriu de uma vez e por pouco não enfiou a espada de ferro no amigo; que teve a excelente ideia de ficar afastado do perigo.

– Rick! Quer me matar de susto?! Não só eu, minha mãe está quase desmaiando ali!

– Não quero mesmo, mas... Vamos precisar de ajuda.

– No que exatamente...? – Jean perguntou provavelmente já sabendo a resposta, a julgar pela expressão.

– Um ataque... Pior do que estamos acostumados.

Ele não entendeu completamente, mas mesmo assim compreendeu que a questão estava prestes a ficar crítica. Rapidamente, disse à sua mãe que iria ajudar a defender a vila. Ela deu um forte abraço em seu filho. Começando a chorar lhe desejou boa sorte.

Rick observava de longe. Sentiu-se mal por chama-lo assim e assustá-la; contudo não teve opção. Assim que Jean saiu e fechou a porta atrás de si, Rick correu para as duas últimas casas que sobravam. Não teve sorte em encontrar mais guerreiros. Encontrara somente mais três que já haviam ido para o foco do ataque.

No lado oposto da pequena comunidade ouviu-se uma explosão.

– O que está acontecendo?

– Creepers, aranhas e esqueletos. Ah... E alguns Endermans também – respondeu enquanto andava na direção da batalha.

Pela primeira vez em sua vida viu Jean ficar pálido. Compreensível. Provavelmente ele nunca sequer havia visto algum deles. Rick vira Creepers algumas poucas infelizes vezes; mas nunca soube como era lutar com aranhas, esqueletos e muito menos com Endermans.

Os dois corriam para a aglomeração quando Jean ouviu um sibilar atrás de si. Tendo um mau pressentimento, olhou pelo ombro o que era e gritou. As aranhas eram muito maiores do que ele imaginava – praticamente um metro e meio. Assim que ela pulou na sua presa Jean a decepou em duas partes.

Rick parara a poucos metros dele. Jean estava ofegante com o susto.

– Elas estão invadindo pelas laterais? O problema está pior do que pensávamos.

Mais duas explosões. Rick praguejou.

– Temos que ver o que está havendo lá. Vamos... Mas fique esperto. Creepers sabem ser discretos.

* * *

– Defesa! – Eddard comandou. A cada segundo as aberrações se aproximavam.

Estavam em seis agora. Uma absurda desvantagem numérica.

– Não se deixem levar! Lutem o máximo que suas energias permitirem! – gritou novamente, colocando seu corpo e arma no modo defensivo.

Ficou tenso e frenético com a vinda dos monstros. Assim que ficaram cara a cara, Eddard preparou-se para todos eles atacarem na sua direção e...

A avalanche o alcançou. Porém poucos lutavam com ele. Os esqueletos resolveram manter distância para poderem disparar em paz suas flechas; nenhum Enderman o incomodou e somente três aranhas tentaram ataca-lo. O resto delas, os Creepers e os pouquíssimos zumbis simplesmente desviaram da defesa humana e adentraram nas casas da vila.

Nos ignoraram? Por que fariam uma coisa dessas? Se eles têm alguma lógica, o plano de qualquer um não seria derrubar os mais fortes e depois abater os mais fracos?

A confusão de sua cabeça se dissipou quando a ficha caiu. Claro, o Herobrine quer destruir essa aldeia, contudo acima de tudo quer matar o...

Esse raciocínio o encheu de preocupações. Rick estava dentro da vila ainda... Exatamente para onde os monstros se dirigiam.

– Não os deixem invadir! Mesmo que não os ataquem, eliminem o máximo que puderem!

Não podia abandonar o seu posto; na linha de frente que conseguiria fazer mais estragos.

Espero que dê conta do recado... Vou te ajudar assim que puder – pensou observando dois Creepers explodindo perto dele enquanto matava outra aranha.

* * *

– Agora sou eu que pergunto: O QUE ESTÁ ACONTECENDO?! – Rick gritou.

Rick e Jean haviam parado um de costas para o outro. Os monstros vinham de todas as direções. De frente, de trás, pelas laterais e até mesmo por cima – aranhas são ótimas escaladoras.

– Depois vou perguntar para os adultos o que eles estão fazendo lá na frente. – comentou com uma cara emburrada. – Já invadiram em menos de cinco minutos!

– Não os culpe assim. A coisa deve estar tensa lá na frente – Jean respondeu lançando a espada de um lado para o outro sem ter um foco definitivo; certas horas acertava alguma coisa – Além disso, eles não têm culpa se os monstros estão invadindo pelas laterais também.

– Mas não pareciam ser tantos quando eu tive um vislumbre do exército...

– Estamos em um espaço pequeno! Claro, são muitos, porém não tantos como dá a impressão! Deve ter em torno dos dez agora.

– Isso não me deixa aliviado!

A concentração em matar os inimigos deixou a conversa de lado. Em poucos em poucos os dois ficavam cada vez mais distantes: Rick afastava-se para eliminar os Creepers antes que os mesmos explodissem. O lado bom era que não via nenhum esqueleto; pelo ruim as aranhas pareciam ter se multiplicado para ocupar o número da desvantagem.

E definitivamente os zumbis também aumentavam a quantidade.

Rick começou a ficar seriamente preocupado. Havia muitos monstros por ali. Não poderia se defender para sempre – alguma hora levaria uma baixa. Contudo não tinha escolha – teria que continuar lutando.

Decepou a cabeça de um dos inúmeros zumbis. Girou e cortou mais dois. Finalmente os Creepers haviam dado uma trégua.

E não recebera nenhum ataque do Enderman até o momento. Somente os vislumbrava rapidamente, do motivo não tinha a mínima ideia. Percebeu que Jean ficara um pouco longe – contudo ele sabia se cuidar.

Uma aranha tentou ataca-lo por trás e Rick se defende bem a tempo – jogando a carcaça em uma fila de zumbis, derrubando vários deles.

Porém matando tantas aberrações, esqueceu-se do mais traiçoeiro chegando de fininho pelas suas costas – o Creeper.

Quando percebeu uma sombra maior que as outras atrás de si, junto com o shhhh... Já era tarde demais. Foi arremessado longe pela explosão e bateu a cabeça em uma parede.

Desabou na areia. Sua visão estava bem embaçada, e vagamente sentiu perto do olho direito uma linha de sangue escorrendo do local que batera. Seus braços tremiam loucamente na tentativa fracassada de se levantar.

Um pouco mais adiante conseguia enxergar vários vultos vindos em sua direção. Não... Na sua direção não... Estavam atacando alguém que o defendia. E pela estatura e jeito que desferia golpes, só poderia ser uma pessoa: Jean.

Mas o que assustou Rick foi que o amigo perdia a luta: muitos monstros chegavam muito perto e ele não dava conta.

Ele vai morrer – era só isso que conseguia pensar com clareza.

Levantou um braço trêmulo na direção dele.

– Je... An...

A mão caiu na areia e não se mexeu mais.