Perplexo, Marcus vira para os guardas assustados.

– Vocês, vejam o que está acontecendo lá embaixo! Chamem reforços, provavelmente é coisa... – foi interrompido por uma flecha que quase atinge sua cabeça. Imediatamente pensa: Esqueletos.

– Vão! – comanda. Três homens saem correndo descendo as escadas, Marcus vira-se para trás e vê Elizabeth chegando ao salão, preocupada.

– O que está acontecendo? – ela pergunta.

– Ainda não sei querida, mas acho que os monstros invadiram o reino. Escute-me: pegue Rick e vá para a torre mais alta do castelo! É a melhor chance que...

– Não! Eu não vou a lugar nenhum sem você! – ela já tem lágrimas nos olhos.

– Nos encontramos lá em cima! Prometo. – ele diz, colocando a mão em seu ombro.

– Vou te esperar aqui no trono com o Rick. Na torre não saberei por quanto tempo espera-lo.

– Elizabeth...

– Já disse, não vou a lugar nenhum sem você.

– Tudo bem então. – Marcus responde, derrotado. Por que mulheres tinham que ser tão teimosas?

Marcus rouba um beijo de Elizabeth, controlando os nervos. Não sabia se realmente poderia voltar.

– Te amo.

Marcus IV vai até uma armadura completa de diamante exposta como enfeite, embora fosse de uma extrema utilidade no momento. Só tem tempo para trocar o elmo pela coroa e pegar a espada. Quando está prestes a sair do castelo, olha por trás do ombro e vê sua esposa chorando, vendo sua partida.

– O que está esperando? Pelo menos traga o Rick! – ela assente e corre para os andares superiores.

Desce as escadas, e vê o caos se formando na vila logo abaixo. Casas sendo invadidas; homens que tinham famílias sendo mortos e deixados no meio da rua; Creepers, esqueletos, zumbis e até mesmo Endermans atacando a tudo e todos...

Assim que o caminho faz uma curva, Marcus é atacado por um dos esqueletos, que como sempre carregava um arco e flecha pronto para matar. O rei não pensa duas vezes, e põe toda a sua força em um golpe com a sua espada de diamante, derrotando imediatamente o seu oponente.

Mesmo os cavaleiros que serviam para proteger o reino estavam sendo massacrados pelos inúmeros monstros. Assim que Marcus tentou descer mais um lance de escadas, todas as aberrações pareceram vê-lo, e partiram para o ataque. O guerreiro poderia ser ousado, mas não idiota. Correu novamente para o seu castelo, vendo flechas passando ao seu lado; não o acertando por centímetros.

Sentia-se um covarde inútil, fugindo da batalha.

Nunca as fortificações de seu lar pareceram tão longe para ele, mas continuou correndo, mesmo que subir tantos degraus o fizesse se cansar bastante. Quando finalmente chegou ao salão principal, após um tempo, viu Elizabeth com um Rick confuso no colo à sua espera.

– O que houve? – ela perguntou, contudo rapidamente Marcus largou a espada – que não teria muita utilidade mais – agarrou sua mão e a puxou consigo para as escadas que iam ao encontro das torres.

– Não dá tempo de explicar direito, somente que temos que sair daqui! – ele grita e a sua esposa acompanhou o seu ritmo não dizendo mais nada.

– Papai, o que está acontecendo? – Rick indaga vendo os zumbis e esqueletos os seguindo assustado; assim como o pai.

– Não se preocupe filho, nós vamos ficar bem. – isso não apareceu confortá-lo, porém não falou mais nada.

Conseguiram subir todos os degraus precariamente, penetrando no longo corredor que havia para chegar à torre mais alta; se conseguissem entrar nela e trancar a porta de ferro a tempo, estariam seguros. O problema era conseguir chegar lá antes dos monstros. Marcus informou para Elizabeth disso, ocultando a parte ruim e ela aceitou.

Entretanto, não esperavam por dois Creepers no meio do corredor. Quando a família os viu, já era tarde demais. Prontamente, uma das criaturas verdes explodiu, devastando parte do corredor; vinte metros acima do chão. Os três foram arremessados para trás e o companheiro do Creeper também.

O rei levantou a sua esposa ligeiramente e tentou passar do monstro sem que o mesmo percebesse; era a única opção. Infelizmente ele sacou a jogada. Explodiu, destruindo outra boa parte da ponte. Marcus foi separado da mão de Elizabeth, foi arremessado para frente, enquanto os outros para trás. Desmaiou por um breve instante, mas acordou rapidamente.

Zumbis mancavam à sua direção, gemendo alto. Como chegaram ali em cima, não tinha a mínima ideia. Olhou para trás, sua família não se encontrava em lugar algum.

Presumiu que tivessem dado um jeito de escapar dali e fugiu dos zumbis. Fora estúpido em largar a espada, porém não era hora de chorar pelo leite derramado.

Subiu as últimas escadas para a torre, com os mortos-vivos em seu encalço e passou a porta de ferro, porém não conseguira fechá-la, pois os zumbis já estavam perto demais. Tentando achar uma alternativa, continuou correndo e somente deparou com a varanda.

Parou, derrotado. Iria morrer. Não havia saída. Somente o solo a vinte metros de altura.

Se vou morrer mesmo – pensou ele – não será tendo a carne sendo arrancada dos meus ossos.

Escalou a proteção da queda, virou-se de costas para a paisagem do rio logo abaixo cercado por colinas e encarou os monstros chegando. Ironicamente, Marcus IV deu um último aceno para eles e desfez o equilíbrio, caindo da torre.

Assim que ficou completamente de cabeça para baixo, viu a água abaixo dele; cada vez mais próxima. Colocou os braços à sua frente, sentindo o vento no rosto da queda e se preparou para o impacto.