Sólo Una De Ellas

Capítulo 1. Prólogo.


León odiava ter que vestir aquelas roupas engomadinhas, odiava usar aquelas gravatas horríveis que o apertavam e dava coceira no pescoço. Odiava deixar o cabelo arrumadinho, odiava ter que ter mil aulas por semana, incluindo aulas de etiqueta, o que ele considerava desnecessário, falar fluentemente 43 idiomas, e ter sempre três talheres para se alimentar, porém, amava ser príncipe.

Era muita pressão, ele só tinha 18 anos, passou a vida trancado em um castelo, tinha sonhos, queria conhecer o mundo, queria viver. Mas, para ter tudo isso seria preciso abdicar de seu trono, e isso ele não queria. Leon nasceu para liderar, não pelo poder, e sim porque ele gostava da ideia de administrar um país justo com uma população satisfeita.

Ele era feliz, vivia em Illéa, antes fora os Estados Unidos, mas após muitas guerras acabou ganhando esse nome.

-Suas atitudes são inadmissíveis, não são atitudes de um futuro rei! –Gritou seu pai...Ou melhor o Rei.

O jovem Leon Vargas apenas ouvia mais um dos sermões do pai. Enquanto o Rei estava com uma postura impecavelmente perfeita, Leon se encontrava sentado desleixadamente em uma poltrona.

-Como posso confiar em você? Como posso confiar o meu país a você? –Indagou o Rei furioso, a rainha apenas observava tudo de longe.

-Serei um bom rei. –Leon disse com firmeza.

-Será? Pois tenho minhas dúvidas. –Disse o rei furioso, ele encarou o filho rebelde e saiu levando sua esposa a rainha e mãe de Leon.

Após o sermão, que ele nem deu atenção, Leon foi para sua aula de esgrima, ao que parece um bom rei tinha que saber manejar uma espada, essa era uma das milhares de regras que ele tinha que seguir.

Leon era um ótimo garoto, tinha atitudes rebeldes, porque queria ter mais liberdade, mas isso era praticamente impossível. Ficou esperando seu primo Marco, que também treinaria esgrima com ele.

-Se atrasou feio em. –Reclamou Leon, enquanto Marco entrava desesperado na sala de treinos.

-Desculpe, estava ocupado. –Explicou Marco.

-Ocupado? Aposto que estava paquerando a princesa da Itália, a Francesca. –Leon zombou. Marco vivia com os tios, era sobrinho do rei, seus pais haviam sido mortos quando ele era pequeno, mas até hoje ninguém lhe explicou o motivo.

-Pelo menos eu tenho quem paquerar, melhor que você. –Marco respondeu rindo.

-Nem me fale, logo começará as pressões para que eu procure uma esposa. –Leon respondeu.

-Não quer se casar? –Perguntou Marco confuso.

-Quero, mas mal conheço garotas, como vou me apaixonar se eu mal falo com elas? –Perguntou Leon.

-Talvez ainda apareça alguém que você goste. –Sugeriu Marco.

-Talvez...Agora vamos treinar quero acabar com você. –Leon disse rindo.

Leon era bom muito bom, com certeza um dos melhores homens para se lutar, mas ele não entendia o porquê do treinamento se sempre teria soldados para protegê-lo e para lutar por ele. Leon odiava isso, pois ele sempre quis participar de uma batalha.

-Na minha contagem ganhei de 10 X 3 de você. –Leon disse rindo do primo, Marco riu também, eles eram como irmãos, e adoram zoar um com o outro.

-Está pálido Marco. Vou te levar para piscina para ver se você pega uma cor e assim melhoro essa tua cara. –Leon disse rindo.

-Olha quem fala de aparência, tem tanto gel nesse seu cabelo que seu alguém encostar a mão vai se machucar.

-Nem me fale, me fizeram deixar o cabelo ridículo desse jeito, disseram que eu tinha que ficar arrumado, para deixar uma boa impressão para os visitantes italianos. –Leon disse.

-Se deixar o meu cabelo igual ao seu for me ajudar com a Francesca, vou acabar perdendo ela. –Marco disse dando um soco no ombro do primo, isso era uma espécie de cumprimento entre os dois.

-Tenho que ir preciso me arrumar para o jantar. –Leon disse e se retirou.

Ele foi até seu quarto, era no ultimo andar do castelo, havia cinco guardas na frente, e Leon se perguntava o por quê disso. –Boa noite Camila. –Leon cumprimentou a empregada que passava correndo pelos corredores.

-Boa noite, príncipe Leon. –Ela respondeu sorrindo pela gentileza do príncipe.

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Illéavivia sob o sistema de Castas. O rei adorava esse sistema, mas Leon não, Leon era diferente, e isso mostrava que ele seria um bom rei, um rei que traria novas esperanças para o povo de Illéa.

Casta 1: A nobreza e o Clero.

Casta 2: Celebridades, modelos, atletas profissionais, políticos, atores e oficiais.

Casta 3: A elite, educadores, filósofos, inventores, escritores, cientistas, médicos, veterinários, dentistas, arquitetos, bibliotecários, engenheiros, psicólogos, cineastas, produtores musicais, advogados.

Casta 4: Fazendeiros, joalheiros, corretores de imóveis e de seguros, chefes de cozinha, mestres de obras, proprietários e donos de restaurantes, lojas e hotéis.

Casta 5: Artistas, músicos e dançarinos.

Casta 6: Secretários, serventes, governantas, costureiras, balconistas, cozinheiros, motoristas.

Casta 7: Jardineiros, pedreiros, lavradores, pessoas que limpam calhas e piscinas, e quase todos os trabalhadores braçais.

Casta 8: Pessoas com deficiência (especialmente quando desamparadas), viciados, fugitivos, sem-tetos.

Violetta Castillo, casta 5, ela cantava, seu pai Germán era pintor, sua mãe Maria também cantava, seu irmão Federico era escultor, e seu outro irmão Maxi era dançarino.

Era uma família simples, não passavam dificuldades, mas também não nadavam em dinheiro, mal tinham para os alimentos, as refeições eram limitadas, e suas vestimentas antigas.

-Isso estava uma delícia. –Disse Maxi após terminar sua refeição. Violetta preferiu guardar um pouco, pois sabia que teria fome mais tarde, mas sua família não tinha condições de realizar outra refeição.

-Maldito seja esse sistema de Castas, esse país está em ruína, quero ver quando o trono passar para o filho do rei, Leon. Não o conheço, mas ele deve ser só mais um metido, que está contente com a vida medíocre que tem. O Rei então nem se fala, parece que não liga para a população.

-Boa noite filha. –Disse meu pai.

-Já vai dormir? Ainda está cedo. –Eu perguntei sorrindo.

-Vou trabalhar, provavelmente só volto amanhã de manhã. –Meu pai alertou, e eu fechei a cara. –Sinto muito, mas preciso tentar dar uma vida melhor para vocês.

-Sou feliz assim.

-Quero ver você mais feliz então, tenha uma boa noite filha. –Meu pai disse, me deu um beijo na testa e saiu.

Suspirei pesadamente pelo cansaço que tomava conta do meu corpo, eu havia passado oito horas de pé cantando em uma festa de um moleque da casta dois.

Decidi lavar alguns pratos, meus irmãos não ajudavam, então sobrava para mim. Federico passava o dia inteiro trancado na garagem fazendo esculturas, e Maxi passava o dia depressivo por não poder ser jogador de futebol.

Eu? Eu era feliz, passávamos dificuldades, mas eu estava contente com a minha vida. Fiquei lendo um livro, esperando o tempo passar, nesse tempo Maxi foi na cozinha duas vezes para ver se tinha comida, eu fiquei com dó e dei o que tinha guardado para ele. Começou a ficar tardem então fui me deitar, amanhã eu teria que tocar na festa de mais um metidinho da casta três.

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-Você não tem limites? –O rei gritou completamente furioso para o filho.

-Eu não fiz nada. –Leon respondeu. Ouvia-se alguns murmúrios de conselheiros do rei, que diziam coisas do tipo “Ele nunca será um bom rei” ou “Nosso país se afundará com esse garoto no comando”, a verdade é que esses conselheiros não se passavam de puxa-sacos que não enxergavam a realidade, uma realidade que somente Leon parecia enxergar.

Leon não podia fazer muita coisa, todos pensavam mal dele, e no fundo aquilo o magoava, apesar de saber que 90% das coisas que falavam sobre ele era mentira.

-Eu só pedi para que se portasse! –Gritou o Rei Pablo.

-Querido, acalme-se! –Pediu a rainha Angie. Angie era graciosa, com certeza a rainha mais querida queIlléa havia tido, porém, Angie não contradizia o rei, ela se calava e ouvia o marido dar durar broncas no filho.

-Eu só discordei de você, eu realmente acho que a proposta que você apresentou foi completamente ridícula. –Leon disse, seu pai...Quer dizer o rei, apenas o encarou mais furioso ainda.

-Como vou convencer aos outros se meu próprio filho me contradiz? –Indagou o rei Pablo.

-Sua ideia não é boa. –Leon resmungou e encarou seu Pai, após alguns segundos em silêncio Leon se levantou e saiu do escritório real.

-Esse garoto não tem jeito, precisa mesmo de uma esposa, talvez com uma dama ao lado ele se comporte. –Ouviu o rei dizer aos conselheiros. Leon apenas se enfureceu, ele queria casar por amor, e não porque seria obrigado, mas sabia que quando seu pai colocava algo na cabeça, era impossível tirar. Sabia que o que estava por vir não seria fácil, o rei faria de tudo para conseguir o que quer.

E o que vai ocorrer a seguir vai mudar completamente a vida do Príncipe rebelde e oprimido pelo pai, e também vai mudar a simples vida da musicista da casta 5...